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Pesquisa do IBGE mostra reestruturação no comércio do País

Entre 1996 e 2003, caiu o salário médio nos três segmentos do comércio – Veículos, peças e motocicletas, Atacado e Varejo – investigados pela Pesquisa Anual de Comércio, do IBGE. A média de ocupados por empresa manteve-se estável nos três segmentos...

27/10/2005 08h01 | Atualizado em 27/10/2005 08h01

Para essa queda, foi decisiva a alteração estrutural da atividade de Veículos automotores, onde o porte médio das empresas era de 22 pessoas ocupadas por empresa em 1996, e caiu para 8 em 2003. Com isso a participação do comércio de Veículos automotores no número de pessoas ocupadas do segmento caiu de 43,5% para 35,4% no período. No entanto, cresceu – de 13,5% para 21,7% a participação de Veículos automotores no total de empresas do comercio do País.

Entre 1996 e 2003, cresceu 16,1% a ocupação em Veículos, peças e motocicletas (de 469 771 para 545 395 pessoas), e a receita líquida de revenda subiu 26,1% (de R$ 62,4 bilhões para R$ 78,7 bilhões). A participação da receita líquida de Venda de veículos no total do segmento caiu de 73,0% para 67,3%.

O salário médio no segmento de Veículos, peças e motocicletas caiu de 4,1 para 2,5 mínimos. As empresas de Veículos automotores foram responsáveis por esta queda: entre 1996 e 2003 reduziram sua remuneração média de 5,8 para 3,5 salários mínimos. Apesar disso, os salários médios da atividade permanecem acima da média paga pelo comércio do País. No entanto, a atividade foi a única que perdeu representação no total da massa salarial paga: de 62,2% para 48,6%.

Mais empresas, mais receita e menos salários no comércio de combustíveis e lubrificantes

No atacado, entre 1996 e 2003, evidenciam-se os ganhos das revendedoras de Combustíveis e lubrificantes. A desregulamentação do setor e a elevação dos preços dos derivados do petróleo contribuíram para que a atividade aumentasse sua participação no total da receita líquida de revenda do atacado, saindo de 24,2% no início do período para 36,9% no final.

Em 2003, a evolução do comércio atacadista de combustíveis foi acompanhada por um considerável aumento da produtividade, que já era a maior do atacado em 1996. Apesar disso, o salário médio caiu de 13,6 para 10,1 salários mínimos no período.

Com a entrada de novas bandeiras no comércio atacadista brasileiro de Combustível e lubrificantes, houve um considerável aumento (180,8%) do número de empresas deste setor: de 536 em 1996 para 1 505 em 2003. Apesar disso, houve uma pequena queda – de 1,8% em 1996 para 1,6% em 2003 – na participação desta atividade, que também perdeu espaço em número de ocupados (4,9% para 4,1%) e no salário total (13,8% para 12,0%). O número de ocupados por empresa em Combustíveis e lubificantes permaneceu estável no período e manteve-se acima da média do atacado. Com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, caiu de 17,6% para 10,4% a margem de comercialização do segmento.



De 1996 a 2003, caiu de 29,2% para 12,8% a participação do setor de Produtos alimentícios, bebidas e fumo na receita líquida de revenda do atacado, mas sua participação em número de empresas permaneceu em 35,5%. O número de ocupados no setor caiu menos intensamente: de 32,8% para 28,0%. Também houve redução no porte – de 10 para oito ocupados por empresa – e na produtividade – de R$ 296,7 mil para R$ 147,5 mil por empregado – das empresas do setor.

A atividade atacadista que mais ampliou sua massa salarial (de 10,7% para 17,2%), foi Máquinas e equipamentos, (revenda de aparelhos agropecuários, comerciais, industriais etc.), que continua com a segunda maior remuneração média em salários mínimos do atacado: 6,5 em 1996 e 5,0 em 2003.

Varejo remunera menos e setor de Hipermercados e supermercados fica mais concentrado

Entre 1996 e 2003, as tecnologias de informação e comunicação (TIC), a logística e uma reestruturação produtiva contribuíram para aumentar a importância do varejo na economia brasileira.



O segmento mais afetado por essas mudanças, devido a sua enorme concentração, foi Hipermercados e supermercados, que diminuiu custos e aumentou sua margem de comercialização de 20,4% para 23,5%. Nesse segmento e também em Combustíveis e lubrificantes houve uma grande retomada de investimentos com a entrada de novas empresas estrangeiras no País.

Entre 1996 e 2003, a participação de Hiper/Supermercados na receita líquida de revenda do varejo subiu de 23,0% para 24,9%, mas sua representatividade em número de empresas caiu de 1,2% para 0,5%, como reflexo de seu movimento de concentração. Outro elemento importante foi o aumento do porte médio das empresas, o maior do varejo, tanto em 96 quanto em 2003: no período, a média de ocupados por empresa saltou de 41 para 95 pessoas.

