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Síntese dos Indicadores Sociais traz um retrato do Brasil em 2003

A Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE mostra que, em 2003, os domicílios urbanos brasileiros eram, em sua maioria, próprios (73,7%), do tipo casa (87,7%), cobertos de telha (74,2%), com paredes de alvenaria (91%)...

24/02/2005 07h01 | Atualizado em 24/02/2005 07h01

A Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE mostra que, em 2003, os domicílios urbanos brasileiros eram, em sua maioria, próprios (73,7%), do tipo casa (87,7%), cobertos de telha (74,2%), com paredes de alvenaria (91%), servidos por luz elétrica (99,5%), abastecidos por rede geral de água (89,6%), lixo coletado direta ou indiretamente (96,5%), e apresentavam em média 3,5 moradores. Havia televisão a cores em 90,3% deles, e geladeira em 91,7%.

A educação continua registrando os maiores avanços, com a média de anos de estudos crescendo um ano e meio ao longo da década e subindo para 6,4 anos em 2003, embora quase um terço (30,3%) da população acima dos 25 anos de idade tenha menos de quatro anos de estudo. O grupo etário que apresentou maior avanço na freqüência à escola foi o de 18 a 24 anos, um aumento de 47% em dez anos, ainda que a defasagem escolar seja marcante em todas as regiões. A diferença em anos de estudo entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres chega a 6,5 anos.

Em 2003, havia 87,7 milhões de pessoas de dez anos ou mais de idade no mercado de trabalho, e a taxa de desocupação foi de 9,7%. Os jovens, as mulheres e os mais escolarizados eram os mais afetados pelo desemprego. A redução no rendimento do trabalho prosseguiu (-7,5% em relação a 2002), embora a queda da renda dos 40% com menores rendimentos (3%) tenha sido inferior à dos 10% com maiores rendimentos (9%). Com isso, houve ligeira redução da desigualdade entre os rendimentos médios desses dois grupos: em 2002, eles distavam 18 vezes um do outro e, em 2003, 16,9 vezes. Havia 5,1 milhões de crianças e adolescentes (5 a 17 anos) trabalhando, e 1,3 milhão delas tinham de cinco a 13 anos de idade, contingente eqüivalente à população de Tocantins.

Quase metade das mulheres que trabalhavam, ganhavam até um salário mínimo. Cerca de 71% das 2,6 milhões de mulheres que moravam sozinhas tinham mais de 50 anos de idade. Já os idosos eram 16,7 milhões (9,6%). Quase não houve alteração no número de casamentos, de 1993 a 2003 e, neste último ano, 10% dos cônjuges tinham menos de 20 anos.

A mortalidade infantil continuou caindo e em 2003 registrou 27 óbitos de menores de um ano por mil nascidos vivos, mas a taxa de mortalidade de homens (183 mortes por 100 mil habitantes) por causas externas era dez vezes superior à das mulheres (18 por 100 mil habitantes). Em 1980, entre a população masculina, a taxa de mortes por causas naturais (128 por 100 mil habitantes) superava a de óbitos por causas externas (121 por 100 mil habitantes). Em 2003, as mesmas taxas eram, respectivamente, de 183,8 e 74,9 (por 100 mil habitantes).

Cai a mortalidade infantil mas mortes violentas entre jovens continuam a aumentar

Em 2003, 43,5% da população do Brasil encontrava-se na região Sudeste. A Região Metropolitana de São Paulo 1 concentrava 10,7% da população (ou 18,7 milhões de habitantes), contingente maior que o de qualquer uma das Unidades da Federação, exceto São Paulo. De acordo com as projeções populacionais do IBGE, em 2030 o Brasil terá 237,7 milhões de habitantes – 67 milhões a mais que em 2000, um crescimento relativo de 39,6% em trinta anos (Tabelas 1.1 e 1.10 e Gráfico 1.2).

Com as significativas quedas nas taxas de fecundidade e natalidade, a população brasileira cresce cada vez menos, desde a década de 70. Entre 1993 e 2003, a taxa bruta de natalidade (nascidos vivos por mil habitantes), passou de 22,6‰ para 20,9‰, e a fecundidade, de 2,6 para 2,3 filhos por mulher (Tabela 1.4 e Gráfico 1.7).

Em 2003, havia no país 95,2 homens para cada grupo de 100 mulheres. Já a proporção de pessoas residentes em áreas urbanas (taxa de urbanização) passou de 78,4%, em 1993, para 84,3%, em 2003, e confirma o processo sistemático de urbanização do País. (Tabela 1.3 e Gráficos 1.3 e 1.5)

Também diminuiu, em relação às demais faixas etárias, o contingente de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade: em 1993, eles eram 33,5% da população e, em 2003, caíram para 27,2%. Em 2030, segundo as projeções do IBGE, esse grupo etário representará 21,3% da população brasileira.

Já a razão de dependência – proporção entre as pessoas potencialmente inativas (crianças de 0 a 14 anos e idosos de 65 anos ou mais) e as potencialmente ativas (com idades entre 15 e 64 anos) – diminuiu: de 63,5 crianças e idosos para cada 100 pessoas em idade ativa em 1993, para 51,1% em 2003 (Tabela 1.3 e Gráficos 1.3 e 1.4).

Proporção de idosos na população é cada vez maior

Diminuiu a participação das crianças na população total, mas a dos idosos aumentou, graças aos avanços na Saúde e no saneamento básico. A esperança média de vida ao nascer no Brasil era de 67,7 anos em 1993 e chegou aos 71,3 anos em 2003. A esperança média das mulheres foi de 71,6 para 75,2 anos no período, e a dos homens, de 64,0 para 67,6 anos. Já a taxa bruta de mortalidade caiu de 6,7‰, em 1993, para 6,3‰, em 2003 (Tabela 1.4 e Gráficos 1.6 e 1.7). Com tudo isso, a população de 65 anos ou mais de idade que, em 1993, representava 5,3% da população total, atingiu os 6,6% em 2003.

