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IPP

Preços na indústria caem 0,18% em dezembro e fecham 2023 com queda de 4,98%

Editoria: Estatísticas Econômicas | Igor Ferreira

01/02/2024 09h00 | Atualizado em 08/02/2024 08h52

A atividade de refino de petróleo e biocombustíveis exerceu a maior influência (-1,85 p.p.) no resultado acumulado no ano - Foto: André Valentin/Agência Petrobras

Os preços do setor industrial tiveram variação negativa de 0,18% em dezembro de 2023 frente ao mês anterior, o segundo resultado negativo em sequência. Com isso, a inflação da indústria fechou o ano de 2023 com queda de 4,98%, variação negativa mais intensa acumulada em um encerramento de ano desde o início da série histórica, em 2014. Os dados são do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje (1) pelo IBGE. A taxa verificada em 2023 foi aproximadamente oito pontos percentuais (p.p.) menor que a de 2022 (3,16%).

“Em 2023 houve dois momentos distintos no que diz respeito à evolução dos preços médios. No primeiro semestre vimos a continuidade de um processo que já era observado desde a segunda metade de 2022, com a consolidação de uma trajetória deflacionária disseminada. A partir de julho, no entanto, movimentos do mercado já sinalizavam que aquela conjuntura estava mudando. Os meses que se seguiram apresentaram alguma moderação inflacionária, com o IPP apresentando taxas positivas e negativas na passagem de mês a mês. Ao analisar o resultado de 2023, é preciso lançar luz também sobre a apreciação cambial acumulada no ano, que amenizou o custo de importação de insumos, tornou os bens finais produzidos no exterior mais competitivos e reduziu o montante recebido em reais pelo exportador brasileiro”, explica Felipe Câmara, analista do IPP.

 

O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. As atividades que, em dezembro de 2023, tiveram as maiores variações no acumulado no ano foram outros produtos químicos (-17,25%), refino de petróleo e biocombustíveis (-15,45%), papel e celulose (-15,23%) e metalurgia (-9,77%). Já as principais influências no acumulado da indústria geral vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (-1,85 p.p.), outros produtos químicos (-1,51 p.p.), metalurgia (-0,60 p.p.) e alimentos (-0,60 p.p.).

“Após meses de corrida por composição de estoques frente à incerteza na capacidade de suprimento vigente e projetada, na segunda metade de 2022, com o redirecionamento de fluxos comerciais e revisão paulatina do desequilíbrio esperado entre oferta e demanda, a cotação de comodities chave para as cadeias industriais brasileiras entrou em trajetória de queda no mercado internacional. O movimento perdurou até o primeiro semestre de 2023, com posterior moderação na curva de preços. É o caso do barril de petróleo, insumo principal do setor de refino. Algo semelhante ocorreu com os fertilizantes e defensivos, itens da indústria química consumidos na lavoura. O preço internacional dos macronutrientes vêm respondendo a uma demanda mais branda e à redução nos custos de produção. Na perspectiva doméstica, nos últimos meses a baixa expectativa em relação às safras do início de 2024 têm contido a demanda por esses produtos”, acrescenta Felipe.

“Outra atividade importante no ano foi a fabricação de alimentos. Após uma safra significativa da soja em 2023, os seus insumos agroindustriais derivados (farelo e óleo) encabeçaram a lista de influências para a variação negativa acumulada no setor, mais que compensando altas relevantes, como a do açúcar VHP e do arroz. Na metalurgia, os produtos de alumínio puxaram a queda setorial por razões similares às expostas para os demais derivados de comodities. O mercado para esses itens esteve desaquecido frente à baixa atividade percebida e projetada nas cadeias consumidoras ao longo do ano, algo que também se estendeu aos derivados da siderurgia”, finaliza Câmara.

Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, o resultado anual se estabelece a partir da variação de -1,62% em bens de capital (com influência de -0,12 p.p.), -7,87% em bens intermediários (-4,52 p.p.) e -0,96% em bens de consumo (-0,34 p.p.).

Em relação ao mês de dezembro de 2023, a variação frente ao mês anterior foi de -0,18%, puxada pelos menores preços do refino, particularmente do óleo diesel. Em novembro, na comparação com outubro, a indústria havia registrado queda de 0,34%.

 

No último mês do ano passado, 12 das 24 atividades industriais investigadas apresentaram variações negativas de preço ante novembro, seguindo o sinal da variação na indústria geral. Os destaques foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-4,05%); indústrias extrativas (2,30%); papel e celulose (2,01%); e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (1,50%). Em termos de influência, as atividades que mais sobressaíram foram refino de petróleo e biocombustíveis (-0,45 p.p.), alimentos (0,14 p.p.), indústrias extrativas (0,11 p.p.) e outros produtos químicos (-0,09 p.p.).

Entre as grandes categorias econômicas, a variação de preços na passagem de novembro para dezembro foi de -0,27% em bens de capital (com influência de -0,02 p.p.), -0,49% em bens intermediários (-0,27 p.p.) e 0,31% em bens de consumo (0,11 p.p.).

Saiba mais sobre o IPP

O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.

A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a janeiro, será em 5 de março.