No período, houve, ainda, queda na remuneração média em salários mínimos no varejo (de 2,3 para 1,8) e em Hiper/Supermercados (de 3,3 para 2,5), cuja produtividade também caiu (de R$ 137,0 mil para R$ 131,9 mil). A maior produtividade do varejo continuou em Combustíveis e lubrificantes, onde este indicador, porém, caiu de R$ 329,0 mil para R$ 259,5 mil.

No que gastam as que mais ganham?

Em 2003, com a maior receita do atacado, Combustíveis e lubrificantes também foi o segundo segmento em relação às despesas: foram R$ 8 bilhões , ou 22,9% das despesas do atacado. Desta cifra, a despesa principal (R$ 2,2 bilhões) foi com Serviços prestados por terceiros (contabilidade, informática, despachantes, fretes etc). As principais despesas do Comércio estão discriminadas na tabela 5 da publicação da PAC 2003.

Produtos alimentícios, bebidas e fumo, a segunda maior receita do atacado está na quinta colocação em despesas, ou 11,6% do total. Já as despesas totais de Combustíveis e lubrificantes e de Produtos alimentícios bebidas e fumo correspondiam a 7,7% e 10,9% das suas receitas totais, respectivamente.

Em Veículos, peças e motocicletas, a maior despesa também é do segmento com as mais elevadas (11,1% do total) receitas: Veículos automotores, cuja maior despesa (19,6% ou R$ 1,2 bilhões) foi financeira.

No varejo, tiveram as maiores despesas as atividades com as maiores receitas. Hiper e supermercados estavam em primeiro lugar: R$ 10,8 bilhões de despesas no ano, ou 29,6% do total de R$ 36,6 bilhões do comércio varejista. A maior despesa de Hiper e supermercados. foi a financeira: R$ 2,0 bilhões ou 18,9% dessa atividade. Em seguida, o setor varejista Artigos do vestuário e complementos participa com 10,1% das despesas do varejo, e seus gastos principais foram com aluguéis de imóveis e condomínios: 37,1% de um total de R$ 3,7 bilhões. As participações das despesas totais nas receitas de Hipermercados e supermercados e de Artigos do vestuário e complementos eram 14,5% e 20,1%, respectivamente.

A PAC 2003 ainda detalhou a receita das empresas, além seus gastos com pessoal (incluindo previdência, indenizações trabalhistas, auxílios para transporte e alimentação), tipo de pessoal ocupado por empresa (assalariados, proprietários ou familiares), suas formas de comercialização (lojas, quiosques, trailers, correio, Internet, televendas, etc.), suas principais características segundo as faixas de pessoal ocupado e as informações gerais, por setores e grupos de atividades, segundo as grandes regiões e unidades da federação.

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1 Receita média é obtida a partir da divisão da receita operacional líquida pelo número de empresas.

Entre 1996 e 2003, caiu o salário médio nos três segmentos do comércio – Veículos, peças e motocicletas, Atacado e Varejo – investigados pela Pesquisa Anual de Comércio, do IBGE. A média de ocupados por empresa manteve-se estável nos três segmentos, mas caiu drasticamente (de 22 para oito ocupados por empresa) em Comércio de veículos automotores, reduzindo em quase dez pontos percentuais (de 43,5% para 35,4%) a participação desta atividade no número de ocupados do segmento, a despeito de ter aumentado em oito pontos percentuais sua participação, em número de empresas, no comércio do País. No varejo de Hiper e Supermercados subiu de 41 para 95 o número médio de ocupados por empresa. Este setor foi beneficiado pelos investimentos estrangeiros, juntamente com o varejo de Combustíveis e lubrificantes, onde o número de empresas aumentou em 180%.

Em 2003, a Pesquisa Anual de Comércio do IBGE estimou a existência de 1 365 136 empresas comerciais no Brasil, com 1 426 988 estabelecimentos, R$ 675,6 bilhões de receita operacional líquida, 6 271 mil pessoas ocupadas e pagando R$ 38,8 bilhões em remunerações. Em relação a 2002, a estrutura do comercio brasileiro não mudou. O segmento do comércio varejista continuou sendo o maior em número de empresas, de estabelecimentos e pessoal ocupado. Em receita operacional líquida, o atacado liderava.

A PAC investiga o Comércio de veículos, peças e motocicletas, o Comércio por atacado e o Comércio varejista. O varejo caracteriza-se por um número elevado de estabelecimentos, de pequeno porte em sua maioria, voltados ao consumidor final. O atacado atua na distribuição, tem estrutura de comercialização especifica e, predominantemente, é composto por empresas de maior porte com elevado volume de vendas. Suas operações influem na formação de preços da economia. Já o Comércio de veículos, peças e motocicletas atua no atacado, varejo e, ainda, em serviços. Outra peculiaridade: vende bens duráveis de alto valor médio.



Em 2003, o varejo tinha 53,4% da margem de comercialização total (R$ 131,1 bilhões) do Comércio, e o atacado, 37,0%. Em receita operacional líquida, as posições se inverteram: o atacado tinha 46,1% e o varejo, 42,5% (R$ 675,6 bilhões).

