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Cana-de-açúcar, café e laranja aumentam valor da safra em 2,9%

Em 2006, as 63 culturas temporárias e permanentes investigadas pela Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ocuparam uma área de 62.352.696 hectares (3,0% menor que a do ano anterior),...

17/10/2007 08h01 | Atualizado em 17/10/2007 08h01

Em 2006, as 63 culturas temporárias e permanentes investigadas pela Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ocuparam uma área de 62.352.696 hectares (3,0% menor que a do ano anterior), gerando um valor de produção da ordem de R$ 98,3 bilhões. Na comparação com 2005, esse valor cresceu 2,9% (R$ 2,8 bilhões), impulsionado principalmente pela cana-de-açúcar - cujos preços aumentaram sobretudo em razão da maior demanda pelo álcool -, pelo café e pela laranja. O valor da produção agrícola brasileira em 2006 ainda não chegou, porém, ao patamar de 2004, quando foi recorde, de cerca de R$ 111,2 bilhões.

Além do aumento na produção da cana em toneladas (8,1%) e Reais (29,0%), outro destaque da PAM diz respeito à fruticultura, responsável pela entrada dos municípios nordestinos de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) na lista dos dez municípios brasileiros com maiores valores de produção agrícola. Em 2006, por exemplo, Petrolina tornou-se o maior produtor de uvas do país, ultrapassando o tradicional líder do ranking, Bento Gonçalves (RS).

Essas e outras informações da PAM 2006 são detalhadas em seguida. Todos os resultados da pesquisa estão disponíveis no www.ibge.gov.br , onde também é possível conferir os dados sobre a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas1 – popularmente conhecidos como grãos –, que já foram divulgados em 19 de julho deste ano.

Apesar de ter sido atingida pelos preços, a soja continuou, em 2006, sendo a cultura com maior contribuição para o valor total da produção agrícola brasileira (18,8%). Em seguida, vieram a cana-de-açúcar (17,3%), o milho (10,1%) e o café (9,5%). Juntos, os quatro produtos representaram 55,7% do valor da produção agrícola de 2006.

Entre os estados, São Paulo foi o responsável, mais uma vez, pela maior fatia do valor da produção agrícola brasileira (20,3%). O estado é o maior produtor de laranja (79,7%), cana-de-açúcar (58,8%), amendoim (82,2%), caqui (50,8%), goiaba (35,9%), limão (79,0%) e tangerina (44,4%).

Minas Gerais, que ocupava a quarta colocação em 2005, passou à segunda maior participação em 2006, com 12,3% do valor da produção nacional. O café, principal produto agrícola mineiro, teve um aumento na produção de 32%, o que favoreceu o estado no cenário nacional.

Por outro lado, Mato Grosso caiu da segunda para a quinta colocação na participação no valor da produção agrícola brasileira, devido à menor rentabilidade da soja, que é responsável por 55,5% do valor da produção do estado.

 

Fruticultura leva Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) à 4ªe 6ª posição no ranking do valor de produção

De uma maneira geral, os municípios que possuem agricultura concentrada nos cereais, leguminosas e oleaginosas sofreram as maiores reduções no valor da produção em 2006. Mas, mesmo com uma queda de 16,3% nesse indicador entre 2005 e 2006, São Desidério (BA) assumiu o topo do ranking no ano passado, com o maior valor de produção (R$ 709,3 milhões), fruto principalmente da produção de algodão herbáceo e soja. São Desidério ultrapassou os municípios mato-grossenses de Sapezal e Campo Verde.

Os destaques, porém, foram Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), que apareceram pela primeira vez entre os dez municípios brasileiros com maiores valores de produção agrícola (R$ 519,5 e 430,9 milhões, respectivamente). Por conta da fruticultura, direcionada principalmente para exportação, os municípios tiveram aumentos de 56,3 % e 18,6% no valor da produção, em comparação com 2005.

A tabela a seguir lista os dez municípios brasileiros com maiores valores de produção em 2006.

 

Produção de cana-de-açúcar cresce 8,1% entre 2005 e 2006

Em 2006, o Brasil ampliou sua produção de cana-de-açúcar em 8,1%, em relação ao ano anterior, alcançando 457.245 516 t. Além do incremento da produção, a crescente demanda por álcool no mercado interno e externo influenciou no preço do produto, levando a um crescimento de R$ 3,8 bilhões (29%) no valor da produção, que atingiu quase R$ 17 bilhões em 2006. A área também vem crescendo nos últimos anos, ultrapassando os 6,0 milhões de hectares em 2006.

