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Homem mais escolarizado tem maior participação nas tarefas domésticas

O IBGE mostra que a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho não reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. Pelo contrário, na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, onde a inserção das mulheres nas atividades remuneradas ...

17/08/2007 07h01 | Atualizado em 17/08/2007 07h01

O IBGE mostra que a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho não reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. Pelo contrário, na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, onde a inserção das mulheres nas atividades remuneradas é maior e que coincide com a presença de filhos menores, o trabalho doméstico ocupa 94,0% das mulheres. No país, 109,2 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade declararam realizar tarefas domésticas; sendo que, deste conjunto, 71,5 milhões (65,4%) são mulheres e 37,7 milhões (34,6%) são homens. No total da população masculina, observa-se, no Nordeste, a menor participação dos homens nestas tarefas (46,7%,) enquanto que, no Sul, se evidencia a maior taxa (62%). E, ainda, na população masculina, quem mais realiza tarefas em casa são os mais escolarizados (54%), enquanto que para as mulheres ocorre o inverso. Segundo o estudo, também pode-se deduzir que a aposentadoria permite aos homens se dedicarem mais a estas atividades. São os homens de 60 anos ou mais de idade que dedicam maior parte do seu tempo nestes afazeres (13 horas semanais). Do lado feminino, o trabalho doméstico consome mais tempo na faixa dos 50 a 59 anos de idade, chegando a 31 horas semanais, cerca de 3 vezes mais que o tempo dedicado pelos homens de mesma idade. Estas e outras informações podem ser encontradas no novo estudo do IBGE, que tem como objetivo explorar a análise sobre atividades domésticas contida na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/PNAD de 2001 e de 2005, período em que passou a ser investigado o número de horas dedicadas a essa tarefa. Com esse material, também foi possível analisar as informações de jornada de trabalho e tempo de deslocamento, que permite, por exemplo, calcular um número aproximado de tempo disponível para lazer e estudo. Embora o IBGE não tenha realizado uma pesquisa específica sobre o uso do tempo, esta base de dados da PNAD proporciona uma visão parcial do assunto.

Na análise das famílias, os números mostram que a existência de um cônjuge masculino dentro de casa representa um aumento de cerca de duas horas semanais em afazeres domésticos para as mulheres que se declararam responsáveis pelo domicilio. Entre estas mulheres, a maior jornada observada em afazeres domésticos ocorre nas famílias formadas por casal com filhos menores de 14 anos (29,7 horas semanais) mas , neste mesmo tipo de arranjo, onde a mulher não tem cônjuge, o tempo médio despendido é de 27,6 horas.

Desde a infância, o trabalho doméstico está relacionado a uma atividade feminina e a construção desse comportamento pode ser observada na baixa participação dos meninos nesta atividade. Em 2005, cerca de 83% das meninas, de 10 a 17 anos de idade, realizaram tais afazeres, enquanto que entre os meninos nesta mesma faixa etária a proporção foi de 47,4%. O tempo despendido nessas atividades diferencia significativamente entre os sexos: meninos 8,2 e meninas, 14,3 horas semanais.

Entre as mulheres, 90,6% realizam tarefas domésticas

Segundo o estudo do IBGE, 109,2 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade em todo Brasil desenvolvem algum tipo de afazeres domésticos. Deste total, 71,5 milhões são mulheres, ou 65,4%.

Entretanto, em relação ao total da população feminina, 90,6% das mulheres se ocupam das tarefas do lar. Esta proporção é de 51,1% para os homens. Na região Sul, 92,4% delas e 62,0% deles estão envolvidos nestas atividades, as maiores médias nacionais. Na comparação geral, o grupo etário de maior participação doméstica está concentrado entre 50 e 59 anos, com 76,3% do total de pessoas gastando, em média, 24,3 horas por semana. É seguido por pessoas que têm entre 25 e 49 anos (75,1%), com gasto de 21,5 horas. Entretanto, em termos absolutos, é esta população de 25 a 49 anos que mais realiza afazeres domésticos com 49,4 milhões de pessoas (32,4 milhões de mulheres).

Na análise masculina, são os homens de 60 ou mais anos de idade que dedicam maior parte do seu tempo a atividades domésticas (13 horas semanais). A aposentadoria permite aos homens mais dedicação a estas tarefas em casa. É no grupo feminino, com idade entre 50 e 59 anos, que se verifica a maior jornada, 31,0 horas semanais. A mulher de 60 anos ou mais, dispensa, em média, 28,7 horas para as mesmas tarefas.

As meninas, desde cedo, são orientadas para o trabalho doméstico, cerca de 83% delas realizam tais tarefas, enquanto que, entre os meninos, a proporção é de 47,4%. O tempo despendido diferencia-se significativamente: eles 8,2 e elas, 14,3 horas semanais. Observa-se, também, que a jornada de trabalho remunerado semanal média da população de 10 a 17 anos é de 27,8 horas semanais para os meninos e 26,1 para as meninas. São valores próximos, de onde se conclui que, desde cedo se observa uma nítida divisão sexual das tarefas domésticas nos lares.

Apenas 46,7% dos homens do Nordeste ajudam em casa

São os homens do Nordeste que têm a menor participação nas tarefas domésticas: 46,7% (10,3 horas por semana). Com isso, as mulheres nordestinas gastam a maior média de horas: 26,5. A região Sul apresenta a maior participação masculina da análise com 62% e gasto semanal de 9,2 horas.

