Na última semana, servidores do IBGE no Rio Grande do Sul se mobilizaram para auxiliar desabrigados nas enchentes que atingiram o Estado. A passagem de um ciclone extratropical no começo de setembro afetou mais de 100 municípios gaúchos e deixou mais de 25 mil pessoas fora de suas casas.

“E o IBGE não podia ficar parado diante dessa tragédia”, enfatiza Francisco Luís Silva, analista censitário que teve a ideia de colocar o Instituto à disposição da população para ajudar. Dessa forma, a Superintendência Estadual do Rio Grande do Sul, sediada em Porto Alegre, ofereceu dois veículos oficiais - uma van e uma caminhonete – que foram completamente abastecidos com água potável, alimentos, materiais de limpeza, higiene pessoal, roupas e até eletrodomésticos. “Agradeço a pronta mobilização dos demais servidores que trouxeram as doações e que permitiram que essa ação fosse concretizada”, exalta Francisco.

Uma das centenas de Agências Municipais que o IBGE tem espalhadas pelo Brasil fica em Lajeado, principal cidade do Vale do Taquari, o mais atingido pelas chuvas. Mesmo com graves problemas de deslocamento, servidores conseguiram se mobilizar para que as doações vindas da capital ficassem em Estrela, no município vizinho. E, de lá, fossem distribuídas para os locais adequados na região.

Um dos motoristas que levaram os itens de Porto Alegre ao Vale do Taquari, Fernando Almeida disse que, apesar da consternação, as pessoas se organizaram prontamente a fim de ajudar aqueles que mais precisam. “Nessas horas, a gente se sente útil de poder dar um mínimo de conforto aos desabrigados”. Ele ainda relata que o momento mais triste da jornada foi ver uma senhora agarrada a um poste chorar copiosamente. “Não é nada fácil perder tudo e ter de recomeçar do zero”, lamenta.

Para a analista censitária Elisângela Cohen, essa ajuda humaniza as pessoas “A gente cria empatia na medida em que nos colocamos no lugar do outro”, diz. Ela afirma que tem por hábito fazer doações regulares. “Todo ano, eu e a minha filha separamos roupas e alcançamos a quem tem mais necessidade”, conta.

Após a realização das doações, a caminhonete do IBGE ficou no Vale do Taquari para que pudesse servir em outras demandas de auxílio aos cidadãos atingidos pela tragédia natural. “Desde a última segunda-feira, estamos envolvidos em auxiliar a Defesa Civil e a Prefeitura Municipal. Vou diariamente para o Centro de Distribuição e vejo qual a demanda levar para qual lugar, ou transporto as famílias” explica Paulo Ricardo Hamester, chefe da Agência Municipal de Lajeado.

O boletim diário Defesa Civil do RS na manhã desta segunda-feira (18) informa que a tragédia climática deixou 48 mortos, nove desaparecidos, 943 feridos e 20.978 desalojados, afetando 359 mil pessoas em 104 municípios.