IBGE e PNUD realizam segundo diálogo nacional para o desenvolvimento humano
15/09/2025 21h40 | Atualizado em 15/09/2025 21h46

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), promoveu no dia 11 de setembro, em São Paulo (SP), o segundo diálogo nacional para o desenvolvimento humano, com foco na redução das desigualdades e na superação de desafios globais, regionais e nacionais que influenciam esse processo. Intitulado Nova Matriz para o Desenvolvimento Humano no Brasil, o encontro teve a participação do presidente Marcio Pochmann, do pesquisador do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Heriberto Tápia e representando do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Fabiano Chaves da Silva.
Também participaram do evento, o diretor do Projeto de Cooperação IBGE/PNUD, Luís Fernando Vitagliano, a coordenadora da UDH/PNUD, Betina Ferraz Barbosa, o superintendente do IBGE em São Paulo, Francisco Garrido Barcia, e outros especialistas, membros do governo e representantes da sociedade civil, que debateram o tema a partir da apresentação de três relatórios nacionais e internacionais.
O presidente Marcio Pochmann, defendeu a importância do planejamento para o desenvolvimento nacional e a necessidade de integrá-lo a informações de qualidade. “Em uma sociedade em que cada vez mais se tomam decisões com base nos dados, temos a oportunidade de olhar a realidade de forma mais totalizante. E, nesse sentido, trabalhar não apenas com pesquisas, mas com políticas públicas preditivas que antecipem soluções para questões já em curso, como o aquecimento global e a inflexão demográfica. Um país sem planejamento está fadado à gestão de emergências”, alertou.

Heriberto Tápia apresentou o Relatório de Desenvolvimento Humano 2019, chamando atenção para as lacunas na mensuração das desigualdades: “Embora tenhamos hoje o maior IDH da história, as pesquisas apontam que as pessoas se sentem mais inseguras e com menos controle sobre as próprias vidas. Isso indica que ainda não estamos medindo o que realmente importa para elas. Precisamos de novos indicadores, subjetivos e objetivos, que orientem políticas públicas mais amplas, que vão além de necessidades básicas”.
No âmbito nacional, Fabiano Chaves da Silva, representante do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), apresentou a Estratégia Brasileira 2050, estruturada em três eixos: desenvolvimento e garantia de direitos; crescimento econômico e sustentabilidade socioambiental e climática e fortalecimento das instituições democráticas; e capacidades estatais e soberania nacional. Segundo Fabiano, o plano foi criado considerando as melhores formas de lidar com tendências globais, como a aceleração das transformações tecnológicas e a reconfiguração das cadeias de valor. “Com base nesses eixos será possível construir metas e indicadores-chave para que o país enfrente os desafios que estão no radar para os próximos anos”, disse.
Na abertura, Betina Ferraz ressaltou a importância da elaboração de indicadores efetivos para orientar o desenvolvimento nacional. Posteriormente, Betina expôs resultados do relatório World of Debt, produzido pela ONU Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), sobre as possibilidades de financiamento ao desenvolvimento sustentável. “O documento mostra como a dívida pública pode ser uma ferramenta de desenvolvimento", explicou. “O desafio é encontrar o equilíbrio para que ela não se torne excessiva e seus custos superem os benefícios.”

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor do Instituto de Economia da Unicamp, por sua vez, enfatizou a relevância de um diálogo plural sobre o assunto. “Esses encontros, que reúnem diferentes perspectivas, são essenciais para que a discussão não seja de cima para baixo, mas um espaço de construção coletiva. Só assim poderemos elaborar um planejamento indicativo de longo prazo para o Brasil com apoio e participação social”, pontuou.
Os resultados e insumos gerados a partir das discussões servirão como base para o próximo Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano do Brasil, que será elaborado pelo PNUD em colaboração com o IBGE. O próximo diálogo do projeto acontece em novembro de 2025, em Salvador, e terá como foco a metodologia dos indicadores de desenvolvimento.