Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

CONFEST/CONFEGE

Conferência da Era Digital: Tecnologia deve contribuir para maior qualificação, interoperabilidade e comparabilidade dos dados

Editoria: IBGE | Carmen Nery

31/07/2024 17h04 | Atualizado em 31/07/2024 17h47

A obtenção de dados mais qualificados, a interoperabilidade das bases de dados e a comparabilidade das informações são esforços globais que vêm sendo empreendidos por Institutos Nacionais de Estatísticas (INEs) de diferentes países e por organismos como a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe - CEPAL e a Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas – ONU. A tecnologia abre novas oportunidades para esse aprimoramento, mas há inúmeros desafios técnicos, financeiros e de governança.

Esses foram alguns temas debatidos, na manhã desta quarta-feira 31, durante a mesa redonda: Tecnologia e Dados, que abriu as discussões do terceiro dia da Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados - Soberania Nacional em Geociências, Estatísticas e Dados: riscos e oportunidades do Brasil na Era Digital (CONFEST/CONFEGE). A Conferência está sendo promovida pelo IBGE para coordenar o debate em torno do Sistema Nacional de Geociências, Estatística e Dados (SINGED) e vai até sexta-feira, 2, no Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), parceira do Instituto no evento.

Capela Ecumênica da UERJ recebe mesa sobre tecnologia e dados - Foto: Juliana Eulálio

Na abertura da mesa, a diretora de Geociências do IBGE, Ivone Lopes Batista, destacou que o mundo está cada vez mais digital e os governos lidam com volumes massivos e crescentes de dados provenientes de diversas fontes, e, por este motivo, a compatibilização e compartilhamento de dados é crucial. Neste sentido, uma infraestrutura de dados que contribua para a eficiência operacional e limitação de redundâncias otimizando processos e reduzindo custos é o que se busca. “Hoje a produção descentralizada em muitas instituições cria situações de redundâncias de dados e custos operacionais e de processamento em cada instituição. Nesse contexto é importante trazer ao debate o emprego de conceitos e recursos como big data, de novos modelos de arquitetura de integração, parâmetros de interoperabilidade, ciência de dados, inteligência artificial, software livre e maiores automações de processos e serviços”, alertou a diretora de geociências.

Ivone Lopes Batista, Diretora de Geociências do IBGE - Foto: Juliana Eulálio

Ela explicou que o IBGE vem se alinhando ao debate global usando quadros de referência pela necessidade de criar parâmetros de comparabilidade. Um exemplo é o Quadro Integrado de Informação Geoespacial das Nações Unidas (UN-IGIF), dividido nos pilares de governança, tecnologia e pessoas. “Estruturado na ONU, o UM-IGIF é uma referência para desenvolver, integrar, fortalecer e maximizar o dado”, completou Ivone, ressaltando que a informação geoespacial, apresentada como uma estrutura integrada, um recurso de informação nacional que representa um ativo para os governos. “A localização sempre foi um parâmetro importante. Tudo acontece em um lugar e quanto melhores os mapas, melhores as tomadas de decisão. Os mapas sempre foram usados historicamente. Hoje a informação digital agrega valor. Informações geoespaciais refletem a versão digital do mundo físico”, resumiu a diretora de geociência.

Público lota capela Ecumênica no terceiro dia da Conferência da Era Digital - Foto: André Martins

Rolando Ocampo, diretor da Divisão de Estatística Regional da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), ressaltou a necessidade de se alinhar aos modelos e normas técnicas internacionais. A Cepal trabalha para a criação de um ecossistema integração e interoperabilidade dos dados, e no fortalecimento das capacidades nacionais para a implementação de geoportais estatísticos. 

“O Ecossistema começou em 2006, com uma base de dados. Em 2013, lançamos o primeiro Geoportal. Em 2020, lançamos o anuário estatístico e no ano seguinte iniciamos o debate para atualização do ecossistema, lançando o novo portal CepalGeo em 2023. É fundamental avançarmos na integração de dados da Região da América Latina e do Caribe. A necessidade de atualização é constante e é preciso fortalecer as capacidades e a colaboração entre os INES. O IBGE tem papel fundamental para apoiar outros países”, afirmou Ocampo. 

Rolando Ocampo, diretor da Divisão de Estatística Regional da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe - CEPAL - Foto: Juliana Eulálio

Para Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (CETIC/NIC.br), há dois conceitos básicos da nova governança na era da transformação digital: interoperabilidade e compartilhamento. “Em 2017, na Conferência da ONU em Cape Town, foram estabelecidos três objetivos: modernizar a governança, atualizar os padrões estatísticos e facilitar a aplicação de novas tecnologias”, destacou Barbosa, lembrando que avançar rumo a uma cultura de dados é uma pressão da Agenda 2030. 

Alexandre Barbosa, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – CETIC/NIC.br

Alan Santos, diretor de Relacionamento e Negócio da Dataprev, ressaltou que dados é o grande tema de discussão para a transformação digital do governo, que busca modos de conectar várias informações para ofertar serviços públicos. “A Dataprev começou com dados para a Previdência, que passaram a ser usados para outros serviços. O aplicativo Meu INSS tem 72 milhões de acessos/mês e mais de 100 tipos de serviços, 40% dos pedidos são decididos de forma automática. A medida em que conectamos novos dados criamos atalhos para as políticas públicas. Um exemplo foi o desafio de contribuir para dar respostas à calamidade no Rio grande do Sul em que viabilizamos a oferta de 13 serviços. Em poucos dias a atender 300 mil pessoas, número hoje que está em 400 mil”, elencou Santos. 

Alan Santos, Diretor de Relacionamento e Negócio da Dataprev - Foto: Juliana Eulálio

Leonardo Souza, chefe da Seção de Estatísticas de Energia da Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas – ONU, destacou a importância do IBGE na comunidade estatística global. “Na divisão de estatística da ONU temos algumas linhas de trabalho como a compilação e disseminação de informações globais, o desenvolvimento de normas e padrões estatísticos e o apoio aos países para desenvolverem seus sistemas estatísticos nacionais, e a cooperação internacional com coordenação de atividades estatísticas. Temos uma relação especial com o IBGE. Em 2010, fomos a Cabo Verde melhorar as contas nacionais do INE e o IBGE já estava lá prestando consultoria”, concluiu Souza. 

Leonardo Souza, chefe da Seção de Estatísticas de Energia da Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas – ONU - Foto: Juliana Eulálio

Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Data: 29 de julho a 2 de agosto
Transmissão: IBGE Digital (ibge.gov.br) e Webex, para participantes inscritos
Inscrições: Loja IBGE
Informações: Site Conferência (eventos.ibge.gov.br/conferencia-soberania-nacional)
Documento para o debate: (eventos.ibge.gov.br/conferencia-soberania-nacional/documento-para-o-dialogo)