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PAIC

Em 2022, ocupação na indústria da construção cresce 4,4% e serviços especializados ganham participação no valor de obras do setor

Editoria: Estatísticas Econômicas | Carmen Nery e Igor Ferreira | Arte: Helga Szpiz

29/05/2024 10h00 | Atualizado em 29/05/2024 10h29

  • Destaques

  • Em 2022, o país tinha 174,7 mil empresas de construção, que empregavam 2,3 milhões de pessoas. Frente a 2021, o número de empresas cresceu 17,9%, maior variação desde 2013, e o número de pessoal ocupado, aumentou 4,4%.
  • O valor gerado em incorporações, obras e/ou serviços da construção pelo setor de construção, em termos nominais, chegou a R$439,0 bilhões, sendo R$415,6 bilhões em obras e/ou serviços e R$23,5 bilhões em incorporações.
  • Dos R$415,6 bilhões em obras e serviços, 69,8% foram provenientes de contratações por pessoas físicas e/ou entidades privadas (R$290,1 bilhões) e o restante (R$125,5 bilhões) por entidades públicas.
  • Em 2022, após quatro anos seguidos de queda, o setor público registrou um aumento de 4,1 p.p. de participação como demandante no valor total de obras. Mas em dez anos perdeu espaço, passando de 33,7% de participação em 2013, para 30,2% em 2022, com destaque para Obras de infraestrutura, que perdeu 4,4 p.p. no período.
  • Em termos nominais, o valor de obras dos três segmentos foram: Construção de edifícios com R$186,1 bilhões em valor gerado (42,4%); Obras de infraestrutura com R$147,8 bilhões (33,7%); e Serviços especializados para construção com R$105,1 bilhões (23,9%).
  • Em dez anos, o setor de construção perdeu 650,4 mil postos de trabalho (-21,9%), devido principalmente à queda nos postos de trabalho na Construção de edifícios, que reduziu 367,9 mil pessoas ocupadas (-29,9%).
  • Em relação ao período pré-pandemia, o setor da construção aumentou a empregabilidade em todos os anos desde 2019, acumulando um aumento de 411,6 mil pessoas, o que corresponde a 21,6% de crescimento.
  • O total de salários, retiradas e outras remunerações pagos pela Construção foi de 79,6 bilhões, com destaque para o setor de Obras e infraestrutura, com 35,1% desse valor.
  • O salário médio mensal da Construção ficou em 2,2 salários mínimos, ligeira recuperação frente a 2021 (2,1 s.m.).
Serviços especializados para construção cresceu 6,5 pontos percentuais desde 2013 - Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

A indústria da Construção gerou R$439,0 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços em 2022, sendo R$415,6 bilhões em obras e/ou serviços e R$23,5 bilhões em incorporações. Em 2022, o país tinha 174,7 mil empresas de construção, que empregavam 2,3 milhões de pessoas. Frente a 2021, o número de empresas cresceu 17,9%, maior variação desde 2013, e o de pessoal ocupado, 4,4%. Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC 2022, divulgada hoje, 29, pelo IBGE.

O analista da pesquisa, Marcelo Miranda, destaca os principais pontos do cenário macroeconômico em 2022, ano em que a conjuntura econômica brasileira foi marcada por uma série de desafios e turbulências. A pandemia de Covid-19 continuou a exercer impactos significativos, tanto no aspecto da saúde pública quanto na economia. Apesar de avanços em termos de vacinação e medidas de contenção, o país ainda enfrentava incertezas quanto à recuperação plena de diversos setores.

“A indústria da construção desempenhou um papel crucial nesse cenário. Com a retomada gradual das atividades econômicas e a demanda por moradia permanecendo estável, o segmento se mostrou resiliente, contribuindo para a geração de empregos e o impulsionamento de outros setores relacionados, como o de materiais de construção e o de infraestrutura. No entanto, desafios persistentes, como a inflação elevada e a volatilidade dos preços de insumos, afetaram a cadeia produtiva da construção. O aumento dos preços de materiais, como aço, cimento e madeira, pressionou os custos de construção, tornando projetos mais caros e impactando os consumidores finais”, analisa Miranda.

Diante desse cenário, medidas de incentivo e políticas públicas voltadas para a construção civil tiveram papel relevante. Investimentos em infraestrutura, programas habitacionais e incentivos fiscais contribuíram para estimular o setor, impulsionando o crescimento econômico. “Assim, em 2022, a ligação entre a conjuntura econômica brasileira e o setor da construção ficaram evidenciados por políticas integradas e estratégias que visavam ao fortalecimento do mercado imobiliário e da infraestrutura nacional”, completa o analista da pesquisa.