São Paulo (58,8% da safra nacional) teve um crescimento de 5,6% na produção, principalmente pela incorporação de mais 200.000 ha ao processo produtivo, o que corresponde a um crescimento de 6,5% em relação a 2005. Além disso, o estado possui a maior produtividade média (81.936 kg/ ha), bem acima da média nacional, que foi de 74 418 kg/ ha.

Entre os estados, Minas Gerais apresentou o maior crescimento (26,9%) entre 2005 e 2006. O mercado favorável tem intensificado as atividades nas usinas existentes e o surgimento de novas, favorecendo a expansão da produção, tanto que Uberaba, com 36.000 ha, foi o 10º maior produtor de cana-de-açúcar em 2006, com um crescimento de 61,1% em relação ao ano anterior.

O município de Morro Agudo (SP) continua sendo o maior produtor nacional de cana, com 7,8 milhões de toneladas, o que representa 1,7% do total nacional. Dos 20 maiores municípios produtores, 16 estão em São Paulo. Alguns deles apresentam forte crescimento em relação a 2005, como Olímpia e Penápolis, que aumentaram o valor da produção em 40,0% e 68,5%, respectivamente.

Comparando os dados de área plantada de cana-de-açúcar e das outras culturas nos anos de 2004 e 2006, verifica-se que a parcela destinada às outras culturas diminuiu 1.349.333 ha, contra um aumento de 545.562 ha para a cana-de-açúcar. É importante ressaltar que nesse período a agricultura brasileira sofreu com os baixos preços da soja no mercado internacional e com as condições climáticas desfavoráveis nas principais regiões produtoras do país, o que causou o endividamento de vários produtores. Esse cenário, de certa forma, facilitou a expansão da cana-de-açúcar, já que havia uma insatisfação dos agricultores com o mercado e a necessidade de pagamento das dívidas contraídas.

De 2004 a 2006, o maior avanço da cultura foi em São Paulo, que apresentou um crescimento de 332.877 ha para a cana, enquanto as áreas plantadas com as demais culturas diminuíram 174.036 ha. Possivelmente, parte dessa área perdida foi convertida em canaviais, principalmente aquela mais próxima às usinas. Uma outra parte do aumento da área de cana é proveniente de pastagens.

Em outros estados, esse processo também vem ocorrendo, por exemplo em Minas Gerais, principalmente na região do Triângulo Mineiro. Os canaviais mineiros cresceram 96.670 ha entre 2004 e 2006, enquanto as demais lavouras reduziram 175.971 ha.

 

Safra de café tem aumento de 20,2% em 2006

A safra nacional de café em 2006 totalizou 2.573.368 t (42,8 milhões de sacas de 60kg de café beneficiado). Em relação a 2005 (2.140.169 t ou 35,6 milhões de sacas), houve 20,2% de aumento na produção, conseqüência principalmente do ciclo bianual da espécie, que faz com que haja alternância de anos de altas e baixas produtividades. As condições meteorológicas, em geral favoráveis desde a época da floração, no final de 2005, também foram responsáveis pelos bons resultados da safra. Os preços no mercado internacional também estão favoráveis desde 2005 (valorização em dólar).

Minas Gerais é o maior produtor de café do país (51,5% da safra nacional). De 2005 para 2006, a produção mineira cresceu 32,2%, totalizando 1.325.238 t (22,0 milhões de sacas) no ano passado. Destacam-se, no estado, os municípios de Patrocínio (1,4% da produção do país) e Três Pontas (1,3%).

O Espírito Santo, segundo maior produtor (21,4% da safra nacional), onde o café conillon, além do arábica, tem grande expressão econômica, terminou o ano com uma produção total de 551.566 t (9,2 milhões de sacas), 3,6% superior à de 2005. No estado, os destaques municipais ficaram para Jaguaré (1,4% da produção brasileira) e Sooretama (1,1%).

A tabela abaixo mostra os dez municípios maiores produtores do Brasil, todos do Sudeste.

 

Acará (PA) mantém hegemonia na produção de mandioca

A produção nacional de mandioca somou, em 2006, 26,6 milhões de toneladas de raízes, 3,0% maior que a de 2005 (25,9 milhões de toneladas). Praticamente não houve alterações na área colhida (1.896.509 ha), mas o rendimento superou o de 2005 (13.605 kg/ ha), alcançando 14.046 kg/ ha.

