Variação do PIB em 2003 foi de -0,2%
O Produto Interno Bruto apresentou, em 2003, variação negativa de 0,2% em relação ao ano anterior, como resultado da manutenção no mesmo patamar de 2002 do Valor Adicionado a preços básicos e da queda de 1,7% nos Impostos sobre Produtos.
27/02/2004 06h31 | Atualizado em 27/02/2004 06h31
No último trimestre de 2003, o PIB apresentou queda de 0,1% em relação ao mesmo trimestre de 2002 e crescimento de 1,5% em relação ao trimestre anterior na série com ajuste sazonal.
Na variação anual, de -0,2%, o declínio no volume dos impostos sobre produtos (-1,7%) reflete o comportamento dos setores sobre os quais há uma maior incidência de impostos, como por exemplo: Produtos Minerais Não Metálicos; Produtos Farmacêuticos e de Perfumaria, Artigos de Plástico, Artigos do Vestuário e Bebidas, cujas quedas foram superiores à média. Além das respectivas quedas de 1,4% e 2,3% em volume dos dois principais impostos sobre produtos, ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o volume de impostos associado às importações também apresentou declínio, de 5,6%, em razão do declínio nas importações de bens e serviços, em 2003.
O Quadro Resumo, a seguir, apresenta os principais resultados para o PIB a preços de mercado referentes aos cinco últimos trimestres.
PIB per capita cai 1,5% em 2003
De acordo com a estimativa de crescimento populacional do IBGE, que foi de 1,3% em 2003, o PIB per capita em volume apresentou queda de 1,5% no ano. Nos últimos 10 anos (1994 a 2003), o crescimento médio real anual do PIB foi de 2,4%, enquanto o crescimento médio real anual do PIB per capita, para o mesmo período, foi de 1,0%.
O gráfico II.1 abaixo mostra as variações acumuladas dos quatro primeiros trimestres de 2002 e de 2003 do PIB a preços de mercado e de seus respectivos subsetores.
Em 2003, Agropecuária cresce 5,0%
O resultado do Valor Adicionado de 2003 decorre do desempenho dos três setores que o compõem: Agropecuária (5,0%), Indústria (-1,0) e Serviços (-0,1%).
Dentre os subsetores da Indústria, Construção Civil foi o único que apresentou queda (-8,6%). Os demais subsetores Extrativa Mineral, Serviços Industriais de Utilidade Pública e Transformação apresentaram crescimentos de 2,8%, 1,9% e 0,7%, respectivamente. Já no setor de Serviços, foram registradas quedas no Comércio (-2,6%), nos Transportes (-0,8%) e em Outros Serviços (-0,5%), conforme gráfico II.2 abaixo.
O gráfico II.2 abaixo mostra as variações acumuladas dos quatro primeiros trimestres de 2002 e de 2003 do PIB a preços de mercado e de seus respectivos subsetores.
Consumo das Famílias cai 3,3% em 2003
Considerando os resultados pela ótica da demanda, no ano de 2003, o Consumo das Famílias declinou 3,3% e a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou queda de 6,6%. Por outro lado, o Consumo do Governo cresceu 0,6%. Já no âmbito do setor externo, os componentes Exportações de Bens e Serviços e Importações de Bens e Serviços apresentaram desempenho favorável, com variações de 14,2% e –1,9%, respectivamente. Essas taxas de variação são resultantes, no caso das Exportações, dos crescimentos de 14,8% das vendas externas de bens e de 10,9% nas de serviços e, no caso das Importações, da queda de 4,7% nas compras externas de bens e do aumento de 8,7% nos serviços.
O gráfico II.4 apresenta as taxas acumuladas dos componentes da demanda nos quatro primeiros trimestres de 2001 e 2002.
No quarto trimestre de 2003, PIB cresce 1,5% em relação ao terceiro trimestre
O PIB a preços de mercado, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal, apresentou variação positiva de 1,5% entre o quarto e o terceiro trimestre de 2003. Nessa comparação, a Agropecuária apresentou elevação de 7,3%, a Indústria registrou um aumento de 1,2% e os Serviços apresentaram variação de 0,8%.
Um dos fatores que permitem compreender a taxa calculada para a Agropecuária é sua base de comparação deprimida no terceiro trimestre, que refletiu a entrada na safra de produtos que apresentaram taxas negativas, como o café, cuja produção declinou 20% neste ano. Além disso, os produtos que têm safra no quarto trimestre, como a cana de açúcar tiveram aumento na sua produção.
O gráfico I.1, a seguir, apresenta as variações em relação ao trimestre imediatamente anterior do PIB a preços de mercado e de seus principais setores para os últimos quatro trimestres.
Em relação ao terceiro trimestre, os números da demanda são positivos
Em relação aos componentes da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo mostrou crescimento de 4,0%, mantendo a tendência iniciada no terceiro trimestre de 2003, após um primeiro semestre com quedas superiores à 4,5%. O mesmo ocorreu, com menor intensidade, no Consumo das Famílias, que apresentou uma taxa positiva de 1,6% no quarto trimestre em relação ao terceiro. O Consumo do Governo registrou uma variação positiva de 0,1%. As Exportações de Bens e Serviços aumentaram 5,5% e as Importações de Bens e Serviços 8,3%.
O gráfico I.2, a seguir, apresenta as variações, em relação ao trimestre imediatamente anterior, dos componentes da demanda para os últimos quatro trimestres.
