RBMC
IBGE inaugura três novas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo e publica séries temporais de redes geodésicas
09/12/2025 10h00 | Atualizado em 09/12/2025 10h00
Destaques
- Três novas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS foram inauguradas em Caruaru (PE), Colorado do Oeste (RO) e Santa Helena (PR).
- A Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas conta atualmente com 153 estações ativas, distribuídas por todo o território nacional.
- O IBGE divulgou também as séries temporais atualizadas das Estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC) e da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inaugura hoje (9) três novas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC). As unidades estão localizadas em Caruaru (PE), Colorado do Oeste (RO) e Santa Helena (PR). Com estas instalações, a RBMC passa a contar com 153 estações ativas, distribuídas por todo o território nacional.
A estação PECA, instalada em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Campus Caruaru, reforça a cobertura geodésica no Agreste pernambucano e apoia iniciativas de ensino, pesquisa e aplicações profissionais na região.
A estação ROCO, implantada no Instituto Federal de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, amplia a presença da RBMC no sul de Rondônia e recupera a presença da rede na cidade, que anteriormente contava com a estação ROCD, descomissionada em 2019.
A estação STHA, instalada em parceria com Itaipu Binacional, UTFPR e FUNTEF-PR, integra a expansão recente da infraestrutura geodésica no Oeste do Paraná, atendendo demandas científicas, acadêmicas e operacionais.
Além da ampliação da rede, mais 10 estações passaram a disponibilizar observações com intervalo de rastreio de 1 segundo. Isso beneficia aplicações de pós-processamento e pode reduzir o tempo de ocupação em campo para os usuários que utilizam estas estações como referência em seus levantamentos. As estações que agora oferecem dados nesse intervalo são: AMHA (Humaitá/AM), AMPT (Parintins/AM), CEEU (Eusébio/CE), GOUR (Uruaçu/GO), MABB (Bacabal/MA), MGGV (Governador Valadares/MG), MGIN (Inconfidentes/MG), MTLE (Primavera do Leste/MT), RSSL (São Leopoldo/RS) e SCCH (Chapecó/SC), totalizando 74 estações com essa capacidade.
De acordo com a coordenadora de Geodésia, Maíra Kronemberg, “as aplicações da RBMC alcançam uma grande diversidade de atividades técnicas e profissionais. A rede é utilizada diariamente por topógrafos, engenheiros, cartógrafos e pesquisadores que dependem de georreferenciamento de precisão para levantamentos urbanos e rurais, projetos de infraestrutura, telecomunicações, saneamento, energia e estudos ambientais”.
Conjunto de estações geodésicas no Banco de Dados Geodésicos é publicado
O IBGE lançou um conjunto de novas Referências de Nível (RRNN), estações GNSS conectadas às RRNN e Estações Gravimétricas (EEGG), incorporadas ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) ao longo de 2025. Todas as informações já estão publicadas e disponíveis aos usuários no Banco de Dados Geodésicos (BDG).
O IBGE estabelece, desde a década de 1940, as redes geodésicas de referência. As estações geodésicas, materializadas fisicamente no terreno, compõem essas redes e constituem a infraestrutura fundamental do SGB. “Essas referências são essenciais para o georreferenciamento de precisão, grandes obras de engenharia, mapeamento, aplicações geofísicas, gestão ambiental, estudos de geodinâmica e pesquisas científicas”, ressalta a coordenadora de Geodésia.
A densificação altimétrica tem como objetivo ampliar a precisão e a cobertura dos dados de altitude em todo o território nacional. Altitudes confiáveis são determinantes para projetos de infraestrutura, como rodovias, ferrovias e obras de saneamento básico. Em conformidade com as recomendações internacionais para unificação dos sistemas de referência vertical (Resolução nº 1/2015 da ONU), o IBGE tem contribuído para o estabelecimento da Rede Internacional de Referência para Altitudes (International Height Reference Frame, IHRF) por meio da densificação altimétrica e gravimétrica no entorno das estações da RBMC selecionadas pelo IBGE para compor o IHRF no Brasil. Em 2025, foram disponibilizadas novas Referências de Nível (RRNN) na região de Presidente Prudente, SP, concluindo o circuito de conexão da estação IHRF-PPTE à Rede Altimétrica de Alta Precisão do SGB.
