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RBG

IBGE lança primeira edição do 70° volume da Revista Brasileira de Geografia

Editoria: Geociências | Sabrina Pirrho

29/09/2025 10h00 | Atualizado em 29/09/2025 10h00

  • Destaques

  • A primeira edição do 70º volume da revista contempla cinco artigos, sendo quatro sobre o Dossiê Clima Urbano e um de submissão contínua.
  • O artigo de Eduarda Regina Agnolin e Pedro Murara revela estudo sobre a importância da vegetação nativa em área urbana para redução da Temperatura de Superfície.
  • O artigo “Gestão de riscos climáticos: inter-relação entre teoria e fatos no semiárido brasileiro” discute a forma como municípios brasileiros de pequeno e médio portes definem suas estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas.
  • Os autores Diogo Paz, André Martins, José Anderson França, Eduardo Lins e Saulo Bezerra buscaram desenvolver o Índice de Desempenho do Saneamento Ambiental para estabelecer um ranking de desempenho entre municípios pernambucanos.
  • A revista também registra os falecimentos de nomes da ciência brasileira: Niède Guidon, Dalton Valeriano, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Yosio Shimabukuro.
Um dos destaques da nova edição da RBG é um estudo para identificar comportamento da Ilha de Calor Urbana de Superfície na região metropolitana do Rio de Janeiro - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou hoje (29) a primeira edição do 70° volume da Revista Brasileira de Geografia (RBG). A edição traz cinco artigos, sendo quatro referentes ao Dossiê Clima Urbano e um de submissão contínua.

O Dossiê Clima Urbano é uma iniciativa do Laboratório de Biogeografia e Climatologia – Bioclima, do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), coordenado pelo Professor Edson Soares Fialho. "O dossiê busca reunir trabalhos teóricos e práticos que contemplem uma discussão de como os estudos de clima urbano podem contribuir para o enfrentamento da crise climática que incrementa as desigualdades sociais em diferentes escalas", explicou o editor-chefe da RBG, Marcelo Paiva da Motta, da Coordenação de Geografia do IBGE. O edital para submissão de artigos foi lançado no segundo semestre de 2024 e o tema teve repercussão positiva na comunidade acadêmica/científica nacional, com trabalhos originados em diferentes instituições nacionais. Os quatro artigos divulgados na revista representam uma parcela dos trabalhos submetidos que terão continuidade na divulgação na edição de abril de 2026.

O primeiro artigo intitula-se “Análise do microclima e vegetação em um setor censitário de Erechim”, de Eduarda Regina Agnolin (UFSC) e Pedro Murara (UFFS e UFSC). Trata-se de um estudo sobre a importância da vegetação nativa em área urbana para a redução da Temperatura de Superfície (TST). A pesquisa analisou resultados no período que se estende de 28/01/2014 a 21/11/2023, utilizando imagens de satélite LandSat-8 para o período mencionado e aplicando técnicas de processamento para a extração da Temperatura de Superfície (TST).

Capa da primeira edição do 70º volume mostra mapa de temperatura da superfície e mapa do Índice de Vegetação de Diferença Normalizada, setor censitário de Erechim (RS), 28 de janeiro de 2014.
Autores: Eduarda Agnolin e Pedro Murara, 2024

Com o tema “Gestão de riscos climáticos: inter-relação entre teoria e fatos no semiárido brasileiro”, o segundo artigo, de Melissa Rafaela Costa Pimenta et al., discute a forma como municípios brasileiros de pequeno e médio portes definem suas estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas. O foco são os municípios de Acari, Caicó e Currais Novos, todos no Rio Grande do Norte. A pesquisa observa a adoção de políticas públicas e sua relação com práticas e conhecimentos acumulados pelo meio acadêmico/científico sobre o tema.

Já o terceiro artigo intitula-se “Análise multitemporal da temperatura superficial na produção do clima urbano em Três Lagoas – MS: Novas áreas construídas”, de Diogo Cerdan Brito, Patrícia Helena Milani e Gislene Figueiredo Ortiz Porangaba (UFSM). Através da confecção de mapas de uso e ocupação do solo e da análise de imagens de satélite LandSat-8 referentes a 27/07/2013, 10/08/2018 e 23/07/2023, os autores elaboraram mapas termais e do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) para a cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. A análise dos resultados permite identificar áreas em que foram constatados aumentos de temperatura na superfície (TST), assim como identificar áreas de expansão urbana, estabelecendo a relação entre os dois fenômenos.

