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No DF

IBGE celebra meio século da Reserva Ecológica com evento comemorativo

Editoria: IBGE | Gabriella Carmo

11/12/2025 14h08 | Atualizado em 11/12/2025 14h08

Servidores celebraram os 50 anos da reserva – Foto: Romulo Brito

O IBGE realizou, nesta terça-feira (10), a cerimônia de celebração dos 50 anos da Reserva Ecológica do IBGE (RECOR), Unidade de Conservação e centro de pesquisa, localizado em Brasília, que se tornou referência nacional e internacional na produção de conhecimento sobre o Cerrado e biodiversidade. O evento reuniu servidores, autoridades, especialistas e colaboradores que marcaram a trajetória da unidade ao longo de meio século

A programação foi conduzida por José Daniel Castro da Silva, coordenador do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI/CCS), e por Leandro Malavota, da Memória IBGE, responsável pela mediação do encontro.

O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, destacou que a RECOR é um dos ambientes de pesquisa mais relevantes dedicados ao Cerrado, essencial para estudos ambientais de longo prazo, monitoramento da biodiversidade e ações de educação.

Presidente do IBGE fala da importância da reserva – Foto: Romulo Brito

Ele ressaltou que a unidade fortalece a missão do IBGE ao produzir informações fundamentais para o planejamento territorial e para políticas públicas voltadas ao meio ambiente. "É fundamental que todo Ibegeano identifique que essa reserva é parte da instituição (...) nós estamos vivendo uma mudança de época histórica em relação à inteligência artificial e uso de dados e precisamos dar um salto nas políticas preditivas – que pressupõem atuar não sobre as consequências, mas, sobretudo, nas causas. O futuro sempre foi algo de disputa, ele não está dado. A ação humana organizada e planejada é que permite construir o que imaginamos, e nós somos protagonistas do que está em curso.'', refletiu.  

Segundo Leandro Malavota, o evento simboliza uma oportunidade de reconexão entre diferentes gerações de servidores: “Essa é uma oportunidade para receber e homenagear os servidores que fizeram parte do IBGE e ajudaram a construir esses 50 anos de história da Reserva Ecológica. Mas também é uma chance de preparar a troca de guarda, discutindo essa história com os novos servidores, que têm muito a contribuir para enriquecer a atuação da instituição. Queremos promover uma discussão sobre presente, passado e futuro", ressaltou. 

A celebração teve início com o lançamento do livro “Reserva Ecológica do IBGE – Volume 2”, obra que reúne estudos, registros históricos e relatos de projetos conduzidos na unidade. A mesa contou com a participação do gerente da RECOR e organizador da publicação, Mauro Lambert Ribeiro, do analista em biodiversidade Leonardo Bergamini e da consultora em projetos de planejamento ambiental, territorial, cultural e de transportes, Mônica Veríssimo dos Santos. 

Lançamento de livro marcou celebrações – Foto: Romulo Brito

Lambert destacou que o novo volume consolida compromissos institucionais e atualiza informações essenciais sobre a biodiversidade:  O segundo volume faz parte de uma obra que sintetiza todo o conhecimento produzido pelo IBGE. O primeiro volume foi lançado em 2011. Já éramos uma Unidade de Conservação e uma unidade produtora de informação bem consolidada, mas o conhecimento estava espalhado pela literatura nacional e internacional. Buscamos fazer uma síntese desse conhecimento", explicou o organizador. 

Na mesma mesa, Mônica Veríssimo falou sobre o papel internacionalmente reconhecido da RECOR: “A Reserva faz parte da Reserva da Biosfera, um território vinculado a um programa internacional da UNESCO. Isso representa os diálogos da agenda internacional brasileira em termos de conservação da biodiversidade, geração de conhecimento e união entre ciência e sociedade", disse a pesquisadora, destacando a importância histórica da reserva e a função estratégica que desempenha no monitoramento ambiental e no suporte às pesquisas de longo prazo. 

