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Sustentabilidade

Melhorar a imagem é o principal motivo para empresas realizarem inovações ambientais

Editoria: Estatísticas Econômicas | Irene Gomes | Arte: Brisa Gil

03/07/2020 10h00 | Atualizado em 18/09/2020 13h42

  • Destaques

  • Das 39.329 empresas inovadoras, 15.975 (40,6%) realizaram inovações que tiveram impactos ambientais positivos entre 2015 e 2017.
  • Dentre as empresas ecoinovadoras, 59,4% indicaram como motivos para inovar melhorar a reputação e 54,3%, adequar-se aos códigos de boas práticas ambientais.
  • Por outro lado, apenas 11,2% indicaram a disponibilidade de apoio governamental, subsídios ou outros incentivos.
  • A reciclagem de resíduos, águas residuais ou materiais para venda e/ou reutilização foi o impacto ambiental mais observado, apontado por 57,9% das empresas ecoinovadoras.
  • Já a substituição de energia proveniente de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis foi informada por apenas 17,2% dessas empresas.
  • Os dados são do módulo inédito sobre sustentabilidade e inovação ambiental da Pesquisa de Inovação (Pintec) 2017, divulgada hoje (3) pelo IBGE.
#PraCegoVer a imagem mostra um Telhado com instação de placas formando um grande painel solar
 Apenas 17,2% das empresas inovadoras substituíram a energia de combustíveis fósseis por fontes renováveis - Foto - George Campos/USP

A implementação de inovações com benefícios ambientais tem sido motivada, principalmente, por fatores relacionados à imagem das empresas. Dentre as empresas que introduziram ecoinovações entre 2015 e 2017, mais da metade indicaram melhorar a reputação (59,4%) e adequar-se aos códigos de boas práticas ambientais (54,3%) como motivos para inovar. É o que mostra o módulo Sustentabilidade e Inovação Ambiental, da Pesquisa de Inovação (PINTEC) 2017, divulgado hoje (3) pelo IBGE. Por outro lado, a disponibilidade de apoio governamental, subsídios ou outros incentivos foi o fator motivador menos indicado pelas empresas (11,2%).

Pintec

Segundo o gerente da pesquisa, Flávio Peixoto, essa preocupação pode estar relacionada a uma mudança no comportamento da sociedade e uma demanda do consumidor. “Ao longo dos últimos anos, a gente nota que não só as empresas, mas a sociedade em geral, vêm ganhando consciência sobre certos aspectos sociais e ambientais, que se misturam. A questão do meio ambiente vem ganhando muito espaço, e isso é um reflexo dessa mudança”, analisa.

Sobre o apoio governamental, Flávio explica que a inovação é um processo sistêmico, em que vários atores precisam estar interconectados e coordenados para que a inovação ocorra: empresas, clientes e governo. “Quando falamos de política pública, nos referimos aos instrumentos e programas desenhados para que as empresas, de fato, tenham práticas ambientais no seu processo produtivo e de inovação. E vimos que faltam instrumentos mais bem desenhados e específicos para essas práticas”.

A pesquisa mostra também que ainda é pequeno o número de empresas ecoinovadoras no Brasil. De um total de 116.962 empresas com mais de 10 pessoas ocupadas investigadas na PINTEC, 39.329 (33,6% do total) haviam implementado algum tipo de inovação em produtos ou processos, sendo que, dentre estas empresas inovadoras, menos da metade (15.975 ou 40,6% das empresas inovadoras) realizaram inovações com impactos ambientais positivos no período analisado.

A Indústria foi a atividade com maior percentual de empresas ecoinovadoras (43,1%), seguida por Eletricidade e Gás (32,8%) e Serviços Selecionados (21,8%).

“Além da maior parte da empresas que compõem a pesquisa serem industriais, a própria natureza das atividades da indústria, que está relacionada com processos, produtos e insumos, abre mais espaço para que essas práticas sejam feitas”, explica Flávio.

Ele acrescenta, ainda, que tanto a taxa de inovação quanto a taxa de ecoinovação são diretamente proporcionais ao tamanho da empresa: “isso está relacionado à estrutura da empresa, à possibilidade que essas empresas têm de realizar algum tipo de inovação. As grandes empresas têm mais recursos e estrutura para realizar as inovações”.

A reciclagem de resíduos, águas residuais ou materiais para venda e/ou reutilização foi o tipo de impacto ambiental mais realizado pelas empresas ecoinovadoras, sendo apontado por 57,9% delas. Redução da contaminação do solo, da água, de ruído ou do ar também foi um impacto bastante frequente, observado em mais da metade dessas empresas (51,3%). Esses também foram os impactos mais realizados pela Indústria, sendo apontador por, respectivamente, 60,3% e 51,3% das que realizaram ecoinovações.

Por outro lado, apenas 17,2% dessas empresas implementaram a substituição de energia proveniente de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis. No entanto, quando se olha apenas para as empresas ecoinovadoras de Eletricidade e Gás, esse impacto foi o mais comum, tendo sido realizado por 71,3% delas: “esse setor já está mais preparado para esse tipo de inovação, na maioria das vezes, essas empresas já lidam com isso”, diz Flávio.

Já entre as empresas de Serviços Selecionados que realizaram inovações ambientais, o impacto mais realizado foi a redução da contaminação do solo, da água, de ruído ou do ar (24,2%). O gerente da pesquisa explica que “essas empresas são, em geral, do setor de tecnologia, e suas atividades não estão diretamente relacionadas a processos produtivos, que fazem uso direto de insumos. Nestes casos, os impactos ambientais costumam ser indiretos”.