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Produção Industrial cai 2,0% em setembro


Em setembro, a produção industrial caiu 2,0% frente a agosto, já descontadas as influências sazonais. Na comparação com setembro de 2004, houve crescimento de 0,2%, o menor resultado desde setembro de 2003.

09/11/2005 07h31 | Atualizado em 09/11/2005 07h31

Em setembro, a produção industrial caiu 2,0% frente a agosto, já descontadas as influências sazonais. Na comparação com setembro de 2004, houve crescimento de 0,2%, o menor resultado desde setembro de 2003. No acumulado de janeiro a setembro, a indústria cresce 3,8%. A taxa anualizada (indicador acumulado nos últimos doze meses) desacelerou em relação a agosto: de 5,1% passa para 4,4% em setembro. A produção do terceiro trimestre de 2005 mostrou resultado positivo frente a de igual trimestre de 2004 (1,5%), mas foi 0,7% menor que a do trimestre imediatamente anterior (série ajustada sazonalmente).



A queda no ritmo de produção, entre agosto e setembro, atingiu 15 dos 23 ramos pesquisados e três das quatro categorias de uso. Os principais impactos negativos foram de fumo (-37,7%), máquinas e equipamentos (-6,0%), refino de petróleo e produção de álcool (-3,8%) e veículos automotores (-2,4%). A variação acentuada na indústria do fumo em setembro se dá após expressivo aumento de 56,9% em agosto, influência, em ambos os meses, do processamento do item fumo em folha em período atípico1. Entre os ramos industriais com crescimento, outros produtos químicos (1,9%), metalurgia básica (1,4%) e celulose e papel (1,8%) foram as influências positivas mais relevantes. Segundo as categorias de uso, apenas o segmento de bens de capital ampliou a produção nesse período (1,1%), após crescimento expressivo de 3,4% na passagem de julho para agosto. Nas demais categorias as taxas foram negativas: -0,4% para bens intermediários, -8,9% para bens de consumo duráveis e -3,4% para bens de consumo semiduráveis e não duráveis. Com a terceira queda consecutiva, bens de consumo duráveis acumula taxa -17,0% entre junho e setembro.

Após cinco meses de crescimento, média móvel trimestral tem resultado negativo

Depois de cinco meses de trajetória ascendente, o comportamento desfavorável da atividade industrial em setembro se reflete no índice de média móvel trimestral, que passa a apresentar queda entre agosto e setembro (-1,1%). Esse movimento atingiu todas as categorias de uso, com bens de consumo duráveis apresentando a maior redução (-6,0%). Em seguida, vieram: bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,0%), bens de capital (-0,7%) e bens intermediários (-0,7%). Esse quadro - em que todas as categorias tiveram redução neste tipo de comparação - ocorreu pela última vez em junho de 2003.

Na comparação com setembro de 2004, houve ligeiro crescimento (0,2%) para a indústria geral, com a indústria extrativa avançando 10,6% e a de transformação caindo 0,3%. Em agosto, o setor extrativo (7,9%) já apresentava ritmo bem acima da média da indústria (3,7%), mas a indústria de transformação tinha taxa de 3,8%. Entre os 27 setores pesquisados, 15 cresceram, com destaque para material eletrônico e equipamentos de comunicações (19,8%), indústria extrativa (10,6%) e edição e impressão (10,1%). Em termos de produtos, os principais destaques nesses ramos foram, respectivamente, telefones celulares e aparelhos de comutação para telefonia; minérios de ferro e petróleo e revistas e jornais. Por outro lado, os principais impactos negativos sobre o índice global vieram de máquinas e equipamentos (-9,1%), influenciado pelos itens refrigeradores e compressores, e de alimentos (-4,0%), ramo cujo destaque negativo foram os itens açúcar (cristal e refinado) e carnes de bovinos.

