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Cai a participação do Sudeste no PIB e sobe a dos estados ligados à agroindústria

Os resultados das Contas Regionais de 2003, divulgadas pelo IBGE em parceria com os governos estaduais, mostram que São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os quatro maiores estados do país...

04/11/2005 08h01 | Atualizado em 04/11/2005 08h01

(Atualizado em 10/11/2005 às 16:32hs)

Os resultados das Contas Regionais de 2003, divulgadas pelo IBGE em parceria com os governos estaduais, mostram que São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os quatro maiores estados do país, que concentravam, em 1985, 66,3% do PIB, passaram, em 2003, para 61,5%, a mais baixa participação na série 1985-2003. São Paulo foi o estado que mais contribuiu para este resultado e, em 2003, teve a participação no PIB mais baixa de toda a série (31,8%). Já o Rio de Janeiro, a partir de 2000, retomou o mesmo patamar de participação do começo da série1 e, em 2003, obteve o quarto melhor resultado de todo o período (12,2%).

 



Enquanto os quatro maiores estados perdem participação no PIB, o grupo intermediário (PE, DF,GO,PA,ES,CE,AM,MT e MS), composto por um grande número de estados ligados a agroindústria, foi o que mais avançou. Neste grupo destacam-se todos os estados da região Centro-Oeste, além do Amazonas, que ao longo da série alcançaram as maiores taxas de crescimento.

 



Em relação a 2002, os estados que tiveram os maiores ganhos de participação no PIB, em 2003, foram: Rio Grande do Sul, de 7,8% para 8,2%, e Paraná, de 6,1% para 6,4%. Na mesma comparação, as maiores perdas foram registradas em São Paulo, que saiu de uma participação de 32,6% para 31,8%, e Rio de Janeiro, de 12,6% para 12,2% do PIB.

Em 2003, a produção de grãos predominou

Em 2003, a soja cresceu 23% o milho 34% o que favoreceu todos os estados da fronteira agrícola, que tiveram como atividade importante o plantio e o cultivo de grãos, destacaram-se na análise da taxa de crescimento real. O melhor resultado foi alcançado por Mato Grosso do Sul com crescimento real de 7,8%, influenciado pela produção de soja e milho. Também contribuiu para esse resultado a baixa base de comparação de 2002, quando o desempenho de Mato Grosso do Sul ficou abaixo dos demais estados da fronteira agrícola.

 



Os estados do Amazonas (6,4%) e do Acre (5,8%) tiveram o segundo e o quarto melhores resultados, respectivamente. Diferente dos demais, que tiveram bons desempenhos na agropecuária, nesses dois estados o crescimento foi influenciado pela indústria. O Amazonas cresceu 6,4%, liderando a indústria de transformação com taxa de crescimento de 10% nesse ano, com destaque para o setor eletroeletrônico, que cresceu 55%. O setor industrial, que representa 50% da economia amazonense, cresceu 550% no acumulado ao longo do período (1985-2003), um dos melhores indicadores da série.

O resultado do Piauí (6,0%), o melhor desde 1994, reflete o bom desempenho da agropecuária que cresceu 32%, o melhor desempenho do setor entre todos os estados nesse período. Esse resultado foi alcançado, principalmente, pelo cultivo da soja, que cresceu 238% no ano de 2003 e já é o terceiro produto mais importante do estado. Também no Maranhão os efeitos da soja, que já tinham sido verificados em 2002, mantiveram o bom desempenho em 2003. A soja é o produto mais importante da agricultura do Maranhão, o estado teve o segundo melhor resultado desde 1993 e o quarto de toda a série. Outros estados que tiveram destaque em suas taxas de crescimento foram, Acre (5,8%), Pará (5,3%), Paraná (5,2%), Goiás (5,1%), Mato Grosso (5,0%) e Rio grande do Sul (4,8%).

Entre os grandes, o Rio Grande do Sul foi destaque

Das quatro maiores economias, apenas a do Rio Grande do Sul apresentou bom resultado, ficando em 10º lugar no ranking de melhor desempenho em 2003. Além de apresentar um bom resultado na atividade agropecuária (21%), o Rio Grande do Sul teve bom desempenho nos setores industriais voltados para as máquinas e implementos agrícolas, todos ligados ao avanço da agropecuária. Os setores industriais que contribuíram para este resultado foram a indústria mecânica (23%) e material de transporte (9%).

