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IBGE, Correios e Ministério das Cidades discutem soluções para o endereçamento nas periferias

Editoria: IBGE | Lucas Cunha

28/11/2024 17h53 | Atualizado em 29/11/2024 08h11

O Encontro Nacional de Endereço nas Periferias aconteceu na sede dos Correios em Brasília - Foto: Lucas Cunha - SES/DF

Com o objetivo de discutir e promover soluções para o endereçamento de comunidades periféricas e favelas, áreas historicamente marcadas pela falta de acesso a serviços essenciais, foi realizado, de 26 e 28 de novembro, o Encontro Nacional de Endereço nas Periferias, na sede dos Correios em Brasília. Estiveram presentes no encontro, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, a diretora-adjunta de Geociências do IBGE, Patrícia Amorim Vida Costa, e o coordenador geral de articulação e planejamento da Secretaria Nacional de Periferias, Flávio Tavares. Também participaram representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), dos Correios e da Secretaria Nacional de Periferias (SNP), do Ministério das Cidades, além de especialistas e outros atores de diversas organizações.

Da esquerda para a direita: Patrícia Amorim Vida Costa, diretora-adjunta de Geociências do IBGE, Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, e Flávio Tavares, coordenador geral de articulação e planejamento da Secretaria Nacional de Periferias.  Foto: Lucas Cunha - SES/DF

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, destacou a importância da parceria com o IBGE no desenvolvimento de projetos voltados para a população em situação de vulnerabilidade social. Segundo ele, o trabalho conjunto com a instituição é essencial para fortalecer as ações voltadas a territórios periféricos e combater a invisibilidade social.

“Estar junto do IBGE e da Secretaria Nacional das Periferias certamente engrandecerá muito este projeto, que tem o potencial de se tornar uma das maiores iniciativas do país. O IBGE é fundamental para garantir dados e informações que orientem nossas ações e tornem possível atender melhor a população brasileira”, afirmou Santos.

Ele ressaltou que a colaboração com o IBGE permitirá alinhar números e refinar estratégias, contribuindo para a formulação de políticas públicas que atendam às necessidades reais das comunidades mais vulneráveis.

Da esquerda para a direita: Patrícia Amorim Vida Costa, diretora-adjunta de Geociências do IBGE, Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, e Flávio Tavares, coordenador geral de articulação e planejamento da Secretaria Nacional de Periferias.  Foto: Lucas Cunha - SES/DF

O coordenador geral de articulação e planejamento da Secretaria Nacional de Periferias, Flávio Tavares, destacou o papel central do IBGE na formulação da iniciativa, ressaltando que a instituição é um pilar histórico e essencial para o Brasil. “O IBGE realiza um trabalho fundamental, por meio do Censo, renovando-se continuamente para alcançar territórios muitas vezes marcados por grandes dificuldades de acesso”, afirmou.

Tavares mencionou que as discussões com o IBGE têm buscado soluções para mapear e compreender melhor as condições nas periferias. Segundo o secretário, o apoio do instituto é vital para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em dados atualizados e em um entendimento profundo da realidade das comunidades periféricas.

A diretora-adjunta de Geociências do IBGE, Patrícia Amorim Vida Costa, destacou a importância do endereçamento preciso, especialmente em áreas de favelas e comunidades urbanas, como um passo fundamental para o cumprimento da missão do IBGE. A diretora de Geociências ressaltou que a falta de endereços nessas áreas impacta diretamente nas pesquisas do instituto, aumentando o tempo e os custos operacionais e dificultando a localização de domicílios e moradores.

“A ausência de endereçamento pode gerar omissões nas nossas pesquisas, afetando a cobertura do Censo e de outras pesquisas importantes”, afirmou. Ela também destacou que a integração de informações geoespaciais com dados estatísticos é essencial para uma análise mais precisa e para ajudar na gestão pública, reforçando a importância da universalização do endereçamento para que o IBGE cumpra plenamente sua missão.

Nesse contexto, a parceria entre o IBGE, a Secretaria Nacional das Periferias e os Correios é vista como um passo crucial para enfrentar esses desafios e garantir que todas as comunidades sejam representadas nas pesquisas e censos, promovendo o exercício da cidadania.

Encontro Nacional de Endereço nas Periferias. Foto: Lucas Cunha - SES/DF

“A cidadania postal também envolve o direito de participar das pesquisas e censos, contribuindo para o retrato nacional. Nesse sentido, é extremamente bem-vinda a articulação entre a Secretaria Nacional das Periferias, os Correios e o IBGE para a realização deste evento. Junto conosco, estão diversos outros atores e especialistas da temática, buscando soluções para superar os desafios do endereçamento nas periferias, que cada vez mais exigem nossa atenção”, finalizou Patrícia.

Após a solenidade de abertura, outros representantes do IBGE, dos Correios e da Secretaria Nacional de Periferias participaram de um debate sobre as perspectivas e os desafios do endereçamento das periferias no Brasil. Colaboraram com o debate o diretor de Operações dos Correios, Paulo Penha, o coordenador-geral do Programa Endereçamento da Secretaria Nacional de Periferias, Aramis Gomes e o representante do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) do IBGE, Gustavo de Carvalho Cayres.

Paulo César Penha da Silva Júnior, diretor de operações dos Correios, falou sobre o objetivo de levar políticas públicas para áreas não atendidas, inclusive no que diz respeito ao CEP, que é essencial para a vida de todos os brasileiros. “Essa ideia de unir forças entre o IBGE, os Correios e o Ministério das Cidades, com foco neste encontro nacional de endereços para periferias, reforça a organização e a mobilização necessárias para atingir objetivos comuns. É fundamental destacar que os Correios precisam implementar, cada vez mais, políticas que possibilitem atender, se não 100%, pelo menos o maior número possível de regiões que hoje não possuem CEP, facilitando o trabalho do IBGE”, disse.