Continua elevada a proporção de mães adolescentes

Apesar do subregistro de nascimentos, observou-se que as mulheres mais jovens (20 a 24 anos) tinham as maiores taxas de fecundidade. Mas a proporção de mães menores de 20 anos continua elevada, embora este fato também esteja ligado à queda acentuada da fecundidade nas faixas etárias acima de 25 anos. A gravidez em idade muito jovem eleva os riscos de mortalidade para mãe e filhos. Segundo as Estatísticas do Registro Civil, 20% das crianças que nasceram e foram registradas em 2003 tinham mães adolescentes (Tabela 1.5 e Gráfico 1.8).

Mortalidade infantil caiu 33,1% desde 1993

O subregistro também limita as informações sobre óbitos infantis coletadas pelo Registro Civil. Mas foi possível verificar o declínio de 33,1% na taxa de mortalidade infantil (óbitos de menores de 1 ano para cada mil nascidos vivos): de 41,1‰, em 1993, para 27,5‰, em 2003. A taxa de mortalidade infantil no Brasil ainda é alta, mas sua queda é inegável: em 1970 ela estava próxima de 100 por mil nascidos vivos (Tabela 1.6 e Gráfico 1.9).

No Brasil, em 2003, 35,4% das mortes de menores de 1 ano ocorreram após a quarta semana de vida (mortalidade pos neonatal), enquanto 64,6% ocorreram ao longo das primeiras quatro semanas (mortalidade neonatal). Já em 1993, a distribuição dos óbitos no primeiro ano de vida era bastante eqüitativa. Os óbitos de menores de 1 ano tendem a se concentrar mais próximos ao momento do nascimento. Em 1993, 38,8% deles aconteciam na primeira semana de vida (mortalidade neonatal precoce, de causas predominantemente congênitas ou de natureza hereditária), ao passo que, em 2003, a proporção era de 49% (Tabela 1.7 e Gráficos 1.10 e 1.11).

Mortes de jovens por causas externas continuam aumentando

No Brasil, a mortalidade masculina no grupo 20 a 24 anos de idade chega a ser quase dez vezes superior à feminina. No caso específico das mortes por causas externas, verifica-se que, enquanto sua incidência nas mulheres desse grupo etário manteve-se praticamente inalterada de 1980 a 2003 (Gráfico 1.12), entre os homens as taxas saíram de 121, em 1980, para 184 óbitos para cada 100.000 jovens de 20 a 24 anos de idade, em 2003.

Em 1980, ainda no mesmo grupo etário, a taxa de mortalidade por causas naturais (128) entre homens ainda era superior à de mortalidade masculina por causas externas (121). Já em 2003, as duas taxas atingiram, respectivamente, 75 e 184. Em 2003, a taxa de mortalidade masculina por causas externas no grupo 20 a 24 anos de idade chega a ser mais de 10 vezes superior à feminina (18)

Migrações mantém tendências históricas

Em 2003, a distribuição da população por grandes regiões de residência atual segundo o lugar de nascimento mantinha as mesmas tendências verificadas no início da década de 1990 revelando uma certa estabilidade dos movimentos migratórios brasileiros. As regiões Nordeste e Sul apresentaram as maiores proporções de população residente nascida nas próprias regiões. (Tabela 1.8)

Os nordestinos são o grupo de maior peso entre os emigrantes brasileiros (57%). O Sudeste mantém-se, historicamente, como maior pólo de atração d desses emigrantes: 70,7% deles se dirigiram para esta região. O segundo grupo que historicamente mais emigrou (20,6% do total de emigrantes) saiu do Sudeste e dirigiu-se, em sua maioria, para o Centro-Oeste (37,0%) em razão, provavelmente, dos movimentos de ocupação das últimas fronteiras agrícolas. (Tabela 1.9 e Gráficos 1.13 e 1.14)

Analfabetismo diminui, mas permanecem as desigualdades educacionais por regiões e faixa de renda

No Brasil, o analfabetismo caiu quase 30% entre 1993 e 2003. O declínio foi maior para as mulheres (31,7% contra 26,9% dos homens) e nas regiões Sul (34,7%), Centro-Oeste (32,1%) e Sudeste (31,3%). Destacam-se Paraná e Santa Catarina (- 37,6% e - 36,7%, respectivamente), Distrito Federal (-45,7%) e Rio de Janeiro (-41%). No Nordeste, o analfabetismo caiu 27%: no Maranhão, caiu 35% nos últimos 10 anos, e em Alagoas, apenas 10,1% (Tabela 2.1 e Gráficos 2.1, 2.2 e 2.3).

Quase todas as crianças brasileiras em idade escolar obrigatória (7 a 14 anos) freqüentam a escola (97,2% em 2003), mas ainda há certos gargalos. No grupo de 0 a 6 anos a freqüência, ainda longe de ser satisfatória, vem aumentando. Em 2003, cerca de 37,7% das crianças de 0 a 6 anos freqüentavam um estabelecimento escolar, um aumento de 8% nos últimos três anos. No subgrupo de 4 a 6 anos, 68,4% freqüentavam creche ou escola em 2003, mas no Sul e no Centro-Oeste, eram menos de 60%.

A freqüência escolar dos demais grupos etários cresceu. A taxa de escolarização dos jovens de 15 a 17 anos aumentou cerca de 33% nos últimos 10 anos e atingiu, em 2003, 82,4%. As exigências do mercado de trabalho contribuíram para o aumento na procura pelo ensino médio. Mas o maior crescimento na freqüência escolar foi no grupo de 20 a 24 anos: dos 18,3%, em 1993, para 26,8%, em 2003 (Tabelas 2.3 e 2.6 e Gráficos 2.4 a 2.6).

