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Expedição

IBGE embarca na VI Expedição Científica do Baixo São Francisco e leva cidadania para comunidades ribeirinhas

Editoria: IBGE | Heitor Montes e Nathalia Leal

22/11/2023 16h13 | Atualizado em 24/11/2023 12h05

Pela primeira vez, o IBGE participa da Expedição Científica do Baixo São Francisco, que cruzará o trecho do Rio São Francisco entre os estados de Alagoas e Sergipe. Foto: Heitor Montes/IBGE

Navegando pelo Rio São Francisco, a embarcação Magnífica representa um marco inédito na história do IBGE: é a primeira participação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística na Expedição Científica do Baixo São Francisco. Atualmente em sua sexta edição, a Expedição, organizada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), é o maior evento da categoria em todo o país. São 100 pesquisadores e pessoal de apoio, por via fluvial e terrestre, e cerca de 30 instituições envolvidas que atuam em diversas linhas de pesquisa, da arqueologia à ictiofauna. Com seis barcos, a expedição cruzará o trecho do Rio São Francisco entre os estados de Alagoas e Sergipe.

Entre os dias 21 e 30 de novembro a Expedição se inicia pelo município de Piranhas (AL), e passará pelos municípios de Pão de Açúcar, Traipu, São Brás, Propriá (SE), Igreja Nova, Penedo, Piranhas e Piaçabuçu, e será o lar provisório de dois servidores do IBGE pelos próximos dez dias: Silvânia Vila Nova e Vinicius Andrade, das Superintendências do IBGE em Alagoas e em Sergipe. A jornada, fruto de intensa articulação interinstitucional, reúne também os esforços de diversos servidores por via terrestre, vinculados às superintendências de Alagoas, Bahia e Sergipe.

“É uma alegria estar recebendo o IBGE”, afirmou o ambientalista Jackson Borges, popularmente conhecido como “Mestre do Rio” pelos mais de cinquenta anos dedicados ao Velho Chico, durante os últimos preparativos para a jornada. Essa recepção calorosa ao Instituto é replicada pelo professor Emerson Soares, um dos idealizadores da Expedição, que destacou o IBGE como “parceiro de primeira linha”, durante a cerimônia de abertura da Expedição, nesta terça (21), em Piranhas.

A equipe do IBGE que participou da abertura posando com as bandeiras do IBGE, de Alagoas e Sergipe. Foto: Divulgação/IBGE
A mesa do evento de abertura, com o superintendente da SES/AL, Alcides Tenorio Jr., à esquerda. Foto: Heitor Montes/IBGE
Neison Freire e Silvânia Vila Nova com o secretário municipal de Educação de Piranhas (AL), após a entrega dos kits. Foto: Heitor Montes/IBGE
Alcides Tenorio Jr, Neison Freire e Rose Mary Gomes discursando no evento de abertura. Foto: Heitor Montes/IBGE
Público assistindo ao evento de abertura. Foto: Heitor Montes/IBGE
Professoras e estudantes posando com a equipe do IBGE após a apresentação do IBGEeduca. Foto: Heitor Montes/IBGE
Estudante de Piranhas observa o folder-mapa distribuído em apresentação do IBGEeduca. Foto: Heitor Montes
Paisagem do Rio São Francisco em Piranhas. Foto: Heitor Montes/IBGE

A recepção mais calorosa, contudo, vem dos ginásios escolares, e não é apenas originada pelo sertão ou pela baixa umidade que envolve a atmosfera semiárida de Piranhas, primeira das dez cidades a ser visitada. É calor humano, representado pelas crianças e adolescentes que participam das apresentações do projeto IBGE Educa.

“Através das ações das SDIs envolvidas nesta Expedição, o IBGE está chegando nas escolas dos municípios do Baixo Rio São Francisco, contando com materiais impressos do IBGEeduca produzidos especialmente para esses locais. Essas ações e materiais têm dupla importância:  são instrumentos de disseminação das nossas informações, com mapas e resultados do Censo, e, além disso, divulgam para estudantes e educadores a imagem institucional do IBGE como fonte de informações oficiais sobre o Brasil”, afirmou a gerente de Assuntos Educacionais, Renata Corrêa.

O trabalho de letramento geográfico e estatístico, representado pelas apresentações educacionais, é o carro-chefe da participação do IBGE na VI Expedição Científica do Baixo São Francisco. A Expedição tem sido a chance de testar em campo um projeto piloto, que envolve apresentações offline do IBGE Educa, com dados adaptados à realidade local dos lugares visitados, sem necessidade do uso de internet.

IBGE Educa Offline

Fanfarra e música com banda escolar marcaram o início do primeiro dia de IBGE Educa Offline, sediado no Ginásio Poliesportivo Vereador Demócrito Damasceno Ventura. Os servidores embarcados, Silvânia e Vinicius, conduziram as apresentações para as crianças, que também receberam o folder-mapa do Baixo São Francisco, produto também inédito, produzido com apoio do IBGE nacional. Os professores receberam cópias do Icosaedro de Fueller, disponíveis no site do projeto, para atividade com os alunos e as secretarias municipais de educação também receberam material educacional, com publicações do instituto.

Rostos concentrados, mãos levantadas e empolgação das crianças marcaram a rodada de apresentações. A versão do projeto é dividida em dois momentos: no primeiro, um panorama das atividades do IBGE e dos principais dados, inclusive os locais; no segundo, um momento mais lúdico, com as brincadeiras disponibilizadas no site, mas em versão offline.

O alcance dessas atividades é múltiplo. Apesar de majoritariamente elaboração para o público infantil, uma das apresentações de destaque foi realizada com os assistidos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que promove atividades socioeducativas durante o contraturno em que crianças e adolescentes até 16 anos em situação de vulnerabilidade social não estão dentro da sala de aula.

