Incorporações, obras e/ou serviços da construção registraram -16,5% de 2014 para 2015
21/06/2017 10h00 | Atualizado em 21/06/2017 12h53
Em 2015, as empresas do setor realizaram incorporações, obras e/ou serviços no valor de R$ 354,4 bilhões, com retração (-16,5%), em termos reais, em relação a 2014. A receita operacional líquida (R$ 323,9 bilhões), também apresentou recuo de 18,7%, em termos reais. Todos os setores relativos à indústria da construção tiveram variações negativas no valor adicionado nesse mesmo tipo de comparação.
A construção de edifícios se manteve, em 2015, como o setor que mais contribuiu para o valor corrente (R$ 165,7 bilhões) das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7%. As obras de infraestrutura ficaram em segundo lugar, apesar de registrarem redução na participação entre 2014 e 2015. Já os serviços especializados para construção tiveram aumento de participação.
Havia 131,5 mil empresas ativas que ocuparam 2,4 milhões de pessoas, cerca de 455 mil a menos do que em 2014. A participação do gasto com o pessoal ocupado foi de 33,3% nos custos e despesas dessas empresas, levemente superior à de 2014 (32,8%). O salário médio mensal recuou 1,4% em termos reais, passando de R$ 1.970,05 em 2014 para R$ 1.943,43 em 2015.
Entre as Grandes Regiões, o Sul teve aumento na participação no pessoal ocupado, de 13,9% para 15,1%, de 2014 para 2015, bem como no valor das incorporações, obras e/ou serviços, de 12,8% para 14,5%.
Essas e outras informações estão na 25ª edição da Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC, que retrata o segmento empresarial da construção, fornecendo aos órgãos governamentais e privados subsídios para o planejamento e aos usuários, em geral, informações estatísticas para estudos setoriais. A publicação completa pode ser encontrada aqui.
Tabela 1 - Dados gerais da indústria da construção - Brasil - 2014-2015
Ano | Dados gerais da indústria da construção | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Número de empresas ativas | Pessoal ocupado | Salários, retiradas e outras remunerações | Gastos de pessoal | Total dos custos e despesas | Valor das incorporações, obras e/ou serviços | Valor das obras e/ou serviços | Construções para entidades públicas | Receita operacional líquida | |
1.000.000 R$ | |||||||||
2014 | 128.012 | 2.894.458 | 74.129 | 108.110 | 329.406 | 395.132 | 382.687 | 129.780 | 370.783 |
2015 | 131.487 | 2.439.429 | 68.577 | 99.691 | 299.206 | 354.359 | 337.949 | 103.495 | 323.971 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2014-2015.
Construções contratadas por entidades públicas perderam participação de 2014 para 2015
Em 2015, o valor corrente das obras e/ou serviços da construção atingiu R$ 337,9 bilhões, sendo que deste montante, R$ 103,5 bilhões vieram das obras contratadas por entidades públicas, que representaram 30,6% do total das construções, participação menor do que a verificada em 2014 (33,9%).
A receita operacional líquida atingiu o valor de R$ 323,9 bilhões, recuando 18,7%, em termos reais, em relação a 2014.
Ano foi marcado por retração no mercado de trabalho formal da indústria da construção
Em 2015, o universo de empresas da indústria da construção totalizou 131,5 mil empresas ativas. O ano foi marcado pela retração acelerada no mercado de trabalho formal da indústria da construção, com o número de pessoas ocupadas passando de 2,9 milhões para 2,4 milhões. O gasto com o pessoal ocupado correspondeu a 33,3% do total dos custos e despesas dessas empresas, resultado superior à participação em 2014 (32,8%). O salário médio mensal recuou 1,4% em termos reais, passando de R$ 1.970,05, em 2014, para R$ 1.943,43, em 2015.
O recuo verificado reflete a desaceleração da atividade econômica do país, representada pela variação de -3,8% do PIB trimestral de 2015 em relação a 2014 (maior retração da série histórica iniciada em 1996) e evidenciada, no âmbito da demanda interno, pela perda de dinamismo do consumo das famílias, que apresentou queda de -3,9% em relação a 2014. Além disso, o aumento da taxa de juros (Selic) e a redução do volume de crédito influenciaram no resultado.
