Pesquisa Industrial Anual
Ocupação na indústria cresce pelo quarto ano seguido em 2023, mas cai 3,1% em dez anos
25/06/2025 10h00 | Atualizado em 25/06/2025 11h45
Destaques
- Em 2023, havia 376,7 mil empresas industriais com uma ou mais pessoas ocupadas no país. A mão-de-obra da indústria abrangeu 8,5 milhões de pessoas, que receberam R$ 446,0 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Já o contingente de pessoal ocupado aumentou pelo quarto ano consecutivo, mas encolheu 3,1% (-272,8 mil pessoas) entre 2014 e 2023.
- Do total de pessoas ocupadas na indústria, 8,3 milhões (97,2%) atuavam nas Indústrias de transformação e 239,9 mil (2,8%) nas Indústrias extrativas. Esses percentuais permaneceram estáveis em relação a 2014, quando 97,4% da mão de obra estava alocada nas Indústrias de transformação e 2,6% nas Indústrias extrativas.
- Em 2023, o setor com a maior quantidade de pessoas ocupadas foi o de Fabricação de produtos alimentícios, responsável por 23,6% do total, tendo sido também o que mais ganhou participação nos últimos dez anos, com um aumento de 4,1 p.p. A atividade também correspondeu a 23,6% da receita líquida de vendas (RLV), sendo o principal segmento.
- A indústria gerou R$ 6,5 trilhões em RLV em 2023, dos quais R$ 457,7 bilhões vieram das Indústrias extrativas e R$ 6,0 trilhões corresponderam às Indústrias de transformação.
- Entre 2014 e 2023, houve diminuição de 2,4 p.p. na parcela correspondente às Indústrias de transformação, que passaram a responder por 92,8% da RLV da indústria brasileira. Entre as atividades, o destaque foi a Fabricação de produtos alimentícios (23,6%), avançando 4,0 p.p. no período. Por outro lado, a Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias teve redução de 1,3 p.p., passando de 9,6% em 2014 para 8,3% em 2023.
- Em 2023, o salário médio pago na indústria foi de 3,1 salários mínimos, menor do que em 2014 (3,5 salários mínimos). A remuneração média mensal, medida em salários mínimos, caiu em 25 das 29 atividades industriais.
- A indústria brasileira gerou R$ 2,4 trilhões em Valor de Transformação Industrial (VTI) em 2023, dos quais 81,7% foram provenientes das Indústrias de transformação. A Região Sudeste apresentou 60,9% de participação no VTI.
- Em 2023, 22,0% do VTI estava concentrado nas oito maiores empresas industriais. A Fabricação de produtos alimentícios foi a principal atividade em 18 das 27 unidades da federação.

A Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA-Empresa) mostrou que, em 2023, o Brasil tinha 376,7 mil empresas industriais com uma ou mais pessoas ocupadas, totalizando 8,5 milhões de pessoas. A indústria alimentícia reafirmou seu protagonismo no cenário nacional, contribuindo com 23,6% da receita líquida de vendas e empregando o maior contingente de trabalhadores (2,0 milhões de pessoas, 23,6% do total). Nos últimos dez anos, a mão de obra da indústria diminuiu 3,1% (-272,8 mil pessoas), afetando mais fortemente as atividades de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-175,0 mil), Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-84,6 mil) e Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-69,2 mil). De 2019 a 2023, porém, o pessoal ocupado aumentou 12,0%. Os dados da PIA-Empresa, assim como os da Pesquisa Industrial Anual – Produto (PIA-Produto), foram divulgados hoje (25) pelo IBGE.
“A Pesquisa Industrial Anual buscar retratar as características estruturais do segmento empresarial da atividade industrial no país, que são informações relevantes para a análise e o planejamento econômico das empresas do setor privado e dos diferentes níveis de governo”, afirma Marcelo Miranda, gerente de Análise Estrutural do IBGE.
