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Demografia das empresas

Em 2021, saldo de empresas que entraram e saíram do mercado cresceu pelo terceiro ano seguido

Editoria: Estatísticas Econômicas | Carmen Nery | Arte: Helga Szpiz

26/10/2023 10h00 | Atualizado em 26/10/2023 11h58

  • Destaques

  • Em 2021, entraram no mercado 926,1 mil empresas e 605,8 mil saíram, um saldo final de 320,2 mil empresas, cerca de 128 mil a mais do que em 2020 (192 mil) e o terceiro saldo positivo consecutivo.
  • Do total de empresas ativas, 17,8% eram entrantes (926,1 mil): 15% eram nascimentos (776,9 mil) e 2,9%, reentradas (149,1 mil);
  • A taxa de entrada de empresas foi de 17,8%, e a de saída, 11,7%. Essa é a menor taxa de saída da série iniciada em 2008. Em 2020, essas duas taxas foram de 16,9% e 13,0%, respectivamente.
  • O saldo de ocupados assalariados das empresas entrantes em 2021 foi positivo em 369,0 mil pessoas, maior do que em 2020 (204,9 mil) mas menor do que em 2019 (595,5 mil pessoas).
  • A atividade de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com saldo de 66,0 mil empresas, e 99 mil pessoas ocupadas, foi o que mais contribui para os saldos positivos de empresas e ocupações em 2021.
  • A idade média das empresas era de 11,4 anos em 2021, abaixo da média de 2020 (11,6) e da de 2019 (11,7 anos).
  • O número de empresas de alto crescimento aumentou 13,4% em 2021, após queda de 2,6% em 2020.
  • Em 2021, o país tinha 3.147 “gazelas”, as de alto crescimento com até cinco anos de idade. Esse total foi 13,7% superior a 2020 (2.768).
Em 2021, entraram no mercado 926,1 mil empresas e 605,8 mil saíram, um saldo final de 320,2 mil empresas. Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O saldo de empresas que entraram e saíram do mercado manteve-se positivo em 2021: 320,2 mil. Apesar da pandemia, este é o terceiro de saldo positivo desde 2018 (-65,9 mil empresas). A taxa de sobrevivência (percentual das empresas ativas em 2020 que continuaram em 2021) foi de 82,2%, ou 4,3 milhões. A taxa de saída, 11,7%, é a menor da série iniciada em 2008. São informações da “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo”, divulgado hoje pelo IBGE. 

Em 2021, o país tinha 5,2 milhões de empresas ativas que empregavam 41,7 milhões de pessoas, sendo 34,3 milhões (82,4%) como assalariadas e 7,3 milhões (17,6%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos somaram R$ 1,2 trilhão, com um salário médio mensal de 2,6 salários mínimos, equivalente a R$ 2.823,92. A idade média das empresas era de 11,4 anos, abaixo de 2019 e 2020. 

Efeitos metodológicos e da pandemia ainda não foram totalmente observados

Em 2021, a taxa de entrada subiu de 16,9% em 2020 para 17,8%, e a de saída caiu de 13,0% para 11,7%. Houve predomínio de empresas de menor porte, em relação às e às saídas, uma vez que 77,8% daquelas que entraram no mercado, em 2021, não tinham pessoal ocupado assalariado, mas apenas sócios ou proprietários, e 20,4% possuíam uma a nove pessoas assalariadas.

Para o analista da pesquisa Eliseu Oliveira, deve-se considerar o impacto de dois fatores ainda não completamente observados: a mudança metodológica com a substituição do cadastro da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) pelo e-Social, e a pandemia de Covid-19.

“Foram duas mudanças importantes na mesma época. Porém, aindanão é possível separar os efeitos delas. De 2019 para 2020, houve aumento no número de empresas durante a pandemia, puxado principalmente por aquelas sem empregados assalariados, o que pode ter sido gerado pela mudança para o e-social. De 2020 para 2021, houve aumentos no número de empresas e no de pessoas ocupadas assalariadas, o que pode sinalizar o retorno da atividade econômica após o período mais agudo da pandemia”, analisa Oliveira. 

