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Empresas de construção crescem em 2004, com destaque para obras de infra-estrutura

Em 2004, as empresas de construção registraram crescimento real de 12,2% no valor total das obras e/ou serviços executados, em relação ao ano anterior, devido à boa performance da economia como um todo e de algumas medidas setoriais adotadas.

21/06/2006 07h01 | Atualizado em 21/06/2006 07h01

Desigualdades regionais permanecem, mesmo com melhorias no setor

O crescimento do emprego e da atividade das empresas de construção não foi acompanhado por mudanças significativas na sua distribuição regional (ver tabela em anexo). O Sudeste, que concentra mais da metade, tanto do emprego como do valor construído, passou de 50,9% para 51,2% no pessoal ocupado, e manteve estável sua participação no valor das construções executadas (de 55,9% para 55,5%).

Melhor desempenho foi observado no Centro-Oeste, que de uma participação nos totais do emprego e das construções executadas de 7,0% e 8,0%, em 2003, passou para 7,8% e 8,6%, em 2004, respectivamente.

Em menor medida, o Norte também mostrou avanço, ampliando ligeiramente sua participação no emprego (de 6,1% para 6,4%) e nas construções executadas (de 6,3% para 6,6%).

O Nordeste praticamente não sofreu alteração no emprego (de 19,9% para 19,8%) e no valor construído (de 15,4% para 15,6%).

Ao contrário das demais regiões, no Sul, a participação, tanto no emprego como no valor das construções executadas, diminuiu na passagem de 2003 para 2004: o pessoal ocupado recuou de 16,0% para 14,9%; e o total construído de 14,4% para 13,8%.



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1Mediante deflacionamento pelo Índice Nacional da Construção Civil – INCC, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, cuja elevação, em 2004, ficou em 11,3%.

2Cálculo com base no salário mínimo médio do ano de 2004, no valor de R$ 253,30.

3Segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física de 2004.

4Segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física de 2004.

Em 2004, as empresas de construção registraram crescimento real de 12,2% no valor total das obras e/ou serviços executados, em relação ao ano anterior, devido à boa performance da economia como um todo e de algumas medidas setoriais adotadas. As construções para entidades públicas se recuperaram e tiveram aumento real de 21,4%,em relação a 2003. As obras de infra-estrutura, de maior peso no setor, aumentaram sua participação para 35,2% e, junto com as obras residenciais, representaram quase 60% do valor total das construções executadas. O grupo das edificações industriais também se destacou e ficou com a terceira maior participação (11,8%), impulsionado pelo crescimento industrial, especialmente na produção de bens de capital.

Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2004, que registrou 109 mil empresas de construção em atividade no País, empregando 1,6 milhão de pessoas, número 6,3% superior ao de 2003. Essas empresas pagaram salário médio mensal de 3,0 salários mínimos (mesma média do ano anterior), num montante de R$ 15,3 bilhões em salários no ano e realizaram obras e serviços no valor de R$ 94 bilhões. A receita proveniente de obras e serviços no exterior alcançou 2,2 bilhões.



No confronto anual, observou-se que em 2004 as empresas de construção registraram crescimento nominal de 24,8% no valor das construções executadas, o que correspondeu a um incremento real de 12,2%1. Em termos dos resultados agregados segundo porte das empresas no universo total, verificou-se que as pequenas continuaram na liderança (41,7%) do valor das construções, embora tenham recuado, mas as grandes aumentaram a sua participação em relação a 2003, passando de 23,7% para 27,7%. As empresas médias também foram responsáveis por uma parcela maior das construções executadas no último ano (30,5%), contra 26,2% em 2003.

Já para as empresas com cinco ou mais pessoas ocupadas, o valor nominal das obras e/ou serviços da construção foi 28,7% superior ao de 2003. Em termos reais esse acréscimo foi de 15,7%, impulsionado pelas grandes (31,0%) e médias empresas (30,6%), uma vez que as pequenas recuaram 4,6%. Em 2003, as pequenas empresas respondiam por 42,6% do valor da construção, as médias por 30,1% e as grandes por 27,2%. Em 2004, as médias e grandes empresas passaram a representar, respectivamente, 34,0% e 30,9%, e as pequenas, 35,2%.

O setor da construção, intensivo em mão de obra, tem seu ciclo de crescimento normalmente associado ao aumento nos postos de trabalho. Em 2004, as 109 mil empresas da construção aumentaram em 6,3% o total de empregados e em 13,0% o total dos salários. Em relação à geração de empregos, as empresas de construção também reagiram positivamente ao crescimento da economia e, novamente, observou-se avanço das grandes e médias em relação às pequenas. O maior aumento foi verificado nas empresas médias, que passaram de 23,0% para 27,8% no total do pessoal ocupado; e responderam por 30,4% do pagamento dos salários em 2004, contra 24,4% em 2003.

No que se refere à composição do emprego, embora mantendo a maior participação no total, as pequenas empresas perderam importância, passando de 54,0% para 47,5%, entre 2003 e 2004. O salário médio nas empresas de construção é crescente à medida que aumenta o tamanho da empresa. Assim, se para o conjunto das empresas do setor o salário médio, em 2004, foi de 3,0 salários mínimos2 , nas pequenas esse valor ficou em 2,3, elevando-se para 3,2 nas médias e para 3,9 nas grandes empresas.

Aumenta participação do setor público

Do valor total das construções, de R$ 94 bilhões em 2004, R$ 40,8 bilhões vieram de obras contratadas por entidades públicas. Essas mostraram recuperação, com aumento nominal de 35,1% e real de 21,4%, o que elevou a participação do setor público no total das construções executadas de 40,1% para 43,4%, de um ano para outro. Este movimento pode estar relacionado ao fato de em 2004, ano de eleições municipais, a demanda do setor público por obras ter sido estimulada.

Obras de infra-estrutura ganham maior peso

O grupo de obras de infra-estrutura, de maior peso na construção, aumentou sua participação no valor da construção, de 32,5% em 2003, para 35,2% em 2004. Seus dois principais produtos em 2004: rodovias; e ruas, praças, calçadas ou estacionamentos, seguindo a mesma tendência, também elevaram suas participações. O primeiro passou de 10,4% para 11,7%, enquanto o segundo evoluiu de 2,8% para 3,4%, no mesmo período. O conjunto dos produtos de infra-estrutura vinculados à geração e transmissão de energia - barragens e represas para geração de energia elétrica; usinas, estações e subestações hidroelétricas, termelétricas e nucleares; redes de transmissão e distribuição de energia elétrica - apesar do crescimento nominal de 21,1% em seu valor, não ampliou sua participação no total da construção (de 6,6% para 6,2%).

As obras de infra-estrutura, por normalmente implicarem em elevado investimento, são realizadas predominantemente por empresas de grande porte. Isto pode ser comprovado pela observação de que as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas foram responsáveis por aproximadamente 41,0% do valor das obras e/ou serviços de infra-estrutura em 2003 e 2004. Entretanto, no caso de seus dois principais produtos esta tendência não se confirma. Na construção e pavimentação de rodovias predominaram as médias empresas (de 100 a 499 pessoas ocupadas), com 40,3% em 2003 e 45,1% em 2004. Na realização de obras em ruas, praças, calçadas ou estacionamentos o valor estava distribuído da seguinte maneira em 2003: 42,6% para as pequenas, 36,8% para as médias e 20,6% para as grandes empresas; já em 2004, as pequenas e médias empresas perderam mercado para as grandes e as participações foram de: 36,9% para as pequenas, 31,6% para as médias e 31,5% para as grandes. A predominância de grandes empresas em obras de infra-estrutura se dá então pelos produtos que exigem maior escala, aqueles que envolvem custos e prazos elevados, como são os casos de: usinas, estações e subestações hidroelétricas, termelétricas e nucleares (79,6%, em 2004); dutos: oleodutos, gasodutos, minerodutos etc. (66,4%); barragens e represas para geração de energia elétrica (81,4%); redes de instalações de torres de telecomunicações de longa ou média distância (80,1%); vias férreas e metropolitanos (60,7%); dentre outros.

Obras residenciais crescem estimuladas por maior oferta de financiamento imobiliário

O grupo obras residenciais, o segundo em importância em 2004, apresentou aumento nominal de 20,0% no seu valor. Apesar deste resultado, sua participação no total geral diminuiu de 23,3% para 21,7%. Esse recuo não deve ser entendido como diminuição desta atividade, mas sim como contrapartida do maior dinamismo observado nas obras de infra-estrutura.

Dentro deste grupo, o produto edificações residenciais respondeu nos anos de 2003 e 2004, respectivamente, por 82,3% e 87,8%. Em relação ao total do setor da construção, este produto manteve estável sua participação, em torno de 19,0%. O crescimento do mercado de edificações residenciais foi incentivado por algumas medidas tomadas pelo Governo Federal, que trouxeram maior segurança jurídica ao mercado, e ampliaram o montante de recursos para o financiamento imobiliário.

Edificações residenciais é tipicamente associado às pequenas empresas, que responderam em 2003 por 58,5% do seu valor total, ficando as médias com 31,2% e as grandes com somente 10,4%. Em 2004, a participação das pequenas empresas neste produto, embora majoritária, recuou para 50,2%, sendo que as médias ampliaram sua participação para 35,7% e as grandes para 14,1%.

Já o grupo outras obras reduziu ligeiramente sua participação no total do valor de obras entre 2003 e 2004, respectivamente, de 11,7% para 11,1%; e aumentou sua concentração nas grandes empresas (de 32,3% para 35,0%), devido, sobretudo, ao produto montagem de estruturas metálicas, onde a participação da grande empresa passou de 37,8% para 66,0%. O principal produto deste grupo, instalações elétricas e de telecomunicações, passou de 6,3% do valor total de obras do setor em 2003 para 5,7% em 2004, não por acaso nele diminuiu a participação das grandes empresas, de 44,2% para 39,0%.

Edificações industriais ficou com a terceira maior participação no total das construções

O grupo de edificações industriais ficou com a terceira maior participação, passando de 10,7% no total do setor da construção, em 2003, para 11,8% em 2004. Esse movimento pode estar relacionado ao crescimento da produção industrial em 2004 (8,3%)3. , com destaque para o avanço na fabricação de bens de capital (19,7%)4. , resultando na ampliação da capacidade produtiva.

Quanto ao perfil das construtoras, as grandes empresas produtoras de edificações industriais lideraram a participação, tanto em 2003 (39,1%), como em 2004 (44,5%). Entretanto, o produto galpões e edifícios, responsável por mais da metade do valor das edificações industriais, foi predominantemente ofertado em 2003 por pequenas empresas (48,8%) e em 2004 pelas médias (44,8%). Outro indicador sugestivo da ampliação da capacidade produtiva em 2004 é o aumento da construção do produto plantas industriais, que em 2003 respondia por 1,8% do total do valor das construções e em 2004 respondeu por 2,6%. Neste produto, a participação das grandes empresas superou 81,0% nos dois anos.