Lambert também enfatizou os desafios que se impõem ao futuro da área: “O grande desafio será manter a integridade da Reserva, que está começando a ser cercada pelas cidades, para que ela continue sendo uma fonte de disseminação de informações sobre o Cerrado. Queremos entender as novas demandas de informação da sociedade. Conservar a biodiversidade tem sido nossa missão — uma missão difícil, mas prazerosa. Já oferecemos 170 subsídios a políticas públicas ao longo do tempo, mas novas demandas surgirão. Se soubermos lidar bem com esses desafios, seremos uma área com muito mais futuro do que passado", avaliou. 

A segunda parte da cerimônia teve a participação do superintendente da SES/DF IBGE, Gabriel Moreira Antonaccio. Ele avaliou o legado científico e educacional da unidade:  A história da Reserva é muito bonita, de muita dedicação. O legado deixado é importante tanto em termos científicos quanto de educação e preservação ambiental. Este ano tivemos a criação de um grupo de trabalho que definirá a integração da Reserva com o IBGE daqui para frente”, ressaltou. 

Em seguida, Mariza Alves de Macedo Pinheiro, analista em geoprocessamento, fez uma reflexão poética sobre a trajetória da RECOR: “Vejo a Reserva como uma jovem senhora que sabe de onde veio, mas que está sempre aberta para o novo e comprometida com o futuro. A Reserva nos ensina que pesquisa não é só método — é parceria e relação. Isso se constrói no cotidiano e no convívio diário. Esperamos consolidar e ampliar nossas parcerias, ampliar nossos acervos e continuar contribuindo com políticas públicas que se baseiam em informações sólidas.” 

Homenagens marcaram aniversário da reserva – Foto: Romulo Brito

Parceiros da RECOR  

Na sequência, José Daniel apresentou um momento dedicado às parcerias ambientais, que reuniu especialistas como a professora dra. Mercedes Bustamante, o professor dr. Roberto Cavalcanti, ambos da Universidade de Brasília. Também estavam presentes representantes do poder público, como Carolina Schubart, coordenadora do PPCIF (Programa de Combate aos Incêndios Florestais) da Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal, e Allan Freire, Diretor Executivo do Jardim Botânico de Brasília. Os convidados falaram sobre a contribuição da Reserva para o entendimento do Cerrado, o combate a incêndios florestais e a formulação de políticas de conservação. 

Mercedes Bustamante ressaltou sobre o impacto global dos dados gerados pela RECOR: “Os dados produzidos na Reserva do IBGE ganharam o mundo. Os primeiros dados de dinâmica de carbono foram gerados aqui e fazem parte do inventário nacional de gases de efeito estufa .”  A pesquisadora também destacou o Projeto Fogo, que subsidiou a política de manejo integrado do fogo. Essas iniciativas contribuem com a ciência brasileira e com políticas públicas. A Reserva é uma joia, um patrimônio da ciência brasileira. Ela consolidou informações sobre o Cerrado e deu ao Brasil subsídios para o debate sobre desenvolvimento sustentável”, frisou. 

Após as falas, ocorreu o ato simbólico de entrega de exemplares do livro “Reserva Ecológica do IBGE – Volume 2” ao brigadista voluntário Bento da Silva Barros e à ex-gestora da unidade Iracema Gonzales. 

Homenagem aos servidores  

Em um momento de grande comoção, o IBGE prestou homenagem aos servidores Manoel José de Souza Neto e Valmir de Souza e Silva, que faleceram em uma ação de combate ao fogo que ameaçava a Reserva. As atividades incluíram a leitura de um poema por José Daniel Castro da Silva, seguida de um minuto de silêncio. Um vídeo produzido pela COMAR registrou a instalação de placas em homenagem aos servidores falecidos e a ação de plantio de árvores realizada com seus familiares. Também houve a entrega de uma placa de homenagem e de uma obra de arte ao brigadista Bento da Silva Barros, sobrevivente do incêndio.