O IBGE na recuperação do planejamento para o ecodesenvolvimento sustentável
21/05/2024 10h00 | Atualizado em 21/05/2024 10h54
A gravidade dos eventos climáticos que têm se sucedido no território nacional exige a recuperação do papel do planejamento no ecodesenvolvimento socioeconômico sustentável.
Neste momento, de especial atenção ao estado e municípios gaúchos assolados pelas chuvas, o IBGE não poderia deixar de colaborar nas ações que estão em curso, desenvolvidas pelo governo federal, estadual e das prefeituras gaúchas, especialmente as cidades com grande parte do seu território atingido por inundações.
Isto exige um reposicionamento do Plano de Trabalho do IBGE estabelecido para o ano de 2024, e, deste modo, a decisão da direção do Instituto em criar uma força-tarefa reunindo seus servidores e técnicos especializados, para oferecer subsídios que permitam a recuperação do planejamento nacional, especialmente no território do Rio Grande do Sul, que precisará de uma soma de esforços para enfrentar os resultados desta tragédia.
O IBGE, sendo a principal instituição pública de pesquisas do país, com os mais apurados e amplos cadastros, mapas e conjunto de dados que permitem construir uma resposta à altura do que é necessário para o estado do Rio Grande do Sul, decidiu antecipar a divulgação para esta terça-feira, 21 de maio, às 10 horas, dos microdados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE).
Os dados dos endereços do Rio Grande do Sul, e de cada um dos mais de 106 milhões de endereços coletados no Censo Demográfico 2022 serão divulgados com os atributos completos de endereçamento, de acordo com o padrão utilizado pelo IBGE, incluindo logradouro, número e modificador, complemento, localidade, CEP, espécie da unidade visitada, tipo de edificação, nomes dos estabelecimentos entre outros. Serão disponibilizados também o dicionário de dados com a caracterização do conteúdo e um documento com orientações de uso destes dados por conta da antecipação.
Esta ação se soma a outras que o Instituto vem desenvolvendo em igual sentido no RS, como a cessão de seus veículos para o resgate e transporte das vítimas das chuvas e alagamentos, ou a mobilização dos servidores e servidoras em ajuda humanitária, na qual a equipe se pôs em campo auxiliando no transporte de pessoas resgatadas por barcos em áreas alagadas de Porto Alegre, e auxiliando na distribuição de doações e água potável, trabalhando lado a lado com outros voluntários. Foram cerca de 8 mil litros entregues pelos servidores do IBGE, nos veículos do instituto, para hospitais, abrigos, associações e cozinhas solidárias em Porto Alegre.
Outra ação nesta linha foi o lançamento do SINGED Lab, laboratório de inovação do Instituto, formado por equipe multidisciplinar de servidores e servidoras de diferentes áreas, com o objetivo de compartilhar informações técnicas, estatísticas, geocientíficas e de dados produzidas pelo IBGE, e centralizadas no Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (SINGED).
Em sua criação, em 1936, o IBGE foi fundamental para estabelecer as bases territoriais que permitiram ao Brasil construir uma sociedade urbana industrial moderna, feita pelo planejamento com bases técnicas consolidadas.
Neste novo quadro, de aceleração dos efeitos devastadores das mudanças climáticas, faz-se necessário superar a fragmentação e desintegração setorial no conjunto de informações. Por meio de dados abertos, a experimentação constitutiva de laboratórios das inovações técnicas, e com vocação e expertise técnica quase nonagenária, o IBGE se coloca à disposição do Estado brasileiro para oferecer subsídios que permitam ao país a mitigação, e eventual superação dos efeitos climáticos adversos na consolidação e desenvolvimento da rede de políticas públicas aplicadas.
Marcio Pochmann
Presidente do IBGE