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Empresas Industriais de alta intensidade tecnológica têm receita e investimento acima da média

A Pesquisa Industrial Anual, PIA Empresa 2003, analisou a estrutura das empresas a partir dos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

21/06/2005 07h01 | Atualizado em 21/06/2005 07h01

Os setores de alta e de média alta intensidade tecnológica reuniam 17,7% das empresas e empregavam, em 2003, 25,8% do total de pessoas ocupadas na atividade industrial. Já as empresas de baixa e de média baixa intensidade tecnológica eram a maioria (cerca de 82%) e concentravam a maior parte do pessoal ocupado (74%). As participações no valor de transformação industrial, no entanto, eram equilibradas: os grupos de alta e média alta intensidade tecnológica ficavam com 47,5%, enquanto os de baixa e de média baixa intensidade eram responsáveis por 52,5% do valor. A tabela mostra que o quadro geral praticamente não se alterou de 2000 para 2003.

No grupo de baixa intensidade tecnológica, o gasto médio em P&D chega a apenas 0,21% do faturamento. O grupo está limitado, abaixo, pelo setor de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares (0,03%) e, acima, pelas indústrias têxteis (0,27%). Reúne setores que tradicionalmente inovam incorporando tecnologia desenvolvida por outros – o que ocorre, por exemplo na indústria têxtil – e nos quais não há grandes possibilidades de aumentar os gastos em P&D – como são os casos dos setores de abate de animais e beneficiamento de arroz.

Entre os setores de média baixa intensidade tecnológica, o gasto médio em P&D é de 0,36% da receita, e os limites inferior e superior ficam representados, respectivamente, pelas indústrias de couro, artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (0,29%) e de produtos siderúrgicos (0,44%). O grupo é formado, sobretudo, por indústrias de bens intermediários.

No corte de média alta intensidade tecnológica, o setor com maior percentual de gastos em P&D é o farmacêutico (0,83% do faturamento); no outro extremo está o de celulose e papel (0,49%). O investimento médio em P&D, nesse grupo, é de 0,63%, percentual pouco acima da média geral da indústria brasileira, que é de 0,60%.

Finalmente, no grupo dos que têm alta intensidade tecnológica, cujo investimento médio em P&D é de 1,31% em relação à receita, os setores limítrofes são os de refino de petróleo (0,96%) e de outros equipamentos de transporte (2,72%), que inclui a fabricação de aviões. No caso do refino, o maior investimento se deve à exigência de novas tecnologias para a extração de petróleo em áreas marítimas profundas e ao maior nível de competição no mercado de combustíveis.

Receita, investimento, salário e produtividade crescem conforme a intensidade tecnológica

A tabela em anexo mostra os indicadores econômicos para 2003 dos grupos classificados por intensidade tecnológica desagregados por setores industriais.

Os dados revelam, em geral, que, quanto maior a intensidade tecnológica, maiores a receita e o investimento médio por empresa, o salário médio e a produtividade do trabalho.

Assim, o grupo de alta intensidade tecnológica investe pouco mais que o triplo da média da indústria nacional (R$ 1,47 milhão frente a R$ 447 mil). A receita por empresa nessa categoria (R$ 19,9 milhões) é também quase três vezes a média do país (R$ 7,1 milhões); já a produtividade é mais que duas vezes superior à média nacional, com valores de, respectivamente, R$ 141 mil e R$ 68 mil. A produtividade das empresas de alta intensidade tecnológica está ligada à relação direta entre maior tecnologia e menor necessidade de pessoal ocupado por unidade de produto

O indicador de receita média confirma uma relação positiva entre o tamanho da empresa e a intensidade de tecnologia. Tal padrão está provavelmente associado ao fato de a grande empresa ter maior capacidade de investimento, exigida conforme aumenta a intensidade tecnológica. O investimento médio por empresa também é crescente com o nível de tecnologia.

No outro extremo, as indústrias de baixa intensidade tecnológica têm, em geral, receita 40% menor que a média do país (R$ 4,3 milhões frente a R$ 7,1 milhões); investimento 45% menor (R$ 244 mil frente a R$ 447 mil); e a produtividade 35% menor (R$ 44 mil contra R$ 68 mil).

Refino de petróleo é destaque no cenário nacional

O setor de refino de petróleo, que está no grupo de alta intensidade tecnológica, é o que detém a maior participação no investimento da indústria nacional (20,2%).