Com autoria de Andrews José de Lucena (UFRRJ), Vitor Fonseca Vieira Vasconcelos Miranda (UFRJ/ Universitat de Valencia), Liz Barreto Coelho Belém (UFRJ/Universitat de Valencia) e Randy Rodrigo Gonçalves Santos (UFRRJ), o quarto artigo do dossiê intitula-se "41 anos do satélite Landsat termal e sua contribuição da ilha de calor urbana de superfície (ICUS) na região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ)”. Os autores utilizam imagens Landsat termal, num recorte temporal que vai de 1984 a 2024, para investigar o comportamento da Ilha de Calor Urbana de Superfície (ICUS) na região metropolitana do Rio de Janeiro. O objetivo do estudo é identificar a Ilha de Calor Urbana através da Temperatura de Superfície Continental (TSC) e da cobertura vegetal através do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), conforme as estações do ano.

Já o artigo de submissão contínua intitula-se “Desenvolvimento do índice de desempenho do saneamento ambiental (INSA) para avaliar os serviços de saneamento dos municípios de Pernambuco, Nordeste do Brasil”, dos autores Diogo Paz, André Martins, José Anderson França, Eduardo Lins e Saulo Bezerra, do Instituto Federal de Pernambuco (IFP). A partir do levantamento de dados relacionados aos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, dos 184 municípios de Pernambuco, no período de 2010 a 2020, os pesquisadores buscaram desenvolver o Índice de Desempenho do Saneamento Ambiental (INSA), para estabelecer um ranking de desempenho entre municípios pernambucanos.

A Revista Brasileira de Geografia lançará, ainda no segundo semestre de 2025, um edital para o Dossiê Milton Santos. No próximo ano, será comemorado o centenário de seu nascimento, que coincide com os 90 anos da fundação do IBGE. A proposta da publicação é a divulgação de reflexões da comunidade acadêmica/científica sobre as contribuições do geógrafo para o pensamento crítico nacional.

A revista também registra os falecimentos de nomes da ciência brasileira: Niède Guidon, Dalton Valeriano, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Yosio Shimabukuro e homenageia a professora Maria do Carmo Galvão no ano do centenário do seu nascimento.

Niède Guidon, que morreu em 4 de junho de 2025, aos 92 anos, era referência na Arqueologia brasileira. Niède foi responsável pela criação do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) e por uma nova abordagem sobre as origens dos primeiros habitantes das Américas. A pesquisadora sustentou que nossa origem é Atlântica e africana, e muito mais antiga do que se supunha até então. O geofísico Dalton Valeriano, que faleceu um dia depois de Niède, aos 69 anos, era pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ele foi um dos idealizadores da estruturação do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal) e da implementação do Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), ferramenta para mapear o desmatamento e outras alterações na cobertura florestal da Amazônia. Ariovaldo Umbelino de Oliveira, que morreu em 2 de agosto, aos 78 anos, era Livre-Docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), no Departamento de Geografia Humana. Ariovaldo era expoente na área de Geografia Agrária, inspirou e orientou gerações de geógrafos na vertente crítica voltada para um campo mais equitativo. Em 12 de agosto deste ano, o pesquisador do INPE Yosio Shimabukuro morreu aos 75 anos. Engenheiro florestal, mestre em sensoriamento remoto e PhD em ciências florestais, Shimabukuro atuou por mais de cinco décadas no instituto e foi diretamente responsável por conceber ou aprimorar metodologias que formam a base do sistema de monitoramento no país, como o Prodes e o Deter.

Ainda no resgate da memória dos profissionais que deixaram seu legado, a RBG celebra o centenário de nascimento de Maria do Carmo Corrêa Galvão (1925-2023), primeira professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro a ter seu doutorado feito no exterior. “Extremamente didática em sala de aula, contribuiu na formação de inúmeros pesquisadores e professores, influenciados por sua valorosa trajetória acadêmica”, concluiu Marcelo Paiva da Motta.