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Varejo reúne 84,2% das empresas comerciais do Brasil

Em 2005, a Pesquisa Anual de Comércio do IBGE contabilizou 1,438 milhão de empresas comerciais em todo o País, com R$ 940,2 bilhões de receita operacional líquida e onde trabalhavam 7,074 milhões de pessoas. As empresas atacadistas ...

17/05/2007 07h01 | Atualizado em 17/05/2007 07h01

Em 2005, a Pesquisa Anual de Comércio do IBGE contabilizou 1,438 milhão de empresas comerciais em todo o País, com R$ 940,2 bilhões de receita operacional líquida e onde trabalhavam 7,074 milhões de pessoas. As empresas atacadistas tinham a maior receita (R$ 418,9 bilhões), mas o varejo reunia 84,2% das empresas e ocupava 75,2% dos trabalhadores do Comércio. Apenas 8,6% do total das empresas comercializavam veículos, peças e motocicletas, terceira categoria investigada pela PAC. As empresas com menos de 20 pessoas ocupadas representavam 97,8% do total de empresas comerciais do País. A venda de combustíveis e lubrificantes foi responsável pela maior parte (34,2%) da receita líquida de revenda do comércio atacadista. Já os hiper e supermercados reuniam apenas 0,9% das empresas do varejo mas eram responsáveis por 24% da receita líquida de revenda deste setor. Entre 2000 e 2005, a participação do atacado no valor adicionado das atividades comerciais do País cresceu 5,6 pontos percentuais (de 29,9% para 35,5%),  e o atacado quase duplicou sua produtividade no período, que foi de R$ 23.344 para R$ 45.415 por trabalhador. A seguir, as principais informações da PAC 2005.

Em 2005, a Pesquisa Anual de Comércio (PAC) estimou em R$ 940,2 bilhões a receita operacional líquida do setor, que pagou R$ 52,9 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações e ocupou 7,074 milhões de pessoas. Foram contabilizados 1,502 milhão de estabelecimentos e 1,438 milhão de empresas comerciais.

Já o estrato certo1 , composto por cerca de 36 mil empresas, todas com mais de 20 empregados, totalizou R$ 674,4 bilhões de receita operacional líquida (71,7% do total). Estas empresas representavam 2,5% do total, ocupavam 2,542 milhões de pessoas e pagaram R$ 28,8 bilhões em salários, 35,9% e 54,5% dos totais do comércio como um todo, respectivamente.

Pesquisa investiga três categorias

As atividades do comércio brasileiro, na PAC, são agrupadas em três categorias: comércio de veículos automotores, peças e motocicletas; comércio por atacado; e comércio varejista.

O varejo tem número elevado de estabelecimentos, a maioria de pequeno porte, voltados para o consumidor final. As empresas atacadistas funcionam como distribuidoras, têm maior porte e elevado volume de vendas. Já o comércio de veículos e peças tem características de atacadista, varejista ou, ainda, de serviços, sempre vendendo bens duráveis de alto valor médio.

Atacado tem a maior receita, mas varejo lidera em salários, em pessoal ocupado e número de empresas

A estrutura do setor comercial brasileiro em 2005 permaneceu praticamente inalterada em relação a 2004. O comércio por atacado foi responsável pela maior parcela da receita operacional líquida do comércio (cerca de 45,0%). Já o comércio varejista figurava com a maior participação nos salários, retiradas e outras remunerações, pessoal ocupado, número de estabelecimentos e número de empresas. Isto se deve às características específicas das duas atividades.

Em 2005, o comércio varejista foi responsável por uma receita operacional líquida de R$ 393,5 bilhões, que representava 41,9% do total da atividade comercial em 2005. O pagamento de salários, retiradas e outras remunerações foi de R$ 33,9 bilhões, representando 64,0% do total dos salários pagos pelas empresas comerciais.

Em 2005, as 1,211 milhão de empresas do varejo, que representavam 84,2% do total do Comércio, ocuparam cerca de 5,320 milhões pessoas, 75,2% do total de ocupados na atividade comercial.

As empresas do comércio por atacado geraram R$ 418,9 bilhões de receita operacional líquida, representando 44,5% do conjunto da atividade comercial. Em relação ao número de estabelecimentos e de empresas, a participação deste segmento foi de 7,7% e 7,2% respectivamente, sendo responsável por 15,0% do total de pessoas ocupadas.

O comércio de veículos, peças e motocicletas representava 8,6% do total de empresas e dos estabelecimentos, gerando R$ 127,8 bilhões de receita operacional líquida.

O comércio varejista tinha a maior margem de comercialização2 : R$ 97,4 bilhões, ou 53,1% do total, contra 36,5% do atacado e 10,4%. do setor de veículos, peças e motocicletas.

