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PIB de 2003 foi de R$ 1,5 trilhão, apresentando variação de 0,5%

Os resultados das Contas Nacionais do Brasil para o ano de 2003, revelaram uma taxa de crescimento de 0,5%, e um deflator ímplícito de 15,0%...

30/11/2004 08h31 | Atualizado em 30/11/2004 08h31

Os resultados das Contas Nacionais do Brasil para o ano de 2003, revelaram uma taxa de crescimento de 0,5%, e um deflator ímplícito de 15,0%, fazendo com que o PIB alcançasse, em valores correntes, o montante de R$ 1,556 trilhão. A renda per capita ficou em R$ 8.694,5, com uma queda real de -0,9%.

A Agropecuária foi, novamente, o setor mais dinâmico, com crescimento de 4,5%. Serviços teve variação de 0,6% e a Indústria ficou estável.

Pela ótica da demanda tiveram queda o Consumo Final (-0,8%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (-5,1%). As Exportações e as Importações de Bens e Serviços apresentaram variações de 9,0% e –1,7%, respectivamente.



Resultado das contas nacionais de 2003 incorporam a nova série
da pesquisa industrial mensal – pim/pf

A partir desta divulgação das Contas Nacionais de 2003, já estão incorporados os resultados da nova série da Pesquisa Industrial Mensal, conforme Nota Técnica constante da página do IBGE na Internet desde 28 de abril passado. Nesta divulgação também foram incluídos os dados referentes a nova série do crescimento demográfico estimado pela Coordenação de População e Indicadores Sociais, a série de produção ambulatorial do Sistema Único de Saúde, e os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2003.

RESULTADOS POR SETORES

O crescimento da atividade Agropecuária deveu-se, sobretudo, ao bom desempenho dos produtos da lavoura, tanto em relação à quantidade como aos preços, fazendo com que a participação da agropecuária passasse de 8,7% em 2002 para 9,9% em 2003 no valor adicionado. Quanto à produção animal, coube aos Bovinos e Suínos o melhor desempenho, com um crescimento de 4% em relação à produção do ano anterior.

No setor de Serviços, Comércio (-1,9%) e Serviços Prestados às Empresas (-0,8%) foram os únicos subsetores que registraram quedas em 2003. No período, o maior aumento foi do subsetor de Transportes (1,4%). Os demais subsetores apresentaram crescimento, com o seguinte desempenho: 1,8% em Comunicações; 1,4% nos Serviços Prestados às Famílias; 1,3% em Aluguel de Imóveis; 1,0% na Administração Pública e 0,6% em Instituições Financeiras.

As atividades industriais que apresentaram um crescimento destacado em volume, a preços básicos, foram: Fabricação e Manutenção de Aparelhos e Equipamentos Eletrônicos (8,9%); Fabricação de Elementos Químicos (7,8%) e Fabricação de Máquinas e Tratores (7,4%). O destaque negativo se deu nas seguintes atividades: Beneficiamento de Produtos Vegetais, inclusive Fumo (-10,7%), Indústria de Transformação de Material Plástico (-7,6%); Fabricação de Artigos do Vestuário e Acessórios (-6,9%) e Fabricação de Calçados (-6,9%).

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) manteve a tendência de queda na participação da economia brasileira, observada desde o ano 2000. Sendo assim, seu peso no PIB declinou de 19,3%, em 2000, para 17,8%, em 2003.

Transações correntes registram primeiro superávit desde 1992

O setor externo, alavancado pelo excelente resultado externo de bens e serviços, apresentou sinais de melhora, principalmente em relação às transações correntes, que registraram superávit, o primeiro desde 1992. O comportamento das exportações de bens foi a principal causa desse desempenho, alcançando a cifra recorde de R$ 225,7 bilhões no ano de 2003, enquanto as importações atingiram o montante de R$ 198,8 bilhões, resultando no saldo externo de bens e serviços de R$ 56,1 bilhões. O câmbio depreciado foi um dos fatores propulsionadores das exportações com efeitos positivos ao longo do ano de 2003. Outro fator favorável foi o intenso crescimento da safra agrícola, em especial dos produtos tradicionais de exportação.

País registra redução de dependência do capital externo

A redução da dependência externa foi viabilizada, principalmente, pelo crescimento acentuado da poupança do setor privado, que passou de R$ 259,6 bilhões, em 2002, para R$ 333,7 bilhões, em 2003. Tal crescimento, mais do que compensou a piora do desempenho da poupança do setor público, que alcançou um déficit de R$ 16,5 bilhões, em 2003, enquanto que no ano anterior, o déficit registrado fora de R$10,4 bilhões. Vale ressaltar que esta piora teve origem no acentuado déficit da poupança da administração pública, de R$ 36 bilhões, superior ao resultado positivo da poupança das empresas públicas, que alcançou R$ 19,5 bilhões.

A expansão nominal de R$ 41,5 bilhões do investimento foi resultado do aumento de R$ 46,7 bilhões dos investimentos privados e da redução de R$ 5,2 bilhões do investimento do setor público - governo e empresas públicas. Tudo isso se refletiu na queda da taxa de investimento total da economia, que passou de 18,3%, em 2002, para 17,8%, em 2003 . A taxa de poupança da economia manteve a trajetória crescente iniciada em 1999, passando de 19,2%, em 2002, para 21,0%, em 2003.

