Censo Agropecuário
IBGE conclui primeira prova-piloto do 12° Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola
16/12/2025 16h27 | Atualizado em 17/12/2025 13h13
Os testes foram realizados nos estados do Maranhão, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre os dias 1º e 12 de dezembro.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encerrou, na última sexta-feira (12), a primeira prova-piloto do 12º Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola.
A Prova-Piloto I corresponde à primeira etapa do pré-teste do Censo Agro, que contará com outras duas fases: a Prova-Piloto II e o Censo Experimental. Essas iniciativas têm como objetivo contemplar diferentes biomas e diversas atividades agropecuárias, permitindo uma avaliação abrangente do questionário, das funcionalidades do sistema de gerenciamento da coleta e das inovações propostas para a operação censitária.
Recenseadores, assistentes técnicos, observadores de órgãos públicos, sociedade civil, coordenadores e demais profissionais integram as equipes que estão visitando os setores censitários para realizar testes com diversos tipos de comunidades e produtores rurais, considerando seus variados arranjos e modalidades de cultivo e produção.
Norte e Sul de Minas Gerais
Em Grão Mogol, no Norte de Minas Gerais, o encerramento do posto de coleta instalado no centro do município foi seguido por uma reunião de avaliação. “O teste foi muito bem-sucedido. Conseguimos identificar algumas inconsistências e pontos em que os procedimentos e todo o fluxo de trabalho podem ser aprimorados, e esse é um dos principais objetivos da prova-piloto. A partir disso, conseguimos fazer ajustes para os próximos anos, de modo que, quando o Censo Agro de fato começar, estejamos bem alinhados”, destacou Gabriel Bias Fortes, coordenador de área em Grão Mogol.
O município foi escolhido para o pré-teste por apresentar, na zona rural, uma diversidade de comunidades tradicionais, como geraizeiros, veredeiros e outros grupos extrativistas, o que possibilitou a aplicação do questionário voltado para esse recorte de produtores e produtoras – uma novidade do 12º Censo Agropecuário.
Já Alfenas, no Sul do estado, foi selecionado em razão da diversidade produtiva, que vai desde grandes áreas cafeeiras e cultivos de soja até estabelecimentos de agricultura familiar, abrangendo também a produção pecuária e aquícola na região do lago de Furnas.
“Foi um teste muito positivo, no qual conseguimos levantar materiais e dados para análise, que permitirão aprimorar o 12º Censo Agro. Temos diversos apontamentos sobre o questionário e os sistemas de gestão. Alcançamos o objetivo, que era percorrer vários setores com diferentes características produtivas”, avaliou Humberto Sette, assistente técnico da prova-piloto em Alfenas.
No Maranhão, pré-teste foi em Bacabal
Após duas semanas de teste, foi encerrada, na sexta-feira, 12 de dezembro, a Prova-Piloto I no Maranhão, especificamente na cidade de Bacabal. Ao longo dos dias de coleta, os recenseadores percorreram diferentes comunidades rurais do município para mapear a produção local.
A grande produção registrada na região fica por conta da extração e quebra do coco babaçu, árvore abundante na flora local. A atividade de quebra do coco perpassa gerações de mulheres, com mães quebrando coco ao lado das filhas. A cultura do babaçu é muito forte na região, incluindo a produção de carvão e de azeite a partir da queima da casca e da amêndoa, respectivamente.
Além do babaçu, foi identificada a criação de animais, como gado, ovelhas e, principalmente, galinhas. A criação de galinhas destina-se basicamente ao consumo próprio, enquanto o gado é voltado para a venda. Há também produção de leite no povoado. Foram encontradas ainda muitas famílias que trabalham na roça para complementar a renda da casa.
Imprensa destaca teste na Bahia
Na Bahia, o primeiro teste-piloto ocorreu nos municípios de Juazeiro e Sobradinho, na região do Vale do São Francisco, no Norte do estado. A área, um dos principais polos de fruticultura irrigada do país, registrava, segundo a última edição da pesquisa, em 2017, 82,2% dos seus estabelecimentos pertencentes à agricultura familiar.