Empresas com menos de 20 empregados continuam predominando no comércio varejista

Também a estrutura dos segmentos comerciais por faixa de pessoal ocupado não sofreu modificação de 2004 para 2005. As empresas que ocupavam até 19 pessoas foram responsáveis pela maior participação das remunerações, do número de empresas, estabelecimentos e pessoas ocupadas. Este resultado se deve ao elevado número de empresas de pequeno porte no varejo.

As empresas com até 19 pessoas ocupadas foram responsáveis por 29,4% (R$ 276,6 bilhões) da receita operacional líquida e por 97,8% (1,406 milhão) do total de empresas comerciais. As empresas de maior porte, com 500 e mais pessoas ocupadas, representavam apenas 0,03% do total das empresas comerciais ativas, sendo responsáveis pela geração de R$ 278,1 bilhões de receita operacional líquida (29,6% do total).

No comércio atacadista, a maioria das empresas ocupava até 19 pessoas (91,7% do total), sendo responsáveis por 39,9% do total de pessoas ocupadas na atividade e por apenas 16,4% da receita operacional líquida. As empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas apresentaram a maior receita operacional líquida, de acordo com a Tabela de Resultados n° 2. Estas grandes empresas do atacado representavam 0,1% do total de empresas, 15,1% do número de pessoas ocupadas e 36,7% da receita operacional líquida.

No comércio varejista, as empresas com até 19 pessoas ocupadas também apresentaram elevada participação no número de empresas (98,4%), no entanto, diferente do observado no comércio atacadista, este porte concentra a maior parcela do número de pessoas ocupadas (69,1%) e da receita operacional líquida (45,2%). Importante destacar que a participação das empresas de maior porte, com 500 ou mais pessoas ocupadas, tem participação similar àquela das empresas de igual porte que operam no atacado, representando 0,03% do número de empresas, 14,0% do número de pessoas ocupadas e 30,0% da receita operacional líquida.

As pequenas empresas do comércio de veículos, peças e motocicletas, que ocupam até 19 pessoas, representavam 97,0% das empresas, 64,6% do pessoal ocupado e 23,3% da receita operacional líquida. Esta atividade se distingue das demais por concentrar uma parcela considerável da receita operacional líquida nas faixas de 50 a 99  e 100 a 249 pessoas ocupadas.

Venda de veículos representava 70,5% da receita do comércio de veículos, peças e motos

A venda de veículos automotores agrupava 19,9% do número de empresas, gerou uma receita líquida de revenda de R$ 87,0 bilhões (70,5% do total). Em seguida, a atividade de peças para veículos representou 23,5% do total da receita líquida de revenda e 72,1% do número de empresas.

O comércio de veículos e peças ocupava, em média, 6 pessoas por empresa e pagava, em média, 2,3 salários mínimos (Tabela 1). O comércio de veículos automotores empregava, em média 8 pessoas por empresa, com média salarial de 3,3 salários mínimos, valores acima do total da atividade. Este segmento foi o único com produtividade3; acima da média: cada pessoa ocupada na atividade agregou, em média, R$ 42 140 ao valor adicionado4; do comércio de veículos e peças em 2005.

Combustíveis e lubrificantes tiveram a maior receita líquida de revenda no comércio por atacado

No comércio atacadista destacaram-se as revendedoras de combustíveis e lubrificantes, pois a elevação dos preços dos derivados do petróleo contribuiu para a geração de uma receita líquida de revenda de R$ 138,6 bilhões (34,2% do total). Esta atividade respondeu por 1,4% (1 459) do total do número de empresas e 3,8% (40 102) do pessoal ocupado no atacado em 2005. A Tabela 2 apresenta outros detalhes:

A venda por atacado de combustíveis e lubrificantes gerou R$ 138,6 bilhões de receita líquida de revenda de mercadoria e o custo de revenda dessas mercadorias foi de R$ 128,2 bilhões, o que resultou em R$ 10,4 bilhões de margem de comercialização. Assim, a taxa de margem de comercialização (8,1%) dessas empresas foi a menor entre as estimadas para as atividades atacadistas (Tabela 2). A maior taxa de margem de comercialização foi em vendas por atacado de produtos farmacêuticos: 43,8%, e acima da média total (19,8%) em 2005.

No varejo, hiper e supermercados reúnem 0,9% das empresas 24% da receita líquida de revenda

No comércio varejista, as grandes redes passaram por transformações nos últimos anos, acirrando-se a concorrência com a entrada de grandes empresas internacionais no País, a reestruturação patrimonial dos grandes grupos econômicos, a rápida assimilação de inovações organizacionais e as tecnologias de automação.

