PAS
Em 2023, grupo de serviços profissionais liderou receita do setor pela primeira vez
27/08/2025 10h00 | Atualizado em 27/08/2025 10h04
Destaques
- Em 2023, o setor de serviços não financeiros abrangeu 1,7 milhão de empresas ativas e 15,2 milhões de pessoas ocupadas, registrando R$ 592,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.
- O segmento de Serviços de informação e comunicação foi o que mais perdeu participação de 2014 a 2023, com redução de 3,6 pontos percentuais (p.p.). Já Serviços profissionais, administrativos e complementares cresceu 2,7 p.p., e se tornou a atividade mais relevante em termos de receita, com 29,2% do total de serviços do país.
- O setor de serviços empregou 15,2 milhões de pessoas em 2023, o maior número da série histórica iniciada em 2007. Nos últimos 10 anos, houve um crescimento de 2,2 milhões de pessoas (ou 17,2%) ocupadas, com crescimento em todas as regiões do país.
- As cinco atividades que mais empregaram corresponderam a quase metade (47,0%) da mão de obra do setor de serviços. Foram elas: Serviços de alimentação; Serviços técnico-profissionais; Transporte rodoviário de cargas; Serviços para edifícios e atividades paisagísticas; e Serviços de escritório e apoio administrativo.
- Em 2023, o setor de serviços pagou, em média, 2,3 s.m. mensais. Serviços de informação e comunicação (4,7 s.m.), Outras atividades de serviços (3,6 s.m.) e Transporte, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,8 s.m.) foram os segmentos que pagaram salários superiores à média do setor.
- Em 10 anos, a concentração de mercado nas oito maiores empresas do setor diminuiu de 9,5% para 6,6%, com destaque para a redução na concentração no segmento de Serviços de informação e comunicação (redução de 7,9 p.p.) e do aumento no segmento de Outras atividades de serviços (incremento de 8,5 p.p.).
- A Região Sudeste, em 2023, concentrou 64,4% da receita bruta de serviços gerada no Brasil e apresentou remuneração acima da média nacional (2,6 s.m.). Já o Nordeste se manteve como a região onde era pago o menor salário médio (1,6 s.m.).
- Em 2023, a atividade de Serviços profissionais, administrativos e complementares foi o principal tipo de serviço prestado em 25 das 27 unidades da federação. Nas demais, prevaleceu o Transporte rodoviário, que engloba tanto o transporte de passageiros quanto o transporte de cargas.
- São Paulo respondeu por 45,0% da receita bruta de serviços do país, seguido por Rio de Janeiro (10,0%), Minas Gerais (7,8%), Paraná (5,5%) e Rio Grande do Sul (4,7%). Além disso, São Paulo aumentou sua participação em 3,7 p.p. quando comparado a 2014.

Em 2023, o setor de serviços não financeiros foi responsável pela ocupação de 15,2 milhões de pessoas em 1,7 milhão de empresas ativas, registrando R$ 592,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, e R$ 3,2 trilhões em receita operacional líquida. Pelo terceiro ano consecutivo, o contingente de pessoal ocupado foi recorde e, de forma inédita, o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares liderou em termos de participação na receita, com 29,2%. Já o valor adicionado bruto atingiu R$ 1,9 trilhão. Os dados são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada hoje (27) pelo IBGE.
Realizada desde 1998, a PAS retrata as características estruturais das empresas prestadoras de serviços não financeiros no país. Esse setor possui uma elevada participação no Produto Interno Bruto (PIB) e no total de empregos formais, além de ser marcado por grande variedade de atividades, conciliando capacidades distintas de geração de receita, emprego, intensidade tecnológica etc.
Sete grandes segmentos, abrangendo um total de 34 atividades, integram a PAS: Serviços prestados principalmente às famílias; Serviços de informação e comunicação; Serviços profissionais, administrativos e complementares; Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; Atividades imobiliárias; Serviços de manutenção e reparação; e Outras atividades de serviços. No nível regional, a PAS compreende 13 atividades. A série histórica da pesquisa começa em 2007.
A receita bruta apurada pelas empresas prestadoras de serviços não financeiros totalizou R$ 3,4 trilhões em 2023. Desse montante, 97,0% foram gerados exclusivamente pela atividade principal de prestação de serviços, enquanto o restante correspondeu a receitas provenientes de atividades secundárias dessas empresas, incluindo operações de natureza industrial, de construção e de revenda de mercadorias.
