Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

IBGE divulga nova série do Sistema de Contas Nacionais

O Sistema de Contas Nacionais, que inclui o cálculo do PIB, passa a adotar o ano 2000 como referência e incorpora dados das pesquisas anuais econômicas e domiciliares, além das informações tributárias das Pessoas Jurídicas, entre outros aprimoramentos.

21/03/2007 07h01 | Atualizado em 21/03/2007 07h01

O Sistema de Contas Nacionais, que inclui o cálculo do PIB, passa a adotar o ano 2000 como referência e incorpora dados das pesquisas anuais econômicas e domiciliares, além das informações tributárias das Pessoas Jurídicas, entre outros aprimoramentos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nova série do Sistema de Contas Nacionais. Esta série passa a incorporar, integralmente, as pesquisas anuais do IBGE, as informações anuais da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), agregado por código da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2003, o Censo Agropecuário 1996 e, ainda, atualiza conceitos e definições introduzindo as últimas recomendações das Nações Unidas e de outros organismos internacionais.

A nova série de contas nacionais terá como referência inicial o ano 2000, com  maior detalhamento de atividades e produtos para as Tabelas de Recursos e Usos e de setores institucionais para as Contas Econômicas Integradas. Para o período anterior a 2000 realizou-se a retropolação dos dados até 1995, dentro das disponibilidades de informações, estimando-se uma nova série de Tabelas de Recursos e Usos na classificação do sistema anteriormente divulgado, encadeada com a nova série no ano 2000.

Os valores nominais, as taxas de variação do volume e as variações entre os valores correntes da série nova e da antiga do Produto Interno Bruto são apresentados na tabela abaixo, entre 2000 e 2005. Dentro da rotina de divulgação da nova série de Contas Nacionais, os anos de 2000 até 2003 são definitivos, pois incorporam as pesquisas anuais do IBGE e dados da DIPJ. Para 2004 os dados são considerados semi-definitivos, por não incorporarem as informações da DIPJ e, para 2005, são preliminares, por terem sido estimados pela soma dos trimestres. No fim de 2007, serão divulgados os dados definitivos de 2004 e 2005, e revista a série trimestral de 2006.


Em 2005, o PIB estimado na nova série das Contas Nacionais foi de R$ 2,148 trilhões e ficou 10,9% acima do valor estimado na série anterior. A taxa de variação em relação ao ano anterior foi de 2,9% enquanto na série antiga havia sido de 2,3%.

Os dados referentes 2000 mostram que o valor corrente do PIB neste ano foi reestimado para R$ 1,179 trilhões, com um aumento de 7,1%, em relação ao valor anterior. A taxa de variação em volume passou para 4,3%, enquanto na série anterior ela fora 4,4%.

Os valores do PIB per capita  para o período de 2000 a 2005 estão abaixo. Como a estimativa de população não foi alterada, as variações são conseqüências apenas da revisão nos valores correntes e constantes do PIB.

Composição do Produto Interno Bruto

As tabelas abaixo apresentam os valores a preços correntes, a composição do PIB pela soma do valor adicionado mais os impostos sobre produtos. Como na nova série houve uma reclassificação da COFINS, que passou a ser considerada imposto sobre produto e não mais imposto sobre a produção, a diferença entre a nova série e a antiga deve ser analisada considerando-se a evolução destas duas parcelas.

Em 2000 o valor adicionado estimado na nova série foi de R$ 1,022 trilhões e os impostos sobre produto R$ 157,834 bilhões, crescendo 4,1% e 32,2% em relação aos dados anteriores, respectivamente.

O resultado de 2005 mostra que, nos dados estimados para a nova série, o valor adicionado a preços correntes cresceu 7,1% e os impostos sobre produtos,  41,8% em relação aos dados anteriores. Nesta composição, o valor adicionado e os impostos sobre produtos passam a ter uma participação de 86,2% e 13,8% em relação ao PIB, respectivamente.

Estrutura produtiva

A tabela abaixo apresenta a participação das atividades econômicas no valor adicionado a preços básicos. Para efeitos de comparação, a atividade Dummy Financeiro, que fazia parte da série antiga foi redistribuída entre as atividades de forma a se obter uma comparabilidade entre as duas séries de contas nacionais.

A incorporação das Pesquisas Anuais da Indústria, Comércio, Serviços, e de Construção, reformuladas pelo IBGE na segunda metade da década de 90 e das informações da Declaração de Informações Econômico - Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ criou um novo sistema de informações que permite ao Sistema de Contas Nacionais dispor de informações anuais correntes sobre o Valor Agregado das empresas, com um maior detalhamento de atividades e produtos divulgados, como é o caso dos Serviços de informação.