O aumento da renda disponível em 2003, no valor de R$ 208,4 bilhões foi decorrente, fundamentalmente, da elevação do excedente operacional bruto (R$ 104,6 bilhões) e de uma redução considerável das despesas com juros, no montante de R$ 179,6 bilhões, principalmente por parte das empresas financeiras (R$ 181,3 bilhões) e não-financeiras (R$ 40,9 bilhões).

Administração Pública

A Administração Pública teve sua necessidade de financiamento aumentada, passando de – R$34,8 bilhões em 2002 para – R$59,4 bilhões em 2003.

Tal comportamento se deve, primeiramente, ao baixo crescimento da renda disponível bruta, que variou 4,5% em relação a 2002 (R$12,1 bilhões em termos nominais). O desempenho da renda disponível é justificado principalmente pelo fato da receita tributária do governo, que alcançou R$529,3 bilhões em 2003, ter crescido menos que o pagamento de benefícios (16%) e de juros (51%).

Como resultado desta arrecadação tributária e do desempenho do PIB, a carga tributária bruta sofreu uma redução em 2003, passando de 34,9% para 34,0% do PIB, mantendo-se ainda em patamar superior ao de 2001. Parte do desempenho da carga tributária foi devido ao próprio ritmo de crescimento da arrecadação, que foi menor do que no ano anterior. Em 2002, por exemplo, foi instituída a CIDE e a CPMF de 0,38%, cobrada ao longo de todo o ano, impactando mais fortemente a arrecadação naquele ano.

O crescimento da renda disponível de 4,5% não foi suficiente para absorver toda a despesa de consumo final do governo. Em outras palavras, tudo o que o governo gastou para ofertar serviços públicos à sociedade como segurança, educação, saúde, defesa nacional e outros, cresceu R$38,6 bilhões, consumindo toda a renda disponível e gerando uma poupança negativa de R$36,09 bilhões em 2003 contra R$7,8 bilhões em 2002.

Sendo assim, mesmo com a diminuição da formação bruta de capital fixo em R$ 3,2 bilhões, o governo fechou o ano com uma necessidade de financiamento de R$ 59,4 bilhões.

Empresas não-financeiras e financeiras

Apesar da estabilidade da economia no ano de 2003, as empresas não-financeiras apresentaram uma significativa melhora em seus resultados, passando de uma necessidade de financiamento, em 2002, de R$ 20,9 bilhões para uma capacidade de financiamento de R$ 8,1 bilhões, em 2003. Esse desempenho deveu-se, principalmente, aos resultados financeiros líquidos, que passaram de -R$ 70,0 bilhões em 2002 para -R$ 58,0 bilhões em 2003. Tal fato foi influenciado, em especial, pelo câmbio, uma vez que, enquanto o Real apresentou uma desvalorização média em 2002 de 24,3%, em 2003 a desvalorização média foi de apenas 5,4%.

As empresas financeiras apresentaram resultados semelhantes aos de 2002. O pequeno aumento médio do spread, de 30% em 2002 para 31,9% em 2003, juntamente com o aumento da taxa Selic Meta ( média ) de 19,6% em 2002 para 23,1% em 2003, não foram suficientes para compensar a queda no volume de crédito no ano. Isso fez com que, tanto a poupança, como a capacidade de financiamento, apresentassem pequenas reduções. A poupança passou de R$ 27,6 bilhões em 2002 para R$ 26,0 bilhões em 2003, enquanto a necessidade de financiamento passou de R$ 28,0 bilhões para R$ 25,1 bilhões no período.

Famílias

O setor famílias também apresentou uma melhora em relação ao ano de 2002. Apesar da queda real do rendimento médio da ordem de 1,9%, o aumento nominal das remunerações de 13,6% (de R$ 486,8 milhões para R$ 554,5 milhões), associado a queda no consumo das famílias (-1,5% em termos reais), e a um aumento maior do percentual dos benefícios recebidos (15,6%), em relação às contribuições sociais pagas (11,6%), fez com que a capacidade de financiamento passasse de R$ 12,2 bilhões, em 2002, para R$ 37,4 bilhões, em 2003. Deve-se levar consideração que o setor famílias é composto não só das famílias consumidoras, mas também de toda a atividade agropecuária, autônomos e microempresas. Esses setores também contribuíram positivamente para o alcance desse resultado

País tem, pela primeira vez em 10 anos, Capacidade de Financiamento

Em decorrência do superávit de transações correntes, a necessidade de financiamento do País, que foi de R$ 15,4 bilhões, em 2002, reverteu-se para uma capacidade de financiamento de R$ 11,2 bilhões, em 2003. Esta reversão deveu-se, principalmente, ao Saldo Externo de Bens e Serviços, que passou de um superávit de R$ 27,9 bilhões, em 2002, para R$ 56,1 bilhões, em 2003. Cabe ressaltar que este resultado interrompe uma série de dez anos consecutivos em que a economia nacional apresentava Necessidade de Financiamento.