Ressalta-se a importância do segmento de hipermercados e supermercados no comércio varejista, pois representando 0,9% do total de empresas gerou R$ 93,6 bilhões de receita líquida de revenda, ou seja, 24,0% de todo o varejo. Esta atividade foi a que apresentou a maior receita por estabelecimento do comércio varejista. As empresas pagaram R$ 5,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações participando com 16,9% do total de R$ 33,9 bilhões para o comércio varejista.

Outro segmento importante no comércio varejista, o de combustíveis e lubrificantes, alcançou a maior produtividade (R$ 34 685) dentre as atividades analisadas, cuja média foi de R$ 13 341 milhões (Tabela 3). Os salários, retiradas e outras remunerações desta atividade somaram R$ 2,3 bilhões apresentando, junto com o segmento de hipermercados e supermercados, a maior média salarial do varejo (2,2 salários mínimos). Este segmento também tinha um número reduzido de empresas e pessoas ocupadas (2,3% e 5,1% do varejo, respectivamente), mas significativa parcela da receita líquida de revenda (24,3% ou R$ 94,5 bilhões) em 2005.

As empresas de hipermercados e supermercados empregaram parcela significativa das pessoas ocupadas no varejo, alcançando 12,8% do total, ou seja, 681 229 pessoas em dezembro de 2005, contingente este distribuído em 10 632 empresas, uma média de 64 pessoas ocupadas por empresa.

Em 2005, o segmento de tecidos, artigos de vestuário e calçados pagou R$ 5,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações (16,7% do total), ocupando a maior parcela das pessoas (19,0% do total) e reunindo 22,6% das empresas atuantes no varejo. Este segmento e a atividade de comercialização de produtos alimentícios, bebidas e fumo apresentaram as maiores taxas de margem de comercialização: 69,0% e 70,6% respectivamente.

Entre 2000 e 2005, participação do atacado no Comércio cresceu 5,6 pontos

As mudanças econômicas ocorridas recentemente no país proporcionaram mais competição comercial e a reestruturação de muitas empresas. Estas mudanças ocorreram a partir da implementação de novos métodos gerenciais, sistemas de logística, automação comercial e novas tecnologias de informação e comunicação.

Tanto o segmento de veículos, peças e motocicletas e quanto o atacadista aumentaram sua participação do valor adicionado no total do Comércio (Tabela 4). O primeiro passou de 11,5% em 2000 para 12,4% em 2005 e o segundo que pesava 29,9% em 2000, aumentou sua participação para 35,5%. O setor varejista reduziu sua participação relativa em 6,4 pontos percentuais em 5 anos.

Para avaliar a transformação estrutural ou de mudança da composição setorial do Comércio entre 2000 e 2005, utilizou-se o Índice de Mudança Estrutural (IME) para o valor adicionado e pessoal ocupado. O IME para valor adicionado (6,4) indica que não houve mudança estrutural significativa no período. Já o IME para pessoal ocupado (2,0) é ainda menor, indicando que, por este critério, o Comércio não apresentou mudanças estruturais (Tabela 4).

De 2000 a 2005, a participação do varejo no total ocupados no Comércio caiu de 77,2% para 75,2%, enquanto o atacado cresceu de 14,2% para 15,0% e o setor de veículos, peças e motocicletas, de 8,6% para 9,8%.

A PAC analisou também a Razão de Concentração de Ordem 12 (R12) do Comércio e dos três grupamentos. Ocorreram pequenas reduções na participação das doze maiores empresas de cada segmento, sendo que o grau de concentração de mercado no Comércio era de 14,2% em 2000 e passou para 13,9% em 2005. O ramo mais concentrado é o atacadista (28,1% em 2000 e 26,3% em 2005) e o mais desconcentrado é Veículos e peças (6,6%, em 2000 e 4,8% em 2005).

Atacado só não lidera em margem de comercialização e quase dobra sua produtividade

Em 2000 e 2005, o atacado destacou-se em todos os indicadores, com exceção da taxa de margem de comercialização para a qual o Comércio varejista apresentou os maiores valores (Tabela 5).
O comércio por atacado apresentou a maior média de pessoal ocupado por empresa (10) em 2000 e 2005. Também foi o que apresentou os maiores salários médios (em salários mínimos): 4,2 em 2000 e 3,3 em 2005, sempre acima da média do Comércio (Tabela 5).

Em 2005, a produtividade do atacado (R$ 45.415) foi mais que o dobro da produtividade total do setor (R$ 19.243) e quase o dobro da sua própria, em 2000 (R$ 23.344), enquanto a margem de comercialização (19,8%), a segunda maior dentre os segmentos analisados, ficou atrás do varejo (31,1% em 2000 e 33,4% em 2005).