Construção de edifícios permaneceu com maior participação no valor corrente
A construção de edifícios se manteve como o setor que mais contribuiu para o valor corrente (R$ 165,7 bilhões) das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7% do total em 2015. O segmento de obras de infraestrutura (R$ 119,9 bilhões) foi o segundo em termos de participação, com 33,9% em 2015, embora registrando uma queda de participação em relação a 2014 (38,3%). Por sua vez, o setor de serviços especializados para construção (R$ 68,7 bilhões) apresentou ganho de participação, passando de 17,9%, em 2014, para 19,4%, em 2015.
Obras e/ou serviços de construção perderam participação, mas continuaram à frente da estrutura de receita bruta
Entre os itens da receita bruta, as obras e/ou serviços da construção executados pelas empresas de construção representaram a parte fundamental na estrutura da receita do setor, totalizando R$ 329,3 bilhões em 2015, o que corresponde a 93,3% do total contra 94,4% observado em 2014. A receita proveniente das incorporações de imóveis construídos por outras empresas ficou em segundo lugar, com R$ 16,4 bilhões, representando 4,6% do total da receita bruta em 2015, contra 3,1% do total registrado em 2014.
Gastos com pessoal correspondem a um terço dos custos e despesas da indústria da construção
Na estrutura dos custos e despesas da indústria da construção, o item que mais se destaca é o referente ao gasto de pessoal, com 33,3% de participação em 2015, percentual superior ao assinalado em 2014 (32,8%). O consumo de materiais de construção obteve 22,4% em 2015, proporção inferior à obtida em 2014 (24,7%).
Todos os setores de atividade tiveram variação negativa do valor adicionado entre 2014 e 2015
Tabela 4 - Valor corrente, variação absoluta e variação relativa do valor adicionado da atividade construção, segundo as divisões de atividades da indústria da construção - Brasil 2014-2015
Atividades da construção | Valor adicionado da atividade de construção | |||
---|---|---|---|---|
Valor corrente | Variação | |||
Absoluta | Relativa (%) | |||
2014 | 2015 | 2014-2015 | 2014-2015 | |
Total | 187.228.031 | 172.612.300 | -14.615.731 | -7,8 |
Construção de edifícios | 78.127.686 | 77.876.689 | -250.997 | -0,3 |
Obras de infraestrutura | 66.842.383 | 53.637.380 | -13.205.003 | -19,8 |
Serviços especializados para construção | 42.257.962 | 41.098.231 | -1.159.731 | -2,7 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2014-2015.
Nota: Valor adicionado e variação absoluta em 1000 reais.
Conforme mostra a Tabela 4, todos setores de atividade de construção obtiveram variação nominal negativa no valor adicionado. A divisão que mais contribuiu para o valor adicionado da atividade de construção foi construção de edifícios, com 45,1% do total em 2015; a segunda divisão em termos percentuais foi obras de infraestrutura, com 31,1%; e, por último, serviços especializados para construção, com 23,8%.
Região Sul tem maior crescimento de participação no valor corrente entre 2014 e 2015
Embora o Sudeste continue liderando a participação regional no valor das incorporações, obras e/ou serviços, houve queda de 52,3% para 50,9% de 2014 para 2015. Norte e Centro-Oeste tiveram variações negativas nessa comparação, de 6,9% para 6,8% e de 9,3% para 8,9%, respectivamente. Já a Região Sul apresentou crescimento de 12,8% em 2014 para 14,5% em 2015. O Nordeste teve pequena variação positiva, de 18,7% para 18,9%.
Valor total das incorporações, obras e/ou serviços teve queda real (-21,7%), para as empresas com 30 ou mais, de 2014 para 2015
Na análise dos produtos da construção executados pelas empresas com 30 ou mais empregados (estrato certo da pesquisa), verificou-se que, em 2015, o valor total das incorporações, obras e/ou serviços da construção foi de R$ 271,1 bilhões, assinalando uma queda de 21,7% em relação a 2014, descontados os efeitos inflacionários.
As obras de infraestrutura, grupo de maior peso na construção, reduziu o valor de R$ 138,9 bilhões, em 2014, para R$ 106,9 bilhões, em 2015, e sua participação no total das incorporações, obras e serviços da construção passou de 43,1% para 39,5%. As obras de infraestrutura são influenciadas pelos desembolsos efetuados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES direcionados a esta finalidade, que reduziram nominalmente 20,4%, passando de R$ 69,0 bilhões, em 2014, para R$ 54,9 bilhões, em 2015.