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SINGED

SINGED e Integração de bases de dados públicos e privados pautam mesa da Conferência da Era Digital

Editoria: IBGE | Carmen Nery

29/07/2024 18h28 | Atualizado em 09/10/2024 13h42

Mesa debate riscos e oportunidades tecnológicas para o setor público e privado - Foto: Juliana Eulálio

A integração das bases de dados nacionais é uma necessidade urgente mas representa um grande desafio de infraestrutura e governança, debateram hoje os participantes da mesa Os riscos e oportunidades tecnológicas para o setor público e privado, realizada na tarde desta segunda-feira, 29, primeiro dia de discussões da Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados - Soberania Nacional em Geociências, Estatísticas e Dados: riscos e oportunidades do Brasil na Era Digital (CONFEST/CONFEGE).

O objetivo da Conferência é discutir os riscos e oportunidades que derivam da atual governança da Era Digital, e tratar da consolidação do Sistema Nacional de Geociências, Estatística e Dados (SINGED). A conferência vai até sexta-feira, 2, no Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e está sendo promovida pelo IBGE para debater e iniciar a articulação para a implementação do SINGED. Esta e as demais mesas da Conferência contam com transmissão online pelo IBGE Digital e ficam disponíveis para visualização na plataforma do Instituto.

Capela Ecumênica da UERJ recebe debate sobre a Era digital e suas interfaces com as instituições de Estado - Foto: Juliana Eulálio

A mesa foi moderada por Marcos Mazoni, diretor de Tecnologia da Informação do IBGE, que ressaltou a importância da governança de dados como garantia de soberania num momento em que vivemos a era do capitalismo de vigilância.

“Deixamos de ser clientes e passamos a ser os objetos de negócio de grandes empresas que capturam nossas informações e monitoram nossos comportamentos. Os algoritmos estão ganhando sua própria governança com a inteligência artificial generativa, mas há pessoas por trás que movimentam os motores da Inteligência Artificial (IA), e todo relacionamento social e político passa pelas redes sociais. Como oportunidades, temos a Economia Comum e a necessidade de se construir alternativas ao capitalismo de plataforma por meio de iniciativas como Open Goverment Partnership que visa a fazer um movimento de radicalização da democracia”, afirmou Mazoni.

Marcos Mazoni, diretor de Tecnologia da Informação do IBGE - Foto: Juliana Eulálio

Ele defendeu uma política de dados abertos tendo o governo no centro e cercado por pilares como ferramentas de participação – a exemplo da adotada pelo governo federal para o Plano Plurianual Participativo, além dos pilares de transparência e inovação.

Público lota Capela Ecumênica no primeiro dia da Conferência da Era Digital - Foto: Juliana Eulálio

Entre outros participantes da mesa, estiveram presentes os presidentes do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Alexandre Amorim, e da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Rodrigo Assumpção, duas empresas que hoje são responsáveis por algumas das maiores bases de dados do país. Amorim destacou que é preciso desmontar os silos e reconheceu que, muitas vezes, para muitos órgãos, o dado representa poder.

“É preciso criar essa capacidade de diálogo para reconstruir o Brasil. Temos trabalhado no Serpro com a Secretaria de Governo Digital. A Reforma tributária é um exemplo de como o Serpro vem abrindo os dados para estados e municípios”, informou Amorim.

Alexandre Amorim, presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados / Serpro - Foto: Juliana Eulálio

Rodrigo Assumpção, da Dataprev, apresentou cases de como a gestão dos dados pela Dataprev tem ajudado na mitigação de crises climáticas como a seca no Amazonas, os incêndios no Pantanal e as inundações no Rio Grande do Sul, em que a empresa viabilizou a disponibilização de 12 tipos de benefícios. Ele lembrou que a empresa tem três datacenters e 42 bilhões de registros em suas bases de dado e fornece mais de 400 serviços previdenciários com mais de 100 milhões de acessos a serviços digitais por mês. “O que discutimos hoje é como preparamos nosso futuro. Estamos muito envolvidos no Programa de Qualificação de Dados e Benefícios”, completou Assumpção.

Rodrigo Assumpção, presidente da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência / Dataprev - Foto: Juliana Eulálio

Entre os representantes dos usuários de dados, Danilo Cabral, superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Alexandre Ribeiro Motta, presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Marcos Falcão, gerente-executivo do Banco do Nordeste do Brasil, ressaltaram o papel estruturante e a importância dos dados do IBGE em suas operações.

“Saúdo ao IBGE e esta iniciativa, é sempre muito bom estarmos uma semana inteira dedicados a discutir dados, informações, espaço geográfico, território e políticas públicas. O Banco do Nordeste nasceu com o DNA de estar bastante preocupado com redução das desigualdades regionais. Estamos em 2073 municípios que compõem nossa área de atuação, abrigando 28% da população brasileira e precisamos dos dados do IBGE”, afirmou Falcão.

Marcos Falcão, gerente-executivo do Banco do Nordeste - Foto: Juliana Eulálio

Para Cabral, da Sudene, a discussão proposta pelo IBGE representa um marco importante para o reposicionamento do papel do Estado. A Sudene atura numa área 1,8 mil km2 onde vivem 60 milhões de brasileiros e que representa 13,5% do Produto Interno Bruto. O papel da Sudene é fomentar o desenvolvimento regional e para isso conta com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste, com R$ 44 bilhões, principal instrumento financeiro da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) para a Região e um dos pilares do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste.

“Atendemos a 2074 municípios e há muito a ser feito na área de inovação. Por isso buscamos essa parceria com o IBGE para a formulação de políticas que precisam de dados. O mundo está buscando energia para instalar datacenters. O Nordeste tem energia limpa”, afirmou Cabral.

Danilo Cabral, superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste / SUDENE - Foto: Juliana Eulálio

A Funasa defendeu a necessidade de ampliar a discussão do saneamento para a área rural, onde se encontra a maior parte das 4.914 cidades atendidas pelo órgão, que é voltado para a elaboração de políticas públicas na área de saneamento para municípios de até 50 mil habitantes, 85% das cidades brasileiras. “Estas cidades são as que mais têm necessidade de apoio e recursos técnicos. Os dados do IBGE são agregados, e divididos entre urbanos e rural, e analisando os dados agregados demos um salto, é fato, mas este salto é muito maior no saneamento urbano do que no rural. Precisamos cada vez mais de dados agregados para entender a cada vez mais a realidade do saneamento rural brasileiro e, portanto, atacar essa questão, o reforço de todo o sistema de produção de informação e dados estatísticos no Brasil para nós é vital”, afirmou Mota.

Alexandre Ribeiro Mota, presidente da Fundação Nacional de Saúde / FUNASA - Foto: Juliana Eulálio

“Passado apenas um ano e meio de governo, temos um grande desafio. Dentro da questão de soberania de dados é importante o papel do Serpro e da Dataprev, mas as orientações do governo anterior eram divergentes e previam as privatizações das duas empresas, o que nós discordamos pelo diálogo que elas conseguem fazer com o mercado”, afirmou Rogério Mascarenhas - Secretário de Governo Digital do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Rogério Mascarenhas, Secretário de Governo Digital do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos - Foto: Juliana Eulálio

As empresas de tecnologia presentes ressaltaram suas contribuições para o desenvolvimento, transformação e inclusão digitais e criação de empregos. Vicente Moliterno, diretor de vendas para o setor público da Dell Technologies, ressaltou que a empresa está há 25 anos no país e tem uma fábrica no interior de São Paulo onde é produzido 98 por cento do que ela vende no país. “Acredito que são necessários cincos eixos para a transformação digital: geração de emprego, educação digital, aumento da arrecadação, cybersegurança, e experiência do cidadão, no que o Brasil tem avançado em iniciativas como Gov.br e o Pix”, ressaltou Moliterno.

Vicente Moliterno, diretor de vendas para o setor público da Dell Technologies - Foto: Juliana Eulálio

Também há 25 anos no país, a SAP opera a partir de São Paulo e mantém um centro de pesquisa e desenvolvimento em São Leopoldo (RS). Matheus Souza, Chief Innovation Officer para a SAP América Latina e Caribe (LAC), disse que há inúmeras oportunidades com a inteligência artificial, citando previsões de aumento de 14% no PIB mundial até 2030. “A computação em nuvem vai maximizar os benefícios da IA e para o setor privado a nuvem vai trazer agilidade e competitividade”, completou Souza que apresentou cases de empresas como a Petrobras que vêm se beneficiando do uso de inteligência artificial.

Matheus Souza, Chief Innovation Officer para a SAP América Latina e Caribe (LAC) - Foto: Juliana Eulálio

De forma remota, Felipe Daud, diretor de Relações Governamentais da Alibaba e Ronan Damasco, diretor nacional de Tecnologia da Microsoft ressaltaram os avanços que podem ser obtidos por meio da tecnologia. “Por meio da digitalização se desenvolveu o meio rural na China com treinamento de capacitação de produtores em marketing e comércio eletrônico, o que pôde ser comprovado em recente visita de delegação brasileira e do ministro do desenvolvimento agrário”, contou Daud, informando que a empresa também vem utilizando inteligência artificial para melhoria dos processos de e-commerce.

Felipe Daud, diretor de Relações Governamentais da Alibaba - Foto: André Martins

Damasco, da Microsoft lembrou a grande explosão do volume de dados com o surgimento da internet e prevê que, da mesma forma, a IA vai representar uma nova era. “A IA está em todos os aplicativos e sites. Há dois anos, o lançamento da IA Generativa foi a tecnologia de mais rápida adoção, 100 milhões de usuários em 2 meses. A Microsoft fez parceria com a Open IA e tem investidos alguns bilhões de dólares porque acredita numa nova maneira de interagir com a tecnologia por meio de agentes ou copilotos. No futuro haverá uma integração de IA, copilotos e metaverso”, conclui Damasco.

Ronan Damasco, diretor nacional de Tecnologia da Microsoft - Foto: Juliana Eulálio

Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados

Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Data: 29 de julho a 2 de agosto
Transmissão: IBGE Digital (ibge.gov.br) e Webex, para participantes inscritos
Inscrições: Loja IBGE
Informações: Site Conferência (eventos.ibge.gov.br/conferencia-soberania-nacional)
Documento para o debate: (eventos.ibge.gov.br/conferencia-soberania-nacional/documento-para-o-dialogo)