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Observadores de países latino-americanos acompanham coleta do Censo Agro

Editoria: IBGE

06/12/2017 15h00 | Atualizado em 24/01/2019 11h02

Representantes de institutos de estatística de nove países da América Latina e Caribe estão participando, desde segunda-feira (4/12), da Visita Técnica Internacional de Observação do Censo Agropecuário no Brasil, em Maringá (PR). Durante o evento, que vai até o dia 7, os observadores estão conhecendo os detalhes da operação censitária e acompanhando os recenseadores em campo para compreender como funciona a parte operacional do Censo Agro 2017. Após a visita, os estrangeiros farão uma avaliação da pesquisa.

“Esse encontro é importante para divulgar nossa tecnologia, mostrar como estamos trabalhando e para recebermos a avaliação dos outros países. É uma troca de experiências e uma chancela de outros órgãos de estatística, mostrando que o que a gente está fazendo é muito bom”, afirma Antônio Florido, gerente técnico do Censo Agropecuário.


Antônio Florido, gerente técnico do Censo Agro, explicou a metodologia da pesquisa

Participam da visita especialistas da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai e Peru, que elogiaram a estrutura censitária brasileira, reconhecida desde os esforços no planejamento até a eficiência na divulgação das informações. 

“O Censo Agro no Brasil é bastante organizado, com cobertura total das propriedades e uma estratégia de comunicação bem efetiva”, ressaltou Viviane Guzman, do Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas Colombiano (DANE).

A tecnologia utilizada no Censo foi o ponto que chamou bastante a atenção dos visitantes. Desde 2006, o Brasil deixou de lado os formulários de papel e adotou a coleta de dados informatizada. Apenas México e Colômbia já utilizaram dispositivos similares. No entanto, a expectativa é que a experiência se estenda para os outros países.

“Queremos usar o dispositivo móvel de coleta porque a utilização da tecnologia facilita o controle de qualidade dos dados e a divulgação da informação”, afirma o paraguaio Andrés Ramirez, da Oficina de Estatística e Censo. 

O Paraguai tem a previsão de realizar um novo censo agropecuário em 2018, assim também como a Bolívia, Nicarágua e Honduras – que fez seu último levantamento em 1993. Em 2019, é o Chile que vai atualizar as estatísticas do campo. Entre os representantes da delegação chilena, a expectativa pelo evento era grande. 

 “É a primeira vez que visitamos um país e vamos trabalhar em campo para ver como se levantam os dados, pois geralmente o trabalho é mais teórico em oficinas. Vamos ver a realidade, determinar quais são as boas experiências daqui que podemos levar para o nosso país”, afirma Ivonne Lopes, da Oficina de Políticas Agrárias Chilena (ODEPA). 


Representantes de institutos de estatísticas de nove países e do IBGE participaram do encontro em Maringá (PR)

Realidades distintas

As estratégias de coleta do Censo Agropecuário variam bastante entre os países. E não é somente pela tecnologia empregada ou pelas diferenças geográficas encontradas, mas pela própria metodologia que é utilizada. No Brasil, por exemplo, os recenseadores percorrem todo o território em busca de informações junto aos estabelecimentos agropecuários. Já em outros países, o levantamento é feito de outra forma, como explica Octávio Costa de Oliveira, coordenador de Agropecuária do IBGE. 

“Alguns países não necessariamente vão à área de produção. Eles vão aos domicílios em que já se levantou durante o censo demográfico que ali há um produtor agropecuário. Outros países, em vez de fazerem um censo completo, optam por uma amostragem que cobre a principal parte da produção”, explicou Octávio, que também coordena o Grupo de Trabalho de Estatísticas Agropecuárias da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (GTEA/CEPAL).

As localidades que adotam metodologias mais parecidas e fazem censo agro com mais frequência são Brasil, México e Colômbia. Em 2014, os colombianos já foram ao campo utilizando o dispositivo móvel de coleta. Os mexicanos, por sua vez, realizaram o último levantamento agropecuário em 2007 e estão mais avançados em alguns pontos.

“Nós temos um dispositivo móvel com imagens de satélite e os terrenos são digitalizados”, conta Maurício Rebolledo, do Instituto Nacional de Estatísticas e Geografia do México (INEGI). 

O México iria fazer um novo censo agropecuário agora em 2017, mas não teve o recurso autorizado. O Equador vive situação parecida. Sem execução orçamentária, não há previsão para uma nova coleta, sendo que a última foi feita no ano 2000.

Contexto do evento

A visita de observadores internacionais ao Brasil para acompanhar o Censo Agropecuário faz parte do Projeto Bens Públicos Regionais “Desenvolvimento de Metodologia para Implementação de Sistemas Estatísticos Agropecuários na América Latina e Caribe”, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 


Andrés Ramirez, da Oficina de Estatística e Censo do Paraguai, durante visita a campo a uma plantação de laranjas, em Paranavaí (PR)

O objetivo é produzir material didático, capacitação técnica e orientações para melhorar as estatísticas agropecuárias na região, bem como introduzir conceitos e sugestões feitas por organizações internacionais, como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

“Nós, da América Latina, estamos unidos na missão de fortalecer nossos processos estatísticos. Cada país com sua peculiaridade, com seu estilo, mas querendo criar uma cultura estatística”, concluiu Carlos Santalla, representante do Instituto Nacional de Estatísticas da Bolívia (INE).

Texto e fotos: Larissa Grizoli, do Paraná