Incêndios florestais: IBGE realiza atividades de prevenção em reserva no Distrito Federal
19/09/2024 09h00 | Atualizado em 20/09/2024 08h23
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou dados relacionados ao número de queimadas em solo brasileiro no último mês de agosto. De acordo com o estudo, do dia 1º de janeiro até 26 de agosto de 2024, foram registrados mais de 100 mil focos de incêndio em todo o território nacional, um aumento de 78% com relação ao mesmo período do ano anterior, quando 61.720 casos foram registrados.
Ainda segundo o estudo, 32% dos focos de queimadas estão na região do Cerrado, sendo o segundo bioma mais afetado, atrás apenas da Amazônia (47%). Neste panorama, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em ação de preservação do bioma Cerrado, realiza atividades periódicas de prevenção aos incêndios florestais, como no último mês de julho, na Reserva Ecológica do IBGE (RECOR), uma área com cerca de 1400 hectares, localizada a 25 km ao sul do centro de Brasília (DF), fazendo limites a oeste com a Fazenda Água Limpa (FAL), fazenda experimental de 4.500 hectares da UnB (Universidade de Brasília), e com a Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília (EEJBB) de cerca de 4500 hectares ao norte e leste.
A RECOR/IBGE faz parte do Plano de Ação e Combate aos Incêndios Florestais do Distrito Federal (PPCIF/DF), um sistema de parcerias institucionais que visa à proteção do bioma Cerrado. Junto a outros grupos, como o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM/DF) e o IBAMA-PREVFOGO, a Brigada Voluntária contra Incêndios Florestais do IBGE participa de aceiros com fogo ao longo das rodovias que cortam a área (DF-001 e BR-251), uma atividade que consiste na queimada controlada de parte da vegetação às margens do local para diminuir o risco de incêndios provocados ou naturais durante o período de estiagem, que ocorre entre os meses de abril e setembro na região. Na ocasião, o IBGE contribuiu com um caminhão-pipa e mais cinco brigadistas de um total de 60 pessoas que participaram da ação. A Brigada realiza ainda plantões na área aos finais de semana no período mais crítico da estação seca até o início das chuvas para que qualquer incidente tenha um tempo mínimo de resposta.
Dentro da Unidade foram realizadas atividades de manutenção das estradas através de aceiros mecânicos (com tratores de pequeno e médio porte), roçagem feita com roçadeira costal (ceifadeiras mecânicas portáteis), corte e poda de árvores, com remoção do material verde existente e entulho existente, totalizando 31 hectares, através de contrato com empresa especializada. Tudo isso dificulta bastante a entrada de um possível incêndio oriundo de fora da Unidade, bem como facilita o deslocamento dos combatentes caso haja alguma ocorrência. Além destas ações, a RECOR/IBGE participou de ações de conscientização, como blitzes educativas com alunos do ensino fundamental da Escola Classe do Jardim Botânico. Além da Brigada, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM/DF), o IBAMA-PREVFOGO e as brigadas das áreas protegidas vizinhas (JBB, FAL/UnB, Marinha e Aeronáutica) participaram das atividades de proteção ambiental à região.
Ivone Lopes Batista, diretora de Geociências do IBGE, reiterou que “as ações preventivas de aceiro na Reserva do IBGE em Brasília fazem parte de um compromisso com a proteção da biodiversidade e do ecossistema, considerando as ameaças do fogo, que se intensificam na época mais seca. No caso da RECOR, isso é ainda mais significativo por estarmos inseridos em um mosaico de áreas protegidas, o que amplifica o impacto das nossas ações para além dos limites da nossa reserva, beneficiando uma área muito maior do Cerrado”.
Já o gerente substituto da RECOR/IBGE e servidor do Instituto, Luciano Guimarães relatou que a preocupação com incêndios florestais é bem antiga. “Desde praticamente o início de tudo, foi criada uma Brigada Voluntária com os próprios funcionários. Em 2019, completou 40 anos da criação”, explicou Guimarães.
O gerente ainda declarou que atualmente a Brigada conta com um caminhão-tanque com uma bomba jato e ferramentas como enxada, machado, rastelo, bombas costais e abafadores. “Todos se sentem como se estivessem protegendo sua própria casa. É uma atividade que sentimos a necessidade de participar, pois trabalhamos aqui desenvolvendo um amor sobre a Unidade. É um senso de responsabilidade sobre a integridade da área, seja a fauna ou a flora”, completou Guimarães.
Mais sobre a RECOR/IBGE
A Reserva Ecológica do IBGE – RECOR é uma área protegida de interesse científico sob a gestão do IBGE. Criada em 22 de dezembro de 1975, com um Programa de Pesquisas Ecológicas de Curta e de Longa Duração para o Bioma Cerrado e um Plano de Manejo inovadores para a época, a Reserva Ecológica do IBGE tornou-se referência na produção de informações ambientais motivada pela preocupação em fornecer subsídios ao planejamento territorial sustentável para o bioma Cerrado. Desde 1998, integra o grupo de elite das estações de pesquisas ecológicas de longa duração que compõem redes nacionais e continentais interligadas à rede ILTER (International Long Term Research Network).
Com 1.391,25 hectares e localizada no centro-sul do Distrito Federal a 26 km do centro administrativo de Brasília, a Reserva compõe o mosaico de áreas protegidas do Distrito Federal (APA Gama Cabeça de Veado (Decreto Distrital nº 9.471, de 21 de abril de 1986); APA do Planalto Central (Decreto s/nº da Presidência da República, de 10 de janeiro de 2002); Reserva da Biosfera do Cerrado (Programa “O Homem e a Biosfera” – MAB, UNESCO, 1971 – Lei Distrital nº 742, de 28 de julho de 1994). A área abriga grande heterogeneidade de ecossistemas e fornece proteção para as mais de 4.000 espécies já inventariadas (com destaque para 55 espécies ameaçadas de extinção e cerca de 91 espécies endêmicas do bioma Cerrado). .
Prestes a completar cinco décadas de existência, a Reserva Ecológica do IBGE – RECOR - possui importante e representativa base de dados e de informação científica sobre o Cerrado, proveniente de estudos ecológicos através de amostragem ou experimentação, inventários padronizados da fauna e da flora, e estudos ambientais integrados sob perspectivas de vulnerabilidade e risco ecológico. Oferece aos pesquisadores laboratórios, alojamentos, restaurantes, entre outras facilidades, e disponibiliza dados e informações básicas sobre a área, através das coleções científicas, da estação climatológica e de bases de dados georreferenciadas (SIG RECOR). Essa produção de conhecimento foi resultado do trabalho de servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e de instituições parceiras, nacionais e estrangeiras.