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PME confirma Desigualdades Raciais

04/06/2004 06h31 | Atualizado em 04/06/2004 06h31

1Pessoas com 10 anos ou mais de idade.

2Pessoas economicamente ativas por cor ou raça sobre o total de pessoas em idade ativa da cor ou raça considerada.

3Pessoas desocupadas procurando trabalho por cor ou raça sobre o total de pessoas economicamente ativas da mesma categoria.

4A média de anos de estudo completos para a população ocupada foi de 9,0. Segundo a PNAD de 2002 a Região Metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro apresentavam 8,7 anos de estudo em média. As demais regiões que compõem a amostra da PME também possuíam médias acima de 7,9 anos de estudo.

5Ver tabela 3 no anexo.

6Ver tabelas 4 e 5 do anexo.

7Ver tabela 6 do anexo.

8Ver tabela 7 do anexo.

9Pessoas ocupadas que trabalhavam habitualmente menos que 40 horas semanais e desejavam trabalhar mais.

Estudo do IBGE, com dados da Pesquisa Mensal de Emprego de março de 2004, destaca que é bastante diferenciada a situação dos brancos e dos pretos ou pardos em relação ao mercado de trabalho. O principal objetivo do estudo é mostrar aspectos da realidade sócio - econômica que a reformulação da PME tornou possível captar.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) investiga, desde 1980, a força de trabalho nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A partir dezembro de 2002, a pesquisa sofreu diversas modificações e as alternativas de cor ou raça (Branca, Preta, Amarela, Parda e Indígena, as mesmas utilizadas pelo IBGE em todas as suas pesquisas domiciliares) foram introduzidas em seu questionário, para serem apresentadas ao entrevistado, que se auto classifica.

Em março de 2004, a população em idade ativa (PIA) 1 das seis Regiões Metropolitanas investigadas pela PME era composta por 56,5% de pessoas brancas, 33,9% pardas e 8,5% pretos. A baixa proporção de amarelos e indígenas (cerca de 1%) nas seis regiões investigadas pela PME não permite análises detalhadas. Decidiu-se não incluí-los neste estudo, principalmente porque a Região Metropolitana de São Paulo concentra 83,3% dos amarelos identificados na PME. A população preta e parda foi analisada num conjunto único para comparação com a população branca. Na tabela 1 estão as participações dos grupos étnicos na PIA de cada Região Metropolitana.



Como mostra a tabela 1, os brancos eram maioria em Porto Alegre (onde 88,1% da PIA declarou-se branca), São Paulo e Rio de Janeiro. Situação inversa foi detectada em Salvador e também em Recife, região metropolitana com a maior participação da população parda (69,4%) e a menor da população preta (2,9%).

Maioria dos ocupados é branca e a maior parte dos desocupados é preta ou parda

Em março de 2004, havia cerca de 18,5 milhões de pessoas ocupadas nas seis regiões metropolitanas investigadas, das quais 58,0% eram brancas e 40,8% pretas ou pardas, refletindo a maioria branca da PIA. No entanto, na população desocupada deu-se o inverso: havia 49,2% de pessoas brancas e 50,4% de pessoas pretas ou pardas.

Calculou-se as taxas de atividade2 e de desocupação3 por cor ou raça (tabela 2) e concluiu-se que os brancos participam mais do mercado de trabalho pois, no total das seis Regiões Metropolitanas, a taxa de atividade para os brancos (57,5%) foi ligeiramente superior à da população preta ou parda (56,5%). Desagregando-se as taxas, verificou-se que, entre os brancos, 51,2% eram ocupados e 6,4% desocupados, enquanto entre os pretos ou pardos a proporção de ocupados era menor (47,9%) e a de desocupados maior (8,7%) que a dos brancos.

Com a taxa de desocupação por cor ou raça, verificou-se que, dentre os 57,5% de brancos economicamente ativos, 11,1% eram desocupados e 88,9% ocupados. Já entre a população preta ou parda economicamente ativa (56,5%), a proporção de desocupados era de 15,3% e a proporção de ocupados, 84,7%. Pretos e pardos apresentavam maior dificuldade em encontrar trabalho, portanto.

Como mostra a tabela 2, no Rio de Janeiro e Porto Alegre pretos ou pardos tinham taxas de atividade maiores que as dos brancos, enquanto em São Paulo, os dois grupos praticamente igualaram-se. No entanto, em todas as regiões, pretos ou pardos tinham as maiores taxas de desocupação.



Brancos, ocupados ou não, têm maior escolaridade que pretos ou pardos

O número médio de anos de estudo completos para a população branca ocupada chegou a 9,8, enquanto o dos pretos ou pardos foi 7,74 . Também entre os desocupados, a população branca mostrou maior média de anos de estudo (9,5) completos do que a população preta ou parda (8,0). O mesmo se deu em todas as seis regiões metropolitanas, sendo Salvador a que apresentou maior diferença (3,5 anos)5 de escolaridade entre brancos e pretos.