Estudantes das famílias com maior rendimento têm maior escolaridade

Um dos fatores que exercem forte interferência na escolarização é o nível do rendimento da família. À exceção do grupe em idade escolar obrigatória (7 a 14 anos), tal influência nos demais grupos etários foi evidente: de 0 a 6 anos, a taxa de escolarização variou de 28,9% para os 20% mais pobres (1º quinto) até mais da metade das crianças nas famílias mais ricas (5º quinto). O mesmo se dá nos grupos etários de 15 a 17 anos e 20 a 24 anos (Tabelas 2.4, 2.5, 2.7 e 2.9 e Gráfico 2.7).

Há um grande atraso no fluxo escolar dos estudantes brasileiros. Em 2003, no Brasil, 20,4% dos estudantes de 18 a 24 anos de idade ainda cursavam o ensino fundamental e quase 42% ainda estavam no ensino médio. No Nordeste, quase 80% dos jovens nessa faixa etária estavam defasados (34% no fundamental e 44% no médio). Mesmo no ensino fundamental, obrigatório, defasagem idade-série é bastante elevada, chegando a 64% dos estudantes de 14 anos de idade (no Nordeste, atinge quase 82% contra um pouco mais de 50% no Sudeste). (Tabelas 2.8 e 2.10 e Gráficos 2.8 a 2.10).

A média de anos de estudo cresce lentamente, passando de 5 anos em 1993 para 6,4 anos em 2003, ou seja: o brasileiro médio sequer concluiu o ensino fundamental, que requer 8 anos de estudo. Esse nível só foi atingido, em média, pelas pessoas de 18 a 24 anos de idade, caindo para 6,3 anos entre os com 25 anos ou mais de idade.

O rendimento familiar também afeta o nível de instrução da população brasileira adulta (25 anos ou mais de idade). A diferença em anos de estudo entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres chega a 6,5 no Brasil, e a 7,6 anos no Nordeste. Nesta região, cerca de 30% da população de 25 anos ou mais de idade ou não tinham instrução ou tinham menos de 1 ano de estudo, e apenas 6,5% concluíram o ensino médio e freqüentaram pelo menos 1 ano no ensino superior (12 anos ou mais de estudo). No Brasil, aproximadamente 1/3 da população adulta possuía menos de quatro anos de estudo, ou seja: podem ser considerados analfabetos funcionais (Tabelas 2.13 e 2.14 e Gráficos 2.13 e 2.14).

Oferta de ensino é diferenciada regionalmente

Pelo Censo Escolar do MEC, em 2003, o Brasil tinha 191.055 estabelecimentos de ensino regular: 169.075 de ensino fundamental e 21.980 de ensino médio. Eram públicos 88,7% dos estabelecimentos do ensino fundamental e 69,7% do médio. Devido à legislação brasileira, quase 70% das escolas de ensino fundamental eram municipais.

Encontravam-se no âmbito estadual, também por razões legais, 65,2% dos estabelecimentos de nível médio. Mas a rede privada está presente mais significativamente no ensino médio que no fundamental, correspondendo a 1/3 dos estabelecimentos. No Brasil os municípios respondiam por apenas 3,8% dos estabelecimentos de nível médio, sendo 9,8% no Nordeste e menos de 1% no Sul. A oferta ainda restrita de estabelecimentos de ensino médio, principalmente nos municípios de menor porte, acaba por limitar a progressão escolar de parte significativa dos estudantes brasileiros (Tabela 2.14).

Rendimento cai, mas fica menos desigual

Em 2003, os indicadores de mercado de trabalho permaneceram praticamente estáveis em relação a 2002. Houve melhoras, como a redução da desigualdade de rendimento entre os 40% com menores rendimentos do trabalho e os 10% com maiores rendimentos do trabalho, além dos aumentos da taxa de contribuição previdenciária e do emprego na indústria. Mas a queda do rendimento, a maior desocupação entre jovens, mulheres e os mais escolarizados, bem como as desigualdades regionais e de gênero permanecem.

Em 2003, o Brasil tinha 87,7 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade, na condição de ocupadas ou procurando trabalho. Trata-se da População Economicamente Ativa (PEA), que representava 61,4% da populaçao em idade ativa (com dez anos ou mais).

Continua a aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho

As mulheres aumentaram mais que os homens sua participação na PEA, em relação ao ano anterior (2,5% contra 1,6%, respectivamente), mas sua taxa de atividade continua menor que a deles (50,7% contra 72,8%). O Rio Grande do Sul apresentou a maior taxa de atividade feminina (58,9%). Neste estado, são mulheres 77,1% dos trabalhadores rurais (Tabelas 3.1 e 3.2 e Gráficos 3.1 e 3.2).

Como reflexo do aumento da freqüência à escola, a taxa de atividade da população com entre 10 e 14 anos de idade caiu cerca de 1 ponto percentual. As regiões Nordeste e Sul apresentaram as taxas mais elevadas nesse grupo etário, acima da taxa nacional (Tabela 3.3 e Gráfico 3.3).

Jovens, mulheres e os de maior escolaridade são os mais afetados pela desocupação

A taxa de desocupação do País sofreu um ligeiro aumento em relação a 2002, indo de 9,2% para 9,7% em 2003. Esse índice foi mais influenciado pela procura feminina por trabalho, cuja taxa (12,3%) superou em quatro pontos percentuais à dos homens (Tabela 3.5 e Gráfico 3.5).

Jovens, mulheres e os mais escolarizados foram mais afetados pela desocupação, uma tendência verificada nos últimos anos. A taxa de desocupação das pessoas com 8 anos ou mais de estudo (11,3%) aumentou quase um ponto percentual em relação ao ano anterior (Tabelas 3.6 e 3.7).

Mais trabalhadores contribuem para a previdência

A taxa de contribuição previdenciária aumentou em 1 ponto percentual, mesma magnitude observada nas regiões Sul e Sudeste, enquanto no Centro-Oeste ela aumentou quase 2 pontos percentuais. Embora verificado em todas as categorias profissionais, destaca-se o aumento de 3 pontos percentuais na categoria de empregadores cuja taxa de contribuição foi de 58,9% (Tabelas 3.9 e 3.10 e Gráfico 3.10).

