O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) participou, no início de junho, de dois eventos sobre estatísticas públicas oficiais em Portugal. O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, esteve na cidade de Estoril no dia 4 para o evento “Qualidade nos INEs da CPLP: Liderar o Futuro”, e entre os dias 5 e 7 de junho, também em Estoril, o IBGE esteve na 11ª European Conference on Quality in Official Statistics (Conferência Europeia sobre Qualidade nas Estatísticas Oficiais), que reuniu o conjunto dos países vinculados ao Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), para debater, dentre outros tópicos, a importância das estatísticas oficiais como pilar da democracia, com 44 países e 540 participantes vinculados aos institutos nacionais de estatísticas.

O primeiro evento, promovido pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi voltado a presidentes e diretores-gerais de Estatística dos Estados-Membros da CPLP, e centrado em questões emergentes relacionadas com a qualidade nas estatísticas oficiais e no compartilhamento de experiências dos países lusófonos.

Organizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal, o segundo evento em Estoril teve como lema “Estatísticas Oficiais como Pilar da Democracia”, e abordou quatro temas principais: quadros institucionais para a qualidade nas estatísticas oficiais, inovação e investigação para promover a qualidade das estatísticas oficiais, o poder dos dados e como eles podem servir à sociedade, além da capacidade dos INEs em se aproveitarem das oportunidades num ambiente desafiador.

“Ao participar da referida conferência que se realiza em Estoril, o IBGE dialogou com presidentes de Institutos Nacionais de Estatísticas de vários países europeus, e foi possível observar o quanto o Brasil está caminhando no rumo certo ao procurar fortalecer a soberania do seu sistema de dados oficiais. A constituição do Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (SINGED) permitirá elevar, ainda mais, a qualidade das estatísticas oficiais, com a homogeneização metodológica, pareamento e interoperabilidade de diferentes bancos de dados e reduzindo custos e retrabalho”, afirmou Pochmann.

As estatísticas oficiais, fundadas em evidências de realidade, oferecem informações fundamentais para as decisões de gestores de políticas públicas e privadas, bem como aos eleitores, ressaltou o presidente do IBGE no tema da relação entre estatísticas e democracia, acrescentando que as notícias e informações falsas (fake news) acabam por desacreditar as estatísticas oficiais, possibilitando que decisões sejam cada vez mais dirigidas por ideologias distanciadas, em geral, da realidade.

“Por isso, o crescente ataque às estatísticas oficiais termina por comprometer o ecossistema de dados, seja pelo financiamento insuficiente das instituições de pesquisa, seja pela reposição inadequada do quadro de servidores, seja pela sub remuneração dos pesquisadores, seja ausência de regulação das empresas de Big Data e inteligência artificial e outros. As estatísticas oficiais precisam ser fortalecidas na qualidade assentada no tripé da Independência, melhores práticas e transparência para evitar a incorreta compreensão das evidências da realidade”, concluiu Pochmann.