O IBGE encerrou, no fim da tarde desta sexta-feira, 17, o “1º Encontro Diálogos IBGE 90 Anos”, que definiu 12 diretrizes que nortearão a atuação do Instituto para os próximos três anos, até seu 90º aniversário em 2026. O evento aconteceu em dois dias, na unidade localizada Parada de Lucas, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. O documento final, com as 12 orientações primordiais, foi apresentado na plenária pelos servidores e entregue pelo presidente do IBGE, Marcio Pochmann, ao chefe de gabinete da Secretaria de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento e Orçamento, Marcelo Moreira, que representou a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. “Nunca tinha participado de um trabalho tão grande como este. É uma felicidade poder observar e participar desse momento. Saio daqui conhecendo bem mais o IBGE. Transmitirei à ministra Simone Tebet tudo que foi produzido aqui e explicarei a síntese de cada um dos grupos e a importância do trabalho construído por cada um de vocês”, disse Marcelo durante a cerimônia.

A ministra deixou uma mensagem em vídeo para os participantes do evento: “Quando nós falamos de Brasil, de políticas públicas, de investimento, o que nos dá sustentação do que fazer e como fazer, nós lembramos do IBGE. É a casa da credibilidade. Isso se deve a cada demógrafo, pesquisador, servidor público efetivo, concursado ou temporário que trabalha no IBGE. Fico muito feliz com esse encontro. É assim que a gente erra menos”, discursou.

Ao fim do segundo dia, uma apresentação da cantora Taís Feijão e de Josué Krug, músico servidor do IBGE, selou o “1º Encontro Diálogos IBGE 90”. “O que tivemos aqui foi uma aula de qualidade do esforço, da competência e da maturidade daqueles que se envolveram nesse trabalho de participação e definição dos rumos do IBGE. Isso é um compromisso que a direção assume, e quer ser cobrada por vocês. Mas, mais do que isso, quer que vocês estejam juntos para implantar”, afirmou Pochmann no encerramento.

Com quase 20 horas de programação em dois dias, o Encontro reuniu mais de 500 participantes entre servidores da ativa, aposentados, sindicalistas e colaboradores do IBGE, além de autoridades e representações diplomáticas internacionais.

Os 12 grupos formados em setembro para o projeto “Diálogos IBGE 90 anos" apresentaram as experiências para formulação das diretrizes, relataram as ações dos grupos nesses últimos meses e discutiram os desafios em cada área para os próximos três anos. Desde o começo do projeto, ao todo, foram mais de dez mil participações e centenas de propostas ao longo de mais de 50 reuniões, e contribuições, em modalidade presencial e remota, nos grupos e subgrupos temáticos. O texto com as 12 diretrizes tem mais de 2 mil páginas detalhando cada uma delas, e também será entregue, futuramente, ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Veja abaixo as 12 diretrizes aprovadas no 1º Encontro do projeto Diálogos IBGE 90 anos:

Diretriz Grupo 1

Implementar um plano diretor estratégico do IBGE, incluindo as Superintendências e Rede de Agências, que reúna em um projeto comum as ações de otimização de recursos, fortalecimento de infraestrutura física e tecnológica, identidade visual institucional, sustentabilidade ambiental e adequação às diferentes modalidades e especificidades de trabalho. O plano deve ser estruturado com planejamento sólido, participação democrática dos servidores e comunidade e realização de diagnóstico regulares, visando a modernização institucional, ampliação, integração e bem-estar do quadro de servidores e colaboradores, fomento à cultura institucional, presença no território nacional. O plano deve considerar as oportunidades de ocupação de imóveis federais ociosos, visando efetivar a função socioambiental do patrimônio da União, em harmonia com o planejamento estratégico do IBGE.

Diretriz Grupo 2

Valorizar os servidores do IBGE: Reestruturar a carreira do IBGE através da proposta que está na mesa e elaborada em 2014; Recompor a força de trabalho (concursos públicos); Melhorar as condições de trabalho dos temporários, salários e direitos; Realizar uma política de RH efetiva incluindo o combate ao assédio; Democratizar a gestão do IBGE; Racionalizar e organizar os processos de trabalho da casa, incluindo melhorias no PGD e no teletrabalho.

Diretriz Grupo 3

O IBGE buscará se fortalecer institucionalmente em termos de orçamento, quadro de pessoal efetivo, articulação política, atualização de seus marcos legislativos – incluindo bases legais para acesso a registros administrativos e outras fontes de dados –, reforçando também suas práticas de planejamento, treinamento e documentação, a fim de garantir, com qualidade e autonomia, a continuidade da produção atual e o atendimento a demanda social de novas informações, identificada através do diálogo constante com a sociedade por meio de canais estruturados de consulta.