Apesar de ser cultivada em todo o país, a mandioca concentra-se mesmo em três estados, onde estão 50% da produção brasileira: Pará (5,1 milhões de toneladas, ou 19,1% da produção nacional), Bahia (4,4 milhões de toneladas, ou 16,5%) e Paraná (3,8 milhões de toneladas, ou 14,4%). O município de Acará, repetindo a hegemonia de 2005, foi o principal produtor brasileiro de mandioca (2,3% da produção nacional), mesmo com uma queda de 16,7% em 2006.

 

Estado de SP concentra 34,5 % do valor da produção das frutas, mas destaques municipais ficam com Petrolina e Juazeiro

Entre as 63 culturas investigadas pela PAM, 22 são frutíferas, cultivadas em 2.955.785 ha, gerando uma receita de R$ 16,5 bilhões. A laranja é a mais importante delas. Em 2006, sua colheita ocupou 805.903 ha, gerando 18.032.313 t e R$ 5,3 bilhões, o que representa 32,8% do valor da produção brasileira de frutas.

O estado de São Paulo concentrou 34,5 % do valor da produção brasileira de frutas, e a Bahia destacou-se com 12,4%. Mas os perímetros irrigados do vale do São Francisco foram os principais responsáveis pelo crescimento do valor da produção, de 22,6% em relação ao ano anterior. Os municípios de Petrolina e Juazeiro produziram frutas de alta qualidade, sendo que em Juazeiro as culturas que se destacaram foram a manga, com uma expansão de mais de 2.000 ha e crescimento de 15,5% nos preços, e a uva, com valorização de 30,6%.

Fraiburgo (SC), maior produtor brasileiro de maçã (21,0% da safra dessa fruta), ficou com a terceira posição no ranking da fruticultura, como mostra a tabela abaixo.

Rio Real (BA) garante a terceira posição na colheita de laranja em 2006

A safra nacional de laranja, em 2006, totalizou 18.032.313 t (442,0 milhões de caixas de 40,8 kg), 1,0% superior à de 2005, quando o país produziu 17.853.443 t (437,6 milhões de caixas).

O estado de São Paulo concentrava, no ano passado, 79,7% da produção nacional de laranja, com 14.367.011 t (352,1 milhões de caixas), em 571.532 hectares. O principal destaque municipal na cultura, entretanto, ficou com Rio Real, na Bahia. O município baiano deu um salto da 9ª posição, em 2005, para a 3ª posição entre os maiores produtores de laranja do país no ano passado. É o único município nesse ranking que não é de São Paulo.

 

Municípios do Pará lideram na produção de abacaxi

Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o Brasil é o maior produtor mundial de abacaxi, respondendo por 13,4% do total anual no período de 2001 a 2006. No mercado nacional, o abacaxi responde por 5,2% do valor da produção de frutíferas.

Em 2006, foram produzidos 1.707.088 milheiros de abacaxis, superando 2005 em 11,7%. O rendimento médio alcançou a marca de 25.538 frutos/ ha; e a área colhida, 66.845 ha. Entre os estados, o Pará foi o primeiro colocado, com 354.244 milheiros de frutos, 32,1% a mais que em 2005, o que correspondeu a 20,8% da produção nacional da fruta.

Os municípios paraenses de Floresta do Araguaia e Conceição do Araguaia produziram 162.000 e 145.000 milheiros de abacaxi, o que correspondeu a 9,5% e 8,5% da produção brasileira de 2006. Os municípios paraibanos de Santa Rita, Itapororoca, Araçagi e Pedras de Fogo somaram cerca de 15% do que foi produzido. Em Minas Gerais, os maiores produtores foram Canápolis, Monte Alegre de Minas, Frutal e Fronteira, somando 11,8% da colheita de abacaxi no país.

 

Bahia passa a ser o maior produtor de bananas

O Brasil, em 2006, produziu 6 956 179 t de cachos de banana, um aumento de 3,8%, que fez da fruta a segunda cultura frutífera do país, com 16,4% do valor total de produção. O rendimento médio nacional da cultura foi de 13.786 kg de cachos/ ha. Destacaram-se seis estados produtores: Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará e Ceará, que somaram 57,1% do total.