Já a receita operacional líquida (calculada subtraindo-se as vendas canceladas, os abatimentos, os descontos incondicionais e os impostos incidentes) do setor de serviços em 2023 somou R$ 3,2 trilhões. Dentre os sete segmentos analisados pela pesquisa, Serviços profissionais, administrativos e complementares (29,2%) foi o que teve maior participação, liderando pela primeira vez o ranking.
“O resultado de Serviços profissionais, administrativos, profissionais e complementares foi influenciado pela atividade de Serviços técnico-profissionais (serviços prestados por escritórios de advocacia, contabilidade, arquitetura etc.), que representou 12,6% do setor de serviços em 2023. Houve um crescimento expressivo de participação em relação ao período pré-pandemia de COVID-19, com ganho de 2,1 p.p. entre 2019 e 2023”, explica Marcelo Miranda, gerente de Análise Estrutural do IBGE.
O segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio contribuiu com 28,1%, seguido por Serviços de informação e comunicação (19,8%), Serviços prestados principalmente às famílias (11,5%), Outras atividades de serviços (7,6%), Atividades imobiliárias (2,6%) e Serviços de manutenção e reparação (1,3%).
Transportes perdem participação na receita
Em 2023, a atividade de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio perdeu a liderança na receita operacional liquida para o segmento de Serviços profissionais, administrativos e complementares. Transportes estava no topo da lista desde 2010, mas perdeu 1,3 p.p. de participação desde 2014. Já o segmento de Serviços profissionais, administrativos e complementares mostrou avanço de 2,7 p.p. nos últimos 10 anos.
Entre 2014 e 2023, Outras atividades de serviços aumentou em 2,8 pontos percentuais (p.p.) sua participação na receita operacional líquida, consequência do avanço na representatividade de Serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar, que teve incremento de 2,5 p.p.
Já o segmento de Serviços de informação e comunicação foi o que apresentou a principal mudança estrutural desde o início da série histórica da PAS, em 2007, ao reduzir sua participação em 11,4 p.p. Considerando apenas o período entre 2014 e 2023, o recuo foi de 3,6 p.p. A queda da contribuição da atividade de Telecomunicações (-5,9 p.p.) foi determinante para esse cenário, mostrando a maior retração no setor de serviços em 10 anos. Tecnologia da informação (4,5 p.p.), por outro lado, foi a que teve maior aumento de representatividade. Serviços audiovisuais, por sua vez, diminuiu a fatia correspondente no setor de serviços em 1,3 p.p.
“A variação positiva da atividade de Tecnologia da informação não foi suficiente para compensar a perda verificada em Telecomunicações nos últimos 10 anos, que pode ser explicada por mudanças regulatórias e comportamentais recentes, contemplando empresas de telefonia, internet, TV por assinatura, entre outras”, observa Marcelo.
Com variação negativa de 0,2 p.p. entre 2014 e 2023, as atividades que representam os Serviços prestados principalmente às famílias apresentaram estabilidade. Serviços de alimentação (63,5%) e Serviços de alojamento (14,1%) foram as duas atividades que concentraram a maior parte da receita gerada por esse segmento. Apesar disso, Serviços de alimentação diminuíram sua participação na receita líquida em 2,5 p.p., dos quais 2,1 p.p. entre 2019 e 2023.
Por fim, as Atividades imobiliárias contribuíram com 2,6% da receita operacional líquida do setor de serviços, enquanto os Serviços de manutenção e reparação representaram 1,3%, tendo apresentado, respectivamente, aumento de 0,1 p.p. e redução 0,4 p.p. em 10 anos.
Atividades | 2014 | 2023 | Variação (p.p.) |
---|---|---|---|
Tecnologia da informação | 6,7 | 11,2 | ↑ 4,5 |
Serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar | 2,8 | 5,3 | ↑ 2,5 |
Serviços técnico-profissionais | 10,5 | 12,6 | ↑ 2,1 |
Telecomunicações | 12,1 | 6,2 | ↓ -5,9 |
Transporte de passageiros | 4,5 | 2,9 | ↓ -1,6 |
Serviços audiovisuais | 3,0 | 1,7 | ↓ -1,3 |
Ocupação foi recorde pelo terceiro ano seguido, e Serviços de alimentação permaneceu sendo a atividade que mais emprega no setor
Em 2023, as empresas prestadoras de serviços não financeiros registraram o maior volume de pessoas ocupadas (entre pessoal assalariado formal e sócios) da série histórica da pesquisa, com 15,2 milhões de pessoas ocupadas, resultado 7,1% superior ao obtido em 2022. Frente ao período pré-pandemia, o emprego no setor de serviços situou-se 18,3% acima do patamar observado em 2019, um acréscimo de 2,4 milhões de pessoas. Esse desempenho positivo pode ser explicado pelo aumento de trabalhadores no segmento de Serviços profissionais, administrativos e complementares, sobretudo nas atividades de Serviços técnico-profissionais (454,2 mil), de Serviços de escritório e apoio administrativo (346,3 mil) e de Seleção, agenciamento e locação de mão de obra (309,0 mil).
Os segmentos do setor de serviços que mais empregaram em 2023 foram: Serviços profissionais, administrativos e complementares (6,7 milhões); Serviços prestados principalmente às famílias (3,0 milhões); Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,7 milhões); Serviços de informação e comunicação (1,3 milhão); Outras atividades de serviços (692,0 mil); Serviços de manutenção e reparação (434,7 mil); e Atividades imobiliárias (363,7 mil). De 2014 a 2023, Serviços profissionais, administrativos e complementares foi o segmento no qual o pessoal ocupado mais cresceu (3,7 p.p.). Na direção oposta, Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, e Serviços prestados principalmente às famílias foram os que mais recuaram, com diminuição de 3,1 p.p. e 2,2 p.p., respectivamente.
Ao longo de toda a série histórica da PAS, Serviços de alimentação foi a categoria que mais empregou. Em 2023 ela foi responsável por 11,7% do total de pessoas ocupadas no setor de serviços, seguida por Serviços técnico-profissionais (11,2%) e Transporte rodoviário de cargas (8,2%), ou seja, quase um terço dos empregos do setor de serviços estava concentrada nessas três atividades (31,1%). Incluindo Serviços para edifícios e atividades paisagísticas (8,1%) e Serviços de escritório e apoio administrativo (7,8%), as cinco atividades que mais empregaram corresponderam a 47,0% da mão de obra dos serviços.
Em relação ao salário médio do setor de serviços, o valor pago em 2023 (2,3 s.m.) foi semelhante ao de 2014 (2,4 s.m.). As empresas do segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio pagaram os maiores salários médios: Transporte dutoviário (21,1 s.m.), Transporte aquaviário (7,0 s.m.) e Transporte aéreo (6,3 s.m.). Já os menores salários médios, muito próximos do salário mínimo nacional, foram pagos em Atividades culturais, recreativas e esportivas, Serviços para edifícios e atividades paisagísticas, e Compra, venda e aluguel de imóveis próprios, todos com 1,3 s.m.
Os segmentos de Serviços de informação e comunicação (4,7 s.m.), Outras atividades de serviços (3,6 s.m.) e Transporte, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,8 s.m.) pagaram salários superiores à média do setor de serviços em 2023.
Em 10 anos, embora o salário médio do setor de serviços tenha ficado relativamente estável, houve aumento em algumas atividades, como Transporte dutoviário (ganho de 2,4 s.m.) e Serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar (1,3 s.m.). Por outro lado, as reduções ocorreram nos setores de Telecomunicações (redução de 1,8 s.m.) e Transporte aéreo (1,0 s.m.).
Concentração de mercado no setor de serviços foi a menor da série histórica
Em 2023, a concentração de mercado nas oito maiores empresas alcançou o menor valor da série histórica da pesquisa, com R8 de 6,6%, acumulando um decréscimo de 2,9 p.p. em 10 anos. A análise de concentração de mercado, medida pelo indicador R8, possibilita a desagregação dos resultados para os sete grandes segmentos e as 34 atividades que compreendem o setor de serviços, caracterizando segmentos e atividades mais concentrados quanto maior for o R8.
O segmento de Serviços de informação e comunicação, cujo R8 foi de 29,6% em 2023, apresentou o nível mais alto de concentração, mas também foi o que teve a maior redução entre 2014 e 2023 (-7,9 p.p.). Em seguida vieram Outras atividades de serviços (24,3%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (12,6%), Serviços de manutenção e reparação (11,3%), Serviços prestados principalmente às famílias (7,8%), Atividades imobiliárias (7,0%) e Serviços profissionais, administrativos e complementares (4,5%). Cabe mencionar que Outras atividades de serviços mostrou um movimento ascendente de concentração de mercado, especialmente pós-pandemia, passando de 22,3% em 2019 para 24,3% em 2023.
Quanto aos níveis de concentração de mercado das 34 atividades que compõem o setor de serviços, os mais altos foram registrados no segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: Transporte dutoviário (100,0%); Transporte aéreo (94,7%); e Correio e outras atividades de entrega (82,5%). Por outro lado, os menores índices R8 corresponderam às atividades de Transporte de passageiros (7,9%), Manutenção e reparação de objetos pessoais e domésticos (7,9%) e Atividades de ensino continuado (4,9%).
De 2014 a 2023, o maior aumento de concentração foi da atividade de Aluguéis não imobiliários e gestão de ativos intangíveis não financeiros (20,4%), que aumentou em 8,9 p.p., enquanto a maior redução de concentração coube ao Transporte ferroviário e metroferroviário (68,6%), com diminuição de 16,0 p.p. no indicador.
Sudeste foi responsável por 64,4% da receita bruta de serviços
O Sudeste, mais uma vez, liderou o ranking de participação na receita bruta do setor de serviços no Brasil. Em 2023, a região contribuiu com 64,4% da receita bruta de serviços, seguida pelo Sul (14,9%), Nordeste (10,1%), Centro-Oeste (7,9%) e Norte (2,7%). No intervalo de 10 anos, as Grandes Regiões apresentaram relativa estabilidade na composição da receita bruta de serviços, com aumentos de 0,5 p.p. no Sul, e de 0,4 p.p. no Centro-Oeste. Porém, houve diminuição na contribuição do Nordeste (-0,5 p.p.), Sudeste (-0,2 p.p.) e Norte (-0,1 p.p.).
Serviços de comunicação e informação, que em 2014 era o principal segmento em 11 unidades da federação, em 2023 não apareceu na liderança em nenhuma. Além disso, Serviços profissionais, administrativos e complementares foi o principal tipo de serviço prestado em 25 das 27 UFs. Nas demais prevaleceu o Transporte rodoviário, que contempla tanto o transporte de passageiros quanto o transporte de cargas.
A representatividade de Serviços de informação e comunicação na receita bruta diminuiu em todas as regiões: -10,4 p.p. no Centro-Oeste; -8,6 p.p. no Norte; -8,0 p.p. no Nordeste; -7,4 p.p. no Sul; e -3,0 p.p. no Sudeste. Em contrapartida, Serviços profissionais, administrativos e complementares foi a atividade com maior incremento em sua participação nas regiões Sul (aumento de 7,6 p.p.), Norte (6,0 p.p.) e Nordeste (4,6 p.p.). No Sudeste, a atividade com maior expansão foi Outras atividades de serviços (3,9 p.p.), enquanto no Centro-Oeste o Transporte rodoviário (7,3 p.p.) se destacou.
Todas as regiões do país aumentaram seus respectivos quantitativos de pessoal ocupado. O Sudeste figurou em primeiro lugar no ranking, com 8,6 milhões de pessoas ocupadas, alta de 13,5% (ou 1,0 milhão de pessoas) nos últimos 10 anos. Na sequência vieram Sul, onde havia 2,6 milhões de pessoas trabalhando no setor de serviços (crescimento de 530,4 mil pessoas ou 25,4%), Nordeste, com 2,3 milhões de pessoas (alta de 391,2 mil ou 20,2%), Centro-Oeste, com 1,2 milhão de pessoas (alta de 219,9 mil ou 21,7%), e Norte, com 459,8 mil (alta de 74,8 mil ou 19,4%) trabalhadores.
Mais sobre a pesquisa
A Pesquisa Anual de Serviços tem por objetivo identificar as características estruturais básicas do segmento empresarial da atividade de serviços no país e suas transformações no tempo, contemplando, entre outros aspectos, dados sobre pessoal ocupado, salários, receitas, despesas e valor adicionado. Seus resultados constituem referência para a análise das atividades que compõem esse setor e subsidiam as estimativas macroeconômicas do Sistema de Contas Nacionais – SCN. Os dados estão desagregados para Brasil, Grandes Regiões e unidades da federação.