Em relação à série antiga, a principal mudança estrutural refere-se ao aumento da participação em mais de 10 pontos percentuais dos Serviços (de 56,3% para 66,7%). As exceções ficam por conta da Administração, saúde e educação públicas e das Atividades imobiliárias e aluguel, que reduzem ligeiramente a sua participação, com redução no valor agregado. Na nova metodologia o valor agregado da agropecuária e da indústria é reduzido tanto em termos relativos (2,1 e 8,4 pontos percentuais) como em termos absolutos (superior a 20%), principalmente, em virtude do maior peso percentual dos Serviços.

Composição do PIB pela ótica da despesa

Na ótica da despesa (tabela acima), a participação do consumo das famílias no PIB é maior na nova série, que também traz dados sobre as despesas de consumo das Instituições sem fins lucrativos (1,4% do PIB). A principal fonte usada na nova estimativa anual do Consumo Final das Famílias é a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Os dados de consumo da POF foram projetados para os anos correntes com base nos dados anuais de renda da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD).

Observa-se uma participação menor da Formação Bruta de Capital Fixo, decorrente da redução do valor agregado da Construção Civil, embora máquinas e equipamentos tenha aumentado sua participação em quase dois pontos percentuais. Neste caso, o IBGE passa a incorporar anualmente as informações da DIPJ, que viabilizam a estimação do valor corrente da FBCF das empresas e os dados das pesquisas anuais da indústria e da construção para estimar a oferta.

Composição do PIB pela ótica da renda

Considerando a composição do PIB pela ótica da renda, a nova série apresenta um aumento de 37,9% para 40,5% na participação das remunerações dos empregados enquanto que o Excedente Operacional Bruto cai de 40,6% para 34,0%. Esta mudança na composição da distribuição funcional de renda mantém-se durante os demais anos da série.

Entre as mudanças introduzidas na nova série, foi possível mensurar melhor o rendimento misto, que passa de 5,3% para 11,4% do PIB em 2000. A tabela abaixo apresenta a participação dos componentes da renda no PIB para o período 2000 - 2003 nas duas séries das contas nacionais. Para 2004 só existem os dados da nova série pois não se divulgou a conta dos componentes do valor adicionado para este ano.

Dentro das remunerações observa-se em todo o período um aumento na participação dos salários no PIB e uma queda nas contribuições sociais ocasionada pela nova estimativa da contribuição da administração pública estadual e municipal.

Contas econômicas integradas 2000 - 2003

As Contas Econômicas Integradas, na nova série do Sistema de Contas Nacionais, além de apresentarem os resultados dos setores institucionais já divulgados na série antiga – Empresas Não-Financeiras, Empresas Financeiras, Administrações Públicas e Famílias – trazem também os dados do setor Instituições Privadas Sem Fim de Lucros ao Serviço das Famílias, que na série antiga fazia parte do setor Famílias.

Na tabela da página seguinte, o resultado do valor adicionado para o total da economia e por setor institucional. Os setores institucionais Empresas Não-Financeiras e Empresas Financeiras obtiveram resultados superiores na nova série, em todo o período, enquanto Administrações Públicas teve leve oscilação, com decréscimo em 2000 e valores pouco superiores nos demais anos. Já o setor institucional Famílias gerou um valor adicionado inferior na nova série para todo o período.

O aumento no valor adicionado da economia na nova série está influenciado justamente pelo aumento no VA das Empresas Não-Financeiras, setor responsável por 51% do VA total da economia. Sua mensuração na nova série tem como fonte de dados as pesquisas econômicas do IBGE, e as informações da DIPJ. Contribuiu também para esse resultado a redefinição do setor Famílias, que na série antiga, considerava toda a agropecuária e as microempresas. Na nova série, a parte empresarial da agropecuária e as microempresas foram reclassificadas para o setor Empresas Não-Financeiras, o que explica, por outro lado, boa parte da queda no valor adicionado do setor Famílias.

No caso do setor Empresas Financeiras o aumento do VA na nova série se deve a algumas alterações conceituais na estimativa dos Serviços de Intermediação Financeira Indiretamente Medidos (SIFIM), e à melhora na cobertura do setor, com as informações da  DIPJ. O setor Instituições Privadas Sem Fim de Lucros Aos Serviços Das Famílias apresenta resultados pouco expressivos, o que é normal para entidades sem fim de lucros: ONGs, partidos políticos e organizações religiosas etc.

Indicadores macroeconômicos

Os principais indicadores para a economia com base nos resultados das contas nacionais são apresentados na tabela abaixo para a antiga e a nova série. Estes agregados permitem uma avaliação do período assim como, do impacto da revisão das series de contas nacionais.
 

O gráfico abaixo mostra a evolução do Produto Interno Bruto, em valores, na série antiga e na nova.