A distribuição da população ocupada por classes de rendimento não sofreu mudanças significativas em relação a 2002, mas a proporção de pessoas com rendimento acima de 5 salários mínimos caiu em 1,1 ponto percentual. No Sudeste, a queda foi de quase 2 pontos percentuais (Tabela 3.11).

Mais trabalhadores ganhando menos

Em 2003, aumentou, em relação ao ano anterior, a proporção da população ocupada nas classes com menor rendimento familiar per capita. A proporção da população ocupada com rendimento familiar per capita de até ½ salário mínimo aumentou em todas as categorias ocupacionais, e os trabalhadores domésticos e empregados com carteira tiveram as maiores variações: 1,6 e 1,5 ponto percentual, respectivamente (Tabela 3.13 e Gráfico 3.11).

A proporção de empregados com carteira de trabalho assinada e rendimento familiar per capita de até ½ salário mínimo era maior no Nordeste. Alagoas tinha a maior proporção (43,9%) e São Paulo, a menor (5%) – um dos motivos para que o Sudeste (em particular São Paulo) seja o principal destino dos movimentos migratórios.

A indústria teve ligeiro aumento na taxa de ocupação (quase 1 ponto percentual em relação a 2002). Os demais setores se mantiveram praticamente inalterados. A construção teve uma queda não muito expressiva (0,6 ponto percentual). A ampliação do emprego na indústria é um aspecto positivo, ligado à geração de empregos com carteira de trabalho assinada (Tabela 3.14).

Rendimento caiu em todas as categorias de ocupação

Um maior número de empregos com carteira, porém, não aumentou o rendimento médio da população ocupada que, em 2003 continuou a queda observada nos últimos anos (Gráfico3.7): –7,5% no País, em relação ao ano anterior, e –8,0% para a população feminina ocupada. Na Região Metropolitana de Belém houve a maior queda (–20,9%), com Rio Grande do Norte (–18,2%) e a Região Metropolitana de Salvador (–17,3%) a seguir.

Os trabalhadores sem carteira e os militares e estatutários sofreram as maiores perdas de rendimento em relação a 2002 (–9,4% e –9,0% respectivamente). O rendimento dos empregados com carteira e o dos empregadores teve a mesma redução (–7,9%), e dos trabalhadores por conta-própria, –6,4%. A menor queda foi para os trabalhadores domésticos: –4,5% (Tabela 3.16).

As regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores desigualdades de rendimento entre homens e mulheres. Em Santa Catarina as mulheres chegavam a ganhar cerca de 41% menos que os homens, e na Paraíba verificou-se o menor nível de desigualdade de rendimento: cerca de 14% (Tabela 4.15).

Rendimento-hora caiu para ambos os sexos

Houve uma redução de 4,8% no rendimento-hora das mulheres, enquanto o dos homens caiu 2%. Para ambos os sexos a população com nível médio sofreu a maior queda no rendimento-hora: – 8,5%. Em 2002, os trabalhadores do Nordeste recebiam, por hora, 53% do rendimento auferido no Sudeste e, em 2003, esse percentual passou para 50%. As mulheres, em 2002, recebiam, por hora, cerca de 86% do rendimento dos homens e, em 2003, a proporção era de 83% (Tabela 3.17 e Gráficos 3.12 e 3.13).

Diminuiu a desigualdade nos rendimentos

O rendimento médio dos 40% com menores rendimentos do trabalho caiu 3% em relação ao ano anterior, enquanto para os 10% com maiores rendimentos do trabalho a redução foi de 9%. Em 2002, esses últimos tinham um rendimento médio cerca de 18 vezes superior aos primeiros, com essa diferença passando para 16,9 vezes, em 2003. Norte e Centro-Oeste foram as regiões que mais reduziram essa relação. Embora o rendimento médio dos 10% com maiores rendimentos do trabalho fosse maior no Sudeste, foi no Nordeste que se observou o maior grau de desigualdade por esse indicador (18,2). Já a apropriação do rendimento total dos 50% mais pobres aumentou ligeiramente em relação a 2002, o que se confirmou na redução do índice de Gini, de 0,56 para 0,55 (Tabelas 3.18 e 3.19 e 3.20 e Gráfico 3.8).

Com relação às principais características dos 40% com menores rendimentos do trabalho e 10% com maiores rendimentos do trabalho, chama atenção o aumento de cerca de 4 pontos percentuais na proporção dos estudantes de nível superior neste último grupo em relação ao ano anterior. Por outro lado, houve uma redução de cerca de 1 ponto percentual entre os empregados sem carteira de trabalho no primeiro grupo. Já a participação dos trabalhadores por conta própria cresceu cerca de 1 ponto percentual nos dois grupos (Tabela 3.21 e Gráfico 3.14).

Têm saneamento adequado 64% dos domicílios urbanos brasileiros

Os domicílios urbanos brasileiros são, em sua maioria, próprios (73,7%), do tipo casa (87,7%), cobertos de telha (74,2%), com paredes de alvenaria (91%), servidos por luz elétrica (99,5%), abastecidos por rede geral de água (89,6%), lixo coletado direta ou indiretamente (96,5%), possuem televisão a cores (90,3%) e geladeira (91,7%), e apresentam em média 3,5 moradores .

O esgotamento sanitário ainda é o ponto crítico dos domicílios urbanos brasileiros, com as fossas rudimentares ou outros formas alternativas de esgotamento presentes ainda em 22,5% dos domicílios. Há proporcionalmente mais domicílios urbanos com telefone fixo (57,8%) do que com rede de esgoto (55,3%).Os estados de São Paulo, Minas Gerais e o Distrito Federal se destacam com os percentuais mais altos de domicílios com rede de esgoto (89,8%, 84,6% e 87,8%, respectivamente), sendo que nos estados da região Norte, essa média é de 4,5%. O estado do Rio de Janeiro tinha, em 2003, 58,7% de domicílios ligados a rede de esgoto.