 

Homem mais escolarizado ajuda mais em casa

É na população com 12 anos ou mais de estudo que se verifica o menor tempo dedicado aos afazeres domésticos, sejam homens ou mulheres. Para as mulheres com esse nível de escolaridade, a jornada doméstica é cerca 5 horas/semana menor do que a observada para as mulheres menos escolarizadas. Na população masculina, quem mais realiza tarefas em casa são os mais escolarizados (54%), enquanto que para as mulheres ocorre o inverso. São as mulheres mais escolarizadas que menos contribuem para o trabalho doméstico: 22,6 horas por semana.

Informações apontam para dupla jornada feminina

Para a população ocupada, o tempo dispensado para as tarefas domésticas entre homens e mulheres é de 9,1 e 21,8 horas semanais, respectivamente. A carga horária remunerada feminina é de 34,7 horas semanais e a masculina, 42,9. No entanto, considerando a jornada do trabalho produtivo mais os afazeres domésticos nos cinco dias úteis da semana, as mulheres, em média, trabalham 11,5 horas por dia contra 10,6 horas para os homens.

No Sudeste, a carga de trabalho para as mulheres é maior, com média de 36,7 horas e são consumidas mais 21,3 horas com afazeres domésticos. Na região Nordeste, a carga horário feminina teve a menor média de horas remuneradas com 31,2. Contrastando com este quadro, as trabalhadoras nordestinas se ocupam nas tarefas domésticas com 23,9 horas por semana, a média mais alta do país.

Apesar da jornada das mulheres no mercado de trabalho ser menor, se for considerado o trabalho da mulher com a casa e a família, a carga de trabalho semanal total delas supera a dos homens em quase cinco horas.

 

Mulheres casadas gastam mais horas com atividades do lar

O estudo também revela características sobre a alocação do tempo com afazeres domésticos, de acordo com os arranjos familiares. A jornada média das cônjuges é cerca do triplo dos homens que ocupam esta posição na família (31,1 e 10,9 horas semanais, respectivamente). O fato de a mulher ser ou não casada é outro fator que interfere no número de horas gastas durante a semana. As que são casadas e tem filhos menores de 14 anos têm a maior média: 29,0 horas. Entre as não-casadas, este dado é de 22,0 horas semanais.

Mulheres de cor preta e parda dedicam mais tempo às atividades da casa

Segundo o estudo do IBGE, a cor/ raça mostrou-se como uma variável de pouca influência na condição de cuidar ou não de afazeres domésticos em todo país. Contudo, através da relação conjunta entre sexo e cor, verificou-se que as mulheres de cor preta e parda (25,7 horas) dedicam mais tempo no cuidado de afazeres domésticos do que as mulheres brancas (24,9 horas) mesmo que a diferença não seja tão acentuada. No Nordeste, as mulheres pretas e pardas gastam cerca de 27 horas semanais nestas atividades, quase 4 horas por dia.

Renda é um fator determinante no uso do tempo

Nas famílias mais pobres (com rendimento familiar de até 1 salário mínimo per capita), o maior tempo observado despendido pelas mulheres em atividades domésticas ocorre nas famílias formadas por casal com filhos menores de 14 anos (33,2 horas semanais). No caso das famílias com rendimento familiar per capita acima de 3 salários mínimos, a jornada é mais intensa para as mulheres em famílias formadas por casal com filhos maiores de 14 anos (26,5 horas semanais).

Mulheres preferem morar perto do trabalho e economizar tempo

Da população ocupada, 75% vai direto do trabalho para casa. Desse total, 68,2% levam até 30 minutos para chegar (71% das mulheres e 66,3% dos homens ocupados). Para as mulheres, somados o tempo destinado aos afazeres domésticos, à jornada no mercado de trabalho, o tempo de deslocamento e, considerando por hipótese, a necessidade de oito horas diárias de sono, restariam quatro horas para lazer estudos, cuidados pessoais, etc. Para os homens, este mesmo exercício revela que o “tempo livre” para outras atividades é de cinco horas.

De 2001 a 2005, o cuidado com afazeres domésticos aumentou em todo o país

O estudo do IBGE revelou, também que, entre os anos de 2001 e 2005, houve um aumento na proporção de pessoas que realizaram tarefas em casa de 66,9% para 71,5%. Este resultado pode ser o reflexo da ligeira queda no trabalho doméstico remunerado de 7,8% para 7,6%, e no rendimento real das pessoas de R$ 858 para R$ 763, neste período.

Em 2001, a média total de horas semanais dispensadas a afazeres domésticos era de 23,4. Na divisão por gênero, os dados mostravam 10,9 horas gastas pelos homens e 29,0 horas para as mulheres. Em 2005, as mulheres marcaram 25,3 horas gastas com estes cuidados e os homens, 9,9. A média foi de 19,9. Entre a população ocupada, a redução foi de 18,4 para 16,3 horas. A carga horária média feminina foi de 24,1 para 21,8 e a masculina, de 10,0 para 9,1. Estas quedas também podem ser associadas com a aquisição de bens-duráveis nos domicílios e acesso às novas tecnologias que facilitam o trabalho doméstico.