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IBGE participa do mapeamento da verdadeira nascente do rio Amazonas

A convite do Instituto Geográfico Nacional do Peru (IGN), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) integrou a equipe internacional e multidisciplinar que realizou a primeira expedição sul-americana para localizar com precisão ...

15/06/2007 07h01 | Atualizado em 15/06/2007 07h01

 

A convite do Instituto Geográfico Nacional do Peru (IGN), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) integrou a equipe internacional e multidisciplinar que realizou a primeira expedição sul-americana para localizar com precisão a verdadeira nascente do rio Amazonas. Fizeram parte do grupo também pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da ANA (Agência Nacional de Águas), além de cientistas peruanos. No fim de maio, eles passaram cerca de dez dias na cordilheira dos Andes, realizando trabalhos de campo. Ao IBGE coube, em parceria com o IGN, instalar quatro estações geodésicas, que já estão determinando latitudes, longitudes e altitudes na região onde estão os dois pontos com maior probabilidade de ser o berço do Amazonas. Tais informações são fundamentais não apenas para estabelecer onde realmente fica a nascente como também para viabilizar futuros estudos na região, que é de difícil acesso e foi georreferenciada pela primeira vez. Os resultados do trabalho foram apresentados num seminário internacional em Lima (Peru) e passarão a constar dos novos mapas da América do Sul produzidos pelo IBGE.

Estudos internacionais já apontam que o Amazonas começa realmente na região do nevado Mismi, uma montanha no Sul do Peru, e não no monte Huagra, mais ao Norte do país, como se acreditava até o fim dos anos 1960. Ainda persiste a dúvida, porém, sobre qual seria o exato berço do rio: se a quebrada1 de Carruhasanta, ao sopé do Mismi, ou a quebrada Apacheta, distante cerca de 10 km a noroeste, no nevado Queuisha.

Definidos os exatos locais dos dois pontos que podem ser a real nascente do Amazonas, o IBGE e o IGN implantaram duas estações geodésicas (chapas metálicas) em cada um deles, as quais servem de referência às medições com receptores GPS (Global Positioning System ou, em português, Sistema de Posicionamento Global, um sistema de navegação e posicionamento por satélite).

A partir das informações recolhidas nas estações, é possível determinar as coordenadas geodésicas de cada provável nascente: longitude, latitude e, muito importante para definição de qual é realmente o berço do Amazonas, altitude. O rastreamento das estações e o processamento dos dados recolhidos em campo ficarão a cargo da Coordenação de Geodésia do IBGE.

Além de serem fundamentais para a determinação da real nascente do Amazonas, as medições feitas pelo IBGE em parceria com o IGN são muito importantes para futuros estudos na região do nevado Mismi, que, por causa das dificuldades de acesso e do clima muito frio e seco, ainda não era georreferenciada. Uma nova expedição ao local está programada para outubro, período da estação seca no Peru, justamente para verificar qual das duas quebradas, Carruhasanta ou Apacheta, mantém a maior produção de água nessas condições climáticas. Só depois dessa segunda viagem será possível de fato determinar a verdadeira nascente do Amazonas.

A partir das novas coordenadas, a nascente do Amazonas poderá ser identificada com precisão em todos os mapas da América do Sul produzidos pelo IBGE. Essas informações contribuirão para ampliar o conhecimento sobre o mais caudaloso rio do mundo (com maior volume de água), responsável por 1/5 do total de água doce que deságua nos oceanos. A bacia hidrográfica do Amazonas (território por onde correm todas as águas que o formam) é a mais extensa do planeta, formada por 25.000 km de rios navegáveis, em cerca de 6.900.000 km2, dos quais aproximadamente 3.800.000 km2 estão no Brasil.

A expedição em busca da verdadeira nascente do Amazonas contou com o apoio da produtora de documentários brasileira RW Cine, e os seus resultados serão difundidos também por meio de filmes e programas de TV.

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1Depressão profunda e estreita numa cadeia de montanhas.