Serviços especializados para construção cresceu 6,5 pontos percentuais desde 2013

Em 2022, a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) mostrou que Construção de edifícios, apesar da perda de participação (0,8 p.p.) no valor de incorporações, obras e/ou serviços em dez anos, continuou sendo o segmento mais importante do setor, com 42,4% do valor total (R$186,1 bilhões). O segmento também teve o maior número de pessoas ocupadas (862,8 mil) e foi o segundo segmento em pagamento de salários, retiradas e outras remunerações (R$26,9 bilhões).

Obras de infraestrutura foi o segundo em valor de obras e serviços, com 33,7% (R$147,8 bilhões), mas perdeu 5,7 p.p. de participação em dez anos. O segmento ocupou 684,7 mil pessoas e pagou R$28,0 bilhões em salários retiradas e outras remunerações, o maior valor da indústria da construção.

Já o segmento de Serviços especializados para construção, embora seja o terceiro em valor de obras e serviços, com 23,9% de participação (R$105,1 bilhões), cresceu 6,5 p.p. desde 2013, e assumiu a segunda posição em número de pessoas ocupadas (770,3 mil pessoas), pagando R$24,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

“Desde o início da série histórica, Serviços especializados para construção foi o segmento que obteve os maiores ganhos (absolutos e percentuais) em pessoal ocupado, com aumento de 441,6 mil pessoas ou 134,4%”, destaca Miranda.

Em dez anos, indústria da construção perdeu 21,9% dos postos de trabalho

A PAIC 2022 mostra que as empresas da construção empregavam 2,3 milhões de pessoas, uma redução de 21,9% (-650,4 mil pessoas ocupadas) frente a 2013. Ao longo dos dez anos analisados, a ocupação nos três segmentos teve mudanças significativas. Apesar da redução de participação no pessoal ocupado de 4,3 p.p. no segmento de Construção de edifícios, ele se manteve como o principal empregador do setor da indústria da construção em 2022. O segmento de Obras de infraestrutura caiu do segundo para o terceiro lugar, com redução 2,9 p.p., ficando atrás de Serviços especializados para construção, que ganhou posição ampliando a participação no número de pessoas ocupadas em 7,1 p.p.

De 2021 para 2022, número de pessoas ocupadas na construção cresceu 4,4%

Em relação à 2021, o montante de 2,3 milhões de pessoas ocupadas representou uma alta de 4,4% (98,6 mil trabalhadores a mais), impulsionada, em termos absolutos, principalmente pelo segmento de Construção de edifícios, com aumento de 45,1 mil pessoas ocupadas. Houve ganhos nos três segmentos: Construção de edifícios cresceu 5,5%; obras de infraestrutura, 5,6% e Serviços especializados para construção obteve um incremento de 2,3%.

Em relação ao período pré-pandemia, o setor da construção aumentou a empregabilidade em todos os anos desde 2019, acumulando um aumento de 411,6 mil pessoas, o que corresponde a 21,6% de crescimento.

Em termos de valor da remuneração, medida por salários mínimos (s.m.), Obras de infraestrutura foi o que pagou o maior salário (2,6 s.m.), acima do salário médio de 2,2, s.m. e dos salários pagos pelos segmentos de Construção de edifícios e Serviços especializados para construção, ambos com 2,0 s.m.

Setor privado é o principal demandante de obras e serviços da construção

Entre as mudanças estruturais na indústria da construção, está o crescimento da participação do setor privado como demandante de obras e/ou serviços da construção, chegando a 69,8% do valor total de obras e serviços. A participação do setor público (30,2%) como demandante caiu 3,5 p.p. entre 2013 e 2022. Obras de infraestrutura liderou esse movimento (-4,4 p.p.) enquanto a participação em Construção de edifícios e Serviços especializados para construção ficaram praticamente estáveis nos 10 anos.

“Na comparação anual, após quatro anos seguidos de queda, verificou-se uma alta de 4,1 p.p. na participação do setor público como demandante em 2022. Os três segmentos contribuíram para isso, com Construção de edifícios, Obras de infraestrutura e de Serviços especializados para construção aumentando suas participações, entre 2021 e 2022, em 3,3 p.p., 6,2 p.p. e 0,9 p.p., respectivamente”, ressalta o analista da PAIC.

