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Censo 2022

Em comunidade quilombola, IBGE divulga recortes de sexo e idade para a população indígena e quilombola em Paraty (RJ)

Editoria: IBGE | Breno Siqueira

03/05/2024 18h00 | Atualizado em 06/05/2024 17h48

Equipe técnica do IBGE apresenta recortes de sexo e idade da população indígena e quilombola

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 3, os resultados do “Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos: Resultados do universo”, na Comunidade Quilombola Campinho da Independência, na cidade de Paraty (RJ). Mais de 80 pessoas acompanharam a divulgação presencialmente, em evento com transmissão online no IBGE Digital e nas redes sociais do Instituto.

O evento teve início com a composição da mesa técnica, que fez a apresentação dos dados de sexo e idade da população indígena e quilombola, pelo Gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas,  da Coordenação de Estruturas  Territoriais, da Diretoria de Geociências (DGC), Fernando Damasco, e pela Responsável Técnica pelo Projeto Técnico de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes.

Representando o presidente Marcio Pochmann, o Superintendente do IBGE no Rio de Janeiro, José Francisco Lopes destacou que a “Superintendência teve apoio de todos os grupos do município de Paraty, e nosso papel é realizar o trabalho de campo para os insumos em divulgações como essa, e é gratificante ver os resultados agora. Os dados produzidos auxiliam os gestores no desenvolvimento de políticas públicas, seja da esfera federal, estadual ou municipal”, disse Lopes.

A coordenadora-geral do Ministério de Igualdade Racial, Eloá Moraes, lembrou o papel dos gestores públicos em acompanhar os dados publicados pelo IBGE. “É significativo trazer o Governo Federal para este território. Temos a prerrogativa de estar presente nos territórios para fortalecer as instituições, e é ótimo receber este tipo de divulgação aqui”, afirmou Eloá.

Coordenadora-geral do Ministério de Igualdade Racial, Eloá Moraes, destacou o papel que os gestores públicos possuem de acompanhar estes dados publicados pelo IBGE

Deputada estadual do Rio de Janeiro, Lúcia Marina dos Santos, ressaltou que “este trabalho desenvolvido pelo IBGE não só para quilombolas e indígenas, mas para todo o Brasil. Isto é tão importante para termos acesso a estes dados e reconhecer os primeiros povos do nosso país e agora são tão invisíveis perante a sociedade. Nosso país precisa valorizar construindo políticas públicas que cheguem ao território”.

Prefeito de Paraty, Luciano Vidal frisou as informações do IBGE e como elas ilustram o crescimento do município. “Utilizamos muito os dados do IBGE para a realização das políticas públicas em nossa cidade, ao povo caiçara, a nossa juventude. Valorizamos todos os grupos étnicos de Paraty e isso inclui as comunidades quilombolas da nossa cidade. O IBGE apresentou que a cidade de Paraty cresceu 20% e foi a que mais cresceu do sul fluminense, isso é um retrato das nossas políticas públicas no município”, disse Vidal.

Prefeito de Paraty, Luciano Vidal destacou as informações do IBGE e como elas ilustram o crescimento do município

Presidente do Olodum, Marcelo da Cruz agradeceu o trabalho do Instituto em rodar todo o país com estas divulgações. “O IBGE faz aquilo que diz na música de Milton Nascimento: o artista precisa ir até onde o povo está. Em todo o território brasileiro, o Instituto vai dialogar com os atores sociais locais, com os agentes públicos e com a população em geral para mostrar aquilo que ele está fazendo. Uma coisa são os dados frios, publicados em livros, outra coisa é eles estarem conosco mostrando o que está sendo feito”, disse o presidente do Olodum.

A liderança da Aldeia Rio Bonito, Iranildes Kekexu, mostrou ser “gratificante mapear as comunidades quilombolas e os territórios indígenas. Projetos e políticas públicas são fornecidas a partir deste Censo, não só pela esfera federal, mas também estadual e municipal. Os indígenas precisam de educação especial, saúde e estrutura e estamos na luta para que a lei seja atendida.

A presidente da Associação de Moradores e Amigos do Quilombo (AMOQ), Daniele Elias Santos, ressaltou como é “importante termos estes dados para a formulação das políticas pública, precisamos da criação da lei para conseguirmos contabilizar a população caiçara”.

Elizabeth Hypólito, diretora de Pesquisas do IBGE, citou que “a missão do IBGE é retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania. E para cumprir esta missão, produzimos vários dados estatísticos e geocientíficos, como os deste Censo, muito importante para trazermos dados e informações municipais, mas também de populações quilombolas e indígenas, que não podemos contabilizar por amostrar. Este censo inovou na captação de indígenas e pela primeira vez trouxe infos da população quilombola. É importante para auxiliar as políticas públicas a esta população e dar visibilidade a estes grupos étnicos”.