No processo de modernização do SGB, os valores de gravidade medidos nas Estações Gravimétricas (EEGG) desempenham papel essencial no cálculo das altitudes oficiais, ao relacionar essas altitudes ao campo gravífico terrestre, possibilitando a representação adequada do escoamento das massas d’água. A densificação de estações GNSS conectadas às RRNN visa aprimorar a acurácia do modelo hgeoHNOR2020 e ampliar seu potencial de uso em aplicações de posicionamento vertical. Entre os avanços mais recentes, destacam-se as novas conexões disponibilizadas no estado do Acre, que futuramente auxiliarão na nova versão do modelo hgeoHNOR na região oeste da Amazônia, área anteriormente não coberta pelo modelo devido à ausência de dados.
Séries temporais das Estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas e da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia são lançadas
O IBGE divulgou também as séries temporais atualizadas das Estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC) e da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG). A atualização reúne as séries produzidas pelas estações que monitoram continuamente variações tridimensionais que ocorrem em pontos da superfície terrestre e o nível do mar, agora consolidadas para o período que se estende de julho de 2001 a dezembro de 2024.
Os dados GNSS das estações da RBMC são processados diariamente, permitindo avaliar a qualidade das observações e realizar intervenções quando necessário para corrigir eventuais inconsistências.
As estações da RBMC integram a Rede de Referência Regional SIRGAS-CON (Sistema de Referência Geodésico para as Américas). “É um esforço colaborativo entre países do continente. Trata-se de uma das redes geodésicas mais precisas do mundo, possibilitando o monitoramento contínuo das coordenadas das estações. O processamento semanal permite identificar deslocamentos locais e regionais, como o movimento das placas tectônicas e variações altimétricas decorrentes da carga hidrológica na Amazônia”, explica Guiderlan Mantovani.
As séries da RMPG passam por atualização anual, seguindo os critérios definidos no relatório Monitoramento da Variação do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia – RMPG 2001–2020. Cada estação possui uma série única, construída a partir dos dados diários disponibilizados na página do IBGE, após correções relativas a falhas instrumentais e aos ajustes de altura de referência dos sensores. As séries temporais podem ser acessadas no item “Análise de Dados” na página oficial da RMPG.
No Brasil, as referências verticais oficiais têm origem em observações maregráficas feitas nos portos de Imbituba (SC), de 1949 a 1957, e de Santana (AP), entre 1957 e 1958. Com seis estações instaladas e operadas pelo IBGE, a RMPG monitora a relação entre esse datum vertical — que define a superfície de referência baseada no nível médio do mar — e outros referenciais usados em cartografia náutica e engenharia costeira. Essas informações sustentam pesquisas voltadas à modernização das altitudes brasileiras e à compreensão da variação do nível médio do mar.
Avaliação diária e participação em redes internacionais
Como parte da operação da RMPG, os dados registrados pelos marégrafos são processados diariamente. Esse procedimento garante o acompanhamento da qualidade das informações publicadas e permite a recuperação de dados caso ocorram falhas na transmissão.
Além do uso nacional, todas as estações da RMPG contribuem com o Global Sea Level Observing System (GLOSS), coordenado no Brasil pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha. As estações transmitem informações em tempo quase real, com atualizações a cada cinco minutos, para a Rede Ativa do GLOSS, colaborando diretamente com a sub-rede de Alerta de Tsunami no Caribe.
Nota sobre a Estação Maregráfica de Belém:
A série da Estação Maregráfica de Belém não será publicada para o ano de 2024. O equipamento permaneceu inoperante durante grande parte do período, inviabilizando a coleta de dados consistentes e a geração de uma série representativa.