No quarto trimestre de 2003, o PIB manteve-se estável (-0,1%) em relação ao mesmo trimestre de 2002
No quarto trimestre de 2003, o PIB a preços de mercado manteve-se praticamente estável em relação ao mesmo trimestre de 2002, registrando uma variação negativa de 0,1%. Este resultado foi afetado pela alta base de comparação, uma vez que no quarto trimestre do ano anterior, esta taxa de crescimento foi de 3,9%. O Valor Adicionado a preços básicos apresentou variação de -0,1% no quarto trimestre e os Impostos sobre Produtos uma variação de 0,3%.
Em relação aos setores que contribuem para a geração do Valor Adicionado, nessa comparação, a Agropecuária apresentou uma taxa positiva de 4,8%, a Indústria registrou uma queda de 1,7% e os Serviços uma variação de 0,3%.
A taxa da Agropecuária pode ser explicada pelo desempenho positivo de alguns produtos cujas safras são relevantes neste trimestre, como é o caso, por exemplo, do trigo e da cana de açúcar que, segundo a estimativa de safra feita pelo IBGE (LSPA), tiveram aumentos de produção de 101,6% e 7,2%, respectivamente.
Na Indústria, o pior desempenho continuou sendo o da Construção Civil (-11.1%), fato que, com exceção do último trimestre de 2002, vem ocorrendo desde o segundo trimestre de 2001. Por outro lado, todos os outros setores registraram taxas positivas: Extrativa Mineral (4,8%), Indústria de Transformação (0,4%) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (0,1%). Vale notar que a Indústria totalizou uma taxa negativa pois a queda da Construção Civil, setor que pesa cerca de 21% dentro do total, foi bem superior ao aumento ocorrido nos outros três subsetores.
Nos Serviços, Aluguéis, Transporte e Administração Pública apresentaram taxas positivas (respectivamente de 1,9%, 1,5% e 0,5%) enquanto que Comunicações, Comércio (varejista e atacadista) e Outros Serviços, apresentaram variações negativas (-3,6%, -0,3% e -0,3%, respectivamente) e Instituições Financeiras variação zero. O subsetor de Comunicações, que registrava taxas de crescimento até o segundo trimestre de 2003, apresentou queda pela segunda vez na série histórica trimestral, puxada principalmente pela redução, em volume, das telecomunicações, mais precisamente da telefonia fixa.
O gráfico I.6 apresenta as taxas trimestrais para o PIB e seus principais subsetores, no quarto trimestre dos anos 2002 e 2003.
Exportações crescem em ritmo menor e Importações registram crescimento pela primeira vez desde 2001
Dentre os componentes da demanda, no quarto trimestre de 2003 em relação ao mesmo trimestre de 2002, o Consumo das Famílias registrou novamente uma variação negativa (-0,6%). Este item vem apresentando queda nesta comparação desde o terceiro trimestre de 2001, com exceção do terceiro trimestre de 2002. Cabe notar que a taxa de variação negativa do Consumo das Famílias foi menor do que as taxas dos três trimestres anteriores: -3,0% no primeiro; -6,0% no segundo; e -3,7% no terceiro.
A Formação Bruta de Capital Fixo também registrou queda neste trimestre, de 5,0%, influenciada pelo declínio de 11,1% da Construção Civil. Já o Consumo do Governo apresentou um crescimento de 0,7%. Pelo lado da demanda externa, as Exportações de Bens e Serviços obtiveram crescimento de 10,1% e as Importações de Bens e Serviços de 10,0%.
As Exportações de Bens e Serviços apresentaram um crescimento superior ao do trimestre anterior (3,7%), mas inferior às taxas positivas que vinham sendo registradas desde o terceiro trimestre de 2002, por volta de 20%. Cabe notar que as Importações de Bens e Serviços, que apresentaram quedas sucessivas desde o terceiro trimestre de 2001, neste quarto trimestre registraram uma elevação de 10% em relação ao mesmo período de 2002. Segundo a Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior), na comparação quarto trimestre com igual período de 2002, foi verificado uma elevação no volume importado sobretudo dos bens de capital e dos bens intermediários como, por exemplo, máquinas e tratores, material elétrico, químicos diversos e borracha.
O gráfico I.7 abaixo apresenta as taxas de variação trimestral dos componentes da demanda para os quatro últimos trimestres.
Nota: Como as informações utilizadas para o cálculo dos indicadores de volume de algumas atividades não são disponibilizadas a tempo da divulgação das Contas Nacionais Trimestrais – indicadores de volume, foram utilizados modelos de projeção para a estimação dos resultados provisórios para o último trimestre divulgado. Para o quarto trimestre de 2003, foram estimados os resultados para a Pecuária (bovinos, suínos, ovos, leite e aves), Aluguel (efetivo e imputado), Saúde (pública e mercantil), Telefonia Móvel e para dezembro os dados de Energia Elétrica.
Obs.: Desde outubro de 2000 as estatísticas trimestrais para o PIB brasileiro têm sido divulgadas em duas edições. A primeira, com os indicadores de volume, publicada 60 dias após o final de cada trimestre, e a segunda, 90 dias após o fim do trimestre, com a revisão dos indicadores de volume previamente divulgados, os valores correntes, em reais, e para a economia nacional, as contas econômicas trimestral e a conta financeira.