Empresas sobreviventes empregam 97,3% dos assalariados

Das 38,9 milhões de empresas que constam no Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), a Demografia das Empresas considera somente unidades ativas que pertencem à natureza jurídica de entidades empresariais, excluindo, portanto, órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país. Vale lembrar que também não são considerados os Microempreendedores Individuais (MEIs).

Entre as 5,2 milhões de empresas ativas, 4,3 milhões eram sobreviventes, ou seja, já estavam em atividade em 2020, o que representa uma taxa de sobrevivência 82,2%. Entraram em atividade 926 mil (17,8%), sendo a maior parte, 776,9 mil (15,0%), de nascimentos, e 149,1 mil (2,9%), de reentradas. Saíram do mercado 11,7% (605,8 mil empresas), a menor taxa desde o início da série histórica, em 2008.

Dos 41,7 milhões de pessoas ocupadas das empresas ativas, 95,1% (39,6 milhões) estão presentes nas empresas sobreviventes. Elas remuneram, em média, R$ 2.842 ante R$ 1.675 das empresas entrantes.

“As sobreviventes destacaram-se em pessoal assalariado (97,3%), em salários e outras remunerações (99,1%), salários mensais (R$ 2.824) e por terem 14,8% da sua mão de obra com nível superior. Já as entrantes de 2021 tiveram participação de 2,7% no pessoal assalariado, sendo 8,0% de nível superior, enquanto aquelas que saíram do mercado empregavam 1,6% dos assalariados, e eram compostas por 8,5% de pessoas com maior escolaridade”, destaca o analista da pesquisa, Eliseu Oliveria.

Comércio puxa saldo positivo de empresas e de ocupações

O setor que mais puxou o saldo positivo de 320,3 mil empresas foi Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com saldo de 66,0 mil empresas, seguido por Atividades profissionais, científicas e técnicas (53,4 mil) e Saúde humana e serviços sociais (45,2 mil).

Do saldo de pessoas ocupadas – calculado pela diferença de pessoal ocupado assalariado entre as empresas que entraram e que saíram –, as atividades com maior destaque foram Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (98,6 mil); Atividades administrativas e serviços complementares (52,5 mil); e Construção (41,1 mil). Em contrapartida, aquelas afetadas com maiores saldos negativos foram Eletricidade e gás (-1,1 mil); Educação (-667); e Indústrias extrativas (-231).

De 2008 a 2021, taxa de entrada recuou de 21,8% para 17,8

Considerando-se o período de 2008 a 2021, a taxa de entrada recuou de 21,8% para 17,8% (-4,0 p.p.), e a de saída, de 17,7% para 11,7% (-6,0 p.p.). A taxa de entrada foi superior à de saída no período de 2008 a 2013. A partir de 2014, porém, houve uma inversão, com taxas de saída superando as de entrada. Com os resultados a partir de 2019, a taxa de entrada de empresas voltou a superar a taxa de saída.

No fim da pandemia, expansão de novas unidades tem alta de 11,9%

Em relação às unidades locais ativas, verificou-se um período de redução, em termos absolutos, do número de entrantes, registrando, em 2010, o maior patamar (1,1 milhão) e, em 2016, o menor (711,9 mil). Entretanto, a partir de 2017, identificou-se uma reversão, de maneira que em 2019 chegou a 1,1 milhão de unidades locais entrantes. No ano de 2020, houve uma nova redução no registro, apresentando 889,1 mil entrantes, e em 2021, 995,3 mil.   

Do total de unidades locais que entraram e saíram do mercado, a participação daquelas oriundas de empresas sobrevivente variou de 6,2% (observado em 2021) a 9,0% (observado em 2019) nas unidades entrantes, ao passo que, nas que saíram, a menor participação foi de 5,3% (em 2008), e a maior, de 8,2% (em 2019). Em 2021, a participação foi de 6,4%. As empresas sobreviventes apresentaram uma tendência de aumento em sua participação no número de unidades locais entrantes até 2020, quando houve uma redução.