Tradicionalmente pródigo em estabelecimentos de pequeno porte, em 2003 o comércio varejista reuniu 84,6% do total de estabelecimentos e 85,1% do total de empresas comerciais do País. Já o atacado, com 7,1% das empresas e 7,6% dos estabelecimentos, teve a maior participação (46,1%) na receita operacional líquida do Comércio. A concentração, aliás, é característica do atacado, onde há um número relativamente pequeno de empresas com maior receita operacional líquida e mais pessoal ocupado.

Em 2003, o varejo ocupou 4 788 117 pessoas, ou 76,4% do total de ocupados no Comércio. O atacado vinha a seguir, com 937 268 pessoas ocupadas, ou 14,9%. Já as empresas de veículos e peças tinham apenas 8,7% de participação.Em 2003, o varejo manteve-se com elevado número de empresas de pequeno porte, que ocupavam três pessoas, em média, e mais de 98% das 1.160.968 empresas do setor ocupavam até 19 pessoas.

O comércio de veículos, peças e motocicletas gerou R$ 76,7 bilhões de receita operacional líquida (11,4% dos R$ 675,6 bilhões do Comércio), com participação de 7,8% no total de estabelecimentos e 12,1% na margem de comercialização. Com R$ 25,1 bilhões de salários , o varejo pagou 64,7% da massa salarial do setor, enquanto o atacado atingiu 24,8% e veículos, peças e motocicletas, 10,5%.

Empresas com até 19 ocupados predominam no comércio do País

Em 2002 e 2003, a maior parte das empresas, estabelecimentos, pessoas ocupadas e remunerações concentrava-se nas empresas com até 19 pessoas ocupadas. Em receita operacional liquida, as empresas nessa faixa de pessoal estavam em segundo, atrás das empresas com 500 ou mais ocupados.

Também no varejo, em 2002 e 2003, a maior parcela da receita operacional líquida do total foi auferida por empresas com até 19 pessoas ocupadas. Em 2003, tanto a receita média1 desta faixa (R$ 112,0 mil) quanto o salário médio mínimo mensal (1,4 mínimos) estavam abaixo da média do Comércio (R$ 494,9 mil e 2,1 salários mínimos, respectivamente).

As empresas na faixa de cem e 249 pessoas ocupadas do comércio de Veículos, peças e motocicletas, em 2003, geraram R$ 19,7 bilhões, a maior participação (25,7%) na receita operacional líquida do segmento (R$ 76,7 bilhões). Em função do pequeno número de empresas nesta faixa de ocupação, sua receita média por empresa (R$ 50,9 milhões) estava muito acima da média total da PAC (R$ 494,9 mil),e a remuneração média paga nesta faixa (4,7 salários mínimos) também era mais alta que a média geral do Comércio.

No atacado, as empresas com mais de 500 pessoas ocupadas apresentaram a maior receita operacional líquida, nos anos de 2002 e 2003. Estas grandes empresas atacadistas representavam somente 0,1% do total de número de empresas e 38,4% da receita operacional líquida do segmento, sinalizando a concentração deste mercado a partir da constatação de que a maior parcela de receita é de responsabilidade de um número relativamente pequeno de empresas. Em 2003, a receita média deste segmento era de R$ 1,3 bilhões e o salário médio mínimo mensal era 6,6 salários mínimos, muito acima da média comercial brasileira.

Em 2003, os setores de Veículos, de Combustíveis e de Hipermercados lideraram

Cada um dos três segmentos do Comércio investigados pela PAC 2003, teve uma atividade em destaque. No comércio de Veículos, peças e motocicletas, a atividade Veículos motores, (revenda varejista e atacadista de veículos novos e usados) foi responsável por mais de 54,0% das receitas.

No atacado, Combustíveis e lubrificantes foi o setor mais significativo, com 35,4% de participação na receita bruta de revenda (R$ 120,2 bilhões), e de 36,1% da receita operacional líquida (R$ 112,4 bilhões). Também se destacou a atividade atacadista de Produtos alimentícios, bebidas e fumo (leite, cereais, hortifrutigranjeiros, carne, pescados, bebidas, fumo etc.) com R$ 40,0 bilhões de receita operacional líquida, ou 12,8% do total do comércio por atacado.

No varejo, Hipermercados e supermercados foi a atividade com maior receita: R$ 74,7 bilhões, ou 25,2% do total do varejista. As empresas varejistas de Combustíveis e lubrificantes obtiveram a segunda participação: 22,8% do total, ou R$ 67,6 bilhões.

Entre 1996 e 2003, comércio de veículos mudou para se tornar competitivo

A abertura do mercado brasileiro gerou mais competição no comércio, a reestruturação em muitas empresas, a implementação de novos métodos gerenciais, terceirizações, automação comercial e a introdução de modernos sistemas de logística.Também houve a entrada de empresas estrangeiras no mercado brasileiro por meio de incorporações e fusões.

No segmento de Veículos, peças e motocicletas, aumentou a competição interna devido à entrada de novas marcas de veículos e motocicletas no país. Aumentou o volume de vendas de carros importados e surgiram novas concessionárias no Brasil, e mais empresas de menor porte. No entanto, o número médio de ocupados por empresa no segmento caiu de 7 para 5.