Esse é o caso da propriedade de Etelvir Oliveira, pequeno produtor que possui uma área plantada de 8 hectares de manga, na localidade de Mandacaru, em Juazeiro. Ele recebeu a equipe do IBGE na segunda semana do teste e disse ter ficado feliz por participar: “Achei muito importante, porque é uma pesquisa que precisa estar sempre atualizada. Me sinto sendo visto”, afirmou.
A relevância do Censo Agropecuário e da primeira prova-piloto também despertou o interesse da mídia baiana.
No fim da primeira semana de trabalho, o programa Bahia Rural, da TV Bahia, afiliada da Rede Globo no estado, veiculou uma reportagem sobre a realização do teste, que incluiu um vídeo gravado pelo presidente do IBGE, Marcio Pochmann.
No início da semana seguinte, o teste do Censo Agro contou com cobertura jornalística local da equipe da TV São Francisco, afiliada da Rede Globo na região de Juazeiro, que acompanhou os recenseadores no trabalho de campo e entrevistou produtores e o superintendente do IBGE na Bahia, André Urpia.
Em Juazeiro e Sobradinho, a primeira prova contou ainda com a diversidade de povos e comunidades tradicionais presentes na reunião. Participaram do teste aldeias indígenas, comunidades de pescadores artesanais, de fundo e fecho de pasto, caatingueiros, que permitiram testar os procedimentos de abordagem e coleta nessas localidades e as necessidades de adaptações metodológicas para melhoria da coleta das informações considerando a diversidade de sistemas agroalimentares produtivos existentes no País.
Em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, mais de 250 questionários
Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, os 258 produtores rurais que responderam ao questionário da Primeira Prova-Piloto do 12º Censo Agropecuário, Aquícola e Florestal contribuíram para que a pesquisa nacional, prevista para 2027, seja mais precisa e eficiente.
De acordo com Alberto Azemiro de Carvalho, gerente de Planejamento e Gestão Administrativa da Superintendência do IBGE no Rio de Janeiro (SES/RJ), que acompanhou a execução do pré-teste no município, o trabalho foi muito positivo tanto do ponto de vista da produção quanto do empenho técnico da equipe.
O produtor rural Juvenildo Maia, de 63 anos, que vive há 50 anos no campo, colaborou para atingir o objetivo do trabalho ao receber os técnicos do IBGE. A equipe encontrou o informante a caminho de sua residência, em Rio Bonito de Cima, no distrito de Lumiar, em Nova Friburgo. Há anos, ele chegou a comercializar parte do que produzia. Atualmente, a propriedade de 20 mil metros quadrados, situada em meio à Mata Atlântica preservada e ladeada por nascentes, serve apenas para a subsistência. Aliás, essa é a realidade da maior parte dos produtores dessa localidade.
Experiência para os novos servidores
No terreno bem acidentado da localidade de Rio Bonito de Cima, a técnica do IBGE, Camila Giron de Souza, percorreu cada uma das propriedades, atenta não só aos aspectos relacionados à aplicação do teste, que proporcionaram a melhoria diária na coleta das informações, mas também ao seu crescimento enquanto servidora. Ela, que entrou na instituição em julho deste ano por meio do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), atua na Agência do Centro do Rio.
Camila sabia que cada dia de coleta seria um momento diferente do outro, não só pelas observações anotadas para o aprimoramento operacional do processo censitário, mas pelas experiências que só a coleta junto aos produtores rurais, seja nas casas ou no meio da lavoura, possibilitaria. “Esta foi uma oportunidade única e enriquecedora. Digo isso pelo fato de termos conseguido observar o desafio que é trabalhar no campo, que é uma realidade tão diversa do que estamos acostumados a ver. Além disso, passar todos estes dias por aqui me permitiu ir além do objetivo do pré-teste”, finaliza a nova servidora.