Maior mudança na metodologia de construção das Contas Nacionais do Brasil ocorreu em 1997
Antes disso, o desempenho da economia brasileira era medido pelo Sistema de Contas Nacionais Consolidadas, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calculou o PIB de 1947 a 1989. Tratava-se de um sistema simplificado, com um conjunto de ...
21/03/2007 07h01 | Atualizado em 21/03/2007 07h01
Antes disso, o desempenho da economia brasileira era medido pelo Sistema de Contas Nacionais Consolidadas, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calculou o PIB de 1947 a 1989. Tratava-se de um sistema simplificado, com um conjunto de contas mais agregado, que sofria revisões a cada Censo Econômico.
Em 1997, o IBGE adotou a 3ª Versão do Manual de Contas Nacionais da ONU (Organização das Nações Unidas), realizando uma alteração profunda nesse Sistema, que não afetou apenas a sua base de dados, como ocorre na mudança atual, mas a sua própria estrutura, que foi ampliada. Tal mudança levou à divulgação de uma nova série das Contas Nacionais, de 1990 a 1997, e estabeleceu o Sistema de Contas Nacionais do Brasil na forma como ele vigora até hoje.
A mudança atual não altera o Sistema de Contas Nacionais na mesma proporção de 1997, apenas o aperfeiçoa, também seguindo recomendações de uma série de organismos internacionais: Fundo Monetário Internacional (FMI), ONU, Comunidade Européia, Banco Mundial e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
No âmbito internacional, também ocorrem periodicamente mudanças na metodologia das Contas Nacionais. A ONU comemorou em 2007 os 60 anos da Comissão de Estatística, que, em 1947, reuniu-se pela primeira vez, para analisar a proposta de um manual de recomendações metodológicas para os países elaborarem Contas Nacionais comparáveis.
Em 1953, as Nações Unidas publicaram a 1ª Versão do Manual de Contas Nacionais, apoiado num documento do economista inglês Richard Stone (1913-1991) sobre as Contas dos Setores Institucionais, origem das atuais Contas Econômicas Integradas (CEI). Stone foi laureado em 1984 com o Prêmio Nobel de Economia. Mais tarde, em 1968, foi publicada a 2ª Versão do Manual de Contas Nacionais da ONU, incorporando as contribuições do economista russo Wassily Leontief (1906-1999), radicado nos EUA, para o estudo das relações intersetoriais da economia, que deram origem às atuais Tabelas de Recursos e Usos (TRU). Leontief já havia recebido o Prêmio Nobel de Economia em 1973.
Em 1993, as Nações Unidas publicaram a 3ª Versão do Manual de Contas Nacionais. Muitas das recomendações metodológicas do Manual de 1993 estão sendo incorporadas pelo IBGE nesta publicação da Base de 2000 do Sistema de Contas Nacionais do Brasil. Em 2008, a Comissão de Estatística das Nações Unidas deverá aprovar a publicação da 4ª Versão do Manual de Contas Nacionais.
As atualizações das estatísticas do IBGE não se restringem ao cálculo do PIB. O Instituto já prepara futuras pesquisas e novos métodos e está analisando novas fontes de dados, as quais, dentro dos próximos dez anos, modernizarão ainda mais o Sistema Estatístico Nacional. Dentre as inovações estudadas pela Diretoria de Pesquisas do IBGE, estão as seguintes:
a) Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares – para integração das amostras da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), ECINF (Economia Informal Urbana) e PME (Pesquisa Mensal de Emprego). A realização de POFs anuais fornecerá mais informações para as Contas Nacionais calcularem o consumo das famílias. Também serão produzidos indicadores de emprego em todo o território nacional;
b) Ampliação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para todo o território nacional;
c) Estudo de modalidades alternativas de Censo Demográfico, para atualizar anualmente as estimativas de população de todos os municípios brasileiros;
d) Utilização contínua dos dados da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) no Sistema Estatístico Nacional, para reduzir a carga de trabalho das empresas que fazem parte das pesquisas amostrais do IBGE e tornar regular a construção da conta das empresas dentro das Contas Econômicas Integradas (CEI) das Contas Nacionais.