Áreas verdes urbanas
IBGE lança proposta metodológica para mapear Áreas Verdes Urbanas no Brasil
08/09/2025 10h00 | Atualizado em 08/09/2025 10h17
Destaques
- Investigação experimental traz a público discussão metodológica para mapeamento de Áreas Verdes Urbanas.
- Guarulhos (SP) e Palmas (TO) foram os municípios brasileiros adotados como áreas-teste para identificação das Áreas Verdes Urbanas.
- A investigação pretende levantar debate com pesquisadores e interessados no tema para que futuramente uma metodologia possa ser implementada em todo o Brasil.
- Com a base inicial dos dados de Áreas Verdes Urbanas, o uso de inteligência artificial poderá gerar uma atualização do mapeamento mais automatizada.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta nesta segunda-feira (8) uma proposta inédita para o mapeamento das Áreas Verdes Urbanas no Brasil. A investigação experimental traz a público uma discussão metodológica, com um primeiro levantamento em dois municípios brasileiros. Guarulhos (SP) e Palmas (TO) foram escolhidos como áreas-teste por serem regionalmente diferentes, tanto em termos de formação das cidades como de clima e vegetação.
A partir desta investigação, a equipe da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE pretende avaliar com outros pesquisadores e interessados no tema uma proposta metodológica que seja realizada futuramente em todo o território nacional, como explicou a responsável técnica da pesquisa, Manuela Mendonça de Alvarenga.
“Para nós é importante lançar este estudo em caráter experimental, para que possamos colocar a proposta de metodologia em discussão, testar sua aplicabilidade a diferentes contextos e, a partir de um retorno de outros pesquisadores, de gestores e de demais partes interessadas, propor algo que possa ser aplicável a todo o Brasil”, disse Manuela.
A metodologia realizada nesta investigação utilizou a definição de Áreas Verdes Urbanas do Código Florestal Brasileiro, que considera áreas públicas ou privadas de vegetação (natural ou recuperada) – que possuem uma destinação no planejamento urbano diferente de loteamentos e moradias – com a intenção de exercer uma função capaz de prover serviços ecossistêmicos para a cidade. A classificação de áreas verdes seguiu a proposta do Ministério do Meio Ambiente e de Mudança do Clima, que contempla diferentes tipos, como parques, praças, canteiros, dentre outros, e os serviços que podem oferecer, como, por exemplo, de recreação e de regulação climática. Para a área de mapeamento, foi considerada uma delimitação que segue o padrão internacional da ONU-Habitat pautado em densidade demográfica e tamanho da população em áreas contínuas. Além disso, foi proposta a utilização de dados de cartografia colaborativa, que indicam a presença de áreas verdes diversas. Estes foram utilizados como insumos para identificação preliminar, cruzados com outros de imagens de satélite, que indicaram a presença de vegetação.
Em Guarulhos, foram identificados 7.096,37 hectares de Áreas Verdes Urbanas, o que representa 45% das áreas urbanizadas do município, levando em conta a área de 800m em torno do centro urbano. Considerando as áreas verdes intraurbanas, o tamanho é reduzido para 6.036,73 hectares, e a proporção passa a ser de 38% das áreas urbanizadas da cidade. “Com esse resultado, podemos interpretar qual é o grau do impacto que o entorno do centro urbano possui para a composição do mosaico de áreas verdes da cidade e consequentemente os serviços fornecidos à população”, explicou Manuela.
Em Palmas, o total de Áreas Verdes Urbanas foi de 5.137 hectares, considerando a área de mapeamento com o entorno de 800m do centro urbano, o que representa 49,11% do total de áreas urbanizadas da cidade. Considerando apenas a área intraurbana, as Áreas Verdes Urbanas passam a somar 977,99 hectares, representando aproximadamente 10% da mancha urbanizada do município. A diminuição de cerca de 80% de áreas verdes entre os recortes intraurbano e periurbano se deve ao fato de que Palmas possui grandes extensões de matas ciliares de rios tributários ao Rio Tocantins que cruzam a cidade e não são consideradas áreas urbanizadas, devido à sua grande extensão sem moradias ou área construída.
Com os resultados obtidos na investigação experimental, e futuros aprimoramentos, a equipe técnica objetiva propor uma metodologia adequada às áreas verdes de todo o Brasil. Também considera como referência o ano de 2022, devido a disponibilidade de insumos e possibilidades de cruzamento com os dados do último Censo Demográfico. Futuramente, este levantamento poderá acompanhar as atualizações das Áreas Urbanizadas do IBGE e complementar este mapeamento com uma periodicidade estabelecida em conjunto. Além disso, tendo uma base inicial, é possível trabalhar com inteligência artificial de forma mais otimizada para as atualizações, como explicou a pesquisadora responsável.
"O mapeamento foi proposto considerando a disponibilidade de insumos e a simplicidade de processamento, e, com isso, podemos chegar a um dado de qualidade para todo Brasil. Assim, a partir de uma primeira versão e de sua validação, o próprio mapeamento pode servir como entrada para treinar algoritmos de inteligência artificial, que poderão permitir uma atualização do mapeamento mais automatizada", finalizou Manuela Mendonça de Alvarenga.