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Investimento em obras públicas cai entre 1996 e 2002

A construção para entidades públicas perdeu participação no valor total das obras executadas pela construção civil, passando de 60,0% do total, em 1996, para 52,4% em 2002. A informação é da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) 2002, do IBGE.

27/08/2004 07h01 | Atualizado em 27/08/2004 07h01

A construção para entidades públicas perdeu participação no valor total das obras executadas pela construção civil, passando de 60,0% do total, em 1996, para 52,4% em 2002. A informação é da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) 2002, do IBGE. O segmento da Construção Pesada, analisado em detalhe na pesquisa deste ano, também perdeu espaço, passando de 51,4% do valor total das obras para 42,8% entre 1996 e 2002.

A PAIC, que abrange todo o território nacional, verificou que, em 2002, havia cerca de 123 mil empresas de construção no país, que obtiveram receita bruta total de R$ 86,2 bilhões no ano. Elas empregavam 1,5 milhão de pessoas e pagaram, em salários e retiradas, um total de R$ 12 bilhões — uma média de 3,2 salários mínimos mensais por empregado1. A pesquisa fornece dados também para cada estado, e abrange 6 grupos subdivididos em 21 classes de atividade. O segmento de Construção Pesada, para o qual a análise de resultados está voltada, abarca sete dessas classes de atividade2 e destaca-se por deter 39,2% do valor das construções executadas, o equivalente a R$ 28 bilhões. Emprega cerca de 389 mil trabalhadores, ou 30,0% do total de empregados3. Das 100 maiores empresas da construção civil, segundo o valor das obras, 42 são de Construção Pesada, caracterizada por grandes obras de infra-estrutura.

Uma comparação entre a pesquisa de 2002 e a de 1996 (considerando apenas as empresas com 40 ou mais pessoas ocupadas)4, no entanto, mostra que a Construção Pesada vem perdendo espaço no valor total das obras executadas pela construção civil. Enquanto, em 1996, respondia por 51,4% desse montante, em 2002 passou para 42,8%. A queda sugere que houve, no período, redução dos investimentos em obras públicas, típicas do segmento.

Esta observação é confirmada por outros dados: em 1996, 60,0% do valor total das obras da construção civil destinaram-se a trabalhos para entidades públicas, e, em 2002, o percentual caiu para 52,4% (gráfico). Dentro do segmento da Construção Pesada, também houve queda de investimento público: o percentual passou de 80,5% em 1996 para 70,6% em 2002. Apesar da queda, as empresas desse segmento continuam a ter na demanda das entidades públicas o seu principal mercado.

 



Como se observa no quadro abaixo, a Construção Pesada também perdeu peso relativo, entre 1996 e 2002, no emprego (ocupava 40,6% do total de empregados da construção civil e passou a empregar 32,6%) e no pagamento de salários e outras remunerações (passou de 46,2% do total para 38,3%).

 



Em média, as empresas do segmento de Construção Pesada ocupam 230 pessoas, sendo 30,0% maiores que a média do conjunto das empresas de construção (177 pessoas ocupadas). Essa diferença era bem maior em 1996, quando o tamanho médio da empresa de Construção Pesada era 53,1% superior ao da média total.

Aumenta participação de pequenas e médias empresas na Construção Pesada

A análise das empresas da Construção Pesada segundo seu tamanho revela que as grandes empresas (aquelas com 500 ou mais empregados) perderam participação, entre 1996 e 2002, no valor das construções (de 67,6% para 49,4%) e no número de empresas (de 11,1% para 7,4%). Também reduziram sua parcela no emprego setorial (de 60,0% para 47,7%), embora continuem sendo as mais empregadoras e apresentem faturamento por empregado acima do das demais classes.

As grandes empresas diminuíram sua participação também no valor das construções executadas para entidades públicas, de 67,5% em 1996 para 49,0% em 2002.

Já as empresas de pequeno e médio portes aumentaram sua participação tanto no número de empresas quanto no emprego e no valor das construções, como se observa no quadro a seguir:

 



As empresas de Construção Pesada representam apenas 25,2% do total de empresas, somam 42 entre as 100 maiores empresas, segundo o valor das construções. As grandes do setor da Construção Pesada também empregam mais e remuneram melhor. A média de pessoal ocupado por empresa é de 1.607 nas 100 maiores e de 1.712 no subgrupo de 42 grandes da Construção Pesada. O salário médio nas 100 maiores é de 5,5 salários mínimos e nas grandes da Construção Pesada, é de 6,1.

Edificações e obras viárias somam 75% da receita total

Em relação ao conjunto de empresas de construção civil, e não só as da Construção Pesada, a pesquisa mostra, por exemplo, que 78,6% da receita bruta de R$ 86,2 bilhões se devem ao grupo de Construção de edifícios e obras de engenharia civil. Dentro desse grupo, as classes de maior receita são Edificações (44%) e Obras viárias (31%).

 

 



As receitas de obras e/ou serviços de construção no exterior chegam a R$ 1,1 bilhão, sendo que a classe de Obras viárias responde por 70% deste total.

Já em relação ao valor total das obras (R$ 77 bilhões), 48,5% são de obras realizadas para entidades públicas. Esse cliente é especialmente importante para a classe de Obras viárias, na qual responde por 74% do valor total das obras.

O valor total gasto no consumo de material de construção é de R$ 20,5 bilhões.

Num nível maior de detalhamento dos tipos de obras, observa-se que 49,5% do valor total dividem-se entre: Edificações residenciais (R$ 14,0 bilhões); Rodovias, inclusive pavimentação (R$ 7 bilhões); Outras edificações não residenciais, como escolas, hospitais, e hotéis (R$ 5,0 bilhões); Instalações das obras elétricas e de telecomunicações (R$ 4,1 bilhões); Edificações industriais como galpões e edifícios (R$ 4,0 bilhões); Ruas, praças, calçadas ou estacionamentos (R$ 4,0 bilhões).

No corte regional, o valor das obras e o pessoal ocupado se distribuem da seguinte forma:

 



O estado de São Paulo fica com o maior percentual (35,3%) do valor total das obras, seguido por Rio de Janeiro (11,4%), Minas Gerais (7,2%), Bahia (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,0%). Os mesmos estados se destacam no pessoal ocupado: São Paulo vem em primeiro (28,1%), seguido de Rio de Janeiro (11,7%), Minas Gerais (9,2%), Bahia (6,1%) e Rio Grande do Sul (6,1%).

1 Cálculo feito com o salário mínimo médio do ano de 2002, no valor de R$ 195,00.

2 O segmento da Construção Pesada é definido pelas seguintes classes da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE): Grandes movimentações de terra; Obras viárias; Grandes estruturas e obras de arte; Obras de urbanização e paisagismo; Obras de outros tipos; e construção de Barragens e represas para geração de energia elétrica e de Estações e redes de distribuição de energia elétrica.

3 Aqui consideram-se as empresas com mais de 5 pessoas ocupadas. Na PAIC 2002, o estrato das empresas de 0 a 4 empregados produz informações apenas para o total do setor de construção. As empresas com até 4 empregados responderam por 7,6% do total do valor das obras em 2002.

4 A PAIC de 2002 inclui, pela primeira vez, dados das empresas com menos de 40 empregados, passando a abranger toda a construção civil brasileira. Nos confrontos 1996/2002, no entanto, estão sendo considerados apenas os dados das empresas com 40 ou mais empregados, para permitir a comparabilidade. Esta restrição não gera perdas para o entendimento da Construção Pesada, no entanto, já que as empresas de 40 ou mais empregados respondem por 75,5% do valor total das obras desse segmento.