Sintetizando as informações sobre saneamento, pode-se afirmar que 64,1% dos domicílios urbanos brasileiros têm saneamento adequado, considerados aqueles com acesso ao conjunto de serviços, como abastecimento por rede geral de água, ligação com a rede coletora de esgoto ou com fossa séptica e coleta de lixo.

Em dez anos, número de casamentos permanece estável

O número de casamentos voltou, em 2003, aos mesmos patamares de 1993. Foram 748.981 uniões legais em 2003, um aumento de 4,5% em relação a 2002, mas apenas 0,2% acima de 1993. Entretanto, considerando o aumento da população nos últimos dez anos, houve redução na taxa de nupcialidade legal, que passou de 7,6 casamentos por mil habitantes em 1993 para 5,8 por mil, em 2003, mantendo a tendência de queda já observada ao longo da década anterior.

Cerca de 10% dos cônjuges eram menores de 20 anos de idade, embora a idade média ao casar tenha subido, de 1993 para 2003: de 24 para 27,2 anos no caso das mulheres e de 27,5 para 30,6 anos, no caso dos homens.

O tempo médio de manutenção de um casamento, no Brasil, foi de 10,9 anos. Por ocasião da separação judicial, as mulheres tinham, em média, 35,2 anos e os homens 37,9 anos. Quanto aos divórcios, as idades são superiores, de 39 anos a mulher e 41,6 anos o homem, devido à legislação brasileira que exige pelo menos um ano de separação judicial ou dois de separação de fato, antes de se iniciar o processo de divórcio.

Em dez anos, Sul tem a maior taxa de crescimento de famílias com mulheres na chefia e o Nordeste, a mais intensa redução do tamanho das famílias

De 1993 a 2003, o percentual de famílias com mulheres como pessoa de referência passou de 22,3% para 28,8% do total, em todo o País, um crescimento de quase 30%. Na região Sul, esse percentual cresceu mais de 40%, passando de 18,6% para 26,4% _ a maior taxa de crescimento entre as regiões brasileiras.

A redução do tamanho das famílias, no período, foi mais intensa no Nordeste, onde o número de pessoas na família passou de 4,1 para 3,5 e o de filhos, de 2,1 para 1,6, em média. O tamanho das famílias está diretamente ligado ao rendimento familiar. Em 2003, no Brasil, enquanto a média de pessoas e filhos nas famílias com até ¼ de salário mínimo per capita foi de 4,6 e 2,7, respectivamente; naquelas com rendimento de mais de 5 salários mínimos per capita, tais médias foram de 2,5 e 0,8.

Em todo o País, a proporção de famílias com rendimento médio per capita de até meio salário mínimo caiu de 32,6% para 24,6%, de 1993 a 2003. Porém, ao observar os dados para os anos finais da década passada e os do início deste milênio, percebe-se que percentuais relativos a estas famílias permanecem nos mesmos patamares. Além disso, em 2003, o percentual de famílias nordestinas nessa situação era de 45,3%, bem maior do que nas regiões Sul (14,6%) e Sudeste (15,6%).

Em 2003, em quase 40% das famílias, só uma pessoa trabalhava; em 32%, duas pessoas trabalhavam e em 13% delas, três pessoas. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal se destacou: em 46,6% das famílias, uma só pessoa estava ocupada. Também nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro, os percentuais ficaram em torno de 45%.

Mais da metade das famílias brasileiras tem pelo menos um membro com até 14 anos de idade

Em 2003, havia, no País, 47,2 milhões de crianças com entre 0 a 14 anos, representando 27,2% da população; 10,4 milhões de adolescentes de 15 a 17 anos (6%) e 23,4 milhões de jovens de 18 a 24 anos (13,4%). Maranhão e Alagoas eram os estados com população mais jovens do Brasil, com as crianças de até 14 anos representando 34% do total da população de cada estado.

Mais da metade (51%) das famílias brasileiras tinham, em 2003, pelo menos um dos seus integrantes na faixa etária de 0 a 14 anos. Dessas famílias, 38% viviam com rendimento médio familiar per capita de até meio salário mínimo. Em alguns estados nordestinos, como Maranhão, Alagoas e Piauí, essa proporção atingia 65%, contrastando com as regiões Sul e Sudeste, cujas proporções variavam de 14,8% em Santa Catarina a 38,3% em Minas Gerais. No Brasil, apenas 2,8% das famílias com crianças de até 14 anos de idade tinham rendimento per capita superior a 5 salários mínimos, e no Norte e Nordeste esse percentual ficava em torno de 1%.

Há uma associação direta entre escolarização e rendimento familiar e o aspecto que merece maior destaque é relativo à freqüência a creche ou pré-escolar das crianças de 0 a 3 anos. Em 2003, das crianças que pertenciam a famílias com rendimento de até meio salário mínimo, apenas 8% freqüentava creche ou escola, enquanto que nas famílias com rendimento superior a 5 salários mínimos, esse percentual era de 28,3%, ou seja, 3,5 vezes maior.

No grupo de 4 a 6 anos de idade, verificou-se uma taxa de escolarização bem mais elevada para todas as classes de rendimento, sendo de 60,8% para as crianças das famílias menos favorecidas e subindo para 94,6% para as crianças de famílias com melhores rendimentos. É interessante que os estados da região Nordeste vem sistematicamente apresentando índices elevados de freqüência escolar nessa faixa etária, alcançando 72,6% em 2003, comparados à baixa taxa de escolarização das crianças gaúchas, por exemplo, que ficou em 50,1%.

Na faixa etária de 7 a 14 anos, correspondente ao ensino fundamental, a freqüência escolar está praticamente universalizada, independentemente de sexo, cor ou rendimento familiar. Já no grupo de adolescentes de 15 a 17 anos, faixa correspondente ao ensino médio, as desigualdades voltam a se revelar. Os adolescentes das camadas mais pobres possuíam uma taxa de escolarização de 75,8%, enquanto 98,3% daqueles pertencentes às mais favorecidas freqüentavam escola, em 2003. Chama a atenção a baixa freqüência à escola dos adolescentes de 15 a 17 anos em famílias com rendimento per capita de até meio salário mínimo nos estados do Paraná e de Santa Cataria, cujas taxas ficaram abaixo da média nacional: 62,5% e 67,7%, respectivamente.