Quase metade das unidades locais encontra-se na região Sudeste

As 5,2 milhões de empresas ativas tinham 5,7 milhões de unidades locais também ativas, das quais 49,9% estavam localizadas na região Sudeste; 22,7%, na região Sul; 14,8%, na região Nordeste; 8,8%, na região Centro-Oeste; e 3,9%, na região Norte.

A região Sudeste concentrou o maior número de unidades locais, enquanto a região Norte, o menor. As regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste apresentaram taxas de entrada acima da nacional (21,6%, 19,6% e 18,6%, respectivamente). Já a região Sul foi a única a registrar uma taxa se saída inferior à média nacional.

Entre as unidades da federação, as maiores taxas de saída foram em estados da região Norte: Amapá (21,2%) e Amazonas (17,7%) e Roraima (15,7%). Em contrapartida, as menores taxas foram registradas em estados da região Sul – Santa Catarina (8,1%) e Rio Grande do Sul (9,8%) –; e da região Sudeste – Minas Gerais (10,3%).

Unidades locais da região Sul têm maior probabilidade de sobrevivência

As regiões Sudeste e Nordeste registraram as maiores proporções de pessoal ocupado assalariado no universo das unidades locais entrantes (47,7% e 19,1%, respectivamente). Entre as unidades da federação, as que possuíram as maiores parcelas foram São Paulo (25,8%), Minas Gerais (11,0%) e Rio de Janeiro (9,0%). Por outro lado, as menores proporções de unidades locais entrantes foram observadas em Roraima, Acre e Amapá (0,2%, cada), todos da região Norte.

De um modo geral, a maior probabilidade de sobrevivência das unidades locais ocorre na região Sul, seguida das unidades situadas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e, por fim, Norte. Apenas 22,2% das unidades locais nascidas em 2011 sobreviveram após dez anos, e, após cinco anos do nascimento, menos da metade (39,6%) sobreviveu. Entre as unidades da federação, a taxa de sobrevivência no quinto ano variou de 27,3%, no Amapá, a 47,4%, em Santa Catarina.

Número de empresas de alto crescimento sobe 13,4%, após recuo em 2020

O número de empresas de alto crescimento aumentou 13,4% em 2021 e fechou em 27.627. Em 2020, essa marca havia sido de 24,4 mil, com queda de 2,6%. Essas empresas ocuparam em 2021 4,0 milhões de pessoas assalariadas e pagaram R$ 137,4 bilhões em salários e outras remunerações, com um salário médio mensal de 2,7 salários mínimos.

Brasil tinha 3,1 mil empresas “gazelas” em 2021

Após queda em 2020, o número de empresas “gazelas” no conjunto das empresas de alto crescimento cresceu 13,7%, passando para 3.147, ante 2.768 em 2020. Essas empresas absorveram 246,5 mil pessoas assalariadas, entretanto, ainda representam apenas 67,4% do quantitativo de gazelas e 58,1% do quantitativo de pessoal ocupado assalariado verificado em 2012, pico da série.

Empresas “gazelas” são um subconjunto das empresas de alto crescimento, formado pelas entidades mais jovens, situadas na faixa de três até cinco anos no ano de referência e que apresentam crescimento médio anual superior a 20%, em um período de três anos consecutivos.

Mais sobre a pesquisa

A Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo estuda a dinâmica demográfica das empresas e unidades locais a partir dos eventos de entrada, saída e sobrevivência, além da mobilidade das empresas sobreviventes. Também destaca a importância das empresas de alto crescimento na geração de postos de trabalho assalariados formais. Os dados estão disponíveis para Brasil, grandes regiões, unidades da federação, e municípios das capitais.