Pesquisa Anual de Comércio
Comércio aumenta contratações em 2017, mas não repõe perdas de três anos
27/06/2019 10h00 | Atualizado em 27/06/2019 10h00
O setor comercial ocupou 10,2 milhões de pessoas em 2017, o que significa 98,2 mil contratados a mais que em 2016. No entanto, esse aumento não foi suficiente para recuperar a perda de 411,8 mil postos de trabalho desde a crise econômica iniciada em 2014.
Todos os três grandes grupos de atividades comerciais – atacado, varejo e comércio de veículos, peças e motocicletas – tiveram perdas de pessoal ocupado nesse período e ligeira recuperação apenas no último ano.
As informações são da Pesquisa Anual de Comércio, divulgada hoje pelo IBGE. De acordo com o técnico de Serviços e Comércio, Jordano Rocha, o ambiente de instabilidade econômica em 2015 e 2016 teve forte peso em todas as atividades comerciais.
“A conjuntura de 2017 ajuda a explicar o movimento de recuperação. A decisão do governo de liberar o saque do FGTS aumentou o poder de compra de parte da população, o que impulsionou o consumo das famílias após dois anos de queda. O aumento nas exportações, que afeta diretamente o atacado, a redução da inflação medida pelo IPCA e a queda da taxa Selic também ajudaram a estimular o comércio em geral, o que refletiu nas contratações”, explica Jordano.
A remuneração média do comércio também teve um aumento real de 2,1% de 2016 para 2017, acompanhando o crescimento do pessoal ocupado, porém o acumulado em três anos foi de -4,4%. A maior queda nesse período foi do comércio varejista de veículos automotivos, que chegou a -15,3%. A variação da remuneração foi deflacionada usando o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Mais lojas foram fechadas entre 2016 e 2017 que nos dois anos anteriores
Embora em 2017 tenha havido uma melhora na atividade comercial em relação a 2016, a redução no número de lojas e centros de distribuição, verificada desde 2013 e acentuada entre 2014 e 2016, se intensificou um pouco mais no último ano analisado pela pesquisa. No período de 2014 a 2016, o país perdeu 30,6 mil unidades; só entre 2016 e 2017, foram menos 31,2 mil.
Um indicador que permaneceu positivo no período de três anos foi a receita operacional líquida, que é a receita bruta menos as deduções (vendas canceladas, descontos nos preços e impostos). Entre 2016 e 2017, a receita teve crescimento real de 7%, enquanto no acumulado de 2014 a 2017 o aumento registrado foi de 5,2%.
“O crescimento mais acentuado no último ano indica uma recuperação após quedas acumuladas no período de três anos. A receita do atacado, que cresceu 11,1% entre 2016 e 2017, acumulou alta de 19,7% no período puxou a receita da atividade comercial para cima no período de 2014 a 2017”, conclui Jordano.