Concentração cai à menor taxa da série histórica

Em 2013, as oito maiores empresas representavam 10,1% do valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção, percentual que caiu para 3,5% em 2022. Essa redução do indicador R8 foi influenciada principalmente pela queda deste indicador em Obras de infraestrutura, que também obteve o menor valor da série histórica em 2022, com 6,8%, o que corresponde a uma diminuição de 18,8 p.p. em 10 anos.

No segmento de Construção de edifícios, houve ligeira variação positiva de 6,8% para 6,9% em dez anos. Em contrapartida, o segmento de Serviços especializados para construção apresentou aumento na concentração, passando de 4,8% em 2013 para 6,0% em 2022.

Construção de edifícios foi o segmento com maior valor de obras na maioria das UFs

Quanto à estrutura da indústria da construção nas grandes regiões do país, Construção de edifícios foi o principal segmento em 16 unidades da federação, enquanto Obras de infraestrutura predominou nas outras 11.

O Sudeste, em 2022, mais uma vez, teve a maior participação no valor de obras e serviços, apesar da redução na participação ao longo dos últimos dez anos, de 52,3% para 49,5%.

Entre 2013 e 2022, a Região Sul apresentou o maior aumento de participação no valor total de obras e serviços, de 4,5 p.p., alcançando 16,7%. Apesar dessa elevação, figurou como a terceira região do país. A Região Nordeste se manteve com o segundo lugar no ranking regional, apesar da queda de 1,1 p.p. em dez anos, atingindo 18,3% de participação no valor total de obras e serviços. Centro-Oeste e Norte também mantiveram suas posições, embora tenha sido observado um aumento de 0,4 p.p. na participação do Centro-Oeste e uma redução de 0,9 p.p. na Região Norte, que fecharam suas participações em 9,5% e 6,1% do valor total de obras e serviços, respectivamente.

Sudeste concentra quase metade do pessoal ocupado na construção

Em relação ao pessoal ocupado nas empresas da construção por grandes regiões, não houve mudanças significativas. O Sudeste (49,9%) continuou sendo o maior empregador, seguido pelo Nordeste (19,7%), Sul (15,8%), Centro-Oeste (8,8%) e Norte (5,7%). As regiões Sul e Sudeste apresentaram aumento expressivo de participação no resultado nacional, crescendo, respectivamente, 2,6 p.p. e 2,5 p.p. nos últimos dez anos. Centro-Oeste cresceu 0,2 p.p., enquanto o Nordeste perdeu 3,5 p.p. e o Norte perdeu 1,9 p.p. no período.

São Paulo permaneceu na liderança nacional em valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção

Após perder 10,0 p.p. de 2013 a 2022, o Rio de Janeiro (14,2%) caiu para a terceira posição entre os estados mais relevantes do Sudeste em valor de obras e serviços. Minas Gerais passou a ocupar a vice-liderança, atingindo 26,7% de participação, um incremento de 7,9 p.p. no mesmo período. A maior participação em níveis regional e nacional segue com São Paulo, que encerrou 2022 com 55,2% de participação na Região Sudeste, um aumento de 1,7 p.p. desde 2013.

“De 2013 para 2022, São Paulo continuou sendo a principal unidade da federação em valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção. O Rio de Janeiro perdeu a segunda colocação para Minas Gerais. Chama atenção a queda de Pernambuco (da 5ª para a 11ª posição), juntamente com a ascensão do Paraná (da 7ª para a 4ª posição) e de Santa Catarina (da 10ª para a 7ª posição)”, observa o analista da pesquisa.

Anteriormente em primeiro lugar no ranking da Região Sul, o Rio Grande do Sul (31,7%) viu sua participação diminuir 7,5 p.p., perdendo a liderança para o Paraná, com uma fatia de 38,2% do valor total de incorporações, obras e/ou serviços da construção. Enquanto isso, Santa Catarina (30,1%), mesmo com um aumento de 5,0 p.p. ao longo do mesmo período, permaneceu na terceira posição.

Mais sobre a pesquisa

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) constitui uma importante fonte de informações estatísticas sobre o segmento empresarial da indústria da construção no Brasil. As principais variáveis cobertas pela pesquisa são: emprego e salários; receita, custos e despesas; valor das incorporações, das obras e/ou serviços da construção; tipos de obras e/ou serviços da construção; produtos da construção. A PAIC traz dados para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação.