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Em Brasília

Oito instituições aderem ao programa do IBGE e Serpro para fortalecer políticas públicas preditivas

Editoria: IBGE | Lucas Cunha (IBGE-SES/SP) e Carlos Marcos Torres (Serpro)

24/06/2025 18h18 | Atualizado em 24/06/2025 18h53

Presidente do IBGE, Marcio Pochmann, durante lançamento do Programa em Brasília - Foto: Marcílio Souza/SES/DF

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), lançou nesta terça-feira (24), no auditório da sede do Serpro, em Brasília, o Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para subsidiar políticas públicas preditivas.

O evento contou com a presença do presidente do IBGE, Marcio Pochmann, da diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro, Ariadne Fonseca, além de autoridades, gestores e especialistas e com o anúncio da adesão de oito órgãos públicos federais ao Programa. O evento foi transmitido pelo IBGE digital.

Da esquerda para direita: Ariadne Fonseca, diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro, Denis Maracci, assessor da Presidência do IBGE, e Marcio Pochmann, Presidente do IBGE - Foto: Mauro Céssar/Serpro

A iniciativa propõe uma nova abordagem no uso de dados estatísticos e geocientíficos, com foco na antecipação de cenários futuros. Com o apoio de tecnologias avançadas e análise preditiva, o programa busca fortalecer a capacidade do Estado de identificar problemas e oportunidades, oferecendo uma base mais sólida para a formulação de políticas públicas eficazes, sustentáveis e voltadas ao médio e longo prazo.

O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, afirmou que o evento representa um marco na articulação entre diferentes esferas do governo em prol da inovação nas políticas públicas. “Estamos falando de sete ministérios, que vão desde o Ministério de Relações Exteriores ao Ministério do Desenvolvimento Social e do Planejamento — ministérios comprometidos com políticas públicas e que desejam inovar por meio das informações que o IBGE poderá oferecer de forma consistente, a partir do acesso e da integração de bancos de dados aos quais hoje ainda não temos acesso”, disse.

João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do MPO falando sobre a importância do IBGE - Foto: Mauro Céssar/Serpro

Pochmann também destacou que a iniciativa representa uma mudança significativa na forma de elaboração de políticas públicas no Brasil. “Em geral, as políticas públicas que temos no país são feitas com base na realidade observada, ou seja, uma realidade já consolidada no passado ou no presente recente. Agora, teremos a possibilidade de apresentar informações estatísticas e geocientíficas que preparam melhor as instituições para intervir em uma realidade em transformação”, completou.

O projeto faz parte de uma articulação mais ampla do governo federal e está alinhado com a proposta do Sistema Nacional Soberano de Geociência, Estatísticas e Dados (Singed), coordenado pelo IBGE. O Singed visa integrar e padronizar registros atualmente dispersos em diferentes instituições públicas, transformando essas informações em estatísticas preditivas confiáveis.

A diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro, Ariadne Fonseca, destacou a importância da parceria com o IBGE, que, segundo ela, representa a excelência técnica na produção de estatísticas e geociências no país. “Combinamos duas grandes instituições com décadas de história em prol do público e da melhoria do país”, afirmou. Ariadne ressaltou que o Serpro aporta ao programa sua robustez tecnológica, segurança da informação e expertise no processamento de grandes volumes de dados com modelos computacionais avançados. Para ela, a iniciativa reafirma o compromisso com a inovação pública e com o uso da tecnologia como ferramenta para gerar desenvolvimento, inclusão e políticas públicas mais inteligentes.

Ariadne Fonseca, diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro - Foto: Mauro Céssar/Serpro

Com foco no biênio 2025–2026, o programa prevê o desenvolvimento de plataformas analíticas estratégicas que concentrem e processem grandes volumes de dados provenientes de diferentes áreas e órgãos da administração pública. A expectativa é gerar informações que orientem decisões de governo com base em evidências e projeções, aumentando a precisão do planejamento nacional.

O secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), João Villaverde, destacou a importância estratégica do IBGE para o país e celebrou a assinatura do protocolo com o Instituto e com o Serpro. “O Brasil precisa de mais IBGE, e não menos. O Brasil precisa ver aquele colete da recenseadora e do recenseador do IBGE e abrir a porta da sua casa com alegria”, afirmou. Villaverde ressaltou que informações essenciais para a formulação de políticas públicas — como inflação, desemprego e condições de vida da população — só são possíveis graças ao trabalho do IBGE. “Seja para o setor público, privado ou terceiro setor, só é possível tomar decisões eficientes com boas informações e de forma tempestiva”, completou.

O Secretário-adjunto do Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Luis Felipe Giesteira, destacou a importância da iniciativa para o crescimento e atualização do setor industrial no país.

Durante a cerimônia, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, celebrou o lançamento do programa, destacando sua relevância para a atuação do órgão. “Logo nos meus primeiros dias à frente do INSS, tive a felicidade de conversar com o Marcio Pochmann, quando ele apresentou o programa que está sendo lançado hoje. E, quando ele falou, logo pensei: ele foi feito para o INSS. Ele casa diretamente com os desafios do INSS”, afirmou Waller, reforçando a sintonia entre a iniciativa e as demandas do INSS.

Gilberto Waller Júnior, Presidente do INSS, celebrou o lançamento do programa - Foto: Mauro Céssar/Serpro

O ministro substituto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Osmar Júnior, afirmou o entusiasmo da pasta com a adesão ao programa. Ele destacou o papel estratégico do IBGE na consolidação da soberania de dados e na construção de políticas baseadas em informações sólidas. “O IBGE grava um momento importante na história do Brasil, comparável a marcos como o Império, a Revolução de 30 e, agora, a era da soberania de dados”, afirmou.

A subsecretária no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paula Montagner, ressaltou a importância de informações territoriais precisas e oportunas para garantir a efetividade das políticas de igualdade no mercado de trabalho. “Uma informação boa que chega três anos depois é quase inútil. Precisamos de dados com credibilidade e timing”, compartilhou.

O secretário do Departamento Consular do Itamaraty, Bruno Abreu, celebrou a parceria como um avanço na modernização do sistema consular brasileiro. “Precisamos transformar estimativas em dados. Hoje estimamos 4,9 milhões de brasileiros no exterior, mas precisamos saber com precisão”, descreveu.

Já Manuel Fernando Melo, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), destacou a longa colaboração com o IBGE e a importância do programa para aprimorar estimativas populacionais e projeções educacionais, fundamentais para o planejamento da educação profissional e tecnológica.

Por sua vez, o presidente Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), Pedro Tourinho, ressaltou a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho. “Essa parceria com o IBGE e o Serpro vai nos ajudar a vencer a ocultação desses dados e qualificar a informação para políticas de trabalho decente”, comentou.

Ao final da cerimônia, o assessor da Presidência do IBGE, Denis Maracci, anunciou que as oficinas do programa estão previstas para começar já em julho, com o calendário sendo definido nas próximas semanas. “Isso já é uma manifestação do empenho de todos os envolvidos para que isso aconteça”, afirmou. Ele também informou que será lançado um hotsite oficial para o acompanhamento das ações do programa, reforçando o compromisso com a transparência e a participação institucional. Segundo ele, outras entidades já demonstraram interesse em aderir à iniciativa, o que indica a relevância e o potencial de expansão do projeto.

Autoridades, gestores públicos e especialistas presentes na cerimônia de lançamento - Foto: Mauro Céssar/Serpro

Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para subsidiar Políticas Públicas Preditivas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) responde atualmente por quase 60% dos 154 anos de existência do Sistema Estatístico Oficial que surgiu, em 1871, com a criação da Diretoria-Geral de Estatística (DGE). Ao longo das últimas 9 décadas, o IBGE tem contribuído com a missão institucional de retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.