Diretriz Grupo 4

Estabelecimento de um Programa para Fortalecer e consolidar o papel do IBGE como coordenador do Sistema Estatístico e do Sistema Geocientífico Nacional, por meio da articulação com órgãos e entidades produtores, provedores e/ou usuários de dados, a fim de assegurar informações de natureza estatística, geográfica, cartográfica e demográfica necessárias ao conhecimento da realidade ambiental, econômica e social do País.

O Sistema Nacional deve ser dotado de relevância no atendimento às demandas da sociedade, acessibilidade, usabilidade, segurança, atualidade, interoperabilidade, responsabilização e transparência. Para sua organização e monitoramento, é exigida a atualização da legislação estatística e geocientífica, articulação política, visando contemplar seu modelo de governança.

Haverá necessidade de organização interna e aproximação com a sociedade através da disseminação de resultados e benefícios das estatísticas e dos dados geospaciais. Integrar internamente as fontes de informação, produtos e metodologias. Aprimorar canais de interação do IBGE com os usuários com utilização da técnica “linguagem simples”.

Já consta no PPA 2024-2027 informações para Ação Fortalecimento do Sistema Estatístico Nacional e do Sistema Geocientífico Nacional.

Diretriz Grupo 5

Promover e garantir o levantamento, avaliação, preservação, disponibilização, incentivo à pesquisa e disseminação dos acervos do IBGE para que a memória e os conhecimentos obtidos pelo Instituto não se percam e possam ser aplicados em projetos para o Brasil.

Diretriz Grupo 6

Aprimorar e ampliar políticas, projetos e ações transversais de comunicação, ensino, formação e letramento estatístico e geocientífico para todos os níveis territoriais e institucionais, fazendo uso intensivo de tecnologia, com foco em inovação, para fortalecer o acesso democrático e inclusivo às informações no exercício da cidadania.

Diretriz Grupo 7

Participação efetiva das SES em todos os processos decisórios; Plano de carreira, recomposição de pessoal gradual com formas adequadas de contratação; Readequação da infraestrutura, da legislação estatística, de licitações e contratações; Desconcentração na gestão do trabalho e do conhecimento com portifólio de projetos conectados ás necessidades locais.

Diretriz Grupo 8

Sistema aberto e estratégico de gestão, planejamento e inteligência colaborativa, entre sede e superintendências estaduais, com a inclusão do fator regional no planejamento e execução das atividades e projetos do IBGE, tendo em vista a diversidade territorial, as desigualdades regionais e diferenças geográficas e de infraestrutura e logística das regiões e, a criação de espaço de articulação permanente em Brasília, para interlocução com os ministérios, o congresso nacional e demais instituições, visando aperfeiçoar a gestão e o atendimento dos pleitos institucionais e da sociedade brasileira.

Diretriz Grupo 9

Ampliar, fortalecer e garantir recursos para a inserção internacional do IBGE. Os seguintes tópicos integram a diretriz principal: investir no protagonismo junto às comunidades estatística, geoespacial e de ensino; investir na cooperação internacional, com ênfase na Sul-Sul; estabelecer serviço de tradução da produção interna e de documentos internacionais de referência; divulgar a produção do IBGE em outros idiomas; promover, apoiar e qualificar técnicos para participação em fóruns; sediar e promover eventos.

Diretriz Grupo 10

Ampliar estrategicamente contatos e parcerias no Brasil e no exterior com o desenvolvimento de materiais de divulgação (em outros idiomas) e capacitação de servidores.

Diretriz Grupo 11

Realizar Congresso das IBGEanas e IBGEanos de maneira periódica (sugere-se o mês de maio nos anos em que houver Congresso, para coincidir com o Aniversário do IBGE), planejado com antecedência mínima de cinco meses, com delegados que sejam escolhidos da maneira mais democrática possível, evitando indicação por chefias e sendo garantida a participação voluntária de trabalhadores e trabalhadoras de todos os vínculos (efetivos ativos, temporários, terceirizados das atividades fim, consultores, aposentados). Criar comitês temático e de organização, que irão definir, da maneira mais transparente possível, o formato do Congresso. Importante que o Congresso debata e reflita sobre os rumos que a instituição irá tomar no período seguinte, seja na esfera interna, administrativa (políticas de RH, de gestão financeira e de recursos materiais, etc), seja nos tipos de pesquisas e produtos que apresentará à sociedade, para cumprir sua missão, e que a direção do órgão execute as resoluções definidas no Congresso.

Diretriz Grupo 12

O Plano de Trabalho IBGE 24-26 será construído a partir das diretrizes dos Grupos Temáticos, devendo considerar os compromissos assumidos; subsidiar a atualização do Plano Estratégico e o desdobramento das diretrizes em projetos estratégicos e iniciativas institucionais; assegurar previsibilidade e recursos necessários para sua implementação e transparência da execução das ações e suas entregas.