Como mostra o gráfico 2, entre as pessoas em idade ativa com 11 anos ou mais de estudo estavam 42,9% dos brancos e 24,9% dos pretos ou pardos. Já entre as pessoas sem instrução ou com menos de 1 ano de estudo, estavam 6,7% dos pretos ou pardos e 3,7% dos brancos. Enquanto a população branca se concentrava na classe de 11 anos ou mais de estudo, os pretos ou pardos eram mais freqüentes na classe de 4 a 7 anos de estudo (36,4%)6 .

Enquanto 14,7% da população em idade ativa branca freqüentavam ou já haviam freqüentado algum curso de qualificação profissional, entre os pretos ou pardos este percentual era de 11,7%. Em Recife, Salvador e Belo Horizonte tais diferenças são mais evidentes, como mostra a Tabela 3, abaixo.



Mais pretos e pardos entre os trabalhadores domésticos, por conta própria e sem carteira assinada

Como o gráfico 3 mostra, 41,0% da população branca se inseriam no mercado de trabalho como, contra 37,5% dos pretos ou pardos, que apresentaram as maiores concentrações entre os trabalhadores por conta própria e os empregados sem carteira de trabalho no setor privado, tanto na média geral como em cada uma das seis regiões metropolitanas investigadas pela PME, exceto Belo Horizonte.

A participação dos pretos ou pardos entre os trabalhadores domésticos era mais que o dobro da dos brancos, em todas as seis RMs7 .Em Porto Alegre, 14,7% dos pretos ou pardos ocupados eram trabalhadores domésticos, proporção maior do que a dos empregados sem carteira de trabalho da mesma cor ou raça (11,6%) no setor privado.



Comércio emprega maior parte dos brancos e dos pretos ou pardos

Entre os grupamentos de atividades, o comércio ocupava a maior parte tanto da população branca quanto a de pretos ou pardos (gráfico 4). Já os grupamentos da construção e dos serviços domésticos ocupavam relativamente mais pretos ou pardos, enquanto os brancos tinham percentuais relativamente maiores na indústria e no grupamento de Saúde, educação e administração pública.

A construção e os serviços domésticos ocuparam, em termos relativos, mais pretos ou pardos do que brancos em todas as regiões analisadas pela pesquisa 8.



Mais pretos ou pardos subocupados e subremunerados

Era da população preta ou parda o maior percentual de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas9 : 5,4%, enquanto entre os brancos elas eram 4,3%. Respectivamente, para brancos e pretos ou pardos, Porto Alegre (3,9% contra 6,8%) e Belo Horizonte (6,9% contra 8,8%) apresentaram os percentuais mais distintos.

Também era da população preta ou parda o maior percentual de pessoas ocupadas que recebiam rendimento habitual por hora trabalhada inferior à razão salário mínimo por 40 horas semanais: 18,2%, enquanto entre os brancos o percentual era menos da metade (7,5%). Tal diferença repetiu-se em todas as regiões, exceto em Salvador, onde a proporção foi três para um (tabela 8 do anexo).

Rendimento dos pretos ou pardos é menor e mulheres desse grupo ganham menos ainda

Pretos ou pardos recebiam habitualmente, por hora trabalhada (R$ 3,18/hora), menos do que os brancos (R$ 6,52/hora). A maior diferença entre esses rendimentos foi detectada em Salvador, onde mais de 80% dos trabalhadores são pretos ou pardos. Lá, os brancos recebiam R$ 9,69/hora e os pretos ou pardos, R$ 3,39/hora.

Os homens brancos recebiam mais (R$ 7,16/hora) do que os pardos (R$ 3,45/hora) e estes, por sua vez, recebiam menos do que as mulheres brancas (R$ 5,69/hora). As mulheres pardas ou pretas apresentaram os menores rendimento/hora (R$ 2,78/hora). Chama a atenção que na faixa de até 2 salários mínimos por mês estavam 63,9% dos pretos ou pardos, contra 39,2% dos brancos ocupados. Na faixa dos 10 salários mínimos ou mais, estavam 10,6% dos ocupados brancos, contra apenas 1,7% de pretos ou pardos, conforme mostra o gráfico 5 a seguir.



O rendimento dos ocupados brancos era, em média, duas vezes (R$ 1.096,00) o dos pretos ou pardos (R$ 535,00). Em Salvador os brancos chegavam a receber 2,8 vezes mais. Esse padrão se repete nas categorias de ocupação como mostra a tabela 4, abaixo: os trabalhadores por conta própria brancos recebiam 2,2 vezes mais do que os pretos ou pardos. Ainda nessa categoria, Salvador e São Paulo apresentaram as maiores diferenças.