Problemas climáticos fazem safra de grãos cair 5,2% em 2005
Pelo segundo ano consecutivo, condições climáticas desfavoráveis – especificamente a falta de chuvas - foram fundamentais para a queda na produção brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, a qual, no ano de 2005, foi de 112,697 milhões de tonelada
30/06/2006 06h31 | Atualizado em 30/06/2006 06h31
Safra de algodão herbáceo tem números positivos na Bahia
Embora a produção nacional de algodão herbáceo em caroço tenha caído 3,5% em 2005 (totalizando 3.666.160 t), a Bahia, segundo maior estado produtor (822.401 t ou 22,4% do total), registrou um aumento de 16,8% na sua safra. Os números positivos da produção baiana devem-se ao deslocamento do produto para o Oeste do estado, que tem condições climáticas propícias ao cultivo e é beneficiado, desde 2001, pelo Proalba (Programa de Incentivo à Cultura no Cerrado Baiano), do governo estadual. O município de São Desidério (BA) passou do quinto lugar no ranking nacional de produção de algodão herbáceo em 2004 para o de maior produtor nacional em 2005 (363.032 t).
Mato Grosso se manteve como o maior produtor nacional (1.682.839 t), apesar da redução de 10,7% em relação à safra de 2004. No estado encontram-se 20 municípios dos 35 maiores produtores de algodão do Brasil. Os dez principais municípios produtores estão na tabela abaixo.
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Produção de feijão em MG supera a do PR
Em 2005, Minas Gerais (559.570 t) suplantou ligeiramente o Paraná (557.019 t), até então o maior produtor nacional de feijão. O produto é cultivado em todos os estados, sendo que cinco deles (MG, PR, BA, GO e SP) foram responsáveis por cerca de 69% da safra total.
A produção nacional de feijão em 2005 totalizou 3.021.495 t, um incremento de 1,8% frente ao ano anterior, conseqüência do aumento no rendimento médio, de 745 kg/ha em 2004 para 806 kg/ha em 2005 – uma vez que a área colhida, de 3.748.407 ha, foi inferior à do ano anterior (3.978.660 ha).
A Bahia, com uma produção de 461.928 t, 39,5% maior que a de 2004, manteve-se na terceira posição no ranking nacional. Goiás (280.461 t) ultrapassou São Paulo (246.732 t). Os dez maiores municípios em termos de produção de feijão em 2005 estão na tabela abaixo.
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Goiás também lidera na safra de sorgo, com 33% da produção nacional de 1.520.539 t. Rio Verde (GO) foi o maior município produtor (6,4% da safra nacional e 19% da estadual), apesar da redução de 29% na produção. Em Minas Gerais, o segundo maior estado produtor, Conceição das Alagoas foi o município com a maior safra, que teve um grande incremento em relação a 2004 devido à introdução de 17.000 ha ao sistema produtivo. O segundo maior município produtor de sorgo foi São Gabriel do Oeste (MS), responsável por 5,9% da produção nacional e metade da estadual.
Produção de mamona cresce pelo segundo ano consecutivo
Em 2005, a produção de mamona foi de 168.059 t, um acréscimo de 21,1% em relação a 2004. Foi o segundo crescimento consecutivo na safra, que, entre 2003 e 2004, teve um incremento de 64,9%.
O maior produtor é a Bahia, responsável por cerca de 79% do total, com uma safra de 132.324 t, 15,9% maior do que de 2004. São baianos os dez principais municípios produtores de mamona no país: Lapão, São Gabriel, Cafarnaum, Ibititá, Canarana, Mulungu do Morro, Morro do Chapéu, Ibipeba, América Dourada e João Dourado. Além da Bahia, destacam-se os estados do Ceará, Minas Gerais e Piauí.
A cultura experimentou, a partir do início da década de 90, um retrocesso em termos de área plantada e da produção. Em 1985, por exemplo, o país chegou a produzir 415.879 t, o que representa quase 2,5 vezes a produção de 2005. Os motivos da decadência passaram pela desorganização do pequeno mercado interno, falta de pesquisas, ausência de incentivos e linhas de crédito especiais, de assistência técnica e principalmente pelos baixos preços pagos ao produtor. A partir de 2004, a mamona ganhou em produção por conta do engajamento governamental e da iniciativa particular no agronegócio.
A área cultivada com amendoim apresentou um acréscimo de 30%, em relação 2004, proporcionando um aumento de 33% na produção, que atingiu 314.906 t. São Paulo é responsável por 72% da produção nacional. Merecem destaque, pelo aumento da área cultivada, os estados de Goiás (10.579 ha), Mato Grosso (14.495 ha) e Tocantins (3.679 ha), indicando uma possível frente de expansão da cultura para o cerrado, onde as terras são mais baratas, e o clima é favorável. O maior município produtor do Brasil é Jaboticabal (SP). Entre os dez maiores municípios produtores, apenas Campo Novo dos Parecis (segundo no ranking) no Mato Grosso, não está em São Paulo.
A aveia é uma das principais opções de plantio de inverno no Sul do país. A produção nacional foi de 522.428 t, com um aumento de 13,7% em relação a 2004. O Paraná respondeu por 75% da safra, tendo Castro e Tibagi como os maiores produtores. O centeio é cultivado na Região Sul e no Mato Grosso do Sul. A área plantada total foi de 4.683 ha, com uma produção de 6.109 t, sendo 75% no Rio Grande do Sul, onde estão os maiores municípios produtores, como Salto do Jacuí e Santo Augusto.
A produção de cevada também está concentrada na Região Sul, à exceção de uma pequena área em Goiás. O Rio Grande do Sul é responsável por 60% da safra nacional, que sofreu uma redução de 18% em relação a 2004. O Paraná é o segundo maior produtor (36% do total). O município de Guarapuava (PR) foi o maior produtor nacional. A safra de girassol foi de 60.735 t em 2005 e sofreu uma redução de em torno de 21%. Mato Grosso lidera o ranking dos estados produtores (36% do total), e o maior município produtor é Chapadão do Céu (GO).
Dos 136.085 ha de triticale (resultado do cruzamento artificial de trigo com centeio) plantados no Brasil, 65% estão no Paraná e 18% em São Paulo. A produção sofreu um acréscimo de 25% em relação a 2004. O município com maior produção é Itapeva (SP), seguido por Toledo (PR). A Paraíba foi responsável por 89% da safra de algodão arbóreo, que foi de 2.126 t, 26,7% menor que a de 2004. O estado possui os dez maiores municípios produtores do Brasil, liderados por São José do Sabugi.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal, 2005.
Mato Grosso tem oito dos dez maiores produtores de soja do país
A soja apresentou uma produção de 51.182.050 t, mantendo sua condição de principal lavoura de grãos do país, mas 2005 não foi um ano bom para a sojicultura nacional. A expectativa de produção era de mais de 63 milhões de toneladas, o que não se concretizou principalmente devido à estiagem em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e, em especial, no Rio Grande do Sul.
Nas lavouras gaúchas, o prejuízo foi significativo. Em janeiro de 2005, era prevista uma safra anual de 8.804.895 t, mas o estado só colheu 2 444 540 t. O rendimento médio de 654 kg/ha foi o menor já então registrado na sojicultura do Rio Grande do Sul, que perdeu posições no ranking nacional, passando da 4ª colocação em 2004 para a 6ª em 2005, suplantado por Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Mato Grosso é o principal produtor de soja (35% do total). Em seguida, aparecem Paraná (19%), Goiás (14%), Mato Grosso do Sul (7%), Minas Gerais (6%), Rio Grande do Sul e Bahia (com 5% cada um), São Paulo (3%), Maranhão (2%) e os demais estados produtores (5%).
O valor da produção de soja em 2005 somou R$ 21,758 bilhões. A tonelada custou, em média, R$ 425,11, o que representou uma queda acentuada em relação a 2004, quando o valor era de R$ 658,48.
Os dez maiores municípios produtores de soja estão na tabela a seguir.
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É um município do Mato Grosso, Lucas do Rio Verde, que também lidera na produção de milho, que totalizou, no país, 35,134 milhões de toneladas, uma queda de 15,9% em relação a 2004. A área colhida foi de 11.558.556 ha, e o rendimento médio, de 3.039 kg/ha. A região Sul teve a maior participação na produção nacional do milho de 1ª safra. No caso da 2ª safra, a liderança foi do Centro-Oeste.
Entre os estados, o Paraná é o primeiro na produção do cereal (8.572.364 t). Em seguida, vêm Minas Gerais (6.243.873 t); São Paulo (4.093.896 t); Mato Grosso (3.506.229 t); Goiás (2.853.738 t); Santa Catarina (2.695.211 t); Bahia (1.616.464 t); Rio Grande do Sul (1.485.040 t) e Mato Grosso do Sul (1.291.901 t).
Um total de 5.314 municípios brasileiros informa o plantio do milho; é o produto de maior abrangência nacional. Os dez maiores municípios produtores do cereal em 2005 foram os seguintes:
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Municípios gaúchos lideram na produção de arroz
A produção de arroz em casca foi de 13.191.885 t em 2005, 0,6% menor que a de 2004. De um ano para o outro, não se alteraram as posições dos sete maiores estados produtores: Rio Grande do Sul (46% da produção nacional); Mato Grosso (17%); Santa Catarina (8%); Maranhão e Pará (cerca de 5% cada um); Tocantins (4%); e Goiás (3%).
Entre os maiores produtores de arroz em 2005, estavam 24 municípios do Rio Grande do Sul, que somaram 33,68% da produção nacional. A maior contribuição coube a Santa Vitória do Palmar, que superou Uruguaiana, maior produtor de 2004, cujo rendimento em 2005 caiu por causa da estiagem. Houve redução também na produção dos municípios gaúchos de Camaquã (-10,9%), São Sepé (-14,9%), Maçambara (-26,9%) e Bagé (-9,0%). O ranking dos dez maiores municípios produtores está a seguir.
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Em Mato Grosso, o principal município produtor foi Nova Ubiratã; no Pará, Santarém; em Tocantins, os maiores produtores foram Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão.
O valor total da produção caiu 64% entre 2004 (R$ 7,757 bilhões) e 2005 (R$ 4,993 bilhões), devido à redução no valor médio da tonelada, de R$ 584,27 para R$ 378,54.
Assis Chateaubriand (PR) chega ao topo no ranking de produção de trigo
A produção nacional de trigo foi de 4.658.790 t, cerca de 20% inferior à de 2004. A queda foi relacionada à menor área plantada, conseqüência, entre outros, dos baixos preços do produto, do alto risco da cultura e da descapitalização dos produtores por causa dos problemas com a safra de verão.
A região Sul é responsável por mais de 90% da safra nacional - o Paraná produz 59%, e o Rio Grande do Sul, 30%. O maior município produtor de trigo é Assis Chateaubriand (PR). Apesar de ter tido uma queda na produtividade em relação a 2004, o município aumentou sua área cultivada em 10.000 ha, o que levou a um acréscimo de 28% na produção, fazendo com que ultrapassasse Tibagi (PR) e Palmeira das Missões (RS), os dois maiores produtores de trigo de 2004. As 96.000 t produzidas em Assis Chateaubriand representam 2,06% da produção nacional e 3,47% da paranaense. Os dez maiores municípios produtores de trigo estão na tabela abaixo.
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Pelo segundo ano consecutivo, condições climáticas desfavoráveis – especificamente a falta de chuvas - foram fundamentais para a queda na produção brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, a qual, no ano de 2005, foi de 112,697 milhões de toneladas, 5,2% menor que a de 2004 e 9,1% menor que a de 2003, ano da maior safra nacional (124,285 milhões de toneladas). A redução foi puxada principalmente pelo milho (-6,6 milhões de toneladas ou –15,9%) e pelo trigo (-1,1 milhão de toneladas ou –19,9%).
Embora o total da área plantada tenha aumentado em aproximadamente 736 mil hectares (sem considerar o girassol e triticale), reflexo principalmente da expansão da soja (8,5%), o milho (-4,7%), o trigo (-15,9%) e o feijão (-8,3%), fundamentais na cesta básica dos brasileiros, tiveram reduções em suas áreas plantadas. Partindo de uma expectativa de produção de 134,906 milhões de toneladas para a safra de 2005, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), em dezembro de 2004, a quebra de safra ao fim do ano passado foi da ordem de 20,852 milhões de toneladas (-15,5%). O valor da produção, de R$ 48,206 bilhões, foi cerca de 24,0% menor que o de 2004, em grande parte pela queda nos preços da soja. Em nível municipal, os maiores produtores dos principais grãos foram os seguintes: Sorriso (MT) para a soja; Lucas do Rio Verde (MT) para o milho; Assis Chateaubriand (PR) para o trigo; Cristalina (GO) para o feijão; Santa Vitória do Palmar (RS) para o arroz; São Desidério (BA) para o algodão herbáceo; Lapão (BA) para a mamona; e Rio Verde (GO) para o sorgo.
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Mato Grosso foi o estado que mais contribuiu para a produção nacional (22,4%). É o maior produtor do Brasil em soja, algodão herbáceo e girassol e, além de ter expandido a área plantada com essas culturas, também investiu em produtos novos, como o amendoim, em relação ao qual passou a ocupar a terceira colocação no ranking nacional. A soja ainda é a cultura com maior importância no estado, respondendo por 70,0% da safra e 53,6% do valor da produção.
O Paraná vem em segundo lugar no ranking da produção nacional (19,6%). É o maior produtor de milho, trigo, aveia e triticale e também merece destaque em relação à soja e ao feijão, nos quais ocupa a segunda colocação. A utilização de tecnologias como o uso do plantio direto e rotação de culturas e o clima favorecem o plantio de lavouras de verão e de inverno em uma mesma área.
O Rio Grande do Sul, que possui condições semelhantes às do Paraná, tem sofrido nos últimos dois anos com a falta de chuvas nas suas culturas de verão. Ainda assim, foi o terceiro estado que mais contribuiu para a produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas.
A soja e o milho foram responsáveis por 45% e 31% da produção nacional de cereais leguminosas e oleaginosas, respectivamente, conforme o gráfico a seguir.
Gráfico 1. Distribuição percentual da produção obtida de cereais, leguminosas e oleaginosas – Brasil 2005.
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