“Esse momento foi muito rico, cheio de conhecimento, e criançada vai voltando com muito aprendizado para casa. Foi ótimo ter estado aqui, perfeito ter participado desse momento”, afirmou Marileide Ventura, servidora do Serviço de Convivência.

Com início pela manhã, as apresentações se estenderam por toda a tarde, até pouco antes do pôr do sol. Júlia Fortes, uma das professoras responsáveis pela Escola Arco Íris, última a assistir as apresentações, destacou que as atividades trazem “uma bagagem de conteúdo voltada ao nosso Nordeste, com informações que são passadas de forma dinâmica e nítida”.

Por fim, o sol se põe na caatinga e encerra o primeiro dia do IBGE nesta jornada inédita. Os servidores retornam ao barco, ou à terra. Até o dia 30 de novembro, mais nove cidades serão visitadas, até a Foz do Rio São Francisco, em Piaçabuçu, e encerramento em Penedo (AL).

Além das apresentações do IBGE Educa Offline, o instituto, por meio da Supervisão de Disseminação de Informações da SES/AL, também lançou o Banco de Dados Geoespaciais do Baixo São Francisco, o mapa temático da região, e o livro Perfil Socioeconômico Municipal e Aspectos Geoambientais do Baixo São Francisco, este último elaborado em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Cerimônia de abertura teve presença de autoridades e representantes de diversos órgãos

“Participar da expedição é uma forma do IBGE alcançar sua missão institucional. Após fazer a coleta das pesquisas, nós conseguimos retornar à população, principalmente a menos favorecida, as informações necessárias para garantir sua cidadania”, afirmou Alcides Tenorio Jr., superintendente do IBGE em Alagoas, na cerimônia de abertura da VI Expedição Científica do Baixo São Francisco, no Centro Cultural Miguel Arcanjo, às margens do rio São Francisco, no município alagoano de Piranhas.

A cerimônia reuniu, também, o professor Emerson Soares, coordenador da Expedição, Eliane Cavalcanti, vice-reitora da UFAL, Sônia da Costa, diretora de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Faria, diretor de Desenvolvimento e Inovação do Ministério da Pesca e Aquicultura, Leonéa Santiago, assessora de Secretaria Nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social do Ministério do Esporte, Tiago Freitas, prefeito de Piranhas, Valter Joviniano, reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Maciel Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o capitão-tenente Alexandre Azevedo, representante da Marinha do Brasil e o deputado estadual Inácio Loiola.

O superintendente Alcides Tenorio apresentou o livro Perfil Socioeconômico Municipal e Aspectos Geoambientais do Baixo São Francisco, organizado por Neison Cabral, pesquisador e supervisor da Seção de Disseminação de Informações (SDI) do IBGE de Alagoas, e Rose Mary Gomes, assessora de comunicação da UFAL. O livro, lançado pela Edufal, traz dados do IBGE sobre os 93 municípios da região do Baixo São Francisco. “Além de devolver o resultado das pesquisas aos seus informantes, buscamos fortalecer a percepção de território para que a gente possa formar futuros cidadãos”, ressaltou Tenorio. O professor Emerson Soares, da UFAL, celebrou a participação do IBGE: “É um parceiro de primeira linha, produzindo material atualizado que vai ajudar muito nas políticas ambientais e sociais do Baixo São Francisco”.

Distribuição de livros e eventos do IBGEeduca: a participação do IBGE na Expedição

Durante a Expedição o IBGE irá doar 24 caixas com kits para as bibliotecas escolares às Secretarias Municipais de Educação. Na primeira doação foram 2 caixas de publicações do IBGE para o município de Piranhas, recebidas pelo secretário Pablo da Conceição. Os Kits incluem cerca de 720 livros institucionais, entre Atlas escolares do IBGE, além de 500 edições do Perfil Socioeconômico Municipal e Aspectos Geoambientais do Baixo São Francisco, com 500 mapas detalhados da região.

Em Piranhas, foram realizadas 4 apresentações para crianças e adolescentes das escolas da cidade, no ginásio Vereador Demócrito Damasceno Ventura. Nessas apresentações, as crianças conheceram um pouco sobre produção do IBGE, especialmente sobre o Censo Demográfico. Com jogos lúdicos e muitas interações, os estudantes também aprenderam dados selecionados do Censo 2022, da Produção Agrícola Municipal (PAM) e da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) sobre a cidade onde vivem. Todos os estudantes e professores participantes dessas apresentações também ganharam icosaedros e folder-mapas. “Eles vão para casa levando um pouco do IBGE”, explicou Neison Freire.

No próximo dia 28, o IBGE realizará uma palestra na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), no município de Penedo, sobre o Banco de Dados Geoespaciais do Baixo São Francisco, além de outros diversos canais de acesso aos dados do Instituto sobre a região.

Conheça a Expedição

A maior expedição científica do país conta com cerca de 100 pessoas, entre pesquisadores e linha de apoio, e 35 linhas de pesquisa, sendo suportada por 27 instituições.

Em suas cinco primeiras edições, a expedição coletou 1.200 amostras biológicas por ano, e realizou o repovoamento de 100 mil alevinos, forneceu 5 mil exames de saúde à população ribeirinha, indígena e quilombola, e 1.500 exames bucais em crianças da região.

Além disso, nesta edição, foram doados às escolas e comunidades da região do Baixo São Francisco cerca de 30 notebooks, 20 data-shows e 8 tratores.

O professor Emerson finalizou sua fala declarando: “Vamos lutar por esse rio, vamos fazer algo por essa população esquecida pelo poder público. Vamos acreditar que a gente pode mudar essa realidade. Viva a expedição!”