As empresas do setor de outros equipamentos de transporte, que tiveram a maior proporção de investimentos em P&D em relação à receita líquida de vendas (2,7%), foram responsáveis também por 1,7% do valor de transformação industrial e por 1,2% dos investimentos de toda a indústria.

No grupo de média alta intensidade tecnológica, destacaram-se em 2003 os investimentos do setor químico (7,7% do total da indústria, 4º no ranking geral para esse indicador), que também tem posição relevante no valor de transformação da indústria, com a 3ª maior participação, 8,4%.

No grupo de empresas de média baixa intensidade tecnológica, o principal destaque é a siderurgia, que concentra a maior parte dos investimentos da categoria (8,6%, a terceira maior participação no cômputo geral) e tem também, no grupo, o maior valor de transformação industrial (5,2%), maiores investimento médio (R$ 9,6 milhões), receita média (R$ 90 milhões) por empresa, produtividade do trabalho (R$ 178 mil) e salário (R$ 1.953). No outro extremo, está a atividade de couros, artefatos de couro, artigos de viagem e calçados, que apresentou a menor participação nos investimentos, produtividade e salário médio, além de ocupar a penúltima colocação no valor da transformação industrial.

Entre as empresas de baixa intensidade tecnológica, vale citar o setor de produtos alimentícios, que é o segundo em percentagem de investimentos (10,3%) no cômputo geral e também ocupa a segunda posição na participação no total do valor de transformação da indústria (14,0%). Detém ainda o maior percentual de pessoal ocupado (17,8%). Na outra ponta, está o setor de confecções de artigos de vestuário e acessórios, com o menor percentual de participação no investimento total (apenas 0,4%), além dos menores indicadores de produtividade (R$ 12 mil), salário médio (R$ 448) e receita média por empresa (R$ 664 mil), embora tenha o maior percentual de empresas (14,3%) e o segundo lugar em pessoal ocupado (7,6%).

Pesquisa representa universo de 139 mil empresas

A PIA Empresa representa um universo de 139 mil indústrias, onde trabalhavam 5,9 milhões de pessoas. Juntas, essas empresas foram responsáveis por um valor de transformação industrial (valor de produção menos os custos de produção) de R$ 403,7 bilhões. O desenho da amostra da pesquisa inclui todas as empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas; sendo as demais representadas através de seleção aleatória. A amostra é integrada por cerca de 42 mil empresas.

O total de salários pagos pela indústria, em 2003, chegou aos R$ 82,7 bilhões. Por trabalhador, o salário mensal médio foi de R$ 1.072 ou 4,7 salários mínimos. O faturamento das empresas industriais chegou a R$ 982 bilhões, e os investimentos foram de R$ 61,4 bilhões, sendo que, nesses dois totais, as empresas com 500 ou mais empregados tiveram participação de 64,1% e 74,8% respectivamente.

A Pesquisa Industrial Anual, PIA Empresa 2003, analisou a estrutura das empresas a partir dos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O setor de outros equipamentos de transporte, do qual faz parte a indústria aeronáutica, lidera o ranking, com gastos em P&D equivalentes a 2,72% do faturamento; no outro extremo, estão as indústrias de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares, que investem 0,03% do que faturam em P&D.

Em 2003, apenas 9,9% das empresas industriais brasileiras podiam ser classificadas como de alta intensidade tecnológica, ou seja, investiam entre 0,96% e 2,72% da sua receita líquida de vendas (faturamento) em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Embora fossem numericamente minoritários e tivessem a menor fatia do total de pessoas ocupadas na indústria brasileira, os setores de alta tecnologia detinham os maiores valores em receita e investimento por empresa, salário médio e produtividade do trabalho – todos eles acima da média nacional.

A análise dos dados levou em consideração a intensidade tecnológica. Para classificar cada atividade industrial em um dos grupos –, de baixa, média baixa, média alta e alta intensidade tecnológica - foi usada a razão entre os gastos em P&D e a receita líquida de vendas, ordenada decrescentemente, a partir de informações extraídas da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - Pintec 2000.

Os números da PIA Empresa 2003 confirmaram que a indústria brasileira é muito concentrada, em termos de empresas e pessoal ocupado, em atividades de baixa e média baixa tecnologia, apresentando, porém, relativo equilíbrio entre os quatro grupos de intensidade tecnológica no que diz respeito ao valor de transformação industrial – conforme mostrado na tabela abaixo.