Em 2005, a receita média do atacado foi a maior entre os setores: R$ 3,9 milhões, mais que o triplo da receita média do segmento de veículos, peças e motocicletas (R$ 997,7 mil) e cinco vezes maior que a média da receita total do comércio (R$ 638,6 mil).

De 2000 a 2005, o Sudeste diminuiu sua participação no Comércio do País

A Região Sudeste, a despeito da sua elevada representação, perdeu participação em todas as variáveis investigadas de 2000 para 2005. Em 2000, ela representava 55,8% do total de receita bruta de revenda de mercadorias do Brasil, e reduziu sua parcela para 54,1%, em 2005. A Região Sul participava com 20,5% da receita e, em 2005, manteve-se no mesmo patamar. O Nordeste apresentou pequeno crescimento na participação, de 13,2% para 13,5% (Gráfico 5). Já o Centro-Oeste, em relação à receita bruta de revenda, entre os anos 2000 e 2005, teve o maior ganho de participação: de 7,7% para 8,7%.

O Sudeste, região com a maior representação em  salários, retiradas e outras remunerações, reduziu sua participação de 60,0% para 57,9%. As demais regiões aumentaram suas participações, com exceção da Nordeste que teve pequena diminuição, de 12,0% para 11,8%.

A Região Sudeste absorveu a maior parcela do pessoal ocupado nessa atividade, 53,5% em 2000 e 52,3% em 2005. A Região Sul manteve-se a segunda (20,7% em 2000 e 20,8 em 2005) e o Nordeste registrou um pequeno aumento (de 15,7% para 15,9%).

Na análise da distribuição do número de estabelecimentos comerciais com receita bruta de revenda observa-se que a Região Sudeste apresentou queda (de 51,4% em 2000 para 48,1% em 2005). As Regiões Sul e Centro-Oeste aumentaram sua contribuição de 22,1% para 24,1% e 6,9% para 8,4%, respectivamente.

Comércio da Região Norte tem a maior média de pessoal ocupado por estabelecimento

A média de pessoal ocupado por estabelecimento, no total das Regiões brasileiras, não apresentou mudança de 2000 para 2005 (Tabela 6). Destaca-se o ramo atacadista que, com média superior ao total do Comércio em cada Região, manteve-se como o maior empregador por estabelecimento.

A Região Norte apresentou a maior média de pessoal ocupado por estabelecimento (7), seguida pelo Sudeste e Centro-Oeste (5). Em todas as atividades do comércio a Região Norte apresentou estabelecimentos com maior porte, em número médio de pessoas ocupadas.

Os maiores salários foram pagos nas regiões Sudeste e Sul e em todas as regiões os salários médios do varejo foram inferiores à média nacional e a regional, enquanto as médias do comércio por atacado e de veículos, peças e motocicletas foram superiores a ambas as médias.

Em relação ao pessoal ocupado, o IME regional (3,2) indica que não houve mudança estrutural no período, ou seja, não ocorreram alterações significativas nas participações das UFs, entre 2000 e 2005 (Tabela 7).

Os estados do Sudeste e Sul tiveram as maiores participações no total de ocupados no Comércio. São Paulo (30,0%), tinha a maior parcela, com Minas Gerais e Rio de Janeiro a seguir (Tabela 7).

A participação da região Sudeste no total de pessoal ocupado alcançou 52,4% em 2005. No Sul, isoladamente, destacaram-se o Rio Grande do Sul (8,3%) e o Paraná (7,8%), enquanto que o total da Região apresentou participação de 20,8% no total de pessoal ocupado. As duas regiões conjuntamente representaram cerca de 73,2% do pessoal ocupado do comércio nacional.

No Nordeste, os estados que mais se destacaram foram a Bahia e Pernambuco com 4,6% e 2,5%, em 2005, respectivamente. Em conjunto as Regiões Norte e Nordeste tiveram participação de 18,5% na composição do pessoal ocupado no comércio.

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1As informações da PAC são tabuladas e analisadas para o total das empresas pesquisadas e, também, para aquelas com 20 ou mais pessoas ocupadas que compõem o estrato certo, com informações mais detalhadas.

2Margem de comercialização corresponde à diferença entre a receita líquida de revenda e o custo das mercadorias revendidas. Refere-se ao resultado obtido pelo esforço de venda de mercadorias deduzidos de seus custos de aquisição pelas empresas.

3Valores calculados pela divisão do valor adicionado pelo número de pessoal ocupado.

4Valor adicionado corresponde a diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário. Expressa o valor que a atividade econômica acrescenta aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo.