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IBGE mostra que exportação ganha importância no faturamento da indústria

A Pesquisa Industrial Anual (PIA 2004), realizada pelo IBGE, mostra que as empresas industriais ampliaram de modo significativo a participação das exportações no total de seu faturamento entre 1996 e 2004...

26/06/2006 07h01 | Atualizado em 26/06/2006 07h01

As empresas de alta intensidade exportadora concentram a maior parte do total exportado

O grupo de alta intensidade exportadora concentrou, em todos os anos analisados, o maior percentual do total exportado, variando de 54,0% em 1996 para 60,9% em 2004. Assim, como observado nas exportações, também é possível verificar que o setor de alta abertura às exportações amplia sua participação no valor da transformação industrial entre 1996 e 2004, de 17,0% para 28,8%, o mesmo ocorrendo em relação às variáveis pessoal ocupado (de 17,2% para 20,7%), salário total (de 16,1% para 22,7%) e receita (de 17,5% para 30,8%).

Este ganho de participação está associado não só ao avanço nos doze segmentos industriais que durante o período em análise permaneceram como de alta abertura, mas principalmente à entrada de três novos setores nesta categoria: automóveis, camionetas e utilitários; caminhões e ônibus; e abate e preparação de carne e de pescado.

As indústrias de média-alta abertura às exportações apresentam aumento de participação entre 1996 e 2000 em todas as variáveis. Contudo, observam-se perdas relativamente importantes em 2004, principalmente, no total das exportações (que passa de 30,2%, em 2000, para 8,1% em 2004), seguido pelo valor da transformação (de 19,9% para 7,1%), receita (de 24,5% para 6,7%) e salário total (de 23,4% para 10,1%). Este movimento é explicado pela migração de ramos industriais com relativa importância para outras categorias. Por conta disto, este é o grupo que apresenta o menor número de setores integrantes em 2004. Vale ressaltar que, dada a maior mobilidade observada neste grupamento, somente duas atividades (motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão; e máquinas-ferramenta) são comuns nos anos analisados e representaram cerca de 1,8% na estrutura das exportações em 2004 e 1,6% no valor da transformação neste mesmo ano.

Já os grupos de baixa e de média-baixa intensidade exportadora, apesar de juntos concentrarem o maior percentual no número de empresas exportadoras (cerca de 66%), detêm 31% do total exportado. Contudo, estes dois grupos concentram os principais percentuais na receita, valor da transformação, pessoal ocupado e salários, embora com perda de participação entre 1996 e 2004 nas três primeiras variáveis (ver tabela 2).



Doze ramos industriais se mantêm entre os de alta abertura às exportações

Entre os segmentos industriais, 12 permaneceram nos três anos de análise entre os de alta abertura às exportações: indústria extrativa; conservas de frutas, legumes e outros vegetais; óleos e gorduras vegetais e animais; produtos do fumo; curtimento e outras preparações de couro; madeira; celulose e outras pastas para a fabricação de papel; ferro gusa, ferroligas e siderurgia; metalurgia de metais não-ferrosos; máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção; fabricação de armas, munições e equipamentos militares; e aeronaves. Em 2004, estes segmentos responderam por cerca de 40% do total exportado e por 20,0% do valor da transformação.

Entre os que se tornaram relativamente mais exportadores, destacam-se embarcações, que saiu do grupo de baixa intensidade exportadora (em 1996 e 2000) para o de alta (em 2004); e o de abate e preparação de carne e de pescado, único que mostrou clara evolução a cada ano analisado. Estes dois setores juntos respondiam por cerca 2,0% do total exportado, em 1996, e passaram para aproximadamente 8,5% em 2004. Em contrapartida, o ramo de material elétrico para veículos (exceto baterias) teve movimento inverso, ou seja, saiu da categoria alta em 1996, passou para a de média-alta em 2000, e ficou como de média-baixa em 2004.

Em 2004, os segmentos que lideraram as exportações, segundo porte de empresa, foram os seguintes: nas grandes empresas, óleos e gorduras vegetais e animais (9,8%); abate e preparação de carne e pescado (9,5%); ferro-gusa, ferroligas e siderurgia (8,4%); automóveis, camionetas e utilitários (7,7%); extrativa mineral (7,1%) e produtos derivados do petróleo (6,9%); nas médias empresas, madeira (9,3%); ferro-gusa, ferroligas e siderurgia (9,1%); resinas e elastômeros (4,9%) e produtos e preparados químicos diversos (4,6%) e nas pequenas empresas, madeira (15,4%); extrativa mineral (11,0%); conservas de frutas, legumes e outros vegetais (5,8%); e ferro-gusa, ferroligas e siderurgia (4,4%).

As pequenas empresas mantiveram posição estável nas exportações ao longo dos anos analisados

No corte por tamanho2, observa-se uma clara trajetória de concentração da participação das grandes empresas no valor total das exportações: 74,1%, em 1996; 76,4%, em 2000; e 80,8%, em 2004. As médias empresas têm perda de participação nas exportações, de 20,7% em 1996, para 13,7% em 2004, enquanto as pequenas mantiveram participação estável, em torno de 5,0%, nos três anos analisados.

Em 2004 nas grandes empresas, as exportações superaram, em termos participação, o valor da transformação, a receita e os salários, onde foram observados os seguintes valores: 69,4%, 66,4% e 57,3%, respectivamente. Quanto ao pessoal ocupado, sua participação foi mais moderada, ficando em cerca de 40% neste mesmo ano.

Já as médias empresas apresentaram queda de participação, entre 1996 e 2004, em relação à receita (de 23,9% para 20,8%), ao valor da transformação (de 23,2% para 18,4%), ao pessoal ocupado (de 25,4% para 22,6%) e ao salário total (de 24,3% para 21,6%).



Embora as pequenas empresas tenham mantido sua posição relativamente estável no que se refere à participação no total das exportações, elas perderam espaço em relação à receita total da indústria (de 15,6%, em 1996, para 12,9%, em 2004) e ao valor da transformação (de 14,7%, em 1996, para 12,1%, em 2004). Em contrapartida, entre 1996 e 2004, as pequenas empresas ganharam participação no total do pessoal ocupado (de 33,6% para 37,5%) e no salário total (de 18,4% para 21,1%).

As pequenas empresas representaram a maior parte do total de empresas exportadoras, com aumento de participação nos anos analisados. As médias empresas, também aqui, assinalaram perda de participação, o mesmo ocorrendo com as grandes, que apresentaram ligeira queda no total das firmas exportadoras. Verificou-se, então, um aumento na base exportadora, uma vez que o total de empresas aumentou de 8.400, em 1996, para 11.300 em 2004, mas em simultâneo houve uma elevação na contribuição das grandes empresas que, com aproximadamente 11% de participação no total de empresas ao longo do período em análise, saltaram de 74,1% de participação no valor das exportações, em 1996, para 80,8% em 2004.

De acordo com a análise, houve intensificação da concentração industrial na medida que as grandes empresas aumentaram sua participação, entre 1996 e 2004, não só no total das exportações como, também, na receita industrial e no valor da transformação. Em 2004, as grandes empresas responderam por 66,4% da receita industrial e 69,4% do valor da transformação, esses dois índices mostraram valores acima dos de 1996.

Um indicador que pode ser visto como uma aproximação do custo do trabalho (a relação entre gasto de pessoal e receita industrial) e, portanto, relevante do ponto de vista da competitividade, mostra tendência declinante, tanto no corte por categorias exportadoras como no corte por tamanho de empresa. Vale destacar que as reduções relativas mais acentuadas neste indicador foram observadas nos setores de alta intensidade exportadora (com queda de 52,2% no período 1996/2004, diante da redução de 40,9% para o total da indústria); e para o conjunto das grandes empresas, que aponta declínio de 46,0% neste indicador no mesmo período.

Em síntese, observa-se que as empresas industriais, nas quatro categorias analisadas e nos três portes de empresa, ampliaram de modo significativo as exportações no total de seu faturamento entre 1996 e 2004. Neste movimento, destacam-se sobretudo as categorias média-baixa e baixa e as pequenas empresas, que desta forma reduzem suas distâncias em relação a indústria geral. Contudo, vale ressaltar que ainda são as grandes empresas que mantêm grau de abertura às exportações bem superiores aos das demais em 2004. Já entre os segmentos industriais, 85 dos 95 expandiram seu coeficiente de exportação entre 1996 e 2004, respondendo por aproximadamente 85% do valor da transformação industrial e 92% do pessoal ocupado na indústria.

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1A metodologia utilizada na definição destas categorias considerou a distância de cada grupo em relação à média (indústria geral), tomando como distância as diferenças expressas em unidades de desvio padrão. Obteve-se, dessa forma, a seguinte classificação: Alta (A): distância superior a 0,5 desvio; Média-Alta (MA): distância entre 0,0 e 0,5 desvio (exclusive); Média-Baixa (MB): distância entre -0,5 e 0,0 desvio (exclusive); Baixa (B): distância inferior a -0,5 desvio.

2Foram consideradas como pequenas, as empresas que ocupavam de 5 a 99 pessoas; médias, as que ocupavam de 100 a 499 pessoas; e grandes as com mais de 500 pessoas ocupadas.

 

Veja também PIA - Produto

A Pesquisa Industrial Anual (PIA 2004), realizada pelo IBGE, mostra que as empresas industriais ampliaram de modo significativo a participação das exportações no total de seu faturamento entre 1996 e 2004, de 10,8% (38,8 bilhões de reais) para 20,4% (239,5 bilhões de reais). Dos 95 segmentos analisados, 85 ampliam sua receita proveniente das exportações, como proporção das vendas totais, isto é, expandem seu coeficiente de exportação. Este movimento também foi verificado nos três portes de empresa (pequena, média e grande).

A análise cria uma tipologia de agregação de setores em quatro categorias industriais1 (alta, média-alta, média-baixa e baixa), de acordo com o seu grau de abertura às exportações. O cruzamento de informações do cadastro de exportadores com as levantadas pela PIA, constata que as exportações realizadas pelas empresas da amostra da PIA, respondem por mais de 95% das exportações industriais totais, nos três anos considerados (1996, 2000 e 2004).