Entre 1993 e 2003, cresceu significativamente a população de 15 a 17 anos que tinha o estudo como atividade exclusiva: de 40,7% para 60,9%. Ainda assim, no Nordeste, um contingente expressivo de adolescentes já trabalhava e estudava, com percentuais que variavam de 19,0% no Rio Grande do Norte a 34,9% no Piauí.

No caso dos jovens de 18 e 19 anos, o percentual referente aos que tinham o estudo como atividade exclusiva era de 30,4%. Nessa faixa etária, 21,3% trabalhavam e estudavam. Entre os jovens de 20 a 24 anos, apenas 11,7% somente estudavam. Quanto à ocupação dos jovens de 15 a 24 anos, mais da metade deles (50,8%) já estavam no mercado de trabalho, em 2003.

Trabalho infantil: 1,3 milhão de crianças de 5 a 13 anos de idade ocupadas em 2003

Em 2003, havia 5,1 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade trabalhando no Brasil. Na faixa etária de 5 a 13 anos, havia 1,3 milhão de crianças ocupadas, o que corresponde aproximadamente à população do estado de Tocantins. Somente na região Nordeste havia 700 mil nessa faixa de idade trabalhando. O estado da Paraíba apresentou a maior proporção de crianças de 5 a 13 anos ocupadas (39,4%).

De 5 a 9 anos, havia, no País, cerca de 209 mil crianças trabalhando, quase 80% delas em atividade agrícola e situadas predominantemente no Nordeste. Em 2003, houve uma redução de 1 ponto percentual na proporção de crianças ocupadas nessa faixa de idade, em relação ao ano anterior.

Na área rural, o rendimento das crianças de 10 a 17 anos contribuía, em 2003, com 21,5% do rendimento familiar. No Nordeste, a contribuição das crianças no rendimento familiar vem caindo, ao passo que na área rural do Sudeste, aumentou em relação a 2002. Cerca de 25% das crianças ocupadas no Sudeste contribuíam com mais de 30% do rendimento total da família. No estado do Amazonas, esse percentual chegou a 42%. Em todo o Brasil, quase a metade dessas crianças viviam em famílias com rendimento familiar per capita de até meio salário mínimo, sendo que no Nordeste essa proporção chegava a 73,3%. Verificou-se ainda que 38% das crianças e adolescentes ocupados não recebiam remuneração pelo seu trabalho. Na faixa etária de 10 a 15 anos, essa proporção era ainda maior (53,2%) e chegava a 64,8% no Nordeste.

Em 2003, a proporção de crianças e adolescentes que só trabalham apresentou uma ligeira redução de 0,5 ponto percentual em relação ao ano anterior, atingindo 3,4%. A parcela daqueles que trabalham e estudam também reduziu de 15,3% para 13,9%. Consequentemente, observou-se um aumento de cerca de 2 pontos percentuais na proporção de crianças e adolescentes que só estudam.

As regiões Nordeste e Sul apresentaram as maiores proporções de crianças e adolescentes de 10 a 17 anos de idade ocupados (seja só trabalhando ou trabalhando e estudando): 22,5% e 20,3%, respectivamente. No Piauí e Ceará, uma de cada 4 crianças de 10 a 17 anos de idade estava ocupada, em 2003.

Os efeitos do trabalho entre crianças e adolescentes vão além do abandono escolar: o atraso escolar atingia 67% dos estudantes de 10 a 17 anos ocupados, em 2003. Embora o trabalho de crianças e adolescentes concentre-se no Nordeste, no Centro-Oeste observou-se a menor taxa de freqüência à escola para àqueles que estavam ocupados (77,4%). Na área rural do Sudeste, a taxa de escolarização era de 72,7% para os ocupados, uma redução de mais de um ponto percentual em relação com o ano anterior.

O estudo mostra ainda que a maioria das crianças e adolescentes de 10 a 17 anos de idade que estavam ocupadas iniciaram suas atividades precocemente no mercado de trabalho. No entanto, em relação a 2002, houve uma ligeira redução da proporção de crianças que começaram suas atividades com menos de 15 anos de idade. Nas áreas rurais, o trabalho precoce é mais acentuado: de 1,8 milhão de crianças de 10 a 17 anos ocupadas nessas áreas, 37,6% começaram a trabalhar com menos de 10 anos de idade.

Com relação a distribuição de crianças e adolescentes ocupados segundo o local de trabalho, não se verificaram mudanças significativas comparadas ao ano anterior. Destacou-se, porém, a elevada proporção de crianças trabalhando em via ou área pública na região metropolitana de Recife (26,3%). Na região Norte, o percentual de crianças de 10 a 15 anos de idade trabalhando na rua atingiu 13,3%.

Cai a proporção de mulheres com 3 filhos ou mais e a de adolescentes com pelo menos 1 filho

No Brasil, em 2003, das 48,3 milhões de mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos de idade), 63% (ou 30,4 milhões) tinham, pelo menos, 1 filho (Tabela 9.1). Como conseqüência da contínua redução da taxa de fecundidade, observou-se que, nessa mesma faixa etária, a proporção de mulheres com 3 filhos ou mais caiu de 24,7% em 2002 para 23,9% em 2003. A redução foi mais expressiva nas regiões onde a participação da mulher no mercado de trabalho vem crescendo, como Sudeste (de 21,5% para 20,5%) e Sul (de 22,9% para 21,8%).

Entre as adolescentes de 15 a 17 anos que tinham, pelo menos, 1 filho, a taxa também caiu, passando de 7,2% em 2002 para 6,5% em 2003. Analisadas de formas isoladas, algumas regiões apresentaram aumento na proporção de adolescentes com pelo menos 1 filho. É o caso do Norte e do Sul, cujos respectivos aumentos de 13,0% e 25,5% fizeram suas taxas saltarem de 9,2% para 10,4% e de 5,5% para 6,9% (Tabela 9.2).

