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IBGE lança segundo volume da História das Estatísticas Brasileiras

O IBGE publica o segundo volume da coleção História das Estatísticas Brasileiras, intitulado Estatísticas Legalizadas (c.1889 – c.1936), de Nelson Senra . A coleção, que tem ao todo quatro volumes, reúne informações minuciosas sobre os 180 anos ...

07/03/2007 07h01 | Atualizado em 07/03/2007 07h01

O IBGE publica o segundo volume da coleção História das Estatísticas Brasileiras, intitulado Estatísticas Legalizadas (c.1889 – c.1936), de Nelson Senra1 A coleção, que tem ao todo quatro volumes, reúne informações minuciosas sobre os 180 anos de história da atividade estatística no país, de 1822 a 2002. O segundo volume foca nas tentativas de consolidação da atividade estatística nacional pela força da legislação (intensa e variada), como forma de superação do federativismo extremado que se instaurou nos primeiros anos após a proclamação da República brasileira. Conta também como foi a criação do Instituto Nacional de Estatística, logo rebatizado de IBGE, que começou a funcionar em 29 de maio de 1936, substituindo a Diretoria Geral de Estatística, órgão estatístico originário do Império e recriado na República, como um dos primeiros atos do governo provisório.

O lançamento do segundo volume da História das Estatísticas Brasileiras será no dia 7 de março (quarta-feira), às 18h30, na Livraria da Travessa, na av. Rio Branco, 44, Centro, Rio de Janeiro. A publicação será vendida na loja virtual do IBGE (www.ibge.gov.br) para todo o país e também nas livrarias do IBGE nos estados onde há escritórios.

Proclamada a República brasileira, em 1889, o governo provisório instalado imediatamente restaurou a Diretoria Geral de Estatística (DGE), órgão oficial de estatística do país na época do Império, reafirmando assim a esperança de produção das informações desejadas e fundamentais para a atuação governamental nacional.

A primeira década do novo regime, entretanto, trouxe perda da rotina pública; e a descentralização administrativa, com seus excessos, sacrificou interesses nacionais, entre os quais a elaboração das estatísticas. Com o fim do poder centralizado no imperador, ocorreu um fortalecimento das unidades da federação. Os estados grandes, em especial, faziam o que bem queriam, e esse quadro não era diferente no que dizia respeito às estatísticas.

As ações da DGE eram ignoradas até mesmo em relação ao preceito constitucional de fazer censo de dez em dez anos, e as deficiências de informações, fruto das resistências e reticências dos estados, viraram o "calcanhar de Aquiles" do órgão nacional de estatísticas. Nos primeiros anos republicanos, portanto, os dados de registro civil tinham papel fundamental, apesar de sua fragilidade e precariedade.

O governo provisório republicano determinou a realização do censo de 1890, previsto na legislação monárquica, mas aquela época, confusa e convulsa, não era propícia, e os resultados foram ruins – o censo foi considerado um fracasso. A Constituição Republicana (1891) determinava a realização de censos a cada dez anos. O de 1900, entretanto, seria ainda pior que o de 1890; o de 1910 não foi sequer realizado – bem como, mais tarde, o de 1930.

O único censo geral, de real valor, feito nesse período foi o de 1920, sob a direção de Bulhões Carvalho. Ele foi uma obra de fato monumental, e seus resultados foram expostos no Pavilhão da Estatística, chamado "Pavilhão da Ciência da Certeza", na Exposição do Centenário da Independência (1922). A exposição foi um ponto alto da história republicana.

O fim da primeira República e a reforma do Estado, no regime de Getúlio Vargas, puseram fim à federação e fortaleceram as instituições. Daí surgiram soluções para problemas existentes até então. Após 1930, começou uma revolução na atividade estatística: passou a dominar o cenário a figura de Teixeira de Freitas, em estreita parceria com Juarez Távora. Dessa junção de saber e poder, foi criado, em 1934, o Instituto Nacional de Estatística, logo rebatizado IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que começou a funcionar em 29 de maio de 1936, com a posse de Macedo Soares na presidência.

Em linhas gerais, é essa a história contada no segundo volume de História das Estatísticas Brasileiras, em seis partes e 30 capítulos ricamente ilustrados - alguns dos quais escritos por Marco Aurélio Martins Santos. Ao final, há uma síntese do conteúdo, com duas linhas do tempo: uma ligando a temática estudada à história da República e outra mostrando a evolução da atividade estatística em si. A publicação inclui bibliografia e índices por assuntos e por nomes, que facilitam o acesso e a recuperação das informações. Dispõe, por fim, de um CD-ROM, que contém, além do texto do volume, a íntegra de relatórios e a legislação do período em foco.

O primeiro volume da História das Estatísticas Brasileiras, Estatísticas Desejadas (1822 – 1889), abrange o período imperial, marcado por inúmeras tentativas de construir um saber estatístico no país, e mostra as primeiras tentativas de fazer um censo, em 1852, e a realização, 20 anos depois, com grande sucesso, do primeiro censo geral do país. Ainda ao longo deste ano, o IBGE lançará o terceiro volume da coleção: Estatísticas Organizadas (1936-1972) e, em 2008, o último volume, Estatísticas Formalizadas (1972-2002). Trata-se de uma pesquisa consistente para os que desejam conhecer a lenta e difícil construção das estatísticas no Brasil.

Para informações adicionais e entrevistas, entre em contato com o setor de Comunicação Social do IBGE, pelos telefones (21) 2142-4506/ 4651/ 0986/ 0985 ou pelo e-mail comunica@ibge.gov.br.

1Nelson Senra é pesquisador no IBGE e professor no Programa de Mestrado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), do IBGE, onde leciona a disciplina Sociologia das Estatísticas. É doutor em Ciência da Informação (ECO/UFRJ), mestre em Economia (EPGE/FGV) e economista (UCAM).