Os estados que tiveram os piores desempenhos foram os da região Sudeste. O Rio de Janeiro, com -0,2%, São Paulo, com 0,0%, Espírito Santo, com 0,0%, e Minas Gerais com 0,4%. A indústria de transformação do Rio de Janeiro, que vinha com excelente resultado em 2002, quando cresceu 4,1% depois de sete anos consecutivos de queda, registrou em 2003 uma queda de -3%. Por sua vez, a atividade de extração de petróleo, setor que vinha tendo excelente performance, teve o pior resultado desde 1993, cresceu apenas 1,8% e ainda assim acumula desde 1994 um crescimento de 158%.

São Paulo não cresceu no ano de 2003. Tanto a indústria (0%), que pesa 35% na economia paulista, como a agropecuária (-0,5%), que pesa em torno de 8%, sofreram com a retração do consumo. A agropecuária paulista, que detêm 24% do valor adicionado da atividade, só não teve um impacto maior por causa do bom desempenho da produção de cana-de-açúcar, que cresceu 7% impulsionada pela exportação de açúcar. Já a laranja, segundo produto, com peso de 20% na agricultura do estado, teve uma queda de 10%, em função da diminuição da área plantada por conta de uma praga que rondava os laranjais paulistas.

A produção de café vem perdendo participação nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. No Espírito Santo, a cultura do café caiu 15%, com a queda dos preços internacionais. Já em Minas Gerais, a produção caiu 30%, mas este resultado foi compensado pelo cultivo de grãos: milho (11%), soja (20%), feijão (10%) e cana-de-açúcar (14%).

Distrito Federal continua com o maior PIB per capita do País

Em relação ao PIB per capita2, o maior valor continua sendo o do Distrito federal (R$ 16.920,00). Entretanto, em virtude do baixo desempenho econômico da capital federal, a distância em relação à média do Brasil diminuiu. Em 2002, o PIB per capita do Distrito Federal era 2,1 vezes a renda do Brasil e, em 2003, foi de 1,9 vezes.

Em 2003, o PIB per capita dos estados de Mato Grosso (R$ 8.391,00) e Mato Grosso do Sul (R$ 8.634,00), que ao longo da série vinham reduzindo sua distância entre a média brasileira, pela primeira vez ficaram bem próximos a média do país (R$ 8.694,00).

O Rio de Janeiro (R$ 12.671,00) se manteve em segundo lugar no ranking do PIB per capita, seguido por São Paulo (R$ 12.619,00). Já os piores resultados continuam sendo os do Maranhão (R$ 2.354,00) e do Piauí (R$ 2.485,00), mas devido ao bom desempenho de suas economias no ano de 2003, os dois estados aproximaram-se mais da média do país com resultados inéditos na série. O PIB per capita do Maranhão passou a representar 30% da renda per capita do Brasil.

 



No acumulado, Mato Grosso foi o líder

Já no resultado acumulado na série, o líder ainda é o estado do Mato Grosso (275%), seguido de perto pelo Amazonas (271%), com uma média de crescimento em 18 anos de 7,6% ao ano. No caso do estado matogrossense, o resultado foi quase todo baseado na expansão da fronteira agrícola e na indústria ligada a esta atividade. No Amazonas, este crescimento está ligado ao pólo industrial da SUFRAMA.

Os piores resultados foram verificados no Rio de Janeiro (33%) e São Paulo (37%), ambos com uma média de crescimento em torno de 1,6% ao ano, abaixo da média brasileira que cresceu 2,4% ao ano. Os dois estados sofreram com as seguidas crises econômicas, queda na demanda interna e desconcentração econômica. O Rio de Janeiro, depois do aquecimento da indústria extrativa mineral, vem retomando seu bom desempenho.

 



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1 A série do Sistema de Contas Regionais, do IBGE, começou em 1985.

2 PIB per capita é o Produto Interno Bruto dividido pela população do ano de referência.