Em 2023, as empresas industriais geraram R$ 6,5 trilhões em receita líquida de vendas (RLV), sendo R$ 457,7 bilhões nas Indústrias extrativas e R$ 6,0 trilhões nas Indústrias de transformação, e pagaram R$ 446,0 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. O valor de transformação industrial (VTI) gerado foi de R$ 2,4 trilhões, com 81,7% vindo das Indústrias de transformação.
A receita bruta total das empresas, oriunda da venda de bens e serviços industriais, foi de R$ 6,9 trilhões em 2023. A quantia obtida a partir da revenda de mercadorias e da prestação de serviços não industriais (comércio, serviços, transporte, construção e atividades agropastoris, por exemplo) chegou a R$ 741,9 bilhões, enquanto as demais receitas (renda de aluguéis, juros relativos a aplicações financeiras, variações monetárias ativas, resultados positivos de participações societárias, entre outras) somaram R$ 711,7 bilhões.
No período entre 2014 e 2023, observou-se estabilidade na diversificação das atividades da indústria brasileira. Houve recuos de 0,2 ponto percentual (p.p.) do componente puramente industrial das atividades na receita gerada e de 0,9 p.p. da revenda e prestação de serviços não industriais. Já a parcela relativa a outras fontes de receita aumentou 1,2 p.p.
As empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas responderam por 67,9% da receita líquida de vendas em 2023, uma pequena redução de 0,1 p.p. em dez anos. Já as empresas com 100 a 499 pessoas ocupadas concentraram 17,1% da receita líquida de vendas, seguidas pelas com 20 a 99 pessoas ocupadas, com 9,0%, e, finalmente, por aquelas com até 19 pessoas ocupadas, que corresponderam a 6,0%. Nos últimos dez anos, essa divisão permaneceu estável, com um discreto incremento na participação das empresas de menor porte (0,8 p.p.).
No ranking de participação das atividades industriais na receita líquida de vendas, a Fabricação de produtos alimentícios (23,6%) ficou na liderança, seguida por Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (10,8%), Fabricação de produtos químicos (9,4%), Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (8,3%) e Metalurgia (6,2%). Fabricação de produtos alimentícios se destacou, subindo 4,0 p.p. em dez anos. Por outro lado, Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou a maior redução de participação, passando de 9,6% em 2014 (2º lugar no ranking) para 8,3% em 2023 (4º lugar no ranking). Embora não esteja entre as principais atividades no que se refere à receita líquida de vendas, Extração de petróleo e gás natural teve uma das maiores variações, aumentando sua participação em 1,7 p.p.
Contingente de pessoal ocupado na indústria em 2023 foi o maior desde 2015
Pelo quarto ano consecutivo, a quantidade de pessoal ocupado na indústria aumentou. Em 2023, 8,5 milhões de pessoas trabalhavam no setor industrial, sendo 97,2% (8,3 milhões) nas Indústrias de transformação e 2,8% (239,9 mil) nas Indústrias extrativas. Entre 2014 e 2023, no entanto, a população ocupada em empresas industriais caiu 3,1% (-272,8 mil), consequência, principalmente, da redução de postos de trabalho (-285,2 mil) nas Indústrias de transformação, onde se concentra a maior parte dos trabalhadores do segmento. No mesmo período, as Indústrias extrativas ganharam 12,4 mil pessoas na sua força de trabalho.
“Houve uma retomada no número de pessoas ocupadas na indústria a partir de 2019, um incremento de 910,9 mil postos de trabalho. Esse fato pode ser explicado, principalmente, pela atividade de Fabricação de produtos alimentícios, que aumentou a ocupação em 373,8 mil pessoas. Outro ponto é que das 29 atividades industriais, apenas Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, e Impressão e reprodução de gravações tiveram redução no número de pessoas nesse período”, destaca Marcelo.
Em 2023, foi registrado o maior quantitativo de pessoal ocupado desde 2015, quando 8,1 milhões de pessoas estavam ocupadas. A atividade com maior quantidade de pessoas ocupadas foi a de Fabricação de produtos alimentícios, empregando 2,0 milhões de pessoas, responsável por 23,6% do total.
Confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,8%) e Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (5,9%) foram os outros segmentos com maior representatividade, porém apresentando quedas de participação (-1,8 p.p. e -0,6 p.p., respectivamente).
Salário médio caiu em 25 das 29 atividades industriais nos últimos dez anos
Entre 2014 e 2023, houve queda da remuneração média mensal (em salários mínimos) em 25 das 29 atividades industriais. No período, o salário médio na indústria caiu de 3,5 s.m. para 3,1 s.m. Nas Indústrias extrativas, as remunerações passaram de 6,0 s.m. em 2014 para 5,3 s.m. em 2023 e, nas Indústrias de transformação, a redução foi de 3,4 s.m. em 2014 para 3,0 s.m. em 2023. Durante toda a série histórica da pesquisa, o salário médio nas Indústrias extrativas foi superior ao das Indústrias de transformação, com aumento do seu valor por quatro anos consecutivos.
Em 2023, mesmo apresentando as maiores remunerações médias, as atividades de Extração de petróleo e gás natural e de Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis também registraram as maiores quedas em relação a 2014: a primeira passou de 24,2 s.m. para 17,9 s.m., enquanto a segunda passou de 10,0 s.m. para 7,7 s.m. no período. Já os menores salários foram observados nos segmentos de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (1,6 s.m.) e de Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (1,7 s.m.). A maioria dos setores obteve variações salariais negativas nos últimos dez anos e, dos poucos que variaram positivamente, Fabricação de produtos de madeira (0,1 s.m.) foi o que teve maior aumento em termos de salários mínimos.
Em 2023, Sudeste teve 60,9% de participação no VTI
Em 2023, 22,0% do VTI estava concentrado nas oito maiores empresas industriais. A principal atividade no VTI foi Fabricação de produtos alimentícios (16,8%), líder em 18 das 27 unidades da federação (UFs). Em seguida vieram Extração de petróleo e gás natural (11,5%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (11,2%), Fabricação de produtos químicos (6,7%) e Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,7%)
De 2014 a 2023, houve menor representatividade da Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias no VTI, passando da terceira para a quinta posição no ranking, com variação de 7,5% para 5,7% na participação. Em contrapartida, a atividade que mais avançou no período foi a de Extração de petróleo e gás natural, que aumentou a representatividade em 5,5 p.p., concentrando 11,5% do VTI em 2023, passando da quinta para a segunda posição no ranking.
A Região Sudeste, em 2023, contribuiu com 60,9% do VTI da indústria, seguida por Sul (18,7%), Nordeste (8,2%), Norte (6,2%) e Centro-Oeste (6,1%). Entre 2014 e 2023, apenas Sudeste e Centro-Oeste aumentaram a concentração regional da produção, com incrementos de 2,2 p.p. e 0,7 p.p., respectivamente, ao passo que houve redução na representatividade do Nordeste (1,5 p.p.), Sul (1,2 p.p.) e Norte (0,1 p.p.).
A participação do Sudeste na indústria nacional oscilou de 2014 a 2023, chegando ao menor patamar da série histórica da pesquisa em 2020, quando atingiu 56,2% do VTI. A recuperação veio em 2021 (58,8%), 2022 (61,3%) e 2023 (60,9%), influenciada, em grande medida, pela elevação da participação de São Paulo, que passou de 30,4% em 2020 para 34,4% em 2023, liderando o ranking nacional de contribuição no VTI. Na sequência apareceram Rio de Janeiro (13,0%) e Minas Gerais (11,4%) que, somados, corresponderam a 58,8% do VTI da indústria brasileira.
No Sudeste, predominam cadeias produtivas bem consolidadas, como a do eixo de petróleo e gás natural, com maior proeminência no Rio de Janeiro (47,1%) e no Espírito Santo (26,9%); e de siderurgia e metalurgia, com destaque para Minas Gerais (14,8%), Espírito Santo (11,1%) e Rio de Janeiro (4,1%). A indústria automotiva perdeu espaço em dez anos e, em 2023, não ficou entre os quatro maiores setores da indústria mineira e paulista (o que ocorria em 2014).
