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Experiência internacional

IV Encontro Nacional de Censitários trouxe presidente do INE de Portugal

Editoria: IBGE

27/09/2021 10h50 | Atualizado em 01/10/2021 14h35

 

#pracegover a foto mostra o rosto do presidente do Instituto de Estatística de Portugal fazendo uma palestra, em videoconferência
Francisco Lima falou do Censo português por videoconferência - Reprodução

O IBGE realizou na quinta-feira (23) o IV Encontro de Censitários com a participação do presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, Francisco Lima, que detalhou, por videoconferência, como foi a realização do Censo no país este ano. O presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, também participou do encontro online e destacou a característica do IBGE de estar sempre acompanhando as experiências internacionais.

Francisco Lima foi convidado pelo diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. O Encontro Nacional dos Censitários faz parte das preparações para a realização do Censo brasileiro, previsto para junho de 2022. Lima gostou da iniciativa e aprovou com entusiasmo os testes que estão sendo realizados na Ilha de Paquetá (RJ), bem como os que estão previstos em outras 27 localidades, nos 26 estados e no Distrito Federal. Ele se disse convencido de que a ideia de “testar, testar e testar” é fundamental nesse tipo de operação.

O presidente do INE de Portugal ofereceu à audiência uma ampla, profunda e dedicada apresentação sobre os desafios de realizar a coleta de dados num contexto de pandemia e como obteve 99,3% dos questionários preenchidos pela internet. “Em 2011, no último Censo, já tínhamos obtido uma boa taxa de respostas pela internet, cerca de 50%. Já este ano, nossas estimativas, na melhor das hipóteses, era uma taxa de 80%. Mas superamos isso, com quase 100% de respostas pela internet”, comemorou Francisco Lima, ressaltando que a operação foi possível graças ao avanço da vacinação e a redução de internações por Covid-19.

O censo português já estava previsto para 2021 e custou 40 milhões de euros. A fase de coleta aconteceu entre 5 de abril e 31 de maio e contou com a participação empenhada da população, o que permitiu a conclusão da maior parte dos trabalhos em seis semanas. Cerca de 15 mil profissionais foram envolvidos na operação, sendo 11 mil recenseadores, que foram contratados temporariamente e treinados de forma presencial e online, seguindo protocolos rígidos de saúde.

Diversos dispositivos de acesso

Na primeira fase da coleta, entre 5 e 19 de abril, os recenseadores distribuíram 6,2 milhões de cartas para resposta ao Censo pela internet. Para preenchimento, o morador acessava o site do censo, digitava um código e uma senha disponíveis na carta, e respondia as perguntas do questionário online. A página na internet foi construída para se adaptar a qualquer dispositivo, seja computador, tablet ou celular.

Também foi oferecido o preenchimento através da tradicional entrevista realizada pelos recenseadores, que usaram os seus próprios celulares, com um aplicativo desenvolvido pelo INE, para coleta das informações.

Os portugueses com dificuldades de acesso à internet puderam recorrer aos ‘eBalcões’, que funcionavam em locais cedidos pelo poder público da região, para preenchimento do questionário online com o auxílio de uma pessoa treinada. Também foi possível responder ao Censo por telefone e, em último caso, por questionários em papel.

Segundo Francisco Lima, em duas semanas, 90% da população portuguesa (9,4 milhões de pessoas) responderam ao questionário pela internet. Aqueles que não preencheram até 3 de maio foram contatados por recenseadores, que oferecem nova tentativa pela internet ou por questionários em papel. Devido à grande adesão, a coleta de dados do Censo foi concluída antes do previsto.

Dos 99,3% de respostas digitais, o meio mais utilizado pelos portugueses foi o preenchimento pelo site (87,5%), seguido das entrevistas feitas pelo recenseador (7,7%) e preenchimento dos questionários nos ‘eBalcões’ (4,1%). O restante optou por preencher os questionários por telefone (0,4%) e por questionários em papel (0,3%).

Mobilização e parcerias junto à sociedade

Menos de quatro meses após o fim da coleta, em julho, o INE divulgou os resultados preliminares do Censo, que mostrou que a população de Portugal reduziu 2,0% em dez anos, totalizando 10,3 milhões de pessoas em 2021. O instituto português de estatísticas disponibilizou uma plataforma online para acesso desses primeiros resultados. Segundo Francisco Lima, os resultados definitivos serão liberados até o quarto trimestre de 2022.

Além do planejamento e dos testes realizados previamente, Francisco Lima atribui o sucesso da operação ao plano de comunicação que mobilizou a população a responder ao Censo pela internet, esclarecendo a importância da operação, os protocolos de segurança sanitária e a confidencialidade dos dados. Para isso, o INE envolveu diversos setores da sociedade, como governo, empresas, associações sem fins lucrativos, escolas e veículos de comunicação.

Francisco Lima disse que a resposta expressiva pela internet contribuiu decisivamente para que a operação decorresse com qualidade, tranquilidade e segurança. Ele reconhece, contudo, que o disseminado acesso à internet, assim como as características sociais e territoriais do país, foram fundamentais para que quase a totalidade da população optasse pelas respostas online.

“Obviamente, não podemos comparar com o Brasil, que é um país continental, com características territoriais e socioeconômicas diferentes das nossas. Mas o sucesso da operação é inseparável do elevado nível de adesão por parte dos cidadãos, o qual, por sua vez, resultou do enorme empenho de todos os que apoiaram, divulgaram e participaram do Censo”, afirmou o presidente do INE. A adesão, o empenho e a divulgação, segundo ele, não vieram de recursos destinados à publicidade ou propaganda. "Para isso, nós tivemos apenas 5% do orçamento total. O que contou mesmo foi a forte mobilização do Instituto junto a parceiros estratégicos e à sociedade em geral".

Para o futuro do Censo, o instituto português já trabalha no desenvolvimento de uma estrutura nacional de dados com a integração de fontes administrativas (aqui chamados registros administrativos). O INE pretende investir no uso intensivo de dados, com a aplicação de novas técnicas de extração de informação, reduzindo custos e aumentando a frequência de informações para maior retorno à sociedade.

IBGE atento às experiências internacionais

Eduardo Rios Neto, presidente do IBGE, também participou do encontro online com o presidente do INE e destacou que o IBGE está sempre atento às experiências internacionais. No Brasil, o Censo Demográfico, que vai a campo em todo o país a partir junho de 2022, está na fase de testes de abordagem e de equipamentos na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

“A coleta de dados pela internet é o futuro. No IBGE, estamos utilizando um modelo híbrido, de coleta presencial, por telefone e pela internet, devido às adversidades do Brasil. Esperamos que nossa taxa de resposta pela internet cresça em 2022. Acredito que essa é uma tendência ao redor do mundo”, afirmou Rios Neto.

O projeto do Censo no Brasil foi aperfeiçoado e está baseado num modelo misto e concomitante de coleta de dados em três modalidades: a tradicional entrevista face a face, a entrevista telefônica e o autopreenchimento via internet. Outro pilar é a saúde e a segurança de recenseadores e servidores do IBGE, e da população recenseada, com protocolos sanitários que levam em conta as melhores práticas nacionais e internacionais.

Além disso, a operação contará com mecanismos modernos de acompanhamento para a melhor cobertura e qualidade da operação censitária: um de indicadores demográficos, monitorados diariamente durante a fase de enumeração, e o projeto GradePop, destinado a estimar a densidade domiciliar nos setores censitários durante as fases de pré-coleta, coleta e pós-enumeração.