Elizabeth Hypólito, diretora de Pesquisas do IBGE, citou que a missão do IBGE é retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania

Ivone Lopes Batista, Diretora de Geociências do Instituto destacou ser “importante pensarmos nas possibilidades que o Censo 2022 trouxe com relação às diversidades da população e nosso território. É essencial trazer conhecimento e as características destes povos diversos do nosso país, para a formulação de políticas públicas a cada um destes povos, como crianças, idosos e mulheres”.

Ivone Lopes Batista, Diretora de Geociências do Instituto destacou ser importante pensarmos nas possibilidades que o Censo 2022 trouxe com relação às diversidades da população e nosso território

Gustavo Junger, coordenador do Censo 2022, ressaltou os resultados do Censo e o trabalho realizado. É a primeira divulgação da população quilombola e a segunda dos indígenas. “Foram décadas de demandas sobre estes povos tradicionais como quilombolas e indígenas. Para a população indigena podemos comparar com os dados de 2010, quando houve o primeiro Censo, enquanto sobre a população quilombola esta é a primeira edição dos dados. Hoje publicamos os recortes de sexo e idade, mas nas próximas divulgações temos demais recortes”, destacou Junger.

Gustavo Junger, coordenador do Censo 2022, ressaltou os resultados do Censo e o trabalho realizado

Liderança do Povo Caiçara da Praia do Sono, Marcela Cananeia, destacou que os “povos e comunidades tradicionais possuem uma política que dá direito a políticas públicas diferenciadas. Estes dados fortalecem os povos tradicionais, não só o caiçara, mas todos os 28 povos, para ilustrar nossas necessidades. Nossa luta é diária e não pode ser feita apenas dentro dos territórios indígenas, mas também dentro do território. O IBGE é fundamental nisto para mostrar quanto somos, como somos e a maneira que vivemos”.

Realizada em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, a divulgação contou também com a presença do coordenador-Geral do Gestão Estratégica da Funai, Artur Nobre Mendes, além de demais gestores públicos, ibgeanos e moradores do quilombo.

Técnicos apresentam os recortes de sexo e idade das populações indígena e quilombola

A equipe técnica apresentou os dados ao público presente na comunidade quilombola e a quem estava acompanhando na transmissão remota via IBGE Digital e redes sociais do Instituto. Marta Antunes, Responsável Técnica pelo Projeto Técnico de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, iniciou relembrando dados publicados desde julho do ano passado, com população e separação por regiões. Marta apresentou dados das pirâmides etárias, perfil etário, grupos de idade e perfil do sexo das populações indígena e quilombola. “A publicação traz uma atualização do perfil demográfico dessa população em relação ao Censo 2010. Esses dados são importantes para subsidiar as políticas educacionais indígenas, que têm uma política de educação diferenciada, assim como políticas de saúde, como vacinação de crianças, e assistência, que dependem desse recorte de faixa etária e sexo”, disse Marta. 

Marta Antunes apresentou dados das pirâmides etárias, perfil etário, grupos de idade e perfil do sexo das populações indígena e quilombola

Fernando Damasco, Gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, da Coordenação de Estruturas Territoriais, da Diretória de Geociências (DGC)., apresentou o cartograma com índice de envelhecimento das pessoas quilombolas por municípios, que estão disponíveis na PGI - Plataforma Geográfica Interativa para acesso dos usuários. Como exemplo, Damasco mostrou o índice de envelhecimento indígenas e quilombolas em Paraty. “Um exemplo é que na população indígena que reside em Terras Indígenas, percebe-se que há uma estrutura etária mais jovem e uma redução do peso da população idosa indígena tanto quando comparado com o total da população indígena quanto com a população total do país”, destacou Damasco.

Fernando Damasco apresentou o cartograma com índice de envelhecimento das pessoas quilombolas por municípios, que estão disponíveis na PGI

A equipe técnica também ressaltou a baixa idade da população quilombola. Quase metade (48,4%) tem 29 anos de idade ou menos, enquanto 13,03% tem 60 anos ou mais. Na população indígena, o perfil é similar, com 56,1% da população com 29 anos ou menos e 10,65% com 60 anos ou mais.

Analista censitário indígena esteve presente na divulgação em Paraty (RJ)

O indígena Tupã Mirim trabalhou no Censo 2022 e trabalhou na cidade de Ubatuba (SP), junto com a população caiçara e indígena. “Todo mundo na aldeia perguntou o que eu estava fazendo e por eu ser indígena, eles ficaram mais tranquilos, o que tornou meu trabalho mais fácil. Eles ficavam preocupados em sofrer preconceitos e julgamentos”, disse o analista censitário.

Agora em Paraty acompanhando a divulgação, ele cita o sentimento em acompanhar a divulgação a qual ele contribuiu. “É gratificante, não sabia que eram tantos jovens e poucos idosos nestas comunidades. Nos nossos antepassados, os mais velhos cuidavam dos mais jovens e agora notamos o inverso”, completou Tupã Mirim.

Os dados do Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos: Resultados do universo estão disponíveis no site do IBGE: www.ibge.gov.br

A transmissão do evento está disponível na íntegra no Portal e nas redes sociais do IBGE.