Em plena passagem para a Era Digital, o IBGE tem procurado reorganizar suas ações frente ao avanço da desinformação estatística e ao esvaziamento da soberania nacional dos dados. Para isso tem procurado estar em linha com o conjunto das recomendações estatísticas internacionais que apontam para a integração dos bancos de dados e o uso da inteligência artificial e da ciências de dados, conforme conferido pela 56ª sessão da Comissão de Estatística da Nações Unidas, a 12ª Conferência da Comissão de Estatística das Américas da CEPAL, a 73ª sessão plenária da Conferência de Estatísticos Europeus da UNECE, a 17ª reunião dos Chefes dos Institutos Nacionais de Estatísticas do BRICS e a 14ª reunião dos Chefes dos Institutos Nacionais de Estatísticas dos países de língua portuguesa.

Nesse mesmo sentido, a atuação do IBGE tem procurado seguir de modo convergente com o Governo Federal que por meio do programa Conecta GOV.BR do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) permite e facilita a integração dos diferentes bancos de dados pela Interface da Programação de Aplicativos (API’s). Também o acordo de cooperação realizado entre o IBGE e o SERPRO abriu a oportunidade de parcerias que possibilitem o acesso aos diferentes bancos de dados federais, necessário ao fortalecimento das atuais pesquisas estruturais e conjunturais da maior instituição de pesquisa pública do Brasil.

Mas para isso, o Projeto IBGE 90 anos implementado em 2023 visou preparar o reposicionamento institucional por meio dos diálogos internos. Até o ano de 2025, por exemplo, já foram realizados três Encontros Nacionais dos Servidores (ENS), sendo que o primeiro ocorrido em 2023 definiu as novas Diretrizes da Instituição para o período 2023-2026, seguido do segundo ENS, em 2024, voltado para a elaboração do SINGED e o terceiro ENS, em 2025, comprometido com o restabelecimento do Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas, após meio século de sua inexistência, bem como a introdução anual do Plano de Trabalho Integrado da instituição.

Além disso, também é importante ressaltar a realização pelo IBGE da Conferência Nacional de Agentes Produtores e Usuários de Dados ocorrida em 2024 e a próxima em 2025, ambas voltadas para a construção do SINGED junto à comunidade epistêmica nacional e internacional. Neste sentido, o reconhecimento internacional alcançado pelo reposicionamento institucional em curso, como a próprio da eleição do IBGE pelo Conselho Econômico e Social (ECOSOC) das Nações Unidas para representar o Brasil junto à Comissão de Estatística da Organização das Nações Unidas, a elite mundial das instituições oficiais nacionais de geografia e estatística.

Por fim, mas não menos importante, recuperam-se e valorizam-se o conjunto de iniciativas acumuladas ao longo dos anos pelo próprio IBGE tanto no uso de projeções populacionais com métodos demográficos como as pesquisas experimentais adotadas na integração e pareamento de bancos de dados nas pesquisas conjunturais e estruturais com registros civis, cadastros dos Correios e da Aneel, Censo Escolar, CadÚnico, RAIS, CNPJ, entre tantos outros.

Mais recentemente, significativas contribuições ao avanço da nova fronteira estatística e geográfica estabelecida pela Era Digital e pela transição para a economia de baixo carbono vêm sendo conduzidas pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do IBGE.

Sobressai, por exemplo, o Projeto Inteligência Artificial e Políticas Públicas em marcha com a participação do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas ao Setor Público (Cepapsp) da Universidade Federal de Goiás e do Núcleo de Estudo de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Campinas. Atualmente já conta com mais de 22 mil artigos e estudos, uma base de pouco mais de mil usuários do Assistente ChatPP e mais de 2 mil capacitados em cursos sobre o uso de Indicadores e do Censo Demográfico no Planejamento Municipal voltados aos desafios locais, planos e cenários de desenvolvimento regional no Brasil.