A Bahia tornou-se o principal produtor nacional de bananas, superando São Paulo, com 17,0% da safra e um crescimento de 21,3% em relação a 2005, somando 1.182.941 t de cachos no ano passado. A maior produção foi registrada novamente em Wenceslau Guimarães (BA): 166.320 t de cachos, ou 2,4% do total nacional.

Os demais municípios no topo do ranking tiveram queda na produção de bananas entre 2005 e 2006. Foram eles: Corupá, em SC (125.790 t e redução de 15,0%); Cajati, em SP (119.860 t e queda de 2,6%); e Luiz Alves, em SC (113.400 t e redução de 12,9%). De um modo geral, essas quedas na produção se deveram à renovação das lavouras, com a substituição das cultivares tradicionais por outras resistentes à sigatoka negra, doença fúngica severa que avançou pela Amazônia e alcançou bananais comerciais das regiões Sudeste e Sul. Na Bahia, o município de Bom Jesus da Lapa teve aumento significativo na produção, de 115,4% entre 2005 e 2006.

 

Esplanada (BA) se destaca como produtor de coco-da-baía

Em 2006, o país produziu 1.985.478 milheiros de coco, 4,5% menos que na safra anterior. A Bahia é o principal produtor nacional, com 628.376 milheiros de frutos, o que significou uma redução na produção de 11,9% relativamente à safra de 2005. Além da Bahia, os demais principais estados produtores foram, em ordem da quantidade colhida, Pará, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco e Sergipe. Em conjunto, eles concentraram 87,8% da produção nacional.

Foram destaques na produção nacional os municípios baianos de Esplanada (6,2%), Conde (4,5%) e Acajutiba (4,1%); além do capixaba São Mateus (4,0%) e do paraense Moju (3,4%).

 

Fraiburgo responde por 21,0% do total nacional de maçãs

Em 2006, a produção nacional de maçã somou 863.019 t da fruta fresca, um incremento de 1,5%, em relação à safra de 2005. O estado de Santa Catarina produziu 496.665 t, ou 57,5% do total nacional. O Rio Grande do Sul, com uma produção de 328.091 t, ficou com 38,0% do total.

O município catarinense de Fraiburgo manteve-se como primeiro colocado, produzindo 181.435 t. Mesmo com uma queda de 12,0% em relação a 2005, ele respondia, no ano passado, por 21,0% da produção nacional de maçã. No segundo posto, ficou Vacaria (RS), com 145 248 t (16,8% do total nacional); seguido por São Joaquim (SC), que colheu 118.450 t. Juntos, os três concentravam 51,5% da produção nacional de maçãs em 2006.

 

Petrolina assume liderança na produção de uvas

Em 2006, o país teve uma produção de 1.257.064 t de uvas, 2,0% maior que a de 2005. O valor da produção teve um crescimento sustentado, a partir de 2002, passando de cerca de R$ 1,0 bilhão para R$ 1,66 bilhão no ano passado.

O Rio Grande do Sul era o principal produtor nacional em 2006, com 623.878 t (49,6% da safra brasileira). Contudo, o município pernambucano de Petrolina assumiu a liderança na produção de uvas, com 112.200 t (3,1% maior que em 2005), o que correspondeu a 8,9% da produção nacional. No segundo posto, encontrava-se o município gaúcho de Bento Gonçalves (87.000 t, ou 6,9% do total nacional); seguido pelo baiano de Juazeiro (84.900 t, ou 6,8%).

 

Mamão tem safra recorde em 2006

Segundo a FAO, o Brasil é o principal produtor mundial de mamão, com 24,0% do total mundial. A produção de 2006 representou um recorde nacional, com 1.897.639 t e um incremento de 20,6% em relação a 2005. A área colhida somou 36.650 ha; e o rendimento médio, 51 777 kg/ ha.

A Bahia é o líder, com uma produção de 914.679 t de mamão, 48,2% do total nacional. Em relação a 2005, a produção baiana cresceu 25,8%. No estado, estão 13 dos 20 municípios maiores produtores de mamão, porém a liderança nesse ranking cabe ao capixaba Pinheiros, com 438.000 t ou 23,1% do total nacional. Pinheiros tem o rendimento médio mais elevado do país: 120.000 kg/ ha.

 

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1Soja, milho, arroz, trigo, feijão, algodão herbáceo, sorgo, aveia, cevada, amendoim, triticale, mamona, girassol, centeio e algodão arbóreo.