Na educação, os destaques são as mulheres

Em se tratando de educação, a superioridade dos homens em relação às mulheres, bastante acentuada nos outros indicadores, não se confirma. Em 2003, de um modo geral, as mulheres tinham, em média, 7,0 anos de estudo, enquanto a média entre os homens era de 6,8.

Quando se leva em conta o fato de estarem trabalhando, verifica-se que a diferença entre mulheres e homens é de quase 1 ano. Em 2003, as mulheres ocupadas tinham 8,4 anos de estudo, ou seja, mais do que o necessário para a conclusão do ensino fundamental. O Distrito Federal apresentou a maior taxa de escolaridade entre as mulheres (10,0 anos de estudo). Já o Rio Grande do Norte apresentou a maior diferença por gênero, onde a média entre mulheres era de 8,3 anos de estudo, e entre os homens, de 6,3 (Tabela 9.3).

Entre os ocupados com nível superior, há mais mulheres do que homens

Por grupos de anos de estudo, a distribuição dos homens ocupados era de 25% no grupo de até 3 anos de estudo; 30,0% no de 4 a 7 anos e 16,7%, no de 8 a 10 anos de estudo. Entre as mulheres, os percentuais eram, respectivamente, 19,5%; 25,9% e 15,6%. Isso significa que os homens ocupados tendem a se concentrar nos níveis inferiores de escolaridade. No entanto, no topo da escolaridade (11 anos ou mais de estudo), as mulheres lideravam, com uma diferença de 10 pontos percentuais: 39,1% contra 28,3%. Dessa forma, conclui-se que, em 2003, 55% das mulheres que trabalhavam tinham, pelo menos, o ensino fundamental (antigo 1º grau) concluído, enquanto 55% dos homens ocupados não tinham nem completado esse nível de escolaridade.

Regionalmente, a diferença no nível de escolaridade mais alto entre homens e mulheres se manteve. O Sudeste apresentou a maior proporção de mulheres ocupadas com 11 anos ou mais de estudo (45,7%), mas foi o Norte e o Centro-Oeste que apresentaram as maiores diferenças entre gêneros: 13 pontos percentuais em cada região. No Norte, o percentual de mulheres ocupadas com 11 anos ou mais de estudo chegou a 39,1%, e o de homens, a 26,1%. No Centro-Oeste, 41,6% das mulheres ocupadas tinham esse nível de escolaridade, enquanto entre os homens o percentual era de 28,6% (Tabela 9.4).

Quase metade das mulheres ocupadas ganha até um salário mínimo

Em 2003, quase metade das mulheres que trabalhavam (49%) ganhava até um salário mínimo, percentual superior ao dos homens, que era de 32%. Em relação a 2002, esses percentuais não se modificaram. O Nordeste concentrava 3,3 vezes mais homens ocupados que ganhavam até 1 salário mínimo do que o Sudeste. No caso das mulheres, o percentual no Nordeste era 2,1 vezes superior ao do Sudeste (Tabela 9.7).

Trabalho doméstico é a segunda maior categoria de emprego entre as mulheres e o percentual de empregadoras é muito inferior ao dos homens

Em relação à posição na ocupação, homens e mulheres apresentaram em 2003 o mesmo quadro do ano anterior. Quanto aos homens, a distribuição ficou assim estabelecida: 55,7% eram empregados; 27,3%, trabalhadores por conta própria; 5,6%, não remunerados; 5,5%, empregadores; 5,1%, militares e estatutários e 0,9%, trabalhadores domésticos. Já entre as mulheres, o trabalho doméstico era a segunda maior categoria ocupacional. O percentual de empregadoras era quase a metade do de empregadores. Em 2003, a distribuição das mulheres segundo a posição na ocupação foi: 41,6% eram empregadas; 18,6%, trabalhadoras domésticas; 17,5%, conta própria; 10,1%, não remuneradas; 9,5%, militares e estatutárias e 2,7%, empregadoras (Tabela 9.8).

Entre as mulheres que moravam sozinhas em 2003 (2,6 milhões), 71% delas tinham mais de 50 anos de idade

Em 2003, cerca de 71% das 2,6 milhões de mulheres que moravam sozinhas tinham mais de 50 anos de idade, percentual bastante superior ao dos homens na mesma faixa etária (42,4%). Entre as grandes regiões, Sudeste (73,2%) e Sul (72,1%) destacaram-se com os maiores percentuais de mulheres  com mais de 50 anos morando sozinhas. Já entre os estados, os destaques foram Alagoas (81,5%) e Paraíba (80,8%) (Tabela 9.10 e Gráficos 9.7 e 9.8).

No caso da aposentadoria, a maior proporção de mulheres de 60 anos ou mais, aposentadas, estava no Nordeste (61,3%), e a menor, no Sudeste (36,3%). Isso se deve principalmente à inclusão das aposentadorias rurais no Regime Geral de Previdência Social a partir da Constituição Federal de 1988.. Por outro lado, a maior proporção de mulheres que recebiam pensão estava no Sudeste (25,8%), sendo mais representativa na região metropolitana do Rio de Janeiro (30,6%) (Tabela 9.11 e Gráfico 9.9).

Idosos brasileiros já somam 16,7 milhões

Definida pelo Estatuto do Idoso como aquela que tem 60 anos ou mais de idade, há um crescimento absoluto e relativo da população idosa ao longo dos anos. Esse crescimento é conseqüência da queda nas taxas de mortalidade e de fecundidade. De 2002 para 2003, o número de idosos passou de 16,0 milhões (9,3%) para 16,7 milhões (9,6%), sendo que as maiores proporções estavam no Rio de Janeiro (12,7%) e no Rio Grande do Sul (12,5%), e as menores, em Roraima (3,7%) e no Amazonas (4,9%) (Tabela 10.1 e Gráficos10.1 e 10.2).

Em dez anos, percentual de idosos com menos de um ano de estudo cai 19 pontos percentuais

De 1993 a 2003, a proporção de idosos sem instrução ou com menos de 1 ano de estudo caiu de 56% para 37%. Essa redução aconteceu em todas as faixas etárias, tanto entre homens como mulheres (Gráfico 10.3). No mesmo período, também houve redução na taxa dos analfabetos funcionais (com menos de 4 anos de estudo), no entanto, os percentuais mantiveram-se altos, sendo superiores a 50% em todos os grupos etários (Gráfico 10.4).

Aposentadoria e pensão já estão praticamente universalizados entre os idosos com mais de 70 anos

Em 2003, benefícios como aposentadoria e pensão já estavam praticamente universalizados na faixa a partir de 70 anos de idade, chegando a atingir 96,1% entre os homens e 87,4%, no caso das mulheres (Tabela 10.12).

Em dez anos, população que se declara branca diminui e percentual de pretos e pardos cresce

De 1993 a 2003, houve, no Brasil, pequena alteração na distribuição por cor ou raça. A população que se declarara branca sofreu redução de 2%, passando de 54,3% para 52,1%, enquanto os percentual de pretos (de 5,1% para 5,9%) e pardos (de 40% para 41,4%) cresceram. No Nordeste, a participação de pretos passou de 5,2% para 6,4% no período. No Sul, essa proporção passou de 3% para 3,7% e, no Centro-Oeste, de 2,8% para 4,5%. Os pardos também tiveram aumento: no Sudeste, sua proporção, que era de 27,7% em 1993, subiu para 30,3%; no Sul, de 12,1% para 13,4%; e no Centro-Oeste, de 48,9% para 51,8% (Tabela 11.1 e Gráfico 11.1).

Taxa de analfabetismo de pretos e pardos é o dobro da dos brancos

Entre 1993 e 2003, a taxa de analfabetismo de pretos e pardos (32%) caiu mais que a dos brancos (29%), mas a taxa de analfabetismo de pretos e pardos (16,9%) ainda é mais que o dobro da dos brancos (7,1%) (Tabela 11.2).

Taxas de analfabetismo funcional eram de 18,4% para brancos e de cerca de 32% para pretos e pardos

As taxas de analfabetismo funcional (menos de 3 anos de estudo) seguiram a mesma tendência, reduzindo-se em 10 pontos percentuais para a população como um todo, e mais para pretos e pardos. No Nordeste, a queda chegou a 35% para pretos e pardos e 26% para brancos. No Centro-Oeste, houve queda de 45,5% para pretos; 34,3% para brancos e 29,1% para pardos. Em 1993, as taxas de analfabetismo funcional eram de 26,8% para brancos; 49,2% para pretos e 47,1% para pardos. Dez anos depois, as taxas de analfabetismo funcional chegaram a 18,4% para brancos; 32,1% para pretos e 32,5% para pardos (Tabela 11.3 e Gráfico 11.2).

Entre brancos, pretos e pardos, predominam as famílias do tipo casal com filhos e, entre as mulheres, as do tipo sem cônjuge com filhos

Quanto às diferenças na composição por tipo das famílias (unipessoal, casal sem filhos, casal com filhos,...), as mudanças ocorreram não em função da cor, mas em razão do sexo da pessoa de referência. De um modo geral, houve redução no percentual de famílias tradicionais (casal com filhos), embora esse tipo ainda predomine quando a pessoa de referência é o homem (68% de brancos e 70,4% de pretos ou pardos). Quando a pessoa de referência é a mulher, o tipo mais comum de família é o sem cônjuge com filhos: em média, 60% para brancas, pretas e pardas (Tabela 11.15 e Gráfico 11.4).

Brancos têm, em média, 7,3 anos de estudo; pretos, 5,6; e pardos, 5,4

De 1993 a 2003, a população brasileira de 10 anos ou mais teve aumento da média de anos de estudo de 1,4 anos, passando de 5,0 para 6,4. Entre pretos (1,9 anos) e pardos (1,6 anos), os aumentos foram superiores ao de brancos (1,4 anos). Em 2003, a média de anos de estudo de brancos foi de 7,3 anos; de pretos de 5,6 e de pardos, 5,4 anos (Tabela 11.7 e Gráfico 11.5).

Entre pretos e pardos é maior a proporção de trabalhadores domésticos e menor a de empregadores

Sobre o mercado de trabalho, a distribuição por posição na ocupação em relação à cor ou raça manteve-se, em dez anos, desigual. Entre os brancos, houve pequeno crescimento no percentual de empregados (de 47,6% para 49,5%) e de empregadores (de 4,8% para 5,8%). Já pretos e pardos, apesar de apresentarem, em 2003, proporção de empregados (45,8%) bastante similar à dos brancos, tinham muito menos empregadores (2,2%). No entanto, em se tratando de trabalhadores domésticos, a proporção de pretos e pardos (9,6%) foi bastante superior à de brancos (6,1%) (Tabela 11.13).

Entre os ocupados, brancos ganham mais e têm mais anos de estudo que pretos e pardos

Apesar do avanço em dez anos, o indicador que relaciona o rendimento médio dos ocupados com a média de anos de estudo, ainda é bastante desigual quando se leva em conta a cor ou raça. Entre os brancos que estavam trabalhando, a média de anos de estudo aumentou de 6,8 anos, em 1993, para 8,3 anos, em 2003, e o rendimento médio passou de 3,6 salários mínimos para 3,9 salários mínimos no período. Para pretos e pardos, a média de anos de estudo passou de 4,5 para 6 anos, e o rendimento, de 1,7 para 1,9 salários mínimos. Assim sendo, pode se concluir que, em 2003, pretos e pardos não tinham sequer alcançado a média de anos de estudo dos brancos em 1993 (Tabela 11.7 e 11.8 e Gráfico 11.7).

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1A Região Metropolitana de São Paulo reúne 39 municípios paulistas: Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Moji das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.