Do mesmo modo, o Projeto Dinâmica Sociodemográfica, Econômica e Ambiental no Brasil a partir do Censo Demográfico 2022 encontra-se em curso com a cooperação de pesquisadores da ENCE e do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ. Conta com o apoio de recursos do CNPq para o tratamento da análise das desigualdades regionais, étnico-raciais, de gênero, da educação, pobreza, mercado de trabalho, migrações internas e outros temas de múltipla complexidade contemporânea para atender com subsídios adequados às demandas elaborativas de cenários futuros do país.

Nesse contexto, o Projeto Integração de Dados Públicos e Estatísticas Demográficas Municipais desenvolvido no âmbito da ENCE tem o propósito de produzir, experimentalmente, as estimativas anuais de população, por faixas etárias e sexo, para todos os municípios brasileiros a partir da integração de dados do Registro Civil, Estatísticas Vitais, Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos e Censos Demográficos. Com intensivo uso de múltiplas fontes de dados experimenta-se o emprego de técnicas de ajustes e de modelos demográficos que aprimorem as estimativas anuais a todos os municípios do país e ao público-alvo das políticas públicas, como crianças, adolescentes e jovens para educação básica e para serviços de vacinação e atenção básica à Saúde, bem como também a produção de estimativas de mobilidade de população ativa e idosa no território nacional.

Consequentemente, o Projeto Coorte dos 300 milhões de Brasileiros constitui experimento avançado longitudinal nos dados individuais anonimizados dos residentes do país conforme registrado pelos últimos quatro Censos Demográficos (1991, 2000, 2010, 2022). Por esse meio, a preparação da estrutura testável da integração de um conjunto diverso de fontes dos dados e registros administrativos (Registro Civil, Cadastro Único de Programas Sociais, Censo Escolar, Base de Beneficiários da Previdência, etc) preparativos tanto a próxima realização do Censo Demográfico 2030 como a inédita produção de indicadores sobre as principais mudanças sociais, efeitos das políticas públicas e estimativas populacionais para diferentes recortes territoriais, entre os censos e após os censos, com a utilidade, inclusive, nos fatores de expansão das pesquisas domiciliares.

Nesta sequência, o Projeto Projeções de Força de Trabalho e Ocupações para Brasil 2040 atua comprometido com a finalidade do desenvolvimento e aplicação, experimental, da metodologia de projeção de força de trabalho e de grupos ocupacionais no país para os próximos 15 anos em conformidade com a base longitudinal de Censos Demográficos e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, própria das Projeções Populacionais do IBGE e dos Cenários Prospectivos produzidos pelo Ministério do Planejamento e outros órgãos governamentais. Para isso, considera determinantes demográficos, condicionantes socioeconômicos, cenários de políticas públicas e impactos tecnológicos trazidos pela difusão da Inteligência Artificial (IA), capazes de estimar, por exemplo, tanto os públicos-alvo de Ensino Técnico, Educação Superior e Especialização Profissional como a antecipação de possíveis impactos da IA e das novas tecnologias sobre o mundo do trabalho no Brasil.

Resumidamente, o reposicionamento do IBGE, brevemente atestado pela breve descrição anterior, incorpora ainda mais o valor na cadeia construtiva do SINGED por meio da concretização do Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para Políticas Públicas Preditivas.

Com a recente transformação do IBGE em Instituição de Ciência e Tecnologia, reconhecida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) devido às suas atividades de ensino e pesquisa, o fortalecimento do instituto na produção do conhecimento e inovação técnica assumindo a condição de centro da referência nacional e mundial em pesquisa e desenvolvimento.

Após a sua concepção e longa preparação interna com profissionais do IBGE, a apresentação e discussão junto ao Conselho Diretor e fórum da alta administração representado pelos diretores, Superintendentes e Coordenadores, o Plano Nacional passa a se tornar realidade. Para tanto e concomitante com a recriação, após mais de duas décadas de abandono, do Conselho Técnico, agora contando com representantes da presidência da República, ministérios e da sociedade, o IBGE concede mais um passo fundamental no seu processo permanente de modernização institucional frente aos gigantescos desafios estabelecidos pela Era Digital.