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Produção industrial cresceu 2,3% em dezembro de 2005

Acréscimo em relação a novembro já está livre de influências sazonais e foi o maior, na comparação com o mês anterior, desde outubro de 2003. Em relação a dezembro de 2004, houve crescimento de 3,2%.

07/02/2006 07h31 | Atualizado em 07/02/2006 07h31

Acréscimo em relação a novembro já está livre de influências sazonais e foi o maior, na comparação com o mês anterior, desde outubro de 2003. Em relação a dezembro de 2004, houve crescimento de 3,2%. O indicador acumulado em 2005 (janeiro-dezembro) ficou em 3,1%. O último trimestre do ano também mostrou resultados positivos, tanto em relação ao trimestre imediatamente anterior (1,0% na série ajustada sazonalmente), como frente ao quarto trimestre de 2004 (1,4%). O desempenho industrial em dezembro foi especialmente influenciado pelo dinamismo dos setores produtores de bens de consumo (duráveis e não-duráveis).



O aumento de 2,3% na produção de novembro para dezembro teve perfil generalizado - alcançando 21 dos 23 ramos que têm séries ajustadas sazonalmente e todas as categorias de uso - e foi particularmente intenso para os bens de consumo duráveis (17,6%) - marca bem acima das observadas em bens de capital (5,8%) e em bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (3,5%). O setor de bens de capital acumulou expansão de 11,6% entre outubro e dezembro de 2005; já o segmento de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis cresceu 6,3% entre setembro e dezembro - nesse mesmo período, o total da indústria teve expansão de 4,0%.

A categoria de bens intermediários (1,2%) foi a única com taxa abaixo da média global da indústria na passagem de novembro para dezembro. No corte por ramos industriais, os destaques foram material eletrônico e equipamentos de comunicações (13,8%), veículos automotores (4,7%) e farmacêutica (8,6%).

Pelos resultados da série original (sem tratamento para a sazonalidade), observa-se que a redução de -6,5% para o total da indústria entre novembro e dezembro foi a mais suave dos últimos dez anos. No período 1995-2005, a queda média observada entre esses meses foi de -10,9%. Com o resultado favorável de dezembro, a série de índices ajustados sazonalmente alcançou naquele mês nível recorde para o total da indústria, 0,9% acima do ponto máximo anterior, registrado em junho de 2005. A produção em dezembro também foi a maior da série para o segmento de bens de capital (4,5% acima da de junho de 2005).

O desempenho em dezembro fez com que a média móvel trimestral apontasse uma recuperação da atividade industrial no fim de 2005, após relativa estabilidade desde setembro. Para o total da indústria, houve crescimento de 1,3% em dezembro, em relação a novembro. Na mesma comparação, as quatro categorias de uso também revelaram trajetória positiva: bens de consumo duráveis (6,3%), bens de capital e bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (ambas com 2,1%) e bens intermediários (0,5%).

Na comparação dezembro 05/ dezembro 04, houve expansão em 18 dos 27 ramos pesquisados e nas quatro categorias de uso. Os desempenhos de farmacêutica (26,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (28,5%), indústria extrativa (9,5%), veículos automotores (5,6%) e edição e impressão (8,2%) foram determinantes. As principais pressões negativas vieram de refino de petróleo e produção de álcool (-5,2%) e outros químicos (-3,5%). Entre as categorias de uso, a taxa mais elevada foi a de bens de consumo duráveis (14,1%), influenciada principalmente pelos 20,1% de aumento em automóveis e de 43,5% em telefones celulares. A produção de eletrodomésticos, por sua vez, recuou -7,3%.

O destaque para os setores produtores de bens finais em dezembro reforça a idéia de que o movimento de ajuste no nível de estoques nos meses anteriores levou a uma reação no ritmo produtivo no último mês de 2005. Ainda no confronto dezembro 05/ dezembro 04, o resultado de bens de capital (7,6%) também superou a média industrial, vindo a seguir bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (3,5%) e, praticamente repetindo o nível do mês de dezembro de 2004, a produção de bens intermediários (0,3%).

