O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza no Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira, 15, o IV Simpósio Brasileiro de Infraestrutura de Dados Espaciais (SBIDE). O seminário acontece até a próxima sexta-feira, 18, com o tema “Infraestrutura de dados espaciais (IDEs) inteligentes para governança e políticas públicas”, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), reunindo produtores e usuários de dados e informações geoespaciais de instituições públicas e privadas, academia e públicos interessados em Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE).

Governança de dados e informações geoespaciais foram os temas da mesa de abertura do evento, com o IBGE representado pela diretora de Geociências, Ivone Lopes Batista, e pelo diretor de Tecnologia da Informação, Marcos Mazzoni. A subsecretária de Programas de Infraestrutura e Planejamento Territorial do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Flávia Pereira, e a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Silvana Camboim, também participaram desta mesa.

Ivone Lopes realçou o compromisso do IBGE com a inovação e com o desenvolvimento sustentável, além do uso eficiente de tecnologias na criação de soluções que promovem o bem-estar para a nossa sociedade. “Uma Infraestrutura Nacional de Dados (INDE) é ferramenta estratégica para a gestão de políticas públicas, utilização de recursos e para a melhor compreensão do nosso território e dos recursos naturais”, afirmou a diretora de Geociências.

Já para Mazzoni, o evento traz “uma transversalidade do conhecimento, que constrói o processo de participação. Todos temos a chance de participar e construir diferentes pontos de vista para uma estrutura de informações que servirão para as próximas etapas de dados abertos em plataformas que possam ser acessadas por qualquer tipo de sistema de informação, sem depender de uma tecnologia exclusiva”.

Na sequência, Flávia Pereira ressaltou a busca, junto ao Instituto e de outros órgãos federais, da retomada da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). “A Secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos (SEPLAN) tem o objetivo de caminhar junto com o IBGE para o fortalecimento da INDE, incluindo a retomada deste importante colegiado em novos moldes, considerando uma atualização e modernização do seu funcionamento”, explicou a representante do MPO.

Para Silvana Camboim, da UFPR, a INDE “é um sonho construído há 16 anos, formado por uma rede muito heterogênea de diversas instituições e ambientes acadêmicos. O tema deste ano foi escolhido por entender que estes dados estão internalizados na governança pública e as políticas públicas só fazem sentido se forem territorializadas para que as ações corretas cheguem aos locais devidamente necessários”.

Passado, presente e futuro da governança da infraestrutura de dados espaciais

Coordenador-Geral de Demarcação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Rafael Lopes apresentou o uso de geoinformação na SPU, assim como o histórico da governança de dados e informações geoespaciais no órgão. “Tudo teve início com a instituição da Comissão de Cartografia, a COCAR, que no ano de 1967 fixou as diretrizes e bases da Cartografia brasileira e deu outras providências. Já a Comissão Nacional de Cartografia, a CONCAR, foi criada em 1994 no âmbito da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República”, explicou Rafael Lopes.

Lopes também ponderou o atual contexto da governança destes dados e o desejado para o futuro. “Hoje temos novidades importantes como o big data e a Inteligência Artificial. É importante reestruturar a governança com um modelo sólido, com engajamento dos atores, investimento, normas e políticas, iniciativas alinhadas, proteção de dados, além da presença de parcerias, uma boa legislação e gestão de riscos”, disse o coordenador-geral de Demarcação da Secretaria do Patrimônio da União.

Primeiro dia do Simpósio tem sessão de pôsteres

No período da tarde, acadêmicos de diversas partes do país apresentaram pôsteres de suas pesquisas. Ao todo, doze projetos relacionados aos dados geoespaciais foram apresentados ao público, como o pôster “Conhecendo meu município através da INDE: uma proposta de extensão universitária”, produzido por Deivide Soares, professor do curso de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. “A representação do Espaço Geográfico a partir do uso de geotecnologias é uma ferramenta extremamente relevante para os estudos da Geografia, com aplicações úteis tanto para a pesquisa quanto para o ensino e a prática extensionista”, disse Soares.

Mais sobre a INDE

A Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) foi criada por meio do Decreto Presidencial nº 6.666 (27/11/2008) e completa dezesseis anos em novembro de 2024. A INDE é concebida como um conjunto integrado de tecnologias, políticas, mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento, padrões e acordos, para facilitar e ordenar a geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso de dados geoespaciais, por cidadãos e organizações públicas e privadas.

Tornou-se um instrumento de gestão democrática, aberta, que possibilita o processamento de geoinformação nas mais diversas áreas e interessados, oferecendo suporte ao planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas. O IV SBIDE tem por objetivo empreender um balanço das contribuições acadêmicas e corporativas no domínio das Infraestruturas de Dados Espaciais (IDEs), que possam estimular a introdução ou melhoria de práticas e o direcionamento de ações, visando à expansão e aperfeiçoamento da INDE e o desenvolvimento das múltiplas dimensões de tratamento e gerenciamento da geoinformação. A temática deste ano pretende destacar o emprego da inteligência artificial e governança nas práticas de uso das IDEs para políticas públicas.

O IV SBIDE será um evento misto, corporativo e acadêmico, para promover a sinergia entre a academia e as diversas instâncias do Governo Federal, Estadual, Municipal e do setor privado, interessadas. Este evento visa apresentar, discutir e promover a troca de conhecimento e experiências em questões tecnológicas, o estado da arte da implementação de IDEs, normas e padrões estabelecidos nacionais e internacionais, e instruções para adesão à INDE, bem como iniciativas de desenvolvimento e pesquisa relacionadas com a INDE.