Paraná (36,9%) liderou o ranking de VTI no Sul em 2023, seguido por Rio Grande do Sul (34,2%) e Santa Catarina (28,9%). A indústria alimentícia foi a principal atividade em todos os estados da região. Os segmentos de máquina e equipamentos (principalmente voltados à agropecuária) e de produtos derivados do petróleo, nesse último caso destacando-se Paraná e Rio Grande do Sul, também foram protagonistas na região.
O Nordeste teve como líder em participação no VTI a Bahia (33,4%). Pernambuco (22,7%), Ceará (17,1%), Rio Grande do Norte (7,7%), Maranhão (6,3%), Alagoas (4,5%), Paraíba (3,6%), Sergipe (2,8%) e Piauí (2,1%) vêm a seguir. Apesar da liderança, a Bahia perdeu participação na série histórica da pesquisa, principalmente após a pandemia. Em 2023, o estado recuou 7,8 p.p. frente a 2014. Já a representatividade de Pernambuco tem crescido, depois de avançar 5,5 p.p. no mesmo período. Enquanto em Pernambuco a indústria de petróleo ganhou relevância, na Bahia ocorreu o contrário, com a Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis saindo da lista dos quatro maiores setores da UF.
Na Região Norte, Amazonas (49,0%) e Pará (42,8%) foram responsáveis por 91,8% do VTI. Apesar de retomar a liderança regional que havia perdido para o Pará, o Amazonas teve queda de 3,0 p.p. de 2014 a 2023. Vale destacar a recente diminuição de representatividade paraense, em especial nos últimos dois anos, mostrando recuo de 20,5 p.p. frente a 2021. Isso se deve, em parte, à redução dos preços internacionais do minério de ferro. A diversidade produtiva do Norte está na variedade de atividades de suas UFs, registrando parte da produção na vocação local do uso de recursos naturais, como é o caso da mineração paraense, da indústria da madeira amapaense e da indústria alimentícia em Rondônia, Acre, Roraima e Tocantins. No Amazonas, predominaram os setores de produtos de informática e eletrônicos.
No Centro-Oeste, Goiás (44,8%) e Distrito Federal (3,0%) perderam participação nos últimos dez anos (2,5 p.p. e 2,2 p.p., respectivamente). Em sentido oposto, Mato Grosso (26,8%) e Mato Grosso do Sul (25,4%) ampliaram suas contribuições no VTI com ganhos, respectivamente, de 2,0 p.p. e 2,8 p.p. Como de costume, o Centro-Oeste se destacou pelo forte potencial exportador da agroindústria, representada pela indústria alimentícia e de biocombustíveis, os dois principais setores de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Distrito Federal, por sua vez, concentrou pouco mais de um quarto da produção na Fabricação de produtos de minerais não metálicos, atrelada à indústria da construção.
Em relação à participação das atividades industriais no VTI, chama atenção a perda de representatividade da Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, passando da terceira para a quinta posição no ranking, com variação de 7,5% para 5,7%. Por outro lado, a atividade que mais avançou no período foi a de Extração de petróleo e gás natural, aumentando a representatividade em 5,5 p.p. ao concentrar 11,5% do VTI em 2023, passando da quinta para a segunda posição no ranking.
Mais sobre a pesquisa
A Pesquisa Industrial Anual - Empresa (PIA-Empresa) tem por objetivo identificar as características estruturais básicas do segmento empresarial da atividade industrial no país e suas transformações no tempo, contemplando, entre outros aspectos, dados sobre pessoal ocupado, salários, custos e despesas, receitas, valor da produção e valor da transformação industrial. Seus resultados são referência para a análise das atividades que compõem esse segmento e subsidiam as estimativas macroeconômicas do Sistema de Contas Nacionais - SCN.
Há dados por empresa e por grandes regiões e unidades da federação, bem como os resultados referentes às empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas e/ou que auferiram receita bruta proveniente das vendas de produtos e serviços industriais superior a R$ 23,1 milhões no ano anterior ao de referência da pesquisa.