Ainda na comparação com setembro de 2004, segundo os índices por categorias de uso, bens intermediários foi o único setor com queda (-0,4%). Nos demais, as taxas foram 6,4% para bens de capital, 0,4% para bens de consumo duráveis e 0,3% para bens de consumo semiduráveis e não duráveis. A produção de bens intermediários foi influenciada, principalmente, pelos subsetores alimentos e bebidas elaborados (-12,5%) e insumos industriais elaborados (-0,9%), que amorteceram a contribuição positiva vinda de insumos industriais básicos (11,6%) e combustíveis e lubrificantes básicos (12,2%), cujos principais ganhos de produção foram dos itens minérios de ferro e petróleo. Vale mencionar também as quedas observadas nos índices de insumos industriais para construção (-1,4%) e embalagens (-3,5%), ambos negativos desde julho.

O crescimento expressivo registrado pelo setor de bens de capital (6,4%) se deve ao aumento observado em todos os subsetores, com exceção de bens de capital agrícolas (-44,0%) que completa, em setembro, uma seqüência de treze quedas contínuas. Os demais subsetores de bens de capital tiveram os seguintes resultados: 1,9% para fins industriais; 33,7% para construção; 35,5% para energia elétrica; 3,4% para transporte e 8,8% para bens de capital para uso misto. Com 0,4% de variação, bens de consumo duráveis tem sua menor taxa desde junho 2003, reflexo das perdas de ritmo na produção de automóveis (1,1%) e eletrodomésticos (-14,3%), cujo recuo nos produtos da "linha branca" (-36,4%) foi mais significativo que na "linha marrom" (-0,8%). No segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (0,3%), o resultado positivo é sustentado pelo avanço do subsetor outros não duráveis (4,5%), que reflete o aumento na produção de revistas e medicamentos. A contribuição negativa do subsetor semiduráveis (-9,1%) deve-se, principalmente, ao item calçados de plástico e couro.

No acumulado do ano (janeiro a setembro), a taxa global de 3,8% resulta do desempenho positivo em 19 atividades. Entre essas, a principal contribuição veio de veículos automotores (8,8%), seguido de material eletrônico e equipamentos de comunicações (20,6%). Em termos de produtos, os destaques nessas indústrias foram, respectivamente, automóveis e caminhão-trator e telefones celulares e televisores.

Nas comparações trimestrais, o setor industrial vem sustentando resultados positivos há oito trimestres consecutivos, mas numa trajetória de desaceleração (tabela 2). No terceiro trimestre do ano, o avanço foi de 1,5%, enquanto no segundo trimestre chegava a 6,1%. Ainda nessa mesma comparação, todas as categorias de uso mostraram menor dinamismo entre o segundo e o terceiro trimestre de 2005. Única categoria com desempenho abaixo da média da indústria, o segmento de bens intermediários altera sua trajetória, passando de um aumento de 3,2% para uma queda de 0,5%. Com crescimento bem acima da média industrial, o setor de bens de consumo duráveis lidera tanto no segundo (21,0%) quanto no terceiro trimestre (8,7%), apesar da perda do ritmo. No mesmo período, bens de capital passa de um aumento de 5,1% para 2,7%, enquanto em bens de consumo semiduráveis e não duráveis as taxas são de 7,9% e 3,6%, respectivamente.



Em síntese, a redução no ritmo fabril fica também evidente no comportamento dos índices que comparam o trimestre ao trimestre imediatamente anterior (tabela 3). Os resultados de setembro reforçam os sinais de desaceleração no ritmo da atividade fabril, que caiu 0,7% no terceiro trimestre. Por categorias de uso, verifica-se um movimento semelhante em bens de consumo duráveis (-4,4%) e bens intermediários (-0,6%), que tiveram taxas negativas no terceiro trimestre, tal como a média global da indústria. O setor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,6%), por sua vez, teve a segunda queda trimestral. A exceção ficou por conta de bens de capital, que cresceu 0,5% no terceiro trimestre, após expansão de 3,0% no período anterior.



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1Normalmente, o beneficiamento do fumo em folha é feito até julho. Excepcionalmente esse ano, o procedimento se estendeu até agosto.