Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

PIM Regional

Produção industrial recua em sete dos 15 locais pesquisados em fevereiro

Editoria: Estatísticas Econômicas | Vinícius Britto

08/04/2025 09h00 | Atualizado em 08/04/2025 10h55

Influenciada por derivados de petróleo e celulose, indústria baiana registrou a maior queda em fevereiro (-2,6%) - Foto: João Paulo Ceglinski/Petrobras

Sete dos 15 locais investigados pela Pesquisa Indústria Mensal (PIM) Regional recuaram na passagem de janeiro para fevereiro, quando a produção industrial do país variou -0,1%. As maiores quedas foram registradas na Bahia (-2,6%), Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8%), enquanto Pernambuco (6,5%) assinalou o avanço mais intenso. Na comparação com fevereiro do ano passado, a alta de 1,5% foi acompanhada por 5 dos 18 locais pesquisados. No acumulado em 12 meses, o avanço de 2,6% do setor industrial foi acompanhado por 15 das 18 localidades, apresentando, porém, menor dinamismo. Os dados foram divulgados hoje (08) pelo IBGE.

“Na passagem de janeiro para fevereiro, a indústria nacional atingiu o seu quinto mês consecutivo sem crescimento, com perda de 1,3% desde outubro de 2024. A última vez que isso aconteceu foi entre fevereiro e julho de 2015, quando a perda acumulada foi de 6,7%. De forma geral, há uma perda de intensidade na produção industrial, influenciada por uma política monetária contracionista, com aumento dos juros, com o objetivo de combater a inflação. Isso acaba estreitando mais as linhas de crédito, reduzindo os investimentos e fazendo com que as tomadas de decisão na produção sejam mais cautelosas. Pelo lado da demanda, esse cenário também impacta de forma negativa o consumo das famílias”, contextualiza o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

O setor industrial da Bahia, com queda de 2,6%, se sobressaiu entre as cinco localidades que apresentaram quedas na passagem de janeiro para fevereiro. Foi a menor taxa em termos absolutos e o segundo resultado negativo mais influente no mês.

“A indústria baiana apresenta essa queda após quatro meses de resultados positivos, quando acumulou um ganho de 5,7%. Em fevereiro, observamos maior influência dos setores de derivados de petróleo e celulose, papel e produtos de papel. A queda de 2,6%, após quatro meses de crescimento, acontece de uma forma a adequar a oferta e a demanda de maneira estratégica dentro da produção e das especificidades locais, e, de certa forma, era esperada”, explica o analista.

No mesmo sentido, Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8) assinalaram as outras quedas mais acentuadas na passagem de janeiro para fevereiro, com o estado paulista tendo exercido a maior influência negativa no mês.

“O recuo de São Paulo ocorre após alta de 1,8% observada em janeiro de 2025. Em fevereiro, as principais influências foram os setores de derivados de petróleo, produtos químicos, de bebidas e o setor de celulose, papel e produtos de papel. O que podemos observar é que a indústria paulista apresenta um comportamento bem oscilante quando observamos os últimos meses, demonstrando perda de ritmo e intensidade na produção, assim como a indústria como um todo, apesar de ter seus avanços no período”, avalia Almeida.

O analista destaca ainda que, com o resultado de fevereiro, São Paulo se encontra 0,4% abaixo de seu patamar pré-pandemia, estipulado em fevereiro de 2020, e 22,0% abaixo de seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011.

Por outro lado, Pernambuco (6,5%) registrou a expansão mais acentuada em fevereiro, eliminando parte da queda de 25,1% verificada em janeiro.

“A queda da indústria pernambucana em janeiro representou o maior recuo em toda a série histórica para esse tipo de comparação. Já em fevereiro, o setor que mais impulsionou esse comportamento positivo foi o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, um setor bastante atuante na indústria local. O movimento observado em fevereiro é um pouco compensatório em relação a janeiro, eliminando parte da perda, e significa a alta mais intensa para a indústria pernambucana desde dezembro de 2023, quando havia avançado 10,1%”, relembra o analista da PIM.

Paraná (2,0%) foi a segunda alta mais intensa em termos absolutos e exerceu principal influência positiva no índice geral em fevereiro.

Indústria avança em 5 dos 18 locais pesquisados em relação a fevereiro de 2024

A produção industrial do país cresceu 1,5% na comparação com fevereiro do ano passado, com resultados positivos em 5 dos 18 locais pesquisados pela PIM Regional, sendo que fevereiro de 2025 teve um dia útil a mais (20) do que igual mês em 2024 (19). Santa Catarina (6,0%), Paraná (5,5%) e Pará (5,1%) assinalaram os avanços mais acentuados nessa comparação.

Em Santa Catarina, a alta foi impulsionada, principalmente, pelo comportamento positivo observado nos setores de máquinas e equipamentos, produtos de minerais não metálicos, produtos de metal, confecção de artigos do vestuário e acessórios e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

No caso do Paraná, influenciaram o resultado as altas em veículos automotores, reboques e carrocerias, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, produtos químicos e máquinas e equipamentos.

Já no Pará, a influência veio de indústrias extrativas. Mato Grosso (1,2%) e São Paulo (1,2%) completaram o conjunto de locais com expansão na produção no índice mensal de fevereiro de 2025.

Por outro lado, os recuos de dois dígitos e mais elevados foram observados no Rio Grande do Norte (-24,5%), pressionado, em grande parte, pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; em Pernambuco (-21,3%), influenciado pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; e no Espírito Santo (-11,6%), com influência de indústrias extrativas.

Região Nordeste (-4,7%), Maranhão (-4,0%), Rio de Janeiro (-3,3%), Amazonas (-2,9%), Mato Grosso do Sul (-2,9%), Bahia (-1,5%), Rio Grande do Sul (-1,2%), Minas Gerais (-0,7%), Ceará (-0,2%) e Goiás (-0,1%) também mostraram resultados negativos no índice mensal de fevereiro de 2025.

Quinze dos 18 locais pesquisados apresentaram taxas positivas no acumulado nos últimos 12 meses

O acumulado nos últimos doze meses, ao avançar 2,6% em fevereiro de 2025, permaneceu mostrando crescimento, mas reduziu a intensidade frente aos meses anteriores. Quinze dos 18 locais pesquisados registraram taxas positivas em fevereiro de 2025, mas quinze apontaram menor dinamismo frente aos índices de janeiro. Rio Grande do Norte (de 3,4% para -1,1%), Pernambuco (de 2,9% para 0,8%), Espírito Santo (de -2,5% para -4,2%), Amazonas (de 2,6% para 0,9%), Rio Grande do Sul (de 1,6% para 0,3%), Ceará (de 6,5% para 5,4%), Rio de Janeiro (de -0,6% para -1,5%), Goiás (de 1,8% para 1,0%) e Mato Grosso do Sul (de 2,7% para 1,9%) assinalaram as principais perdas entre janeiro e fevereiro de 2025, enquanto Pará (de 5,4% para 5,7%) e Paraná (de 3,9% para 4,1%) mostraram os ganhos entre os dois períodos.

Mais sobre a pesquisa

A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. Traz, mensalmente, índices para 17 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e para o Nordeste como um todo: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste.

Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no Sidra, o banco de dados do IBGE. A próxima divulgação da PIM Regional, relativa a março de 2025, será em 14 de maio.