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Agroindústria cresce 1,1% no primeiro semestre

04/08/2006 06h31 | Atualizado em 04/08/2006 06h31

Resultado é inferior à média da indústria nacional (2,6%) no mesmo período. O desempenho dos setores associados à agricultura (2,0%), de maior peso na agroindústria, compensou a retração dos segmentos vinculados à pecuária (-0,5%). O grupo de inseticidas, herbicidas e outros defensivos agropecuários recuou 1,2%, devido principalmente à sua menor utilização na lavoura de soja, cultura responsável por quase a metade do uso de defensivos no país. Vale mencionar ainda que a valorização cambial e o fim da alíquota de importação de defensivos estimularam a demanda do produto importado em detrimento do nacional. Por outro lado, o grupo desdobramento da madeira avançou 3,3%. O desempenho da agroindústria no primeiro semestre de 2006 foi negativamente influenciado pelos seguintes fatores: queda do preço internacional da soja, valorização cambial, aumento dos custos de produção e problemas sanitários na pecuária, os quais resultaram na queda da renda agrícola e endividamento dos produtores.



Em termos trimestrais, a agroindústria mostrou redução no ritmo de crescimento entre o primeiro trimestre (1,6%) e o segundo (0,8%), por conta principalmente da perda de dinamismo da pecuária, cujo índice passou de 4,5% no primeiro trimestre para -5,4% no segundo. As pecuárias bovina e suína vêm sofrendo as conseqüências do embargo às exportações para diversos países, em razão dos focos de febre aftosa registrados no fim do ano passado em rebanhos bovinos no Mato Grosso do Sul e no Paraná. O setor avícola, por sua vez, foi influenciado negativamente pela disseminação de casos de gripe aviária, o que causou forte queda no consumo mundial de carne de frango.

Por conta da baixa base de comparação, devido à quebra da safra na região Sul e em parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul, decorrente da forte estiagem observada em 2005, a previsão para a safra de 2006 é de crescimento. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de junho estimou uma produção da ordem de 118,5 milhões de toneladas de grãos em 2006, 5,3% maior do que a de 2005 (112,6 milhões de toneladas).

Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), no primeiro semestre de 2006, em relação ao mesmo período do ano anterior, os volumes exportados dos principais produtos da agroindústria apresentaram os seguintes resultados: carnes de bovinos congeladas (10,9%), carnes de bovinos frescas ou refrigeradas (-41,1%), pedaços e miudezas de aves (-4,8%), carne de galos e galinhas não cortados em pedaços (-18,2%), carnes de suínos congeladas (-21,0%), açúcar de cana (-12,3%), álcool (-22,8%), celulose (13,1%), suco de laranja congelado (-10,6%) e couros e peles de bovinos (43,1%). No complexo soja, houve acréscimo na exportação de grãos de soja triturados (17,7%) e queda em bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja (-31,6%) e óleo de soja em bruto (-31,4%). Vale citar que, além das baixas cotações internacionais dos derivados de soja, que acarretaram menor receita com as exportações, houve significativa redução na exportação de óleo de soja, produto de maior valor agregado.

Fabricação de produtos industriais derivados da agricultura avança 3,3%

O setor de produtos industriais derivados da agricultura avançou 3,3%, no primeiro semestre do ano, com cinco subsetores ampliando a produção. Destacaram-se os derivados da cana-de-açúcar (7,5%), refletindo principalmente o aumento da demanda por álcool, para atender ao crescimento da frota de automóveis bicombustível. Outras contribuições positivas vieram de celulose (6,4%), impulsionada pela exportação, fumo (5,4%), arroz (5,6%) e trigo (2,8%). Esses dois últimos produtos, tradicionalmente voltados ao atendimento do mercado interno, estão sendo favorecidos pelo aumento da massa salarial e, em decorrência disso, do consumo de alimentos básicos.

Em sentido contrário, a maior retração veio dos derivados de soja (-10,7%), impactados negativamente pelos baixos preços internacionais, pela valorização cambial e pela ferrugem asiática, fungo que continua afetando a lavoura e causando prejuízo aos produtores. No caso da laranja, o recuo de 0,9% foi conseqüência do menor volume exportado de suco de laranja congelado e de uma série de doenças como o "cancro cítrico e a morte súbita", que afetaram principalmente a produção paulista (80,0% da nacional). Por fim, os derivados de milho recuaram 4,7%, influenciados pela menor produção de carne de suínos e aves, grandes consumidores dos derivados de milho.

Setor de produtos utilizados pela agricultura cai 7,0 %

O setor dos produtos industriais utilizados pela agricultura apresentou decréscimo de 7,0% no primeiro semestre do ano, decorrente da queda nos grupos adubos e fertilizantes (-1,1%) e máquinas e equipamentos (-18,7%). O resultado deve-se a um conjunto de fatores negativos para o agronegócio (valorização cambial, redução dos preços de produtos como a soja, endividamento dos agricultores, maior inadimplência e aumento dos custos), que acarretaram perda de poder de compra dos agricultores, menor investimento em máquinas e equipamentos e menor demanda por adubos e fertilizantes.

Além disso, os preços dos adubos e fertilizantes e máquinas e equipamentos se elevaram em razão do aumento dos custos de matérias-primas básicas, como o petróleo no primeiro caso e, no segundo caso, o aço. As exportações de máquinas e equipamentos agrícolas também tiveram fraco desempenho. Conforme estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a quantidade exportada de tratores de rodas foi 39,1% menor e a de colheitadeiras recuou 10,7% na comparação entre o primeiro semestre de 2006 e o do ano passado.

Produtos industriais derivados da pecuária recuam 0,9%

O setor de produtos industriais derivados da pecuária mostrou retração de 0,9% no primeiro semestre. Os derivados de aves recuaram 3,6%, devido, sobretudo, ao alastramento da gripe aviária pela Ásia, África e Europa, que causou forte retração nos principais mercados consumidores e importadores do Brasil (maior exportador mundial). Já os derivados de bovinos e suínos (-2,8%) sofreram as conseqüências dos casos de febre aftosa registrados no Mato Grosso do Sul e Paraná em 2005, o que levou ao embargo de diversos países às exportações brasileiras. Por outro lado, o subsetor de leite (4,7%), destinado predominantemente ao consumo interno, se beneficiou do crescimento da renda; e o grupo couros e peles cresceu 6,0%, em grande parte devido ao mercado externo.

Por outro lado, a fabricação de produtos industriais utilizados pela pecuária cresceu 0,9%. O grupo dos produtos veterinários dosados avançou 16,1%, em razão principalmente do aumento da produção de vacinas para o combate e prevenção da febre aftosa. Já o subgrupo rações, de maior peso, recuou 1,8%, por conta da crise na pecuária bovina e suína e no setor avícola.