No confronto com igual trimestre do ano anterior, os índices confirmam a desaceleração no ritmo de atividade industrial ao longo do ano passado. Após as expansões de 3,9% e 6,1% nos dois primeiros trimestres de 2005, a taxa global assinalou 1,4% no período julho-setembro, mantendo essa marca no último trimestre. A desaceleração foi mais forte entre os bens de consumo duráveis: crescimento de 11,9% no primeiro trimestre, 21,0% no segundo, 8,8% no terceiro e 4,9% no quarto. O setor de bens intermediários registrou taxas de, respectivamente, 1,6%, 3,2%, -0,7% e -0,2%. A produção de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis também desacelerou, apesar de ter sustentado taxas acima da média global: 5,4% no primeiro trimestre, 7,8% no segundo, 3,5% no terceiro e 2,4% no quarto. Só a produção de bens de capital apresentou movimento diverso: cresceu 2,5% no primeiro e 5,1% no segundo trimestre, reduziu o ritmo no terceiro trimestre (2,5%), mas acelerou no último, saltando para uma taxa de 4,4%.



Veículos tiveram o maior impacto no acumulado do ano

O resultado acumulado da produção industrial para 2005 (3,1%) refletiu principalmente a expansão em 17 atividades, sendo que os veículos automotores, com acréscimo de 6,8%, tiveram o maior impacto sobre o desempenho global. Em seguida vieram indústria extrativa (10,2%), edição e impressão (11,6%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (14,2%) e farmacêutica (14,6%). Entre os dez ramos com queda na produção, o que mais pressionou a taxa global foi metalurgia básica (-2,0%), seguido por: outros produtos químicos (-1,3%) e máquinas e equipamentos (-1,3%).

Nas categorias de uso, a maior expansão anual ficou com bens de consumo duráveis (11,4%), em conseqüência do aumento na produção de automóveis (13,1%), telefones celulares (43,9%) e televisores (23,1%). O aumento na oferta de crédito e uma maior estabilidade no mercado de trabalho alavancaram as vendas domésticas de bens duráveis. No caso de automóveis, além do incremento de 21,9% nas unidades exportadas, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o lançamento de veículos bi-combustível impulsionou as vendas internas, que cresceram 8,1%.

O segmento de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, com avanço de 4,7%, superou a média da indústria, o que não ocorria desde 1999. A categoria foi a única a sustentar o ritmo observado no fechamento de 2004 (4,0%). A expansão está provavelmente relacionada à trajetória positiva da massa salarial e ao declínio dos preços, principalmente de alimentos. Destacaram-se os subsetores de outros bens não duráveis, cujo incremento de 8,8% esteve relacionado ao desempenho das indústrias farmacêuticas e de edição e impressão; alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (2,7%), onde sobressaíram-se refrigerantes e cervejas; e carburantes (7,1%), devido ao aumento na produção de gasolina. A produção do subsetor de semiduráveis (basicamente confecções e calçados) foi 1,5% menor que em 2004.

O segmento de bens de capital também cresceu acima da média (3,6%). Os subsetores de destaque foram os associados à infra-estrutura: máquinas e equipamentos para construção (32,1%), máquinas e equipamentos para energia elétrica (28,5%) e bens de capital para transporte (6,7%). Bens de capital agrícolas (-37,8%) e bens de capital para fins industriais (-0,4%) pressionaram negativamente.

Ainda na comparação com 2004, a produção do setor de bens intermediários teve crescimento modesto (1,0%). Os principais impactos negativos vieram de combustíveis e lubrificantes elaborados (-1,6%) e insumos industriais elaborados (-0,3%). O resultado da categoria só não foi mais baixo devido às performances de insumos industriais básicos (6,7%) e combustíveis e lubrificantes básicos (12,2%). O índice de insumos para construção civil (1,3%) fechou ligeiramente acima do total da categoria.

A evolução da atividade industrial ao longo de 2005 revela que, após a redução de -0,4% entre o segundo e o terceiro trimestre, houve acréscimo de 1,0% no último trimestre, movimento influenciado, sobretudo, pelo comportamento de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (taxas de -0,3% e 0,8% respectivamente) e de bens de capital (1,1% e 2,2%). Nesses mesmos períodos, o índice para bens de consumo duráveis passou de -3,9% para 0,1%, e o de bens intermediários foi de -0,7% para 0,3%.