“Vejo uma grande importância nessa parceria com o IBGE, especialmente no que diz respeito à produção de dados. O endereçamento se torna uma ferramenta fundamental para a construção de políticas públicas mais eficientes. Ao identificarmos com precisão quantas pessoas e quais endereços existem, seremos capazes de quantificar melhor as informações necessárias para a formulação dessas políticas. Essa iniciativa pode representar um avanço significativo na coleta de dados para o próximo Censo. Discutir as tipologias de endereços e favelas, por exemplo, certamente trará um grande benefício para a produção estatística do IBGE”, afirmou Aramis Horvath Gomes, coordenador do projeto de endereçamento de periferia da Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades.

Da esquerda para a direita: Gustavo Cayres, representante do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), Paulo Penha, diretor de Operações dos Correios, e Aramis Gomes, coordenador-geral do Programa Endereçamento da Secretaria Nacional de Periferias.  Foto: Lucas Cunha - SES/DF

Gustavo de Carvalho Cayres, representante do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), destacou a importância de um mapeamento cadastral capaz de identificar cada porta de um endereço em áreas periféricas. “Quanto melhor mapeadas forem as áreas de coleta, mais fácil será para a equipe acessar, percorrer e cobrir todos os endereços, garantindo um retrato fiel da realidade. Esse processo nos ajuda a identificar logradouros, domicílios e estabelecimentos presentes nessas comunidades, além de assegurar um trabalho consistente que relacione endereços e mapeamento. Afinal, nosso objetivo é produzir geografia e estatística de qualidade”.

Gustavo apresentou imagens das áreas de coleta, destacando a diversidade de situações enfrentadas pelos agentes do IBGE ao percorrerem as ruas em busca dos endereços. Segundo ele, em alguns locais os caminhos estão bem mapeados e todas as vias possuem representação no mapa. “Imagine-se no lugar de quem precisa ir a esse local para confirmar, estabelecer e atribuir endereços. É muito mais fácil realizar o trabalho quando o mapeamento está bem estruturado. Por outro lado, nem sempre encontramos essa organização. Há locais em que apenas uma parte mapeada está mapeada, mas outra não, apesar de certamente existirem caminhos ali. Para que a coleta estatística seja eficiente, o agente precisa percorrer toda a comunidade, e isso só é possível com um mapeamento completo e bem elaborado”, explicou.

Ainda pela manhã, o Secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões, esteve presente no encontro e ressaltou a importância da parceria entre o Ministério das Cidades, Correios e o IBGE para a realização do evento, destacando seu impacto positivo nas comunidades periféricas. “Esta ação que, graças à parceria com os Correios e IBGE, estamos conseguindo realizar tem enorme importância, pois significa garantia de direitos de populações que habitam locais antes chamados ‘de risco’ e que, por meio de um endereço, poderão ter acesso a serviços e dignidade”, finalizou.

Discurso do Secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões. Foto: Lucas Cunha - SES/DF

No segundo dia do encontro, 27, os participantes foram divididos em quatro grupos a fim de discutir, em cada grupo, um tema relacionado a favelas e comunidades urbanas. Os participantes envolvidos na dinâmica se revezaram entre os grupos ao longo do dia, contribuindo com diferentes perspectivas a partir de suas áreas de atuação e experiências. No final da atividade, foram apresentadas pelos mediadores as principais questões debatidas por todos os participantes, em uma dinâmica conjunta, com avaliações dos temas debatidos, pontos convergentes das contribuições e ponderações finais acerca das temáticas propostas e desenvolvidas durante o encontro.

Durante todo o encontro, ressaltou-se que a precisão das informações geográficas e estatísticas são fundamentais para a elaboração de políticas públicas mais eficazes e inclusivas, garantindo que as populações de comunidades periféricas e favelas não sejam invisibilizadas nos censos e pesquisas nacionais.

Oficina IBGE reuniu cerca de 40 participantes em Brasília

No último dia de evento, 28, o IBGE promoveu uma oficina na Torre de TV de Brasília, reunindo cerca de 40 participantes interessados em compreender melhor como acessar as bases de dados do instituto sobre Favelas e Comunidades Urbanas. Marcelo Nunes, Gerente de Planejamento e Gestão Administrativa da SES/DF, abriu o encontro apresentando a metodologia do Censo Demográfico 2022, com destaque para a pesquisa sobre favelas e comunidades urbanas. Durante sua explanação, ele detalhou os procedimentos de coleta realizados pelo IBGE e os desafios enfrentados para garantir a precisão das informações.

Oficina de acesso às bases de dados do IBGE. Foto: Lucas Cunha - SES/DF

Na segunda parte da oficina, o servidor Christiano Rodrigues, da Seção de Disseminações de Informações (SDI) da SES/DF, apresentou as ferramentas de busca que o IBGE possui e como encontrar as informações divulgadas pelo instituto. Entre as plataformas apresentadas, foram destacadas as funcionalidades do Sidra, ensinando como gerar as tabelas e chegar nos resultados; o Panorama Censo 2022, demonstrando onde buscar informações sobre uma determinada favela e fazer comparações com outras; e o site oficial do IBGE, com ampla variedade de recursos e publicações.

Ao final, os participantes tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e fazer questionamentos diretamente aos especialistas do IBGE, encerrando o evento de forma interativa e enriquecedora. A iniciativa destacou o compromisso do IBGE em ampliar o acesso público às suas bases de dados e fortalecer o entendimento sobre os processos e ferramentas que sustentam a produção de estatísticas nacionais.